— Bom, depois da missão, retornamos para o Triskelion. Cletus estava distante novamente. Nos separamos após deixarmos Ross e Talbot em uma base militar e voltarmos. Obviamente, quem pilotou na volta foi Melinda, e não o acidentado Henry.

“Não vi ninguém da equipe após voltarmos ao Triskelion. Estranhamente, uma multidão se formara em volta da sala da diretora Carter. Vi câmeras do telejornal local, a WHIH World News, e do Clarim Diário, pertencente ao pai de John Jameson III, JJJ (abreviatura de John Jonah Jameson II).

“Me aproximei e vi Victoria Hand. ‘O que está acontecendo?’ perguntei. ‘Nick Fury está assumindo o cargo de diretor da S.H.I.E.L.D.’ ‘Mas e a diretora Carter?’ ‘Teve uma recaída. Parece que Peggy já lutava contra o Alzheimer há alguns anos’.

“Me estiquei um pouco e vislumbrei você, duas mulheres loiras e um homem de cabelos compridos. ‘Quem são?’ ‘Com Fury? A cadete Sharon Carter, a universitária Linda Carter e o secretário-geral da S.H.I.E.L.D., Alexander Pierce’.

“Analisei Alexander atentamente. Ele sorria para a câmera, mas me parecia falso. ‘Bom, preciso falar com Fury’ ‘Acho que vai ter que esperar’. O celular de Victoria começou a tocar. Ela olhou quem era e depois me observou. Só em seguida atendeu. ‘Oi, amor’ ela disse.

“Não sabia que Victoria namorava, mas fiquei feliz por ela. ‘Está bem, querida. Tomara que consigamos nos ver hoje’. Querida? Era uma mulher? ‘Beijos, te amo’ encerrou Victoria.

“Acho que eu estava vermelha, pois ela me fitou com surpresa. ‘O que foi?’ ‘Você é...?’ ‘Lésbica? Sim’. Constrangida, esperei voltar à minha cor normal e evitei pensar no fato de ela ter me visto nua. ‘Qual o nome dela?’ ‘Isabelle’ ‘Ela também é uma agente da S.H.I.E.L.D.?’ ‘Ela é, sim’.

“Ouvi Alexander Pierce ordenar que a multidão se dissipasse e fiquei aliviada. ‘Victoria, tenho que falar com Fury, até’ ‘Ah, até’. Saí dali o quanto antes pude, mas me senti mal por minha atitude. Cheguei à antiga sala da diretora Peggy Carter depois que a multidão sumiu e bati à porta.

“Ouvi passos. ‘Quem é?’ perguntou uma voz feminina. ‘Agente Jessica Jones. Preciso falar com o diretor Nick Fury’. A porta foi destrancada e me deparei com Sharon Carter e sua variedade branca do uniforme padrão da S.H.I.E.L.D., que sempre foi e até hoje é azul.

“Sorri para ela. ‘Fury está aqui?’ ‘Na mesa do diretor’. Agradeci a ela e fui à mesa, onde estavam você e Alexander Pierce, conversando. ‘Agente Jones, é um prazer conhecê-la’ disse Pierce.

“Caminhei um pouco mais. ‘Obrigada, secretário Pierce. O prazer é meu. Diretor Fury, preciso falar com você a sós.’ ‘Também preciso. Alexander e Sharon, por favor’. ‘Ah, claro. Até’ disse Alexander ao sair. Sharon se retirou sem nada dizer.

“Me certifiquei da distância deles e comecei a falar. ‘Fury, é sobre Cletus’ ‘Diga’. Lágrimas começaram a escorrer por meu rosto. ‘Ele sumiu. Mais cedo, ele estava estranho; e a gora desapareceu. Não o encontro em lugar algum’.

“Ele, ou melhor, você fechou seu olho bom. ‘Temi que isso fosse ocorrer... Bem, encontre-o e venha cá. Preciso conversar com ambos’. Assenti. Antes que eu conseguisse sair, meu celular começou a tocar.

“Era Cletus. ‘Pois não?’ ‘Jess? É você?’ ‘Cletus? Por Deus, você está bem?’ ‘Mais ou menos. Preicso que você venha aqui onde estou o quanto antes’ ‘E onde seria?’ ‘É um prédio, em Hell’s Kitchen. Pode anotar o endereço?’ ‘Claro’. Ele falou e anotei em uma folha em branco largada na mesa. Em seguida, me despedi e desliguei.

“Olhei para você. ‘Vou busca-lo’ ‘Certo. Vá e traga-o até mim’. Saí da sala e comecei a correr na direção da saída. No caminho, deparei-me com Victoria. Decidi por chama-la para vir comigo, pois sentia-me culpada pela minha reação.

“Nós duas entramos no 4x4 da S.H.I.E.L.D. de Victoria. Aceleramos pelas ruas de Nova York, rumo a Hell’s Kitchen, o bairro onde eu vivia com meus pais adotivos.”

