A Prometida escrita por Temperana


Capítulo 18
See you again


Notas iniciais do capítulo

Oiii!
Se alguém conhece a música, sabe que tem que preparar os lencinhos. Quem não conhece, prepara também. Esse aqui está destruindo...
Não tenho o que dizer, apenas leiam...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/627575/chapter/18

Todos nós observamos o exército chegar. E iríamos lutar para proteger os dragões daquele Santuário. Drago não poderia ganhar de nós. Isso não permitiríamos.

Valka foi ao encontro do Dragão Alpha e Stoico e Bocão montaram em seus respectivos dragões. Soluço encarou Banguela, em um olhar que dizia que iria para luta.

–Onde Tempestade está? – eu perguntei a mim mesma.

–Não dá tempo, você vem comigo – Soluço diz e corremos em direção do Banguela.

Esperava que Soluço montasse, mas antes disso nos encaramos silenciosamente. Ele então me beijou. Um beijo doce que me deu muito medo. Beijos de despedida são sempre os mais doces.

–Vai dar tudo certo. Você vai ver – ele me diz. E não parecia haver dúvidas em sua voz.

Eu apenas assenti com a cabeça e montamos. Banguela adquiriu velocidade e contornamos o Santuário. Nos juntamos a Stoico e Bocão e surgimos no campo de Batalha.

Valka surge com o Alpha. Ela parecia majestosa sobre ele.

–Você agora sabe de onde vem as minhas extravagâncias – Soluço diz e eu rio.

Avistamos os outros pilotos e Tempestade, com Eret montado nela.

–Está aí uma cena que eu nunca imaginei que veria – eu digo. – Tempestade! – eu grito e pulo nela.

–Amo os seus testes de confiança – Soluço diz.

–São mais simples que os seus.

Soluço coloca o seu capacete e eles vão direto para Batalha. Peço que tudo dê certo.

–O que está fazendo com Tempestade? – pergunto a Eret.

–Seus amigos invadiram o Acampamento de Drago. Eles quase foram presos junto comigo, mas conseguimos fugir. E Tempestade me salvou. E me trouxe até aqui. Ela sentiu a sua falta – ele diz.

Eu sorrio e assumo o controle do voo.

–Vamos lá então.

Nós desviamos de algumas estacas de gelo que caíam descontroladas no chão. Libertamos alguns dragões das armadilhas feitas por Drago e continuávamos a derrubar guerreiros.

E então surgiu. Surgiu outro dragão idêntico ao Alpha, porém era mais escuro. Olhei assustada para aquilo. Ele podia ser o único a desafiar o Alpha pelo controle dos dragões.

Se aquela Besta Implacável ganhasse, Drago venceria. E isso não era nada bom.

–Tem dois deles? – Soluço surgiu ao meu lado e perguntou.

Encarei seus olhos. Aquilo não era nada bom. Os dois grandes dragões começaram a lutar. E quem ganhasse controlava todos os outros.

Observei a luta enquanto derrubava alguns guerreiros. E vi quando o Dragão Alpha caiu. Vi quando o Dragão negro venceu. Vi quando todos nós perdemos.

–Não! – Valka gritou.

Vi Drago ordenar ao dragão que matasse Valka. Porém, por sorte, Stoico a salvou. Entretanto o Dragão manteve a sua atenção nos dois que se escondiam.

–Para! – escutei a voz de Soluço gritar. Olhei em todas as direções e vi Soluço e Banguela na frente de Drago. Meu coração pareceu bater cada vez mais rápido.

–Vamos Tempestade – eu digo.

Tivemos que fazer um caminho longo até lá. Cada segundo que se passava, o aperto em meu coração aumentava. Nos aproximamos mais.

O “Dragão Alpha” saiu de seu posto. E tivemos que desviar novamente. Ele agora encarava Soluço. Meus olhos começaram a marejar.

–Não – eu murmurei para mim mesma.

Eu apenas ouvi a explosão. Apenas vi o gelo daquele pequeno bloco que estavam ceder. Vi a fumaça. E não vi Soluço mais.

–Não! – eu gritei.

As lágrimas rolavam incontrolavelmente dos meus olhos e Tempestade avançou com toda a sua velocidade naquela direção. A fumaça dispersou-se um pouco. Porém eu não enxergava nada.

O dragão negro saiu de sua posição. E quando eu desci de Tempestade vi a pior coisa depois da morte de minha mãe. Aquilo com certeza não fez diminuir as minhas lágrimas.

Eu vi o corpo de Stoico caído no chão. E Soluço e sua mãe debruçados sobre ele. Ambos chorando.

