Entre as trevas e a luz escrita por magalud


Capítulo 15
Começar de novo




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A pergunta mais ouvida durante toda a noite, além de “Como se sente agora, como uma homem livre?”, era “Quais são os seus planos agora, Severus?”. Era um suplício, porque ele mal tinha se acostumado à ideia de ter virado Muggle de uma hora para outra. E mal ele tinha saído da cadeia, após ter virado Muggle, ele tinha ido a uma festa de bruxos. Via seus filhos com os olhinhos brilhando diante de tanta novidade, o deslumbramento de sua prima ao tentar fazer os feitiços que Molly mostrava... Como Severus poderia abrir mão desse mundo? Como ele podia privar sua família desse mundo?

Harry levou os convidados a tomar licor numa das salas da mansão, enquanto as mães cuidavam dos seus filhos (estava na hora de colocar os pimpolhos na cama), e esse foi o tempo que Severus usou para puxar Aberforth de um lado e fazer uma pergunta importante. O irmão de Dumbledore disse que iria obter uma resposta. Depois disso, Severus também puxou Harry para um lado e pediu-lhe um favor. Ele odiava depender dos outros dessa forma, mas estava reduzido a pedir favores, já que não podia usar magias.

Se o plano dele desse certo, porém, em breve ele não precisaria mais pedir qualquer favor.

Os convidados foram começando a ir embora, e Severus sentiu até uma dor no coração. Ele não sabia quando semelhante ocasião poderia ser repetida. Ele não sabia o que seria dele dali para frente.

Harry, Emma, Helena e Tonks ganharam a ajuda (bem-vinda) de Fleur e Molly Weasley para arrumar a cozinha e lavar a louça. Depois, quando os Weasley foram embora, chegou a hora de os adultos irem dormir. Severus reparou que Emma foi até a porta despedir-se de Shacklebolt, mas nada disse.

Emma voltou, dizendo:

– Kingsley estará amanhã de manhã aqui, Severus. Você disse que precisava dar um pulo no Beco Diagonal, e ele se ofereceu para acompanhá-lo.

Helena acrescentou:

– Também seria bom irmos à parte não-bruxa de Londres. Você precisa de roupas, Severus.

– Suponho que meu guarda-roupa tenha sido queimado quando a casa de avô foi incendiada.

– Se precisar, posso transfigurar alguma peça para você.

– Agradeço, Harry. Amanhã será um dia cheio, e aguardo Aberforth me dar resposta a uma pergunta a respeito da minha sentença.

– Acha que poderá haver alguma chance de recurso?

– Não, não é isso. São os termos da sentença que não me pareceram claros.

– Hoje foi um dia bem longo – bocejou Emma, que abraçou Severus com carinho. – Mas foi um dia muito feliz. Bem-vindo de volta, primo. Agora vou dormir.

Todos subiram para se recolher, e Severus passou no quarto das crianças, para vê-las dormindo. Os dois pareciam ainda mais adoráveis adormecidos. Ele tomou um banho antes de se juntar a Helena no quarto, onde ela arrumava a cama, já de camisola. Era o momento da verdade. Estavam os dois sozinhos, sem ninguém por perto, nem as crianças. Podiam falar livremente, abrir o coração.

Por isso, Severus chegou perto dela e disse as palavras difíceis:

– Se você quiser que eu durma em outro lugar, eu vou entender.

– Severus, o que está dizendo?

– Menti para você. Fiquei anos desaparecido. Matei um homem. Entenderei se quiser manter distância de mim.

Helena suspirou:

– Lá vem você com isso de novo. Severus, quando eu achar que você não merece minha confiança, eu lhe digo. Um dia, eu vou fazer perguntas, perguntas que você não vai gostar de responder, mas não vai ser hoje. Hoje, eu quero ter meu marido de volta.

Ela deitou e chamou:

– Venha, Severus. Seu lugar é a meu lado, ao lado de sua esposa. E meu lugar é a seu lado.

– Mas e se...

– Venha dormir. Por favor, marido.

Usando apenas uma camiseta e sua roupa de baixo (ele não tinha roupas), Severus enfiou-se debaixo das cobertas na cama de casal. Helena deslizou para junto de seu marido, com um suspiro:

– Senti saudades disso.

Ele a envolveu nos braços:

– Não tanto quanto eu.

– Verdade o que dizem sobre homens que saem da prisão? – cochichou Helena, divertida. – Que a primeira coisa que querem é sexo?

Severus deu um risinho:

– Bom, certamente isso me passou pela cabeça.

– Então... – Ela enroscou-se ainda mais contra o corpo quente de seu marido.

– Suponho que a esposa do detento também tenha... desejos semelhantes.

– Seria uma suposição correta, sim.

– Então, só há um jeito de remediar isso, a meu ver.

– Mesmo?

