Trouble. escrita por FantasyJuli


Capítulo 15
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Desculpa pelo capítulo curto, é que eu fiz pelo celular e talsss
Mas espero que tenham gostado.



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–eu não sabia que gostava de música boa. -caminhei até a enorme pilha de discos tentando evitar a situação completamente constrangedora em que nos encontrávamos.

–eu sou um grande conhecedor de coisas boas, tenho um gosto musical inigualável. -ele ergueu uma sobrancelha enquanto escolhia um disco. -você sabia que são nos LP's onde estão os melhores sons, melhor do que nos ipods etc...O som fica mais limpo e bem melhor.

–acho o meu avô me dizia isso. -eu ri e observei manusear cuidadosamente o disco e colocar numa vitrola escondida num dos inúmeros cantos daquele quarto.

–então seu avô sabia bem das coisas. -ele ligou o ar-condicionado e deitou-se no carpete fazendo sinal para que eu fizesse o mesmo. -essa é sem dúvida a minha música favorita.

A música que tocava era suave, tanto a melodia quanto a voz do cantor, a letra era elaborada e tocante, ele a ouvia sereno deitado observando o teto. Eu estava deitada com a cabeça perpendicular a sua, não conseguia vê-lo mas podia ouvir o som da sua respiração.

–eu conheço essa música, amo essa música.

–dust in the wind -ele parou de falar por um instante e riu. -eu tatuei uma frase dessa música.

–sério? -me levantei para olhá-lo apoiada nos cotovelos.

–aqui. -ele abaixou a barra da calça mostrando a cintura, havia uma frase tatuada com letras delicadas e bem feitas "just a drop of water in a endless sea, all we are is dust in the wind"

–bem significativo, é assim que se sente?

–com certeza! -ele soltou uma gargalhada e esticou os bracos para gesticular. -existe tanta gente no mundo e tantas galaxias e nós nos sentimos tão especiais, mas é tudo tão curto e tão rápido. Fazemos algo hoje e amanhã já se foi, somos alguém hoje e amanhã podemos não ser mais, nós vamos desaparecer, todo o dinheiro, nossos ganhos e perdas vão sumir. Como areia no vento.

–é uma ótima forma de se pensar, se quiser se tornar um depressivo.

–ou alguém que saiba viver.

O resto da noite foi regada de músicas e suas mais belas interpretações, algumas engraçados e outras poéticas. Afinal, assim era ele, poético. Ele contava seus planos bem elaborados para sequestrar o Ozzy e a sua certeza sobre a morte do Kurt Cobain.

–e você, que tipo de música você ouve? -ele se virou para mim e se preparou para a resposta.

–meu gosto é bem específico. -comecei.

–gostei, pode continuar.

–bom, eu gosto de músicas calmas, mas fortes. O tipo de música que se ouve quando está em uma viagem de carro por uma estrada rodeada de pinheiros, o dia é frio e neva bem de leve. Então você recosta a cabeça na janela, mas não dome porque a paisagem é bonita demais para isso e...ouve a música. Qualquer música que me lembre esse cenário é uma música que eu ouvirei sempre.

–acabei de nos imaginar viajando de carro, tocava Dust in the wind. -agora estávamos lado a lado e nossas mãos se entrelaçavam, eu observava a curva do seu nariz e os precipícios dos seus olhos. Aquele acabara de se tornar o melhor cenário que eu poderia ter em mente.

–essa é uma música que eu ouviria numa viagem de carro, com você.

...

De tanto conversarmos acabamos, sem nos importar, dormindo no chão. Seu braço na minha cintura e a calmaria da sua respiração no topo da minha cabeça, faziam me sentir segura e bem de uma forma que só ele conseguia desde que cheguei aqui.

Eu estava me apaixonando, me sentia voando, o que me dava ainda mais medo." Quanto maior a subida, maior a queda'' dizia a minha mãe e eu sabia que aquilo se concretizaria, mas não queria aceitar...Não podia.

Levantei em silêncio para que ele não acordasse, catei as minhas coisas e sai do seu quarto. Não sabia o caminha da saída, mas já era cedo e as coisas já estavam mais claras. Tentei não chamar a atenção de ninguém mas havia uma moça na sala.

–que susto! -exclamou com o forte sotaque inglês.

–me desculpe, eu só estava procurando a saída.

–não se preocupe querida, eu sou Petúnia. -apresentou-se com um belo sorriso acompanhado de bochechas enrugadas.

–oi, eu sou Asthrid, prazer. -estiquei a mão envergonhada esperando em aperto ou algo do tipo, mas fui surpreendida por um abraço empolgado.

–o que estava procurando mesmo?-ela apertou os olhos afim de enxergar-me melhor.

–a saída. -sorri.

–mas já tão cedo?Estava preparando o café e...

–me desculpe, mas é que estão me esperando em casa. -abri um sorriso mais convincente e rezei para que ela não me implorasse para ficar.

–tudo bem, não quero problemas com os pais dos outros não é mesmo?-ela soltou uma risada característica de velhinhas e me guiou até a enorme porta de madeira.

–obrigada, Petúnia.

–por nada querida!

CAMERON.

Acordei deitado no chão horas depois de adormecer, a Asthrid não estava lá e todo o meu corpo estava dolorido por ter dormido ali toda a noite. Desci as escadas correndo ainda com um pouco de esperança de encontrá-la ainda em casa, mas só encontrei a Petúnia assistindo televisão e tomando um chá.

–onde está a Ashrid?

–bom dia, meu querido. -ela disse ainda com os olhos vidrados na televisão. -ela já foi embora, foi bem cedo na verdade.

–como assim? -me joguei no sofá ao lado dela e afundei o corpo no acolchoado delicioso.

–ela já foi. -ela fez uma pausa da televisão e me estudou com aqueles olhinhos cobertos pelos óculos de lentes grossas. -você gosta mesmo dela, não é?

–O quê? Não, por que acha isso?

–eu te conheço Cameron, de todas as garotas que já dormiram aqui, essa é a primeira com qual você se importa. Até desceu as escadas correndo.

–eu não desci correndo, eu só achei estranho...Ah, me deixa!

–não falei nada além da verdade, mas se quiser se envolver é melhor que conte a verdade. Ela parece ser tão boa, não estrague tudo como o seu pai fez.

–não vou. -a ideia de contá-la sobre tudo me deixava um tanto nervoso, foi isso que causou a partida da minha mãe, não quero que ela me deixe também.

....


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