A Casa Caiu escrita por Andye


Capítulo 7
Ciúmes Pra Quem Quiser


Notas iniciais do capítulo

Oiê... sumi, eu sei! A verdade é que estava meio sem ânimo esses dias e dei uma fugida daqui. Enfim, tive uma melhora e resolvi vir longo aqui e postar o capítulo que está bem mais que atrasado.
Errinhos de português? Relevem. Minha beta me abandonou.
beijocas em todos e todas e espero que gostem.
*Comentários são sempre bem-vindos.
**Vou tentar responder os comentários até domingo
*** :*



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Rony não foi para casa ao final do expediente. Depois daquele fatídico episódio de boas-vindas no Ministério, a tarde passou como um martírio e nem mesmo estar novamente trabalhando com o amigo e companheiro, Harry lhe fazia concentrar os pensamentos que estavam bem distantes dali.

Na verdade, seus pensamentos nem iam tão longe, mas paravam no gabinete do Ministro; mais especificamente na garota que sempre gostou de confraternizar com o inimigo. Não entendia como Hermione poderia ter usado os anos que passou em ofício para o Ministério passeando na Bulgária.

Sim, passeando, porque em seus pensamentos, a única coisa que a morena fez no país foi ter um romance com o narigudo e famoso Krum.

Famoso por famoso, sou bem mais famoso que ele. Até tenho minha foto nos sapos de chocolate. Mas ele é o cara do Quadribol. O cara do Baile de Inverno. Inferno sangrento! Eu sabia que ele ter beijado ela antes de mim ainda me daria problemas.

O difícil era se concentrar depois de descobrir aquilo, então a tarde se passou como uma penitência e ele utilizou cada minuto dessas horas para se irritar mais e mais. Nem mesmo o treinamento com os novatos, algo que realmente entusiasmava o ruivo, conseguiu tranquilizar os seus pensamentos, mas o deixava ainda mais rabugento.

— Cara, tem certeza que está tudo bem?

Harry perguntou mais uma vez, um pouco depois de Rony esbravejar com um dos novatos que havia errado o tempo de execução de um Wingardium Leviosa. O feitiço pareceu deixar o ruivo ainda mais impaciente e isso deixou todos apreensivos, dificultando o aproveitamento do treinamento.

— E por que eu estaria mal?

Ele vociferou em um tom baixo, mas grosso e irritadiço, o que pareceu ameaçador até mesmo para Harry Potter, que o olhou de forma acusadora. Finalmente ele percebeu que estava passando dos limites.

— Desculpa, cara — ele se arrependeu assim que percebeu o olhar do amigo — Eu estou um pouco nervoso com toda essa situação da casa.

— Está nervoso pela situação da casa ou por ter aquela moradora em sua casa?

— As duas coisas. Aquela garota consegue deixar minha vida de cabeça pra baixo com uma simples aparição e a presença dela na minha casa está me incomodando.

"Ela poderia voltar a viajar pelo Ministério, ir para a Bulgária e se naturalizar por lá. Me deixar em paz — parou um instante observando um dos aspirantes a Auror, esbravejando — Wilson, melhora esse patrono se quer ser um Auror um dia".

— Imagino... — Harry concordou observando o patrono do novato e percebeu que não estava tão mal ao ponto de ser criticado — Essa sua fúria não tem nada a ver com o fato da Hermione ter passado um tempo na Bulgária, não é?

— Como é? — Rony riu debochado e forçadamente — Por favor, Harry, de onde tirou essa idiotice?

— Nem eu sei, meu amigo — Harry concordou sorrindo, percebendo claramente o ciúme do amigo — Não sei de onde eu tirei uma bobagem dessas.

Agora, às 19h13min, quase duas horas depois do fim do expediente, ele ainda se encontrava no Caldeirão Furado. Havia iniciado a noite com Cerveja Amanteigada, passado pelo Hidromel, pelo Rum de Groselha Vermelha e pelo Uísque de Fogo. Agora estava na sua terceira garrafa de Xerez e não tinha a menor vontade de parar, de voltar para casa e encontrar com aquela traidora.

Logo ela... Como pôde fazer isso comigo?

Sentia a cabeça tonta e se irritou quando um casal de namorados entrou no estabelecimento. A garota parecia tão apaixonada, tão apaixonada quanto Hermione fora quando namoraram há cinco anos.

Não se conformava por não ter namorado sério com ninguém desde então. A sensação que tinha era de ter sido traído, apunhalado pelas costas por aquela traidora.

Decidiu voltar para casa quando eram quase nove horas da noite. Não queria ver a cara dela, nem lhe dirigir a palavra. Aparatou nas proximidades do bairro, onde era permitido magia, e seguiu o resto do caminho a passos lentos.

