Cinco Maneiras de Te Encontrar no Clichê escrita por Mrs Days


Capítulo 6
O Melhor Amigo


Notas iniciais do capítulo

Gente, último capítulo. Estou chorosa, mas adorei fazê-lo. Muito obrigada ao apoio que recebi e os lindos comentários. Obrigada pela recomendação - E se quiserem me dar mais recomendações de presente, aceito de bom grado.

Então, é aqui que nos despedimos com 5MDTENC. Beijos.



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Meu momento de reflexão não durou muito tempo. Na verdade, fiquei sentada pensando nos sinais que Mike tinha me dado ao longo da semana. Não, os sinais que ele tinha me dado no tempo em que nos conhecemos. Ele sempre esteve ao meu lado durante meus momentos de loucura e me apoiando. Principalmente nessa ideia louca.

Fiquei tanto tempo procurando o meu clichê que não o vi parado do meu lado.

— Izzy... — Nanda me chamou quando levantei subitamente.

Não me virei, fixando os olhos pelo caminho que Mike tinha ido.

— Ligue para Jason, ele é legal — Eu disse pegando as minhas coisas — Agora eu tenho que acertar as coisas com meu melhor amigo.

Nanda sorriu e assentiu, simultaneamente que seu celular tocava. Ela nem hesitou em atender e seu sorriso se ampliou ainda mais. Fiquei feliz por ela. Caminhei apressada em direção ao refeitório. Sabia que Mike não iria embora, porém não aguentaria passar um dia inteiro engolindo as palavras que queria gritar.

Encontrei Alex conversando com seus amigos em uma das mesas. A conversa parou no momento em que me aproximei. Ele ergueu os olhos azuis demais para mim.

— Beatriz — Cumprimentou-me.

Idiota. Retive a vontade de revirar os olhos ou fazer uma careta. Ele deveria me agradecer, já que era um grande esforço da minha parte.

— Você viu Mike?

Ele olhou ao redor de sua mesa.

— Ele não está comigo.

Sempre você, certo?

Forcei um sorriso.

— Tudo bem — Preparei-me para virar, quando apontei para o chão — Hey, Alex, pegue a sua humildade antes que ela desista de vez de você e saia correndo.

Afastei-me, escutando as pessoas ao redor do jogador começando a rir. Senti o meu peito mais leve. Meu próximo alvo foi Jake. Ele estava sentado com um garoto em uma mesa um pouco mais afastada. Algumas meninas suspiravam e o admiravam. Coitadas.

— Desculpe interromper, Jake — Disse puxando uma cadeira e dando um sorriso para o seu acompanhante.

Jake deu um sorriso amigável.

— Tudo bem, Izzy — Ele pegou uma mecha do meu cabelo e admirou, virando-se para o outro garoto — O cabelo dela é incrível, não acha? E é natural.

Do jeito que seu amigo olhou para o meu amigo e sorriu de volta para Jake, comecei a desconfiar que eles não fossem realmente só amigos. Porém aquilo não era assunto meu – talvez algo que fosse comentar com Nanda posteriormente.

— Jake, você viu Mike? — Indaguei com pressa. Meus olhos já tinham localizado Henry sentado em uma mesa perto da saída lendo um livro. — Tenho que encontrá-lo com urgência.

O loiro me olhou provocativo.

— Finalmente os papéis se inverteram e você está correndo atrás dele — Ele piscou e eu fiquei com a boca aberta. Percebendo o meu espanto, ele deu um tapinha em meu ombro, como se estivesse me consolando — Ah, Izzy, era bem óbvio que Mike tinha uma queda do tamanho do Grand Canyon por você.

Quando chegasse em casa, a primeira coisa que iria fazer era marcar uma consulta no oftalmologista. Porque era impossível que todos enxergassem que Mike gostava de mim e eu não tinha visto nenhum sinal até aquele beijo de minutos atrás.

Suspirei.

— Você não o viu?

Ele balançou a cabeça, fazendo seus cabelos loiros se despentearem. O amigo ficou fascinado por esse movimento por um segundo. Levantei-me e assenti, em um agradecimento silencioso.

— Boa sorte, Izzy — Jake disse, sincero. — Ele vale a pena.

Eu sabia disso. Muitas vezes brincava com Mike dizendo que a garota que conseguisse conquistar o seu coração de pedra seria a sortuda do ano. Ele sempre negava e dizia para que eu não dissesse besteira. Só que era verdade. Mike vale a pena.

Eu hesitei antes de ir em direção a Henry. Depois do ataque em sua casa, parecia que meu corpo tinha desenvolvido um sensor para qualquer tipo de aproximação suspeita. Principalmente vindo dele. Pena que minhas opções de procura fossem tão escassas. Engolindo a seco, parei ao seu lado. Ele arrastou os olhos castanhos para mim e pressionou os lábios juntos.

Pelo amor de Deus, não me agarre.

— Henry, você não viu Mike passando por aqui, viu? — Perguntei rapidamente, quase cuspindo as palavras, com medo de que minha voz tremesse.

