Pov. Lanna:

–Vou tomar um banho e ligar para o Seth avisando que chegamos.- Nicole disse eufórica assim que entramos em casa.

–Desfaça suas malas antes de passar duas horas ao telefone.- Lukas reclamou sério.- Já estou até vendo a fortuna que vira sua conta de telefone.

–Pai, o senhor nunca reclamou em pagar as minhas contas, por que está reclamando agora? - ela questionou confusa e sorri.

–Não liga para o seu pai filha, ele só está com ciúmes. Afinal, você liga mais para o seu namorado do que para o seu velho pai.- denunciei o que ouvi Lukas reclamar outro dia.

–O senhor acredita nisso pai? - ela questionou e Lukas suspirou.

–Você vai me achar um velho reclamão, mas sinto falta de ter meus filhos por perto. Sinto falta de quando você e o Nicolas eram bebês.- ele desabafou e minha filha sorriu doce antes de abraçar o pai com força.

–Também sinto falta de quando era bebê e o senhor cuidava de mim. E pai, posso namorar o Seth, mas jamais vou esquecer de você. Só acho que tem alguém que precisa mais da sua atenção agora.- ela disse e olhou para Allegra que dormia em seu bebê conforto.- Com ela o senhor vai poder viver cada fase lentamente, mas eu sempre vou estar com você.

–Eu te amo filha.- ele disse antes de beijar a testa de Nicole.

–Eu também te amo pai.- ela disse antes de se inclinar na ponta dos pés para beijar a bochecha do pai. – Agora posso ir falar com o meu namorado?

–Pode.- ele disse assim que nossa filha se separou dele e correu em seguida para o quarto.

–Disse para você que não precisava ter um ataque de ciúmes.

–Eu sei, mas ela é a minha bonequinha.- ele disse e sorri antes de subirmos.

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Era por volta das seis da tarde e só estávamos eu, Lukas e Allegra em casa.

Nicolas e Nicole haviam saído, ela com Seth e ele com alguns amigos.

–Quem diria que nossos filhos mais velhos já estão com dezesseis anos.- Lukas disse assim que apareci na sala com a mamadeira de Allegra.

–É quem diria. Daqui a pouco, eles serão adultos.- disse lhe entregando a mamadeira da nossa filha.

–Ma.- Allegra balbuciou esticando as mãozinhas em direção a mamadeira o que nos fez rir.

–Pronto, filha.- Lukas disse ajeitando-a em seu colo antes de lhe dá a mamadeira.

–Será que fizemos um bom trabalho Lukas? - questionei preocupada e ele sorriu suave.

–Tenho certeza.- ele garantiu antes de voltar sua atenção para a nossa filha.

Assim que nossa filha estava devidamente alimentada subimos com ela para o nosso quarto.

–Acho que já está na hora desse pinguinho de gente ir para o berço.- disse amorosa assim que sai do banho e sorri surpreendendo meu marido todo desarrumado por Allegra que mordia a orelha da sua zebra cor de rosa.

–Ah querida, só mais um pouco estamos nos divertindo. Não é filha? – Lukas questionou olhando para Allegra que sorriu suave me fazendo rir.

–Tudo bem, só mais um pouco.- disse antes de ir para o closet colocar uma camisola leve.

Assim que sai do closet meu celular começou a tocar e fui atende-lo.

–Oi vó. – disse feliz assim que atendi.- Como assim?

–Aconteceu alguma coisa amor? - Lukas questionou preocupado assim que entrou no quarto com a baba eletrônica de Allegra nas mãos que logo começou a chorar.

–Vai ficar tudo bem vó.- disse tentando acalmá-la antes de afastar o telefone do meu ouvido.

–O que aconteceu? - ele questionou preocupado e olhei para a babá eletrônica em suas mãos.

–É melhor você ir ver a nossa bebê e depois lhe conto tudo, ainda não entendi direito.- expliquei e ele concordou antes de sair.

Me sentei na cama enquanto tentava entender o que minha avó dizia.

Pov. Lukas:

–Pronto filha, o papai está aqui.- disse pegando Allegra no colo que chorava sem parar e por seus pensamentos soube que ela não queria dormir sozinha hoje.

–Tudo bem meu bebê, você vai dormir com o papai e com a mamãe hoje amor.- disse acariciando suas costas tentando acalmá-la enquanto caminhava para o meu quarto.