Com um movimento ágil, Severus a tomou em seus braços e rolou com ela na cama. Helena soltou um gritinho e risadinhas quando ele soprou no seu ouvido, fazendo cócegas. Depois ele fez bem mais do que cócegas, e ela teve que se segurar para não soltar gritinhos e acordar a casa inteira.

o0o o0o o0o

Bem cedinho de manhã, quando Kingsley Shacklebolt chegou a Grimmauld Place, ele encontrou Helena envolvida no processo de dar café às crianças, com Emma e Harry. O Auror foi informado que Severus estava reunido com Aberforth na sala de reuniões da Ordem da Fênix. Franziu o cenho. Obviamente, Severus já tinha algo em mente.

Emma o saudou, oferecendo-lhe chá, que ele polidamente recusou. Logo, Severus se juntou a todos na cozinha, cumprimentou Kingsley e também recusou chá oferecido por Emma. Helena disse:

– Vamos ganhar mais tempo se deixarmos as crianças em casa com Emma.

– Hum, então acho melhor nos prepararmos para passar muito tempo fora – alertou Severus. – Emma precisa ir conosco. Eu quero dar-lhe um presente.

A loura abriu um sorriso:

– Mesmo? Ah, Severus, não precisa.

– Oh, sim, você vai precisar de uma varinha. Todo bruxo precisa de uma, e você é a única da família autorizada a portar uma.

Ela ficou abismada:

– Uma varinha? A minha varinha?

– Exato. As crianças também podem comprar varinhas, mas de um outro tipo.

– Eba!! Varinha de bruxo!

Severus virou-se para Kingsley enquanto as crianças faziam planos, excitadas, e as duas mulheres cuidavam delas:

– Agradeço o que está fazendo, Shacklebolt. Também agradeço tudo o que fez.

– Sem problemas, Severus. Sabe, eu nunca descobri por que você deu meu nome como referência a Helena. Não somos exatamente grandes amigos, nunca fomos.

– Você tem bom trânsito entre pessoas sem magia. Tem emprego fixo junto a Muggles, sabe como falar com eles. Se Helena tivesse ido procurar por Arthur Weasley, ela só teria ficado ainda mais confusa e nervosa.

– Entendo.

– Além disso, você é um bom homem.

– Obrigado, Severus.

– Só um aviso, Shacklebolt.

Os olhos pretos o encararam, uma ameaça pairando no ar enquanto o ex-Comensal da Morte abaixava a voz para disfarçadamente advertir:

– Não pude deixar de notar que você está se aproximando de uma pessoa que me é muito cara e pela qual eu faria absolutamente qualquer coisa. Se você a magoar, se você a fizer chorar, eu juro que vou para Azkaban pelo resto da vida, mas eu vou fazer picadinho de você. Estamos claros?

Kingsley não esperava por aquilo e arregalou os olhos. Aquele era o velho Severus, de volta. Ele devia ter adivinhado. E, se fosse honesto consigo mesmo, Kingsley sabia que Severus não falava sobre Emma.

Por outro lado, Severus Snape não era homem de dar recados e deixar as coisas no ar. Ele ainda voltaria àquele assunto, Kingsley estava certo disso. Ah, sim, Severus não deixaria aquilo barato. Kingsley teria ainda muito a explicar, sem dúvida.

Sem disfarçar um sorriso, o Auror assentiu:

– Captei a mensagem. Alto e claro.

– Excelente. – Severus virou-se para Harry, que aparentemente tinha ouvido tudo. – Vem conosco, Potter?

– Eu... ah...

Shacklebolt o encorajou:

– Na verdade, Harry, não seria uma má ideia. Vai ser divertido, movimentar o Beco Diagonal com esse bando de gente.

– Tio Harry! – pediu Lily, puxando a calça dele. – Vem com a gente!

– Está bem, então. – Ele sorriu para a menina e mexeu no seu narizinho. – Mas só porque você pediu, mocinha.

A ida foi realmente divertida, por um lado. A entrada dos cinco adultos e duas crianças calou o Caldeirão Furado quando eles se deram conta de quem tinha entrado. Afinal, as manchetes de todos os jornais bruxos do dia estampavam o rosto de Severus e o resultado do julgamento. Não só isso: ele estava acompanhado da família e do Menino-Que-Sobrevivera, Harry Potter!

Graças às crianças, que não paravam de demonstrar a excitação, foi possível ignorar os olhares admirados e ir para os fundos, para a passagem ao Beco Diagonal. A primeira parada foi deixar Severus em Gringotts, onde ele fez questão de ir sozinho para resolver uma série de pendências. Foi a dica para o grupo se separar razoavelmente: Harry e Emma levaram as crianças para a loja de artigos de quadribol, enquanto Helena e Shacklebolt iam para Madame Malkin, encomendar as roupas para Severus.

o0o o0o o0o

– Perseus Evans – apresentou-se Severus ao duende no portão da frente. – Trouxe minha chave, mas também vim movimentar uma outra conta. Além disso, quero saber mais sobre a estrutura de seu grupo bancário.

O duende ergueu uma sobrancelha, desconfiado. Severus respondeu erguendo outra sobrancelha, desafiando-o a contestá-lo.

O duelo silencioso durou alguns segundos. Após esse tempo, o duende encaminhou-o aos balcões reservados. Severus foi até onde tinha sido indicado.


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