Codinome Clarice escrita por Agatha Franco


Capítulo 2
Chantagem


Notas iniciais do capítulo

DEMOROOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOU mas chegou e.e
eu sou meio sem net e pa e.e mas juro juradim q vou postar com frequência



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"[...]por que a dor é relativa, mas sentimos igual. E enquanto acharmos que entre seu choro engolido e o do outro há um abismo, a distância física não vai ser o maior problema. As maiores distâncias estão dentro de nós mesmos."

– Memórias de Clarice, 27 de Setembro.

***

Coloquei o indicador sobre o enter, e fiquei uns segundos assim. Sempre reservo os segundos antes da publicação para lembrar da minha mãe e das vezes em que mostrei meus textos à ela. Ela amava, e hoje, de todos os milhares de leitores do Memórias, a minha preferida não pode comentar. Enter.

– Entrei! Ta vestida ou não?- Du abre a porta do meu quarto com uma das mãos tampando os olhos e a outra carregando uma sacola. Ele tem a chave do meu apartamento, já que quase mora aqui. Fecho o notebook e giro a cadeira até ele.

– É de comer? - aponto para a sacola. É óbvio que o conteúdo vem de alguma loja, mas não custa perguntar.

– É de brilhar, minha querida, é de bri-lhar. - ele fala pronunciando cada sílaba, enquanto vai sentando na minha cama. Du abre a sacola e espalha o que trouxe em cima da cama, enquanto canta alguma música da moda, ele consegue cantarolar o dia todo sem cansar.

– A festa vai ser a fantasia... - fuzilo ele com o olhar quase sem querer - não me olha com essa cara, você disse que vai!

– Eu não falei nada sobre a festa.

– Um minuto. - Du pega seu celular no bolso e começa a mexer com as pastas de áudio - aqui.

Ele coloca o celular em sua coxa, com a caixa de som para cima.

– "Primeiramente, é Lia. Segundamente, ninguém me da bala na sala, e por último, talvez, eu disse talvez, eu vá." - ele gravou! O filho da puta gravou! - Viu, você mesma disse que vai. Agora, sua fada madrinha aqui trouxe presentes que você não merece.

Ele estica um vestido pela cama. É tomara que caia, com a saia longa, o corselet marca a cintura perfeitamente. Seria como os de princesas... Se não fosse vermelho.

– Fecha a boca, sua baba vai sujar o vestido, idiota. - ele quer que eu use isso?

– Não posso Du, não...

– Já paguei, amô. É meu presentim para você - ele pisca e joga o vestido em mim - vai ficar perfeito, você não pode recusar.

– Eu... - nunca usei algo assim, é o tipo de vestido que deixa até a Regina Casé bonita. - ok.

– AI EU NÃO ACREDITO - ele grita e me abraça, mesmo já estando sentado - você vai ficar linda. Mas, só posso te dar mesmo, com uma condição.

– Não... - era bom demais para ser verdade, ele ia pedir algo que eu nunca faria por livre e espontânea vontade.

– Você será Clarice. Por uma noite, eu quero que esqueça a Lia, a Meg, o ódio, tudo. Eu quero que seja quem você é, sem carregar toda a dor do mundo nas costas. Eu só quero o seu bem.

Era mais do que podia aguentar. Ser Clarice implicava em ser sincera, provocativa, e... Eu mesma. Eu teria que sair da minha zona de conforto, e ir para outro lugar, totalmente diferente. Se bem que... Só por uma noite, talvez.

– Ok! - sai quase como um grito, se eu não dissesse logo, corria o risco de mudar de ideia. Du sorri, ele me conhece o suficiente para saber que eu cederia para ele em algum momento, nem que para isso a negociação tivesse que durar horas.

– Agora vem a parte da fantasia, você vai usar uma máscara - ele tira uma caixinha de dentro da sacola, e dela tira uma máscara preta, com adornos vermelhos.

Pego na mão e levo ao nariz, tem cheiro de mulher. Franzo a testa.

– Mas esse perfume é da...

– Comi! Quer dizer, Beatriz! Ela deixou lá em casa ontem. - ele sorri orgulhoso.

– Não creio na capacidade que ela tem de ser vulgar.

– Isso por que você não viu a cinta liga combinando - Du morde o lábio inferior, a expressão de quem se lembra de algo muito bom - altas lembranças aquelas.

– Tenho opção, ou tem que ser essa aqui mesmo? - levanto a máscara até seus olhos, ele desperta do seu transe. -

Essa aí. No fundo da sacola ainda tem os sapatos, eles são vermelhos também, você vai crescer uns centímetros, me ame. Vou indo, era só isso - ele levanta e me abraça pela última vez, antes de sair pela porta. - passo amanhã para te pegar as 8, tchau amô. Era isso. Amanhã a Clarice saíria caçar.

***

Ligo a playlist aleatória e o que toca é Natasha, nada como uma música que fala de duplas personalidades agora. O universo deve estar de sacanagem comigo. Depois que o Du saiu e levou toda a alegria e o entusiasmo com ele, o que sobrou foram meus medos e arrependimentos, além das sacolas de alguma loja de ricos em que eu nunca pisaria.

– Bem minha cara, não? – Coloco o vestido a frente do corpo e me encaro no espelho.

Direciono a pergunta a Mia, a gata que morava sem permissão na minha casa a 4 anos, e que teve o nome ridiculamente rimado com o meu pela minha tia. Recebo como resposta aquela cara de “tanto faz” que só os gatos sabem fazer, e resolvo checar meu facebook. “Checar”. Não é a toa que eu uso nome de velho como pseudônimo. No meio de notificações em grupos de escrita, solicitações de jogos e afins eu vejo as notificações da página do blog, a única razão de eu ter feito um facebook. Pietro. Não, eu li errado. Três golpes do universo no mesmo dia já me faziam acreditar que eu pudesse ter sido Hitler em uma vida passada.


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Notas finais do capítulo

Eu vi que vocês shipparam o Du em um primeiro momento (Durice, confere produção?), isso me deixou tipo "MUAHAHAHAHAHAHA sabe de nada inocente", no próximo capítulo vocês vão descobrir outros personagens e pa (eu falo muito "pa", vocês não tem idéia das vezes em que eu corrijo isso na fic e.e)
Enfim, espero que tenham gostado, dê sua opinião, isso ajuda muuuuuuuuuuito principalmente aqui no começo :)
Até o próximo!



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