–Como ela está? - Lanna questionou assim que entrei no quarto com nossa filha.

–Nossa garotinha não quer dormir sozinha hoje.- sussurrei e beijei a cabeça da minha filha antes de começar a cantar para ela.

Assim que Allegra estava dormindo em nossa cama Lanna me contou o porquê do telefonema de sua avó.

–Um desfalque? - questionei assustado assim que ela me contou o motivo do telefonema.

–Sim. Segundo minha avó, os advogados estavam fazendo o levantamento de todo o patrimônio do meu avô por causa do testamento e descobriram um enorme desfalque na Sant Clair Enterprises. Lukas, ela não sabe o que fazer. Se bem que nem eu sei o que fazer nesse momento.- Lanna disse desorientada enquanto enrolava o cabelo nervosamente entre os dedos.

–Tudo que você tem que fazer agora e respirar. Por que se ficar nervosa não poderá ajudar sua avó.- aconselhei e ela concordou antes de respirar fundo.

–Agora, ligue para a sua avó e peça o número do advogado que está tratando do inventario.- disse antes de pegar meu celular e procurar um número em particular.

–Claro, mas por que?

–Vou chamar alguns amigos meus que trabalham com auditorias fiscais.- disse e ela me olhou confusa.

–Auditoria? - ela questionou atordoada.

–Sim, vamos descobrir quem estava roubando a empresa do seu avô e juro que ele vai devolver cada centavo.- jurei antes de começar a falar ao celular.

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–Vamos ter que viajar? - Nicole questionou arrasada assim que conversei com ela e com Nicolas quando chegaram em casa.

–Sim filha.

–Mas pai, nós acabamos de chegar.

–Eu sei amor, mas vamos precisar ir para a França ajudar a sua bisavó.- expliquei e eles me olharam confusos.

–Aconteceu alguma coisa com a vovó, pai? - Nicolas questionou preocupado e respirei fundo antes de começar a contar sobre o desfalque.

Assim que amanheceu já estávamos embargando para a França, apesar da viagem cansativa para as crianças, Lanna e eu decidimos ir direto para a Sant Clair Enterprises enquanto nossos filhos ficavam com Annie.

–Mas o que significa isso? - o atual presidente das empresas de Leonel questionou assim que entramos na sala de reuniões interrompendo o que parecia ser uma reunião.

–Isso é uma intervenção de emergência Sr. Dubois.- Lanna disse seria e ele se levantou enquanto olhava para nós.

–E quem lhes deu tal direito? - Sr. Dubois questionou sério.

–Eu lhes dei o direito Albert.- Esmeralda disse seria antes de começarmos a auditoria.

Pov. Lanna:

Já estávamos há duas semanas virando a noite analisando cada papelada da Sant Clair Enterprises, e a cada analise o desfalque aumentava mais o que me deixava angustiada.

–Precisam de ajuda? - ouvi Nicolas questionar aparecendo na sala de jantar que havia sido transformada em um grande escritório para os três auditorias que Lukas havia contratado e para nós dois que estávamos ajudando.

–Acho que dessa vez não filho.- disse suave e Nicolas revirou os olhos enquanto Lukas sorria.

–Está duvidando da minha capacidade mãe? - ele questionou ofendido com uma xícara de chocolate quente nas mãos.

–Claro que não amor.- disse nervosa e Lukas sorriu enquanto voltava sua atenção para os documentos que analisava.- Só acho que essa papelada é muito complicada para você.

–Posso dá uma olhada? - ele pediu e Lukas indicou uma caixa no chão.

–É todo seu amor, pode se divertir.- ele disse e Nicolas sorriu antes de se sentar ao meu lado todo feliz.

–Desde quando Nicolas entende de administração? - questionei para Lukas que levantou os olhos para me ver.

–Ensinei algumas coisas para ele, mas o resto ele aprendeu no curso de férias, lembra? - ele questionou e concordei antes de olhar para o meu filho que parecia fascinado com todos aqueles papeis ao seu redor.

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–Tudo isso.- minha avó sussurrou arrasada assim que Lukas disse o total do desfalque da empresa.

–Infelizmente sim Esmeralda.- ele disse e suspirou antes de passar a mão no cabelo, isso era um sinal de que as péssimas notícias ainda não tinham acabado. – Apesar de sabermos quem fez esse desfalque a justiça não sabe onde foi parar o dinheiro.

