Trouble. escrita por FantasyJuli


Capítulo 4
Capitulo 4.




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Acordei quando a luz atingiu os meus olhos, o quarto recém formulado ainda não tinha cortinas e nem ventilador para o verão, o calor me consumiu durante toda a noite. Graças a Deus as manhãs eram mais frias. Ainda era cedo quando decidi me levantar e todos ainda estavam dormindo. Entrei no meu jeans e camiseta branca, minha bolsa ainda estava cheia de coisas da viagem, tirei apenas o desnecessário e coloquei os meus óculos escuros.

Desci as escadas em silêncio, não estava com paciência para aturar ninguém por hoje. A máscara de garota perfeita e educada já era, o show foi só por ontem. Desculpem-me telespectadores. Fechei a porta de madeira pesada com cuidado para que ninguém me ouvisse sair.

Todas as casas por aqui pareciam ser idênticas, com degraus em frente a porta e um cercadinho de madeira. A única coisa que diferenciava a casa do meu pai das outras era o balanço inútil, a Maia já tem dezesseis não precisa mais de um balanço.

Peguei uma bicicleta velha na garagem e saí a procura de um lugar para tomar café. A bicicleta parecia ser mais velha do que eu, toda empoeirada e o guidom rangia o tempo todo, minha vontade era de joga-la no lixo, mas preciso ter um meio de transporte independente por aqui.

A cidade era pequena e todos se conheciam, senhoras regavam os seus jardins enquanto crianças brincavam de pular corda no meio da rua, que lindo. Tentei ao máximo evitar contato com as pessoas que passavam por mim na rua, a maioria me olhava como se eu fosse um ser místico das trevas e eu os encarava de volta como se eu realmente fosse um ser místico das trevas.

Encontrei um pequeno restaurante no centro da cidade que servia apenas café da manhã e jantar, estacionei a minha bicicleta ao lado de um monte de motos e entrei. Um sino preso na porta anunciou a minha chegada, mas ninguém se importou. Andei pelo chão de madeira que rangia sob os meus pés e me sentei numa mesa quadrada com apenas duas cadeiras.

–deseja alguma coisa? -uma moça realmente bonita aproximou-se da mesa segurando um bloco de notas e um belo sorriso no rosto.

–um milkshake de morango por favor. -sorri de volta, ela anotou o pedido e saiu.

Eram dez horas da manhã e o restaurante estava começando a encher, algumas garotas entraram rindo e se sentaram na mesa ao lado. As duas tinham cabelos castanhos e eram bem parecidas se não fosse pelos olhos e o nariz, seriam iguais.

–o que você está olhando? -perguntou uma das garotas mexendo as unhas bem feitas na minha direção.

–nada é que vocês são tão lindas. -falei sendo sarcástica, as garotas pareceram não entender o sarcasmo na minha fala. Relevei a falta de inteligência delas.

–aqui o seu milkshake, que mais alguma coisa? -a garçonete voltou trazendo um copo colorido e bonitinho.

–não, obrigada. Pode trazer a conta.

–tudo bem. -ela sorriu e voltou para a cozinha.

–bom dia, garotas. -o som do sino anunciou a chegada de mais alguém e diferente de quando eu cheguei, todo mundo pareceu notar a sua presença.

O Cam entrou no restaurando usando óculos escuros redondos que pareciam ter saído de algum bazar bohemian. Não havia abandonado os suspensórios, mas usava uma calça completa e um colete jeans por cima da camisa branca quase transparente. As garotas da mesa ao lado responderam um "bom dia" meloso enquanto ele caminhava em direção a mesa delas, mas se sentou na cadeira vazia a minha frente.

–cadê a educação, lady? -ele esticou as penas de baixo da mesa tocando os meus pés praticamente descalços.

–desculpe, deixei em casa. -dei mais um longo gole no meu milkshake.

–aqui a conta. Bom dia, Cam. -a garçonete voltou a exibir o sorriso enorme que me mostrou mais cedo e ele respondeu com um aceno de cabeça e um sorriso torto.

–obrigada. -deixei cinco reais sobre a mesa e me levante para sair daquele lugar o mais rápido possível.

Quando sai o som miserável do sino anunciou a minha partida, não ouvi os passos do Cameron vindo atrás de mim e mesmo que eu não esperasse que ele viesse isso de certa forma me deixou decepcionada. Caminhei até a minha bicicleta com aquele sentimento chato de que estava faltando alguma coisa.

