She Looks So Perfect escrita por Rocker


Capítulo 22
Capítulo 22 - But you're a nerd!




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/625718/chapter/22

 

Capítulo 22 - But you're a nerd!

— Allie! - chamei-a, assim que chegamos em casa depois da escola e troquei de roupa.

Desci as escadas correndo e peguei minha mochila que tinha deixado jogada ao lado do sofá.

— O que foi, praga? - ela perguntou, aparecendo no portal da cozinha com um pote de pavlova que tínhamos feito quando voltei do hospital, há alguns dias.

— Estou indo na casa dos meninos. - avisei, pendurando a alça no ombro e indo em direção a porta.

Allie abriu um sorriso malicioso. - Ver Luke, eu aposto!

— Vai se ferrar, Benson! - resmunguei, mas senti minhas bochechas queimando. - Vou só pedir ajuda em matemática, trigonometria não é de Deus.

— E como sabe se ele é bom em matemática? - ela perguntou, franzindo o cenho.

Eu abri um sorriso cúmplice.

— Parece até que não sabe que sou fã dele! - exclamei. - Já li em uma biografia dele que Liz Hemmings é professora de matemática, e os meninos já disseram que o loirinho é muito bom com exatas.

— Mas você também é! - ela argumentou e eu revirei os olhos.

— Sou, mas como eu disse, trigonometria é demoníaco!

Ela riu, voltando ao seu doce, e eu saí de casa, levando minha chave, claro. Não tínhamos a trava na porta, mas Allison podia sair sem avisar. Olhei para os dois lados da rua, mais por costume que por necessidade, e corri para a casa dos meninos. Toquei a campainha, mas não percebi qualquer movimentação para ser atendida. Toquei a campainha novamente e dessa vez Ashton me atendeu após alguns segundos, com os cabelos bagunçados e os olhos recheados de olheiras.

— Na boa, Charlie, eu te adoro e você é minha melhor amiga, mas estou a fim de te matar. - ele disse, bocejando e coçando o olho, enquanto me dava passagem para entrar.

— Relaxa, Ash, já vou deixar você dormir. Aposto que passou a noite na farra! - brinquei, mas eu sabia, por twitter de fã clube, que eles tinham ficado até tarde nos estúdios para gravar duas novas músicas.

Ainda não prontas e eles não deixaram escapar nem mesmo os nomes. Não que eu estivesse desesperada para saber... Okay, admito que estava curiosa, mas eu teria que fazer como qualquer outra fã e esperar alguma nova informação.

— Eu vou voltar a... - começou Ash, mas eu o interrompi.

— Dormir, eu sei. - eu disse, sorrindo compreensiva. - Estou procurando o Luke, ele disse que me ajudaria em trigonometria.

Ash fez uma careta. - Matemática não é de Deus!

— Eu disse a mesma coisa! - rimos.

— Mas pensei que você fosse boa em matemática. - ele comentou, guiando-me para o sofá.

— E sou, mas trigonometria está me matando! Luke disse que me ajudaria.

Ele riu baixinho. - Sei como é. Vou chamar o pequeno geniozinho e já vou para o quarto. Fique à vontade, Charlie, você já é de casa.

— Obrigada, covinhas. - dei um beijo em sua bochecha e ele logo subiu as escadas.

Assim que ele sumiu no segundo andar, meu telefone tocou. Assustei-me ao ver o nome do meu pai, mas resolvi atender antes que Luke aparecesse.

— Pai? - perguntei assim que atendi.

Filha! Como você está?— ele perguntou, preocupado, e eu sorri levemente.

Era bom saber que ele se preocupava realmente comigo.

— Estou bem sim, pai. Você ligou mais cedo. - comentei, meio que querendo saber o motivo.

É que hoje à noite será nosso show em Moscou, mas teremos que chegar mais cedo no local do show e não teria como te ligar.— ele explicou.

Meu sorriso aumentou mais quando percebi que ele estava tentando realmente ser um pai presente. Era tudo o que eu podia pedir.

Está comendo direito?

Meu sorriso murchou. Pai não-presente-mas-que-tenta-ser-presente podia ter seus pontos negativos. Desde que eu saí do hospital, há menos de uma semana, meu pai ficava em cima sobre minha alimentação. Ele e minha mãe. Eu falava com ela frequentemente pelo Skype, já que ela diz não suportar apenas ouvir minha voz. Allison teve que contar para os dois que eu ainda estava tendo problemas com alimentação. Já não vomito mais, mas o apetite não vinha nunca e às vezes eu simplesmente esquecia de comer. Então, além de Allie e os meninos em cima de mim para me lembrar, tinha agora também meus pais.

— Estou sim, pai. - respondi. - Allie e os meninos estão me ajudando.