O nosso líder estava morto.

Eu corri sem hesitar em direção de Soluço. Me ajoelhei ao seu lado. Minhas lágrimas rolavam sem controle sobre o meu rosto. Soluço encarou meus olhos. A sua expressão era dolorosa demais.

Ele abriu a boca para falar algo. Sabia que ele tentaria me consolar, como sempre fazia. Mas ele não conseguiu. Ele irrompeu em soluços agoniados e eu abracei o mais forte que conseguia.

Eu acariciei os seus cabelos e fiquei desesperada. Ele parecia estar passando muito mal. Mas como não seria assim? Ele viveu 20 anos com o seu pai. Sua torta referência. E quem amava no mundo.

Stoico morreu para salvá-lo. Stoico morreu sendo o herói que sempre foi. Que eu sempre vi. E que também via e vejo no Soluço. Mas a perda? Por experiência própria sei que é horrível.

Sua reação era idêntica a minha ao perder o meu pai. E Stoico acabou virando a minha figura paterna. Que estava agora perdida também.

Avistei Banguela. Ele aproximou-se e parecia ter saído de um transe. Eu encarei com raiva o Dragão que julgava ser o Alpha. Encarei com raiva Drago. Mas o que adiantou? Nada. Expressões e rostos não impedem nada.

Banguela aproximou-se do corpo de Stoico. Ele parecia chamar por ele. Soluço finalmente olhou para a cena. Banguela o encarou nos olhos.

Soluço sabia muito bem que a culpa não era do Banguela. Mas Banguela afastou-se. Como se ao ver Soluço toda uma culpa tivesse o aplacado. Ele correu para longe, enquanto o Dragão negro convocava a todos.

–Banguela! – Soluço gritou e tentou correr atrás dele.

Eu o segurei. Ele encarou os meus olhos.

–Não. Você sabe que não tem como você fazer nada agora – eu lhe digo.

–É isso o que acontece – Valka dizia. Os dragões de nossos amigos e de todo o Santuário partiam. Valka ainda estava ajoelhada, e acariciava o rosto de seu grande amor. – Dragões bons nas mãos de pessoas más. Não sabem o que fazem. Não foi culpa de Banguela.

Soluço apenas assentiu. Olhei para todos os pilotos, que me encararam com tristeza e vi os olhos, daqueles que eram os mais fortes, banhados de lágrimas. Crio coragem e forço as palavras a saírem.

–Precisamos fazer um funeral. Ao mais honrado de todos os Hooligans.

******

Pegamos um barco deixado pelo exército de Drago. Eles partiram para Berk com todos os dragões, de todo o Arquipélago.

Além disso, Drago fora montado em Banguela. Raiva era pouco para o que sentíamos. Mas não pensamos muito nisso. Tínhamos uma cerimonia para realizar.

Eu não participei da colocação do corpo no barco. Eu fui atrás de arcos e flechas para a tradicional homenagem viking. Soluço, após um tempo surgiu ao meu lado.

Eu já havia conseguido arcos para todos nós, e recolhia mais algumas flechas. Soluço pegou os arcos das minhas mãos para me ajudar. Ele tinha uma expressão triste e os olhos vermelhos.

–Você está me deixando preocupada – eu disse, enquanto arrancava uma flecha de um toco queimado de madeira.

–Estou? – ele perguntou, encarando os meus olhos.

–Você está guardando tudo para si, e sei porque quando eu olho para você vejo tudo guardado aí dentro. Eu espero que você confie em mim e me diga o que sente. Eu quero te ajudar, como sempre fiz.

Ele suspirou e sentou em uma pedra. Sentei ao seu lado, e ele encostou sua cabeça em meu ombro.

–Eu não sei o que eu sinto agora Astrid. Você sabe o que é não ter mais em quem você confiava, quem você amava, quem te criou, e que também te amou, viveu contigo uma vida inteira até aqui?

“Sei que sabe, sei que me entende. Ele era o meu pai. Brigávamos, mas sempre nos amamos. E logo quando eu reencontrei a minha mãe e eu pensei que poderia viver com a minha família completa... Drago destrói.

E a culpa é minha Astrid. Minha. Eu deveria ter morrido não ele. Aquele tiro era para mim. E Banguela se foi, Drago o levou. E eu não sei mais o que eu faço. Nem quem eu sou.”

–O que você procura sabe onde está – eu lhe disse.

–Eu não consigo achar.

