- Finalmente alguém comprou a velha casa dos Bakers – Disse a mãe de Sarah Clarke. Era sábado a tarde e a sra. Clarke estava sentada à mesa da cozinha, com os óculos bifocais acomodados no nariz, fazendo suas contas do supermercado tranquilamente.

- Acho que uma menina da sua idade se mudou pra lá – continuou a sra. Clarke. – Eu já ia entregar uma cesta de boas vindas pra eles. Talvez você queira ir em meu lugar. – Adelaide apontou para a cesta de palha cheia de frutas e cereais sob o balcão da cozinha.

- Meu Deus, mãe, não! - desde que se aposentara do cargo de professora na Escola Fundamental de San Francisco, no ano anterior, a mãe de Sarah virara uma dessas senhoras que fazem parte de comitês de boas-vindas. Ela juntou um milhão de coisas – frutas secas, cereais, um guia das ruas de San Francisco.

A sra. Clarke levantou-se e passou os dedos pelos cabelos de Sarah danificados pelo cloro. – Você ficaria muito chateada em ir lá para mim, docinho? Talvez fosse melhor eu mandar Carolyn?

Sarah deu uma olhada em sua irmã, Carolyn, que era dois anos mais nova que ela e que parecia bem confortável, acomodada em uma poltrona deliciosa na frente da televisão, assistindo Grey’s Anatomy. Emily balançou a cabeça. – Não, tudo bem. Eu vou lá.

Sarah resmungava de vez em quando e, muitas vezes, até revirava os olhos. Mas a verdade era que ela fazia tudo o que a mãe pedia. Era uma excelente aluna, quatro vezes campeã estadual em nado borboleta e uma filha obediente. Seguir as regras e atender aos pedidos era algo natural para ela.

- Não se esqueça de falar que a nova família é muito bem-vinda em nossa casa! – Exclamou a sra. Clarke.

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Sarah saiu de sua casa em direção a 10 passos depois do seu ponto de partida para entregar a cesta que sua mãe havia pedido. – Posso muito bem escrever um bilhete e deixar na porta – pensava Sarah, mas logo desistiu.

Aquele som da campainha monstruosa lembrava à sua melhor amiga Emily Baker que havia se mudado recentemente para o bairro nobre da cidade, onde ficava perto do emprego novo de sua mãe.

- Olá, em que posso ajuda-la?

- Oi – soltou um riso – Sou da casa ao lado, e eu e minha família queremos desejar boas-vindas a vocês! – Falou Sarah sorridente.

- Obrigada! Prazer conhecer você... – Disse a moça.

- Sarah! Meu nome é Sarah Clarke.

- Prazer Sarah, sou Rebekah Grayson! Quer entrar? – Disse pegando a cesta

- Não seria muito incomodo? – Falou Sarah envergonhada

- Claro que não! Você deve ter a mesma idade que eu né?

- Depende – Riu – Quando anos você tem?

- 17! – Disse Rebekah.

- Eu também! – Falou rindo

Depois de meia hora, Sarah voltou para sua casa acenando para Rebekah.

- Onde pensa que vai moçinha? – Perguntou Adelaide.

- Mãe, estou indo pra casa da Emily, tá?

- Está bem, mas como são os novos vizinhos? – Perguntou sorrindo

- Eu gostei dela, ela se chama Rebekah Grayson, e acho que ela gostou de mim também!

- Hm... Você conheceu os pais dela?

- Não, eles não estavam em casa, tinham ido ao shopping comprar umas roupas.

- Bom... agora você tem uma nova amiga pra conversar do que ficar nesse computador o dia todo.

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- Sério isso Charles? As aulas já estão chegando e você fica com isso na sua cabeça que eu estou namorando o Josh. – Disse Emily Baker, melhor amiga de Sarah

- Filha, eu vi vocês abraçado no shopping! – Falou o sr. Baker.

- Abraçar não significa nada! Você não abraça a suas colegas de trabalho? Mãe, meu pai está de traíndo! – Disse rindo.