— Pais adotivos?

— Sim, os Jones. Minha família, os Campbell, morreu no acidente que me deu poderes.

— Ah, certo. Pode continuar.

— Como eu estava dizendo, chegamos ao endereço em Hell’s Kitchen, sem trocarmos uma única palavra o caminho inteiro. O local parecia mais um prédio residencial comum do bairro. ‘Tem certeza de que é aqui?’ perguntou Victoria. ‘É o endereço que ele me passou. Vamos checar o apartamento’.

“Entramos e seguimos pelo corredor até o apartamento que ele me indicara. A porta era de madeira, com um vidro translúcido retangular. Era possível ver sombras se mexendo. ‘Cale sua boca, idiota!’ gritou uma voz masculina de lá de dentro. Foi Cletus quem respondeu. ‘Se quer tanto que eu me cale, por que não vem você me calar?’ Então, vi a luta começar através do vidro. Eu ia me aproximar, mas uma cabeça quebrou o vidro.

“O corpo inconsciente de um homem caiu pendurado pelo buraco onde outrora estivera o vidro. Abri a porta, deixando o corpo cair, e me deparei com Cletus, pulsando com raiva. Lá dentro, a situação estava pior. Havia uma carnificina enorme na sala, com sangue para todo lado e, na parede, duas letras: C e K. O corpo jazia caído no chão, completamente massacrado.

“Me aproximei de Cletus. ‘O que houve aqui?’ ‘Também adoraria saber. Vim para discutir negócios com um amigo meu e encontramos essa cena do crime’ ‘E então brigaram. Por quê?’ ‘Ele me acusou’. Cumprimentei-o com um beijo e tentei desviar o olhar daquela carnificina. Victoria, por sua vez, estava fotografando a cena e enviando fotos para a S.H.I.E.L.D.

“Olhei para ela. ‘O que eles acharam?’ ‘Estão mandando especialistas. A doutora Jemma Simmons e seu parceiro Leopold Fitz estão a caminho’. Tentei acalmar Cletus, que estava muito tenso, mas ele me ignorou. Dali a alguns minutos, uma mulher e um homem de jaleco entraram na sala.

“Eles não disseram nada. Ela apenas abriu uma maleta e pegou nela um tubo, onde armazenou gotas de sangue. Em seguida, colocou em um dispositivo. A identidade do morto apareceu na tela. Victoria enviou o nome para a S.H.I.E.L.D., quando Jemma Simmons se virou para nós.

“Ela suspirou. ‘Agentes, Fury quer que retornem imediatamente para o Triskelion. Ele deseja conversar com os agentes Jones e Kassady. Ah, e não se preocupem com a cena do crime. Uma empresa virá para limpar tudo’. Eu, Cletus e Victoria saímos de lá. Eu, porém, fiquei para trás.

“Eu estava olhando para o vidro quebrado. Em um dos cacos grandes, estava o nome do lugar: Alias Investigations. Gravei o nome na minha mente e segui-os. Quando retornamos ao Triskelion, eu e Cletus nos despedimos de Victoria e fomos para a sala de Fury.

“Você estava lá. Provavelmente se recorda de nossa conversa, mas irei repeti-la para refrescar sua memória. ‘Agentes, estou enfrentando problemas com o Conselho da S.H.I.E.L.D. devido a decisões de Peggy Carter. O Conselho exige que eu treine vocês dois. Devido a mudanças no regulamento, pilotos e cientistas da S.H.I.E.L.D. também terão que ser treinados. Então, eu estive pensando. Como vocês já provaram sua importância na Balsa, pensei em algo diferente’.

“Olhou para nós. ‘Um esquadrão. Pensei em montar uma equipe, talvez para missões secretas, ou talvez para as missões de Ross. Seria composta por aqueles que carecem de treinamento e por Melinda May, a agente superior que se voluntariou para esse projeto. Essa inciativa ainda não tem um nome, mas acho que será de grande utilidade. O Conselho aprovou, então só necessito que vocês concordem’.

“Eu e Cletus nos entreolhamos. ‘Vamos aceitar’. Você sorriu. ‘Muito bem. A equipe será composta por vocês dois, Henry Hayes (assim que se recuperar, é claro), Melinda May, Jemma Simmons e Leopold Fitz. Se essa equipe der certo, iremos reproduzi-la para treinar outros cadetes, cientistas e pilotos’.

“Aceitamos aquela responsabilidade com orgulho. ‘Podemos escolher um nome para a equipe?’ perguntou Cletus. ‘De fato podem’ ‘Jess? Algum palpite?’. Pensei um pouco e me lembrei da cena do crime. ‘Sim. Alias’ ‘Alias? É um bom nome’ ‘Então está decidido. Selecionarei uma base para vocês’. Nós dois saímos da sala. Apesar da animação de Cletus, ainda sentia como se estivéssemos cada vez mais distantes.”