Ele me observou de cima a baixo e percebi um brilho diferente em seus olhos. Recuei um passo. Se não estivesse tão desesperada, já tinha saído correndo.

— Não — Respondeu voltando a atenção para o livro. Levantei uma sobrancelha com o tratamento frio. Por fim, resolvi que era melhor isso do que uma coisa mais quente. Virei-me, querendo catar Nanda e Jason. — Bela bunda, Izzy.

Foi só um sussurro, mas fez toda a minha coluna gelar. Acelerei o passo de volta para o lugar que tinha deixado Nanda e, por sorte, acabei por trombar com Jason que estava fazendo o mesmo caminho. Ele me encarou com ironia.

— Você não deveria estar indo para o outro lado? — Ele apontou para a direção da quadra.

Senhor, eu estava amando aquele garoto a cada segundo.

— Mike foi para lá? — Indaguei esperançosa.

Ele assentiu.

— Passou feito um tufão. Como se estivesse pronto para incendiar a escola inteira. — Ele deu de ombros — Típica reação de quem foi rejeitado. Ou de quem convive com você.

Estreitei os meus olhos.

— Vou apenas te agradecer para não estragar qualquer possibilidade de amizade. — Ele concordou se concentrando em seu caminho. Segurei em seu antebraço, impedindo-o. — Se ferir a minha amiga, terá que se ver comigo. E eu não sou uma pessoa nem um pouco gentil quando estou com raiva.

Ao invés de aparentar medo, ele me encarou sério.

— Nunca machucaria a Nanda. Ela é o tipo de garota que se você conquista, tem que fazer valer a pena cada momento, e não ser um idiota. — Deu um pequeno sorriso. — Igual a você, Izzy. Agora vai. Ele deve estar com o fósforo na mão.

Na metade do meu trajeto, o sinal tocou, o que dificultou o meu percurso, já que todos estavam indo na direção oposta. Mas fui persistente e atravessei o mar de estudantes até chegar o local que Jason tinha me indicado. Minhas mãos suavam de ansiedade e só percebi o quanto quando tive que empurrar a porta da quadra.

Mike estava jogando basquete sozinho. Sua camisa e sua mochila estavam jogadas em um banco da arquibancada, enquanto ele corria e dava saltos. A visão de seu torso nu fez meus pelos se arrepiarem e engoli a seco, indo na sua direção, determinada. Ele só reparou que eu estava ali quando tomei a bola de sua mão.

— Quem você acha que é para me beijar e sair sem me dar o direito de falar nada? — Ralhei, fazendo-o arregalar os olhos castanhos. — Mike, você sempre soube que nunca fui a pessoa mais atenta do mundo, então me desculpe se não reparei que gostava de você.

— Você não tinha que reparar nenhum sentimento meu... — Ele se tocou de minhas palavras e pausou — Você gosta de mim?

Joguei a bola com força em seu peito. Ele arfou.

— Claro, idiota — Coloquei a mochila no chão e prendi o cabelo em um coque, com um desafio silencioso. Ele deu um pequeno sorriso. — Se você gosta tanto de mim, por que não me chamou para sair? E principalmente: Por que me deixou entrar nessas furadas a semana inteira?

Ele deu de ombros e eu avancei. Ele driblou e fez uma cesta. Passou a bola para mim.

— Parecia o certo. — Ele respondeu, atento a qualquer movimento meu. — Tinha uma parte de mim que dizia que quando tudo isso acabasse e você quebrasse a cara, iria olhar para mim.

Bufei.

— Que plano de merda, Mike — Reclamei, vendo-o fazer uma careta. — Era mais fácil chegar para mim e me chamar para tomar um sorvete depois da escola. E me agarrar daquele jeito... — Balancei a cabeça. Decidi que a melhor estratégia para marcar ponto era empurrá-lo com o ombro.

— Era a única maneira de te fazer acordar.

Virei-me para dar uma resposta, mas ele deu um tapa em minha mão. Sortuda do jeito que eu era, pisei na bola que tinha ido para o chão e parei em seus braços. Nossos rostos estavam a centímetros um do outro e questionei pela milésima vez onde estava com a cabeça que nunca tinha reparado o que tinha na minha frente.

— Pode me beijar agora, se quiser. — Ofereci.

Ele se aproximou um pouco mais.

— Caiu de propósito em meus braços para que isso ficasse ainda mais clichê? — Gracejou.

Mordi o meu lábio inferior, retendo um riso. Queria ter dito mais coisas. Que ele não era uma última opção – porque no fundo, eu sempre soube a resposta para aquela última lacuna, só que nunca quis admitir. Que realmente gostava dele. E que queria socar ele por não ter tomado a iniciativa antes. Porém preferi deixar isso para mais tarde.

Para um momento em que não estivéssemos nos beijando.


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Notas finais do capítulo

E o que acharam do final?

Mereço uma recomendação? *--*

Vou sentir saudades. Beijos, flores.