- Olha o jeito que você trata seu pai!

- Nem meu pai você é! Ele morreu quando eu nasci! Esqueceu?

Emily sempre rejeitara Charles Mendel, atual marido de sua mãe Catelyn. Onde na época havia traído Robert Baker, no qual o pegara no flagra, fugindo de casa resultando num terrível acidente de carro, logo 1 mês depois do nascimento de Emily.

- Eu sei que não sou seu pai, mas deveria me respeitar do mesmo jeito que iria respeitar se seu pai estivesse vivo! – Falou Charles

- Para de se comparar ao meu pai! Você não é ele e nunca será! – Falou Emily subindo ao seu quarto.

- Charles, ela ainda está em uma fase da adolescência, um dia ela vai entender os erros que ela está cometendo. – Falou a sra. Catelyn

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- Finalmente consegui sai daquela casa, fiquei presa o final de semana inteiro! – Falava Sarah dirigindo e conversando com Emily pelo FaceTime. – Sério, mudou uma vizinha pra sua antiga casa, e ela tem cara de seu uma vadia!

- Sério? Qual o nome dela? Ela era daqui de San Francisco? – Perguntou Emily

- Rebekah e ela não deu detalhes de sua vida. Fiquei meia hora na casa dela aproximadamente.

Riu Emily

- Meu padrasto está me irritando profundamente!

- Porque? O que ele fez?

- Fica se comparando ao meu pai, eu não gosto disso! É perturbador!

- Também não gostaria! – Riu Sarah – Amiga do céu, que trânsito é esse pra sua casa?

Sarah estava dirigindo quando tentou pegar o seu celular no painel do seu carro, mas não conseguiu devido ao cinto de segurança que à prendia. Segundo depois, soltou-o e alcançou perfeitamente seu celular, mas em questão se segundos, o sinal estava vermelho e Sarah não havia percebido, entrando em colisão com uma Limousine preta.

Sarah ficou inconsciente por alguns minutos e logo desceu do carro. – Ai meu Deus!

- Senhora você se machucou? – Perguntou um homem com uma voz grossa – Senhora?

- Não me chame de senhora! – Disse Sarah tentando enxergar o homem, pois sua visão estava embaçada devido a colisão.

- Você se machucou? – Perguntou uma mulher loira com um vestido curto na altura do joelhos.

- Não, eu estou bem! – Disse Sarah tentando enxergar o homem, pois a visão estava embaçada devido à batida. – Desculpa moço!

- Desculpas? Olha o estrago que você fez moçinha! – Disse o homem olhando sério – Quantos anos você tem? 16?

- Olha aqui moço, eu tenho 17 anos e sei que a culpa foi minha! Eu vou concertar o estrago! – Disse Sarah

- Você nem trabalha pra ficar dando certeza aos outros! Está aqui meu telefone! – Disse o homem entregando um cartão áspero.

Sarah estava conseguindo enxergar melhor quando vira que o homem que estava dialogando ou discutindo, era um motorista de idade.

- Senhor, eu vou manter contato!

- Brann, entra logo nesse carro que eu tenho mais o que fazer! – Disse um homem que estava dentro da Limousine. O motorista entrou dentro da Limousine batida, e cantou os pneus.

- Comecei meu dia lindo! Um acidente... O que minha mãe vai fazer comigo? Desgraça! – Pensava Sarah.

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- Como assim, você bateu o carro? – Disse Emily sentada em sua cama.

- Culpa sua! Você que insistiu em falar comigo! – Falou Sarah sentada no tapete do quarto de Emily.

- Minha? Foi você que me ligou! – Disse rindo – O que será que sua mãe vai fazer com você?

- Deve cortar minha cabeça e bota-la em uma estaca na porta de casa!

- Credo! Ela não é tão má assim Sarah.

- É porque você nunca viu ela estressada.

