Frannie estava jogada em sua cama, seu cabelo escuro preso em um coque no alto de sua cabeça. Pensava sobre tudo o que acontecera na noite anterior. Será fizera a escolha certa ao terminar com Noah? Ela realmente gostava dele, não podia dizer que amava, mas gostava muito. E se sentia bem ao lado dele, quando não estavam discutindo.

Batidas na porta atrapalharam a tiraram de seus pensamentos.

Olhou para o relógio do celular. "Por que Isaac estaria acordado tão cedo? Talvez ele esteja preocupado..." Revirou os olhos com as perguntas que surgiram. O irmão provavelmente estaria ocupado demais com algum jogo para se preocupar com os problemas de relacionamento dela. Aliás, ele sabia que triste ela não estava. Confusa talvez, mas triste com certeza não.

Se levantou sem colocar as pantufas e andou apressada até a porta.

– Aconteceu algu... - Abriu a porta rapidamente e parou na metade da frase ao perceber que não era Isaac ali.

Era Noah.

– O que faz aqui? - Questionou, ríspida. - Você não deveria estar aqui.

– Bom dia para você também, Frannie. - Um sorriso divertido apareceu nos lábios dele, mas logo a expressão séria voltou ao seu rosto. - Nós precisamos conversar.

– Não, nós não precisamos! - Cruzou os braços. - Conversamos tudo o que tínhamos para conversar ontem. A única coisa pendente é discutirmos a possibilidade de sermos amigos e isso eu já disse que faremos na segunda.

– Não sou um cara que você conheceu ontem e que pode descartar... - Falou ele, com um sorriso de canto. - Nos conhecemos há muito tempo. Antes mesmo da Gwen e eu começarmos a namorar. - Lembrou. - Sabe que eu me importo com você... Se me der uma chance, eu não vou te desapontar. Prometo esquecer toda essa história de ciúmes e ser o melhor namorado do mundo.

– Noah... - Fechou os olhos e soltou um longo suspiro. - Eu gosto muito de você e sei que se sente da mesma forma, mas nós não vamos voltar a ficar juntos.

– Por que não pode me dar uma chance? - A voz dele saiu magoada.

– Porque não preciso cometer o mesmo erro duas vezes para saber que não vai dar certo. - Respondeu, simplesmente.

– Ainda não acabou entre a gente... Eu não vou desistir! - Exclamou, um pouco alterado.

– Noah, sei que não entende a minha decisão, mas por favor, respeite. - Pediu Frannie, olhando nos olhos dele.

– Eu não vou desistir! - Repetiu.

– Acho melhor você ir embora agora. - Afirmou, respirando pesamente.

Noah assentiu, obviamente desconfortável e irritado. O rapaz caminhou rapidamente até a porta da frente, onde Frannie pôde ver seu irmão parado, esperando. Agradeceu mentalmente por seu pai estar viajando, já que esse se irritaria muito ao ouvir o running back elevar o tom de voz para sua "filhinha" e o expulsaria do apartamento. Queria continuar sendo amiga de Noah, apesar de tudo. Admirava a forma como ele e Gwen eram próximos, mesmo após um rompimento tão complicado.

(...)

– Eu não quero continuar sendo o seu segredo, Becky! - Brittney mantinha em seu rosto angelical uma expressão nada feliz, suas sobrancelhas arqueadas de forma furiosa.

Rebecca bufou. Também não queria que sua relação com Britt continuasse sendo um segredo. Mas tinha medo. Medo dos cochichos, dos olhares, das piadas maldosas... Josh Carter vivia um verdadeiro inferno em Roosevelt High School. Se as pessoas naquele colégio descobrissem sobre sua orientação sexual, sua reputação seria massacrada. E não apenas a sua, mas a de Brittney também. A última coisa que ela queria era ver a garota que amava sendo humilhada e maltratada por jogadores imbecis e líderes de torcida fúteis. Sem falar que, as duas tinham pais extremamente homofóbicos.

– Ainda não estou pronta para me assumir, Britt... - Disse, tristemente. Queria mais do que tudo no mundo andar de mãos dadas com ela, poder beijá-la em público sem medo do que os outros falariam. Mas de fato não estava pronta. - Eu vou entender se estiver cansada de esperar... - Passou a encarar o chão.

– Ei... - Brittney chamou. A melhor amiga não levantou o rosto. - Me desculpe por pressionar você. Eu posso esper... - Parou de falar ao sentir os braços de Rebecca envolverem seu pescoço e a abraçar calorosamente.

– Eu te amo! - Rebecca exclamou, afundando o rosto no pescoço da loira.

– Eu também te amo, Becky... - Britt respondeu, sorrindo bobamente e passando os braços pela cintura da "namorada".

(...)

Ele checou seu reflexo no espelho pela quinta vez. Embora não fosse um encontro, queria causar uma boa impressão. Afinal, muita coisa podia acontecer. Assim que se sentiu confortável com a própria aparência, saiu de casa o mais rápido que podia. Verdade seja dita, tinha uma queda por Gwen. Além de ser extremamente bonita, gostava das mesmas coisas que ele e tinha uma personalidade que ele adorava: vibrante, cheia de energia e muito alegre.

Quando ele chegou ao parque, ela já estava sentada em um banco ajeitando seus patins.

– Oi. Você esperou por muito tempo?

– Não, acabei de chegar.

– Ainda bem. Pronta?

– É claro que sim!

A morena sorria largamente, fazendo com que ele sorrisse também. Aquela garota baixinha era dona de um dos sorrisos mais bonitos que já havia visto em seus dezessete anos de existência. Não pôde evitar pensar no quão certo parecia vê-la sorrindo. Tão agradável, tão... Estonteante.

– Certo... Vamos ver se você é tão boa sobre quatro rodas quanto é patinando no gelo! - Exclamou, animado.

(...)

– Não é como se a culpa não fosse sua... - Matt dizia, encarando o melhor amigo com extrema seriedade.

– Como pode estar do lado dela?! - Perguntou Noah, exasperado.

– Lado? - O quarterback não conseguiu conter o riso. - Cara, tudo que eu estou fazendo é ser sincero com você. Acho que a Frannie está mais do que certa em não querer ficar com alguém que não confia nela.

Noah revirou os olhos e bufou em frustração.

– Mas eu confio nela! É naquele idiota que eu não confio! - Bradou. - Será que ninguém consegue entender isso? Você, Gwen... Todos com quem eu falei a respeito dizem exatamente a mesma coisa!

– Então talvez você devesse começar a ouvir... - Denotou Matt, sorrindo fracamente para o amigo.