Falando em meninos, aquele Luke ainda está te ajudando também?

Corei, mesmo sabendo que ele não insinuou nada demais. Mas agora qualquer coisa que se relacionava a ele, minhas bochechas queimavam e meu coração palpitava mais rápido. Não queria acreditar que eu estava me apaixonando por ele, mas não daria para negar isso nem a mim mesma por mais tempo.

— E-ele está ajudando sim. - gaguejei, sem conseguir evitar.

Mas eu sabia que ele iria perceber. Era meu pai, ele me conhecia.

Você gaguejou, Charlie.— meu pai disse, e eu quase podia ver um sorriso em seus lábios. - Está gostando desse garoto?

— Não! - me exaltei, negando rápido demais para que qualquer um achasse que era verdade.

Meu pai riu. - Ah, está na fase da negação.

— O quê?! Não, nada a ver! - tentei negar novamente, mas isso só fazia meu pai rir ainda mais. Resolvi jogar limpo, ao menos com meu pai. - Okay, pai, você venceu.

Então ele será meu futuro genro?

Enrubesci até meu último fio de cabelo.

— Eu gosto dele, pai, mas isso não quer dizer que ele gosta de mim. - respondi, mas resolvi mudar de assunto ao me lembrar das músicas que estou trabalhando, com a ajuda de Calum. - Quero te contar uma novidade!

Diga, meu anjo.

— Voltei a compor. - eu disse, sorrindo de orelha a orelha.

JURA?!— ele berrou, e começou a gritar isso para, possivelmente, seus colegas de banda e meus tios postiços.

E eu apenas ria. Mas eu não tirava a razão da alegria do meu pai e dos meus tios. Antes de Pedro, eu compunha para a AC/DC. Algumas das músicas do último álbum, Black Ice, deles era de minha autoria, por isso ganhei certa fama também. Quando o "problema Pedro" surgiu, eu simplesmente parei e não tinha mais inspiração e nem vontade para nada. Saber que eu voltei a compôr era, possivelmente, um excelente sinal de melhoria para todos.

— Sim, pai. - eu respondi. - E Calum tem me ajudado com as duas que eu estou trabalhando. Ele não tem ideia de quem sou realmente, mas prometeu não contar aos outros que componho. Ainda mais que as músicas são sobre ele.

O loirinho?— ele perguntou.

— É, pai, ele mesmo. - confirmei.

Está virando romântica agora?— ele brincou.

Eu ri baixinho. - Quem sabe?

Que pena, perdi minha melhor compositora.— disse, fingindo estar indignado, mas eu sabia que ele estava feliz do mesmo jeito, ou então até mais. Ele sempre me dizia que eu tinha seguir em frente e esquecer Pedro. Luke podia ser a maior prova de que o esqueci.

— Não que eu vá cantá-las, pai! - resmunguei, porque eu realmente não pretendia.

Você sabe que se um dia resolver seguir carreira, eu irei ajudar, não sabe?!

Sorri. - Sei sim, pai, obrigada. Mas não quero gravá-las e permitir que venha um mal amado e diga que sou chupa-fama. Por isso não falo nada sobre ser fã para os meninos.

Você confia neles, não é?— perguntou, como se para confiar.

Pensei durante alguns instantes, mas a resposta veio quase imediatamente.

— Mais que qualquer coisa nesse mundo.

Então sabe que deve contar para eles.

Suspirei. - Sei, pai. Mas não agora. Quero aproveitar a amizade deles mais um pouco, antes de acharem que sou uma fã aproveitadora.

Eles vão entender.

— Não vão. - afirmei. Pisquei os olhos para evitar que lacrimejassem. - Mas agora tenho que ir, pai. Luke deve estar descendo para me ensinar matemática.

Mas você é nerd!

Revirei os olhos. - Já é a terceira pessoa que me diz isso hoje. Sim, pai, eu sei matemática, mas trigonometria pra mim é pior que australiano tentando aprender português. E olha que eu já tentei ensinar!

Urgh.— ele resmungou. Ele sabe português, mas não foi fácil para ele aprender. - Agora saquei o nível de dificuldade.

Eu ri. - Tchau, pai, até amanhã.

Até, meu anjo!— e desligou.

Segundos depois, ouvi Luke descendo as escadas e dei graças a Deus por ele demorar sempre pra arrumar seu cabelo desarrumado. Ele sorriu, mas vi em seus olhos um brilho que não pude reconhecer. Não era exatamente por algo que o incomodava, era mais o conhecimento de algo que não devia saber. Ao menos foi a rápida impressão que tive antes de ele piscar os olhos e eu simplesmente esquecer meu raciocínio.

Ele abriu um sorriso e colocou alguns cadernos que tinha no braço em cima da mesa de centro.

— E então, pronta para a trigonometria?

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!