I

- Mete-te na tua vida Malfoy! – gritou Hermione histérica.

- Uhh! – gozou Draco – O que foi Granger? Finalmente olhaste-te ao espelho e percebeste que não prestas? Ou que JAMAIS alguém no seu perfeito juízo iria olhar para ti?

Ron apareceu do nada e deu um murro fantástico no nariz dele – Se voltas a falar assim com ela a próxima pessoa que te puser a vista em cima vai ver-te em cinzas dentro de uma caixa de fósforos! – Ron ameaçou.

Draco apercebeu-se que sangrava do nariz, mas continuou a provocar – Granger, que bela escolha! Um cenourinha para namorado?! Se quiseres viver com os porcos estás à vontade…

- CALA-TE MALFOY!!!! – gritou uma terceira voz masculina.

- Ena, ena, Potter! O que foi? Não me digas que estás com ciúmes…

Harry fez um esforço enorme para não o amaldiçoar ali mesmo. Então, achando que não iria conseguir conter-se por muito mais tempo, virou-se para os outros – Vamos embora, assim ele pode prolongar o seu belo monólogo sem chatear os outros!

Antes que mais alguém perdesse o controlo, levou Ron e Hermione para a sala comum dos Gryffindor. Lá, ele e Ron fizeram a amiga sentar-se numa das poltronas e obrigaram-na a tomar um chá de camomila. Ela tremia por todo o lado e parecia estar à beira da loucura. A cara estava brilhante das lágrimas.

Os dois rapazes sentaram-se em frente a ela e Harry resolveu perguntar-lhe o que afinal acontecera. Ainda ficou muito tempo à espera, chegando mesmo a recear que ela não iria responder tão cedo. De repente, com os olhos desfocados, ela disse baixinho:

- Os meus pais foram atacados pelos Death Eaters.

Eles ficaram em choque.

- Porque não nos disseste logo? – agora Ron é que parecia a ponto de explodir.

- Só soube mesmo antes de me cruzar com o Malfoy… por isso é que o professor Dumbledore me tinha chamado à parte durante as aulas. Ele esteve a dizer-me que eles agora estavam em St. Mungus, em coma, mas que não podem receber visitas… - ela parecia desolada e a precisar de falar. Estava prestes a chorar outra vez – Ele não sabe que danos eles lhes podem ter causado… foram atacados num vilarejo muggle perto do sítio onde vivemos e… - o seu discurso era interrompido por pequenos soluços.

Ron não aguentou e foi ele que pegou na chávena de chá de Hermione, tomando-a de um trago para ele próprio se acalmar. Estava tão vermelho de raiva como o seu cabelo. Harry não lhe ficava muito atrás.

-… e a nossa casa ficou totalmente destruída! Aliás, tudo num raio de 2 km ficou em ruínas. Houve mais muggles que ficaram mal, outros chegaram mesmo a morrer… - nesse ponto, a voz ficou demasiado fraca para se fazer ouvir. Era certo que ela temia isso mesmo.

Ron, tentando dar ares de calma, disse num tom que nunca conseguia enganar os seus amigos – Eu vou matar o Malfoy! Juro que mato!

Hermione percebera o raciocínio dele e tentou acalmá-lo.

- Ron, duvido que o Malfoy soubesse disso. Se assim fosse, ter-me-ia atirado com isso à cara logo na primeira oportunidade. Além disso – disse ela agora mais calma – não vale a pena ir parar a Azkaban por uma estupidez desse tipo. Além disso, acham mesmo que o Malfoy merece que pensemos tanto nele?

Ron ficou indignado – O QUÊ?????

Hermione manteve a calma – Ele não merece que queimemos os nossos neurónios a magicar o que fazer com ele. O melhor a fazer é ignorar. – ela agora estava estranhamente calma com a situação – Bem rapazes, vou-me deitar embora ache que não vá descansar bem esta noite… madame Pomfrey deu-me algumas poções para dormir, espero que resultem.

Já ia na direcção do dormitório quando se virou uma última vez para eles.

- Ah, e obrigada por me ouvirem! É realmente terapêutico… - e dizendo isto, foi para o dormitório.

oOo

- O quê…? – disse Draco quase sem voz. Ainda não tinha conseguido assimilar a ideia.

Severus Snape raramente sentia piedade com qualquer ser vivo, mesmo vendo o puro desespero transparecer na voz e olhar do jovem rapaz à sua frente. Inspirou fundo e tentou falar em voz calma e baixa.

- Draco, eles foram apanhados em flagrante pelos aurores do Ministério – tentou explicar Severus. Ser chefe dos Slytherin tinha destes dissabores, principalmente em tempo de guerra. – Estão em St. Mungus, mas digo-te que os medibruxos estão apreensivos quanto aos danos… parece que já são o 2º casal sem terem muitas esperanças…

- Está a tentar dizer-me, professor, que os meus pais correm risco de vida? – quis saber com toda a certeza o assustado rapaz.

Severus não tinha outra maneira de dizer. – Sim. – e continuou – Draco, deves saber também que não os vais poder visitar… se sobreviverem, terão entrada de 1ª classe garantida para Azkaban; afinal, não é todos os dias que o Ministério apanha dois Death Eaters. Eles têm a segurança no máximo. – e acrescentou vendo a cara esperançada virar-se para si – Nem eu nem o próprio Lord podemos fazer alguma coisa, ele tem mais coisas em que pensar. Lamento.

Draco tremia. Tremia de medo, raiva, stress, pura loucura que se ia apoderando dele. Estava à beira das lágrimas, mas não iria chorar em frente daquele professor insensível. Tentou correr, mas apenas se deslocava de maneira a não largar a parede onde se apoiava.

Foi neste estado lastimável que ele chegou à sala comum dos Slytherin: pálido e com vontade de acordar do pesadelo que estava a ter.

Deitou-se na cama, não conseguindo encontrar sono suficiente para o fazer adormecer rapidamente. Tentava, em vão, convencer-se de que tudo não passava de um pesadelo muitíssimo mau.

Nem fazia ideia do terrível 'pesadelo' que iria ter no dia seguinte.

continua...