— Vai querer pedir logo o prato principal ou vamos primeiro em uma entrada? – John questiona, enquanto ele e Jane se acomodam em uma mesa para dois no Spigolo, um restaurante de comida italiana com o ambiente lembrando um bistrô francês.

— Vamos logo para o prato principal... para que entrada? Estou morrendo de fome! - Jane resmunga, com cara de fome enquanto o garçom entrega os cardápios e pergunta se eles desejam algo para beber.

— Dois sucos de morango, por favor... com bastante gelo. – John pede para o garçom e observa a esposa o encarar interrogativamente. — O que foi?

— Suco de morango?

— Você gosta, não é?

— Sim, mas não vai beber? Um vinho para acompanhar a comida? Acho que combina mais...

— Nada de vinho, Jan. Sei que grávidas devem evitar bebidas alcoólicas.

— Grávidas não devem ingerir álcool com frequência, mas ocasionalmente podem sim. Vi no Discovery Channel outro dia. – ele ri.

— Pode até ser, mas é bom evitar, não é? Não tem necessidade de você já beber agora. – Jane revira os olhos, impaciente.

— Está bem. – diz condescendente. — Mas pode beber se quiser, não irei me importar.

— Obrigada, mas vou acompanhar você no suco. – sorri carinhoso. Ela sorri de volta e vasculha o cardápio.

— Quero um Spaghetti Al Pomodoro. – diz com o sotaque italiano. — Com bastante molho e queijo.

— Acho que vou pedir um risoto. – chama o garçom. O garçom se aproxima trazendo o suco, e John faz o pedido. Logo após ele se retira.

— Menino ou menina? – ela questiona, olhando curiosa para o marido.

— Porque não os dois?

— JOHN! – se assusta. — Vai com calma aí. – eles riem. — Você quer dizer um de cada vez, ou gêmeos?

— Não sei... mas acho que seria ótimo se fossem gêmeos, um casal. – sorri, pensativo. — Mas acho que devemos ter dois filhos... ter apenas um filho é ultrapassado, e de certa forma meio ruim também. Digo por mim mesmo, sempre quis ter um irmão quando fiquei mais velho, ou uma irmã. Alguém pra compartilhar as coisas.

— Olhando por esse lado sim... mas tudo no seu tempo não é. – desconversa.

— Medrosa. – provoca.

— E você é um palhaço. – retruca. John solta um beijo pra ela e sorri. Ela bebe o suco, com um sorriso de canto de boca.

Após alguns minutos a comida chega e eles degustam ouvindo as músicas que tocam ao fundo, e conversam descontraidamente.

— Sobremesa? – Jane pergunta, após finalizarem os pratos.

— Gellato? – ele reproduz o sotaque italiano.

— Sim. Chocolate.

John chama o garçom e pede duas taças de gellato, de chocolate e de morango com bastante calda quente de chocolate amargo em ambas.

— Acho que preciso vomitar. – fala despreocupada.

— Agora, Jan? – faz cara de assustado.

— Agora. Não venha atrás de mim, por favor. – se levanta rapidamente e anda na direção do banheiro, deixando John com cara de idiota na mesa.

Após alguns minutos retorna para a mesa, com o rosto meio vermelho e com uma aparência de cansaço.

— Tudo bem? – John pergunta preocupado, analisando o rosto da esposa.

— Sim. Vomitar cansa. Simplesmente odeio, sempre odiei. – passa a mão no cabelo e no rosto.

— Oh meu bem, não gosto de ver você assim. – segura no braço dela, com um olhar de compaixão e um pouco de pena.

— Será que vai ser assim até o fim da gravidez? – pergunta, olhando pra ele, com a cabeça apoiada na mão, sentindo as carícias que ele faz em seu braço.

— Não meu amor, não vai. Acho que é só no início mesmo, durante esse período agora. – tenta aliviar ela. — Não se preocupe, a médica vai passar remédio para esses enjoos. Vai ficar tudo bem. – puxa a mão dela e beija carinhosamente, fazendo barulho e ela sorri, com suas feições ficando mais tranquilas e leves.

— Acho que nosso filho ou filha já está judiando de mim.

— Talvez ele ou ela seja pirracento igual a mim.

— Mas por que motivo ele ou ela está pirraçando? – olha rapidamente pra barriga. — O que essa criança já está querendo? – eles riem.

— Talvez um doce, um sorvete vamos dizer. Talvez já esteja pedindo pra você comer logo o Gellato que pediu.

— Sério? – faz careta. — Acho que não em John, ele ou ela nem tem tamanho pra isso ainda. – John ri e ela fica sem entender.

— Jan, estou brincando. – faz cara de idiota. — Mas quem sabe? Vai que é mesmo.

— Achei estranho. Pensei que estava falando sério.

— E eu pensei que você havia percebido que era brincadeira.

— HAHAHA, que engraçado Smith. – brinca.

— Não sabia que você levava tudo a sério... se bem que você é bem perdida as vezes, meio lerda sabe. – provoca, sorrindo. Ela aperta os lábios.

— Não me chame de lerda.

— Ah é? Que medo.

— Acho que eu deveria pedir um facão na cozinha e atirar na sua perna, e depois dizer que foi sem querer... da mesma forma que fiz lá na Home Made. – faz cara de fingida. John aperta os olhos lembrando do incidente.

— Vaca.

— Se quiser pode provar do meu leite, em breve. – John gargalha, e ela não resiste e acompanha.

O garçom chega trazendo as duas taças de gellato cobertas de calda quente de chocolate amargo. A boca de Jane enche de água, e é como se ela não tivesse colocado o almoço todo pra fora minutos atrás. Ela ataca a sobremesa, e o marido observa satisfeito.

— Acho que agora vou viver esses próximos meses a base de sorvete. – comenta, com a boca cheia de sorvete e os lábios melados de calda de chocolate.

— Sorvete é mais fácil de colocar pra fora.

— Sim, mas acho que isso aqui não irei botar pra fora. Está muito bom pra desperdiçar depois. – John ri.

— Que tal irmos visitar meus pais esse fim de semana? Pra contar que eles serão vovô e vovó agora.

— Sim, acho ótimo. Mas será que não temos nenhuma missão planejada na agência?

— Acho que não, se não eles já teriam nos avisado. Afinal, hoje já é quinta. E precisamos de alguns fins de semana para descansarmos né, principalmente você agora.

— John, nem vem com essa. – finaliza o sorvete, lambendo a colher. — Eu estou ótima, como sempre. Não estou doente nem machucada, estou na ativa.

— Uhm, está bem. Mas olhe lá Jan, cuidado. Você sabe.

— Sim, eu sei. Fique tranquilo marido. – sorri.

— Então vamos visitar meus pais. Depois irei ligar para eles avisando.

Eles terminam a sobremesa, pagam a conta e saem do restaurante de mãos dadas, sorrindo.