Choices escrita por Kaah, Luh Chris


Capítulo 11
Confusão de sentimentos


Notas iniciais do capítulo

Oláá lindas!!

Demoramos? Sim, ok... kkkk

Estamos com dois capítulos, mas eu vamos postar um hoje e o outro na quinta, pois ainda temos uns ajustes, então o próximo não irá demorar, isso é uma promessa!

Agradeço a todas que comentaram o último capítulo e quem não comentou, dê um olá e diga o que esta achando, é muito importante para nós.

Esperamos que gostem desse capítulo. Essa é a visão do Tobias sobre os acontecimentos.





Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/625542/chapter/11

Tobias

Deixar a minha casa e o meu pai, não foi uma decisão difícil. Sair da Abnegação e me acostumar com pessoas totalmente diferentes do que eu costumava ser, também não foi difícil.

Difícil foi deixar ela para trás. Mesmo que eu não estivesse mesmo fazendo isso. Era só por um tempo. Era para ser só por um tempo.

Nunca pensei em mim como um camaleão, mas é o que eu sou. Eu me adapto facilmente, ouço o que preciso e falo apenas quando julgo necessário. Evito chamar a atenção para mim a qualquer custo. E foi assim por dois anos. Simples. Fácil.

Até o dia que em ela chegou aqui.

Eu imaginei que ela seguiria o plano de ir embora da cidade. Estava preocupado com ela e até pensei em impedi-la. Ir até a sede da amizade, pedir desculpas por ter mudado nossos planos e convencê-la a esperar um pouco mais, esperar que estivéssemos prontos.

Mas ao invés disso, ela apareceu aqui.

Quando eu a vi naquela rede, senti medo, felicidade, saudade e uma vontade enorme de abraça-la.

Ela não pensava da mesma forma, no entanto.

Seu rosto angelical estava franzido em confusão. Seu cabelo loiro estava com o coque desfeito, mas seus olhos azuis e brilhantes - os mesmos onde eu costumava encontrar calma - estavam diferentes. Ela estava ali, mas não era mais a mesma.

Eu soube disso no momento em que ela me encarou. Eu vi nostalgia em seus olhos, vi surpresa e... mágoa. Ela não me perdoou. Não me entende.

E isso me quebrou.

Vários pensamentos passaram pela minha cabeça naquele momento. Como eu deveria agir? O que eu diria a ela?

Estávamos cercados de membros da Audácia, a maioria não deve se lembrar que eu era da Abnegação, mas eu não podia correr o risco de pensarem que eu estava sendo diferente com ela. Por isso, agi da forma natural. A tratei como qualquer outro iniciado. Exigi dela o que exigi de todos, e um pouco além. E isso fez ela se afastar ainda mais.

Durante a primeira fase, fiz de tudo para deixa-la forte. Fiquei próximo fisicamente, instigando ela, provocando cada vez mais seu lado rebelde, por que sei que é disso que ela precisa aqui. Se o seu lado doce ficasse mais forte, eu sei que ela seria pisoteada. E eu a queria forte, por isso me lancei como seu inimigo. Mesmo que isso me matasse cada vez que ela me olhava com raiva.

Vi ela mudar, observei sua evolução. Ela aceitou cada desafio, ganhou resistência física e o respeito de bastante gente que a via como fraca no início, mas eu sabia que ela podia ir mais longe, por isso continuei a empurrar. Dei a ela o último lugar na primeira fase, pois sabia o quanto isso a deixaria enfurecida e o quanto ela lutaria para provar que era boa o bastante.

E eu gostava de vê-la irritada às vezes, isso me divertia. Mesmo sabendo que sua raiva era direcionada a mim, eu gostava. Eu era egoísta demais para deixa-la viver sem minha influência, então estava disposto a ter algo dela, mesmo que fosse sua raiva.

Mas depois que cheguei àquele beco e a vi encurralada por aqueles homens, senti medo como nunca havia sentido.