As duas conversaram por um longo tempo e depois pegou o caderno de Biologia para relembrar as matérias do ano passado, pois as aulas iriam começar a dois dias.

- Ei, você entrou de novo naquele site de relacionamentos? – Perguntou Emily

- Eu? – Riu – Só entrei por causa de você e não deu muito resultado!

- Sarah, você tem que arranjar alguém! Comece a passar maquiagem e usar umas roupas...

- Mais bonitas? Isso que você ia dizer né? – Perguntou Sarah abaixando a cabeça

- Não é bem assim, é só mudar o seu estilo! – Riu – Seja igual eu! Elegante, bonita. Começa a chover homens!

- Emily eu não sou rica igual você! Minha mãe nem trabalha mais, e eu não tenho condições para ficar mudando o visual!

- Tá bom, tá bom! Vamos fazer chocolate quente?

- Vamos! – Disse Sarah levantando do chão

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Sarah voltou para casa ás 22h, depois de ter tomado um chocolate quente, já que em San Francisco o tempo não estava para bebidas geladas.

- Mãe... cheguei! – Falou Sarah

- Papai ligou e te mandou abraços. – Falou Carolyn

Hemilson trabalhava no batalhão militar da cidade, e ás vezes tinha que viajar para outras cidades por falta de policiamento.

- Ele falou quando volta?

- Não!

Sarah foi para o seu quarto e se arrumou para dormir quando sua mãe abre a porta:

- Você sabe que suas aulas começam dia 9, não é?

- Sei sim!

- Então não ache que você vai sair demais, trate de estudar para passar na prova da universidade!

Sarah sempre sonhou em ser médica, mas ás vezes desistia porque lembrava que as condições financeiras de sua família dava para fazer apenas cursos de Administração e cursos mais baixos.

- Boa noite meu anjo.

- Boa noite mãe.

Sarah lembrou sobre o que Emily disse sobre o site de relacionamento e resolveu seriamente em entrar em um naquele momento.

Abriu seu notebook e digitou “www.coraçõesapaixonados.com.usa”. Ela já possuía uma conta no site e resolveu ver os perfis masculinos da aba “Solteiros para você”.

Sarah viu homens ricos, homens que parecem maltratar as mulheres e homens que parecem ter aquele site para arranjar alguém para transar. Minutos depois, algo chamara atenção de Sarah, um perfil sem foto, mas as descrições tinham despertado o interesse de Sarah.

O homem gostava de cachorros e ajudava creches com brinquedo assim como Sarah fazia. O mesmo trabalhava e morava em San Francisco também. Porém Sarah sabia que nada daquilo podia ser irreal, mas resolveu em mandar um “like”, que era quando uma pessoa se interessava nas descrições das outras, até que naquele momento, Sarah havia percebido que ela tinha acabado de mandar um “like” para Christopher Allen.

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- Amor, as aulas das meninas já vão começar e você tem que comprar a mochila de Sarah! – Falou Adelaide no telefone para o marido.

- Volto ainda hoje sem falta anjo!

Sarah desceu as escadas e percebeu que sua mãe estava falando com seu pai, mas já havia desligado.

- Era ele né? – Perguntou sem um sorriso no rosto

- Sim, ele disse que volta hoje filha!

- E você como sempre acreditou?

- Filha, ele é seu pai! – Falou Adelaide com um olhar de suspeitas.

- Eu sei mãe, mas quando tive 7 anos, ele ficou 3 anos longe da gente! E quando ele viaja, eu penso que ele nunca mais vai voltar!

- Venha aqui Sarah! – Falou acenando para seu colo.

Sarah deitou no colo de Adelaide e começou a se despedaçar, chorava tanto que metaforicamente estava afogando sua mãe.

- Você precisa andar na rua, esquecer um pouco da vida! – Aconselhou Adelaide.

Sarah concordou depois de alguns minutos aos prantos, e decidiu fazer uma caminhada na praça famosa próxima a sua casa.