Tirou a capa de Auror e folgou o colarinho da camisa, desabotoando as mangas e as dobrando até os cotovelos. Bagunçou os cabelos passando a mão na cabeça.

O cérebro doía e ele mal reparou o estado em que se encontrava quando abriu a porta da frente agradecendo a Merlin e a Dumbledore pelo vizinho intrometido não está na porta lhe vigiando.

Quando entrou, sentiu o cheiro de comida e percebeu que estava esfomeado. Hermione não estava pela sala, o que lhe deu um pouco de tranquilidade. Sobre o fogão, ainda quente, uma travessa com sopa de lentilhas que parecia estar muito boa.

Sem esperar muito, pegou um dos pratos sujos sobre a pia, lavou e sujou novamente com a sopa. Comeu com tranquilidade sentado à mesa. Estava muito boa.

É... Parece que você aprendeu mais coisas na linda Bulgária, traidora. Certamente, deve ter cozinhado bastante pr'aquele narigudo intrometido.

Hermione apareceu na sala quando ele terminava de lavar o que havia sujado. Ela o olhou com curiosidade, mas não disse nada. Sentou-se sobre o sofá-cama e, aconchegando-se no travesseiro, continuou sua leitura.

Ele estava irritado, e era tão claro que ela não se importava que, ao menos perguntou se ele estava bem. Foi até o sofá que sobrou e sentou relaxadamente, ligando a TV e tirando as botas, sem perceber que a morena o observava por trás do livro.

— A sopa estava muito boa — ele falou sem se dirigir diretamente a ela. Na verdade, queria mesmo puxar assunto e despejar na cara dela sua traição — Acredito que deva ter aprendido muitas coisas nas suas viagens a serviço do Ministério.

Hermione sentiu o tom de voz carregado e o cheiro de uma combinação de bebidas que não sabia identificar exalando dele. Não quis se sentir acusada, embora a forma como ele falou tenha feito com que ela pensasse assim, porém lembrou-se do acordo de trégua, e que havia feito mais sopa que o normal para que ele comesse também, sinalizando paz.

Sentiu-se um pouco estranha depois que o ministro falou de suas missões, especialmente sobre a Bulgária. Sabia que não tinha satisfações a dar ao ruivo, mas se sentiu constrangida por imaginar que ele, talvez, tenha se sentido irritado e, para não colocar tudo a perder, preferiu se calar.

— Obrigada.

Falou e tudo ficou em silêncio, fora o barulho da TV que mostrava um programa de videoclipes qualquer. Hermione estava intrigada. Ele estava completamente esquisito. Não que Ronald Weasley fosse normal, mas ele parecia perturbado agora. Talvez estivesse bêbado e isso lhe pareceu estranho.

— Está tudo bem? — ela perguntou como quem não quer nada, sem desviar o olhar do livro.

— Sim. Por que estaria ruim? — ele respondeu baixo, mas um pouco agressivo.

— Você está diferente...

— Diferente como? — perguntou encarando-a.

— Não sei... Você bebeu? — ela o encarou brevemente.

— Sim. — ele concluiu e voltou a olhar a TV.

— Humm...

Hermione se sentiu tentada a perguntar com quem. Não sabia se era a coisa certa a fazer, mas não conseguia imaginar Ronald Weasley bebendo até as nove horas da noite sem um motivo em especial. Uma pontinha de ciúme começou a fagulhar em seu peito.

— E... Estava comemorando alguma coisa? — ela perguntou displicentemente, sem tirar os olhos do livro, mas sem ler, realmente.

— Não preciso de motivos especiais para sair um pouco — respondeu sem muita animação.

— E... Se bebeu, como aparatou sozinho?

— Quem te disse que estava sozinho?

Ele perguntou a encarando friamente. Ela sentiu o olhar dele com o frio que traspassou sua coluna ao ouvi-lo afirmar que não estava só, mas tentou parecer não ter se abalado.

O ponto máximo que incomodava os dois havia sido colocado à mesa, e mesmo que ele estivesse muito irritado, não voltaria atrás no prometido durante a tarde.

Rony contou até dez mentalmente, tentando manter a calma, manter o bom relacionamento; não passaria em rosto o fato dela tê-lo traído na Bulgária com o troglodita.

— Não estava só. Obrigado pela preocupação — ele respondeu simplesmente, a raiva queimando em seu peito, mas a mente fervilhando uma ideia louca e cruel.

— Ah... Alguém que eu conheça? — ela continuou tentando demonstrar pouco interesse, mas sem conseguir controlar a curiosidade.

— Não, não. Você não a conhece — falou a frase cheio de altivez. Era a sua chance de mostrar para a sabe-tudo que não estava esperando por ela.