–esqueceu a sua bolsa, lady. -o Cam desceu os degraus de madeira, segurando a bolsa preta em uma das mãos cheias de anéis e posicionou-se a minha frente.

–não me chame de lady, me chame pelo meu nome. -falei tentando pegar a minha bolsa, mas ele a levantou de uma forma que eu não pude alcança-la.

–okay, lady. -um sorriso presunçoso surgiu em seus lábios enquanto eu tentava alcança-la.

–devolve a minha bolsa.

–desculpe, esqueci a minha educação em casa. -o garoto falou imitando o meu sotaque, que imbecil.

–para de ser idiota e me devolve.

–eu te devolvo se...-ele deu uma pausa e esboçou um sorriso maquiavélico. -se você sair comigo hoje a noite.

–eu? Sair com você? Prefiro perder a minha bolsa. -ele colocou a mão no coração numa tentativa de parecer ofendido, mas um sorriso surgiu no seu rosto antes que ele pudesse alcançar o seu objetivo.

–tudo bem. -ele caminhou lentamente segurando a bolsa até uma lata de lixo vermelha. -você que sabe.

–Cameron, pare agora. -tentei me aproximar mas ele abaixou a mão deixando a bolsa bem próxima do lixo numa forma de ameaça, preferi não imaginar que tipo de coisas estariam ali. -tudo bem, tudo bem, eu saio com você. Agora me devolve por favor.

–vejo que pegou a sua educação de volta. -ele colocou a bolsa pendurada em um dos meus ombros. -te busco às oito, esteja pronta. Pergunte para a sua "irmã" se ela também virá, o Asher e o Chris vão. Vai me agradecer por não precisar andar nesse lixo. -ele se virou e voltou pro restaurante.

Não gostei da forma como falou da minha bicicleta, nem como me mandou estar pronta no horário e muito menos de ter que sair com ele. Com o cara mais tirado que já conheci na vida, quem ele acha que é? Joguei o meu milkshake ainda pela metade no lixo, tirei a minha bicicleta do estacionamento e decidi voltar para casa.

....

A Taylor trabalhava em seu jardim quando cheguei em casa, desci e coloquei a bicicleta de volta na garagem. Ela usava uma calça caqui nude, uma camisa com estampa floral e cardigan nude combinando. Com certeza a Barbie não gostava das minhas roupas escuras e ás vezes, rasgadas.

–vejo que achou a nossa velha bicicleta, que bom que a usa ninguém a toca há anos. -ela sorriu levantando uma tesoura de jardinagem para acenar.

–é, ela é bem legal. -respondi tentando sorrir, estava cansada de pessoas perfeitas como ela e a minha mãe. Uma pequena antipatia já crescia dentro de mim e nem eu mesma sabia direito o porque.

–porque não tomou café em casa? -ela perguntou em um tom autoritário seguido de um sorriso forçado antes que eu pudesse abrir a porta e entrar.

–eu queria conhecer um pouco da cidade.

–deixei um lugar especial para você esperando que descesse, mas nem avisou que sairia. Não vai se desculpar? -abri um sorriso maior do que eu imaginava que podia e ela fez o mesmo esperando que desculpas saíssem da minha boca.

–não. -me virei e entrei em casa. Me desculpe, mas esqueci a minha educação em casa.

–meu bem! -meu pai me envolveu em um abraço apertado. -não tomou café em casa, que pena.

–foi conhecer a cidade. -sorri verdadeiramente.

–que bom, fico feliz em saber disso. Mas avise quando sair, é mais velha que a Maia ela precisa de um exemplo. -não, ela não precisa.

–tudo bem pai.

A idade da Maia me despertou um certo interesse em saber a idade dos seus amigos, pareciam mais velhos que ela com uns dezenove anos talvez. O Ash tinha um dos braços todo tatuado assim como o Chris, mas não pareciam tão punk quanto o Cameron. O que uma garota de dezesseis anos fazia andando com um cara desses. Pois é parece que até as famílias mais perfeitas escondem segredos.

Subi as escadas e voltei para o meu quarto, abri o guarda-roupa a procura de algo para vestir hoje à noite no meu "encontro" com o Cameron, na verdade nem sabia se podia chamar assim, afinal outras pessoas também iriam o que sem dúvidas isso me deixava mais relaxada.

Não sabia o que podia acontecer se ficasse sozinha com o Cameron.


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