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- Minha mãe é muito boba! Como até hoje ela nunca percebeu que meu pai deve estar traindo ela com todas – Pensava Sarah correndo na larga rua da praça – Se meu pai voltar, ele não fica aqui nem 3 meses.

O celular de Sarah apitou quando ela estava perto do poste de telefonia, e resolveu não dar atenção pensando que era Adelaide. Segundos depois, apitara de novo e finalmente resolveu ver o que era.

“Minha mãe está muito chateada com o que você falou do papai pra ela hoje, e sim, eu ouvi tudo lá do quarto” – Carolyn

Sarah correndo, digitou:

“Você também é muito boba achando que o pai vai voltar!” – Sarah

Logo depois, o celular apitou mais um vez

“Christopher Allen deu Like no seu perfil” – Solteiros apaixonados

- Meu Deus! Ele me deu um like, isso significa que ele gostou de mim também!

Sarah enquanto corria pensou em escrever alguma mensagem para Christopher, mas por alguns instantes, ela não acreditou no que acabara de ver: Christopher mandou uma mensagem pra ela.

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De: Christopher Allen

Assunto: Bom dia

14 de fevereiro de 2015 09:24

Para: Sarah Clarke

Olá Sarah, prazer em conhece-la!

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Sarah não sabia se corria, ou se gritava, ou se pulava de felicidade. Por alguns instantes ficou pensando em o que responder, mas depois pensou na hipótese de Chris ser um assassino, ou um cara que só quer sexo. Entretanto não resistiu a mensagem e decidiu mandar uma.

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De: Sarah Clarke

Assunto: Bom dia

14 de fevereiro de 2015 09:31

Para: Christopher Allen

Oi, prazer em te conhecer também! Estou bem agora, e você?

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Sarah tinha deixado a pagina do site na tela do seu celular sem desbloquear e naquele momento ela completava a 5 volta na praça escutando “This is how we do – Katy Perry”. Aquele dia tinha se tornado um dia especial para ela, pois aquele era o 2º homem que corria atrás dela, perdendo apenas para Daniel Campbell, que era seu melhor amigo.

Sarah desbloqueou seu celular e percebeu que Christopher estava digitando a nova mensagem, porém Sarah estava muito distraída pensando naquele momento, quando sem querer esbarrou em um homem alto e musculoso com um casaco cinza com o capuz na cabeça, deixando seu celular cair à dois metros do homem, enquanto o mesmo deixou seu iPhone 5s cair à 3 metros de Sarah.

- Meu Deus, desculpa! Eu não tinha visto você! Mil desculpas – Falou Sarah pegando o iPhone do homem no chão que estava perto dela.

- Me desculpa, foi minha culpa! Estava mexendo no celular e não estava prestando atenção na pista! – Disse o homem pegando o celular de Sarah.

Sarah quando pegou o celular que estava desbloqueado do homem com o casaco, tinha percebido algo estranho.

- Não! Não pode ser! Meu Deus! – Pensou

O celular estava no site de relacionamentos e justamente na página das descrições de seu perfil. Enquanto naquele mesmo momento, o homem havia percebido que aquela mensagem no celular de Sarah era dele.

- Voc.. Você é... Você é Christopher Allen! – Falou Sarah gaguejando.

- E você é Sarah Clarke! – Falou Christopher, tirando o capuz da cabeça, deixando escorrer as gostas de suor em sua testa lisa.

- Coincidência não é mesmo? – Falou Sarah rindo – Por favor, me diz o que eu fiz para merecer isso? Estou suada e horrorosa, agora não tenho mais nenhuma chance com esse...esse... homem lindo.

- Pois é! - Riu

Sarah não sabia se ela fugia e se nunca mais entrava naquele site de relacionamentos de novo, ou se ficava ali conversando com Christopher e passando vergonha ao mesmo tempo. Mas sem pensar duas vezes, Sarah pegou o seu celular da mão de Christopher e o entregara o iPhone, quando botou os fones de ouvido de volta e voltou a correr o mais rápido possível.