Reino Esquecido escrita por Akiel
Reino Esquecido
Há um reino há muito esquecido, escondido dos olhos daqueles que a ele não pertencem. Nascido da primavera e do inverno, ele é eterno na mente daqueles que o possuem em seus corações. O vento que sobre a neve sopra revela as rosas que nascem do jardim congelado e sussurra os segredos que dominam as terras distantes. É uma canção, um poema, a descrição do nascimento do reino e de seu exílio do tempo.
A brisa conta as antigas histórias, acalma os corações inquietos pelo toque de inverno. É a presença da primavera, da esperança do retorno das lembranças. O vento também traz consigo o tilintar do ferro, o ir e vir da corrente do balanço. O som viaja sob o céu nublado, sempre marcado pela ameaça de tempestade, e ecoa por entre as paredes de pedra do castelo fazendo tremer os vitrais apagados.
Logo, a música do balanço começa a ser acompanhada pelo tocar das teclas do piano. Mas quem é que toca e dá melodia à melancolia do brinquedo abandonado? É o próprio vento, a primavera e o inverno? Ou apenas um fantasma, uma reminiscência de uma época dourada, repleta de bailes e sorridentes dançarinos? O piano continua e a brisa parece cantar uma de suas canções.
O sol luta contra as nuvens para que seus raios possam atravessar as quebradas janelas e se espalharem pelo salão vazio. Eles afastam o frio e despertam os reflexos que se escondem nas sombras das cortinas e dos quadros. A poeira é soprada, removida, e os reflexos dançam. Belas damas e corajosos soldados. Sorrisos vermelhos de felicidade e paixão. Um tempo que espera por seu retorno.
Na ponta do salão, de costas para a ampla janela, estão os tronos que, silenciosos, apenas observam a dança que uma vez mais domina o antigo castelo. Os reflexos neles, os governantes do reino esquecido, sorriem ante as lembranças que o baile criado pelo sol reavive em suas memórias. E, por um momento, eles também dançam. Uma rainha e um rei, uma vez mais despertos em seu próprio reino.
O baile continua até que o sol comece a perder sua força e as nuvens roubem os raios e os escondam em suas sombras. Pouco a pouco, a música do vento morre para o silêncio da noite. O piano para de tocar e o balanço paralisa. É a tempestade que se aproxima, a chuva da nostalgia, das memórias que não podem ser revividas. O frio toque da água derrete a neve e intensifica o vermelho das rosas.
O jardim permanece, o eterno guardião do reino sem nome. O silêncio novamente preenche as vazias paredes do castelo e a chuva faz os reflexos adormecerem. O sonho termina com a chegada da realidade, mas ele se vai com um sorriso nos lábios daquele que sonha, pois o coração pertence ao reino esquecido e sabe que é para as terras de primavera e inverno que sua alma irá sempre retornar.
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