–Não é algo que você procure. É algo que você sente Soluço. Procure sentir. A culpa não é sua. Não é de Banguela. É de apenas uma pessoa e você sabe. Stoico não suportaria viver sem você. Nem eu suportaria. Sabe disso. Só em pensar em te perder – um calafrio percorreu o meu corpo inteiro e lágrimas voltaram a surgir em meus olhos. – Eu nunca senti tanto medo em minha vida. E ainda assim não estou aliviada. Meu segundo pai se foi. E ao invés de te consolar, estou te colocando ainda mais para baixo.

–Não está não. Já estou no fundo do poço mesmo.

Ele encarou os meus olhos e sorriu. Pelo menos eu vi seu sorriso novamente. Aproximei-me de seu rosto, e não pude deixar de beijá-lo.

Nós nos separamos e então fomos em direção aos outros com os arcos e flechas. Entreguei para cada um deles. Bocão encontrava-se com a brasa acesa.

Nos enfileiramos com nossas flechas acesas. Soluço ficou ao lado de Bocão, que regeria a cerimonia. E Soluço seria o que atiraria a primeira flecha. O primogênito.

Que as Valquírias lhe deem as boas vindas.

E que lhe leve ao campo de Batalha de Odin.

Que elas cantem o seu nome com amor e fúria.

Para que nós possamos ouvi-lo saindo das profundezas de Valhala.

E para sabermos que você ocupou seu lugar de direito na mesa dos reis.

Pois um grande homem caiu. Um guerreiro. Um líder. Um pai. Um amigo.

Cada palavra que Bocão dizia era uma lágrima que pesava em meus olhos. Ele mesmo não conseguia conter sua emoção. Eles eram melhores amigos desde sempre.

Soluço acendeu sua flecha na brasa. Ele apontou sua flecha para o barco e atirou. E eu, os pilotos, Valka, Eret e Bocão seguimos o seu exemplo. O barco incendiou-se rapidamente.

Triste era ver a cena de um Funeral. Mais triste era conhecer a pessoa e sentir um vazio por dentro vendo-a ser queimada em um barco. Não dá para aguentar.

–Me desculpa pai. Por não ser quem você esperava. Eu não fui o líder que você pensou que eu fosse. E nem sou o pacificador que eu pensei que eu fosse. Me desculpa – Soluço diz. – Eu nem ao menos sei mais quem eu sou.

Tento resistir ao impulso de abraça-lo. Consigo, pois ele começa a falar novamente.

–Mas duas pessoas disseram para mim que eu deveria achar em outro lugar as respostas para minhas perguntas. Dentro de mim. Meu pai nunca desistiu de mim – ele virou-se para sua mãe. – Nunca duvidou, embora eu duvidasse de mim mesmo.

–Você tem o coração de um líder e a alma de um dragão – Valka diz com lágrimas nos olhos.

–Eu finalmente pude entender meu coração – ele olhou em meus olhos. –Tive medo de me tornar como o meu pai. Tornar-se alguém tão grande, forte, tão altruísta. E eu nunca me tornarei como ele. Só me resta tentar – ele enxuga suas últimas lágrimas. - Afinal um líder protege os seus – eu sorri. Ele era o nosso líder agora. – Nós vamos voltar.

–Como, se aquele cara levou todos os dragões? – Cabeça Dura pergunta.

–Nem todos – Soluço sorri marotamente.

Aquele era o Soluço de sempre. O que faria alguma besteira a todo o momento. Era um dos Soluços que eu amava. E que eu seguiria e ajudaria sempre.

Oh

How could we not talk about Family

When family's all that we got?

Everything I went through

You were standing there by my side

And now you gonna be with me for the last ride

It's been a long day, without you my friend

And I'll tell you all about it when I see you again

We've come a long way from where we began

Oh I'll tell you all about it when I see you again

When I see you again

Oh

Como não podemos falar sobre família

Quando a família é tudo o que nós temos?

Tudo o que passei

Você estava lá parado, ali do meu lado

Agora, você vai ficar comigo para o último passeio

Tem sido um longo dia sem você meu amigo

E lhe direi tudo quando te vir de novo

Fizemos um longo caminho desde onde começamos

Oh, lhe direi tudo quando te vir de novo

Quando te vir de novo


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pois é, chorem comigo. Foi muito difícil não se emocionar quando escrevi esse capítulo. Ele é tão lindo e muito emocionante também.
Agradeço a todos que comentaram nos episódios anteriores. Acho que só poderei responde-los amanhã. Estou tão cansada. Mas permanecerei aqui!
Espero realmente que tenham gostado. Aqui está o link da música. É realmente linda, choro toda vez que escuto: https://www.youtube.com/watch?v=RgKAFK5djSk
Beijinhos queridos, Temp