— Sei — ela atuou ler, mas a mente trabalhava pensando em como prosseguir com a conversa. Ele disse que eu não 'a' conheço. Que droga, ele estava com uma mulher. Quem é ela?” — Legal — tentou soar verdadeira — É uma Auror novata? Colega de trabalho?

— Não, Hermione. Ela não é Auror. É enfermeira — o ruivo respondeu convicto aproveitando a oportunidade. Sabia que ela estava curiosa e aguçaria o quanto pudesse. Hermione averiguou a sinceridade do ruivo.

Ele parecia falar a verdade, mas ela não queria acreditar e tentava se enganar em vão. “Ele só estava com alguns amigos. Claro. E, afinal, não tenho por que me reocupar com o que esse idiota faz ou deixa de fazer.”

Rony não sabia de onde havia inventado toda aquela história, mas não daria o braço a torcer agora. Apenas esperava que a senhorita Rost jamais descobrisse que estava sendo usada como sua namorada.

— Legal — Hermione continuou. Tentava se controlar, mas a curiosidade estava superando seu autocontrole — Tem certeza que não a conheço?

— Acredito que não — ele queria encerrar o assunto, mas estava instigado em provocá-la — Por que tanto interesse na minha vida agora?

Rony conseguiu deixá-la sem resposta. Hermione tentou formular uma resposta imediatamente, mas se viu de mãos e pés atados. Nem ela mesma sabia, ou queria saber, o porquê de tanto interesse na vida do legume insensível, mas ele a interrompeu antes que ela falasse qualquer coisa.

— Nós nos conhecemos quando fui em missão para a Irlanda — observou que Hermione o olhava atentamente e, se sentindo vitorioso, continuou — Em uma das batalhas, fiquei muito ferido. O Ministro temeu que eu fosse cuidado por pessoas sem experiência e enviou a Margo — tentou parecer muito íntimo dela.

— E acredito que ela cuidou muito bem de você — Hermione comentou sentindo-se irritada, o tom de voz cheio de grosseria.

— Sim — ele riu com deboche, atuando ao perceber que estava vencendo — Mais do que deveria, até. Não tenho uma cicatriz, quer ver?

A senhorita Margo Rost era uma das melhores enfermeiras contratadas pelo Ministério nos últimos quatro anos. Chegou um pouco depois da viagem de Hermione e, por isso, por mais que ela tentasse, não conseguia se lembrar da tal enfermeira.

— Não tenho pra que ficar olhando suas cicatrizes. Me poupe, Ronald, tenho mais o que fazer.

— Você também não conseguiria vê-las. Como disse, não tenho uma marca sequer daquela época. Ela é ótima em tudo o que faz.

— Se ela é tão boa, devia ter pedido que ela tirasse as cicatrizes dos cérebros em seus braços. São horríveis — ela falou com altivez, mesmo que achasse as cicatrizes charmosas.

— Não... Gosto delas — ele falou olhando as marcas em seus braços — Me fazem lembrar de uma época importante... E até onde me lembro, você também gostava delas, principalmente de tocá-las. Quer sentir? — estendeu os braços para a morena, provocando.

— Por que iria querer tocar em você, Weasley? Melhor parar de ficar se oferecendo pra mim ou a Margo ficará com ciúmes. — falou com a voz levemente esganiçada. Estava irritada.

— Ela não tem com o que se preocupar — ele a provocou — A não ser que tenha motivos da sua parte.

— Deixe de ser imbecil — falou grosseira, fechando o livro e se levantando — Acho que, se há tantos anos que se conhecem e se convivem dessa forma, acredito que devam ter algum tipo de relacionamento e, por esse motivo, lhe deve algum tipo de respeito — falou naquele famoso tom de sabe-tudo, mas estava decepcionada em seu interior.

— É verdade... Não se preocupe com isso, nos damos bem, mas obrigado pelos conselhos. Agora, se me der licença, vou tomar banho e dormir. A noite foi bem cansativa pra mim, se é que me entende — piscou o olho para a morena antes de desligar a TV, subir as escadas e desaparecer nos corredores. Conseguiu o que queria e se sentiu vitorioso por isso.

Hermione continuou em pé, olhando para a parede onde começava a escadaria, pensando naquele fiasco de conversa. Gina havia garantido que Rony não havia se relacionado seriamente com nenhuma mulher desde que haviam terminado. A ruiva até mesmo acreditava que o irmão ainda esperava por uma reconciliação.

Agora ele aparecia com essa conversa de que estava em um encontro com a enfermeira. Margo Rost. Hermione forçou a memória, mas acreditava que não a conhecia.

Sentiu o ciúme rondando a sua mente, a raiva tomando conta de seus pensamentos, chegando a conclusão de que precisava encontrar esta mulher de qualquer jeito.


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