–Como assim não sabem? - questionei confusa.

–Albert soube esconder seus rastros muito bem.

–O que vamos fazer Lanna? - minha avó questionou desemparada para mim e tive uma ideia.

–Posso vender algumas propriedades minhas para liquidar a dívida.- disse e os dois me olharam confusos.- Quando Lukas ficou doente e pensou que fosse morrer enquanto ainda éramos noivos, ele me deixou inúmeras propriedades, joias e outras coisas de valor, posso vende-las e pagar tudo.

–Você fez isso Lukas? - minha avó questionou surpresa e meu marido sorriu sem jeito.

–Fiquei com medo dela não ter um futuro assegurado.- ele desconversou antes de me olhar nos olhos.- Querida, é um gesto maravilhoso, mas todas as coisas que deixei para você não daria nem para pagar metade da dívida.

–Talvez, eu possa vender esse castelo.- minha avó ofereceu e não concordamos. – Esse lugar é grande demais para mim, crianças.

–Eu sei Esmeralda, mas ele é secular e deve estar na família a gerações, por isso não deve ser vendido.- Lukas disse antes de pegar o celular procurando um número.- Vou resolver isso tudo.

–O que você vai fazer? - questionei vendo-o colocar o telefone no ouvido.

–Vou ligar para o meu banco em Florença, para saber se disponho dessa quantia.- Lukas disse e pisquei confusa.

–Você vai pagar a dívida da empresa do meu avô? - questionei confusa e Lukas concordou antes de começar a falar em italiano com o telefone.

–Bom, nem meu banco da Itália e nem o da Suíça tinham uma soma tão grande, mas o da Alemanha tinha. Só vou precisar de um computador e do número da conta para onde o dinheiro deve ser enviado e a transferência será feita.- Lukas explicou depois que passou horas ao telefone falando em diversas línguas.

Enquanto eu ainda tentava entender o que estava acontecendo.

–Não posso permitir isso.- minha avó disse seria assim que se levantou do sofá.- Você não tem obrigação nenhuma de pagar por uma dívida que não é sua.

–Claro que tenho. Estou em dívida com Leonel há anos, e acho que esse é o momento de pagar. E além do mais esse dinheiro não me fará falta, pois foi deixado por meus pais e estava guardando para alguma crise.- ele disse dando de ombros.

–Que dívida você tem com meu avô, Lukas? - questionei confusa, afinal nunca tinha ouvido falar nisso.

– Não posso contar por que prometi segredo, mas apenas me permitam honrar com minha palavra.- meu marido implorou e olhei para minha avó que concordou antes de Lukas subir para o nosso quarto.

–Você tem alguma ideia de que dívida seja essa? - vovó questionou assim que virou para me ver.

–Não sei vó, mas ele parecia desesperado para honrar sua dúvida. Não acha?

–Acho querida.- ela concordou suave e sorri.

–Não se preocupe vó, vamos conseguir salvar a empresa.- prometi segurando sua mão e ela sorriu amorosa para mim.

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Apesar de minha avó ter insistido para Lukas ser o novo presidente da empresa, afinal ele tinha quitado as dívidas e consequentemente era o acionista majoritário, ele não aceitou.

Lukas alegou que não poderia comandar uma empresa da qual ele não entendia nada, mas ele teve a ideia de passar a Sant Clair Enterprises para o nome do nosso filho, que havia ajudado a descobrir que o vice-presidente da empresa, que era o melhor amigo do meu avô, havia roubado durante anos a empresa.

Essa novidade deixou Nicolas eufórico, mas Lukas foi rígido com ele.

Nicolas só iria assumir a empresa quando estivesse devidamente formado em administração, e tivesse trabalhando como ajudante da secretária da diretoria durante toda a sua adolescência, segundo Lukas essa experiência seria boa para nosso filho, assim ele poderia conhecer todos os setores da sua futura empresa.

Mas para que a Sant Clair Enterprises tivesse um futuro, teríamos que fazer vários sacríficos hoje.

Tivemos que nos mudar para a França, o que deixou Nicole arrasada, mas ela disse que entendia e nos apoiava. Afinal, tínhamos que nos unir para levantar a empresa da família que estava com a credibilidade abalada.

E tinha fé que conseguiríamos.