Só quando tive certeza que ela estava bem, retornei ao meu grupo e logo voltamos para a Audácia. No trem, não olhei muito para ela. Tentei me concentrar em qualquer outra coisa.

Era perto do horário do almoço e eu precisava de um banho. Relaxar e tentar colocar minha cabeça no lugar.

Antes mesmo de chegar ao meu apartamento eu fui parado por Maria. Ela estava cada vez mais pegajosa, impossível andar pelos corredores sem ser parado por ela.

—Ei, você está ai! – Ela disse se aproximando – Não te vejo desde ontem.

—Eu estava fazendo patrulhamento com os iniciados.

—Oh – Ela disse – Achei que a primeira fase tinha terminado.

E eu achei que não precisasse dar satisfação a ninguém.

—E terminou – Respondi.

—Então agora você tem um tempo para mim? – Perguntou encostando-se ao meu braço.

—Não – Tentei me afastar, mas ela se agarrou mais – Tenho coisas a fazer.

—No seu apartamento? – Perguntou olhando para o corredor que levava até lá.

—Sim! Preciso de um tempo Maria.

—Você esta estranho, Quatro! Desde que começou essa iniciação. Você esta ficando com outra pessoa?

—Não! Mas se estivesse, você não teria nada com isso, não somos nada um do outro – Apontei. Ela arregalou os olhos e ficou vermelha.

—É assim que você nos classifica? ‘Nada um do outro?!

—Eu não classifico, você o faz!

—Você é um idiota! – Vociferou apontando o dedo para mim – E não vai me deixar de lado, pode ter certeza disso! – Em seguida, deu a volta por mim e saiu irritada.

Respirei fundo algumas vezes e segui o caminho até meu apartamento.

Ter alguma distração com a Maria seria bom, eu estou mesmo precisando esfriar a cabeça, mas ela já deixou claro que espera mais de mim. E o que ela quer eu não estou disposto a oferecer, a ninguém.

Depois do banho eu me deitei e acabei dormindo. Acordei algum tempo depois ouvindo batidas na minha porta. Me levantei e fui atender. Eu só esperava que não fosse a Maria para outra discussão sem sentido.

Era Max. Um dos líderes da Audácia.

—Max – Cocei os olhos.

—Quatro, precisamos conversar – Ele disse. Dei passagem e ele entrou – Te acordei?

—Não, eu já estava para me levantar.

—Vocês saíram hoje cedo para um patrulhamento, certo?

—Sim – Respondi cruzando os braços – Achei que seria bom mostrar a eles um pouco de emoção real – Max deu um leve sorriso.

—É... Uma boa ideia – Ele suspirou – Bem, eu vim até aqui por que você é um dos melhores que nós temos. Tanto que eu mesmo já te convidei para a liderança duas vezes, mas você recusou – Ele fez uma pausa e me observou. Como eu não disse nada, ele continuou – Eu gostaria muito que você se juntasse a nós. E talvez você tenha interesse em fazer frente ao treinamento dos soldados, além dos iniciados.

—Desculpa, mas eu não estou entendendo Max.

—Nós temos que estar preparados para tudo, não é mesmo? E como você deve saber, a liderança da nossa cidade está para mudar. Devemos escolher um lado. E nós já temos um.

—Um lado? – Ele deu um tapinha no meu ombro.

—Pense na questão do treinamento. Não gostaríamos que nenhum soldado ficasse muito tempo ocioso, devemos ter todos em boa forma e prontos para tudo, por isso, nós teremos um líder direcionado só para isso, e quem melhor que o nosso melhor soldado?

Dito isso, ele se moveu até a porta e saiu. Eu não tive muito tempo para registrar sua saída. Fiquei ali, pensando no que ele disse. Há muito tempo a Erudição tenta tirar a liderança da cidade das mãos da Abnegação, mas eu nunca achei que isso fosse acontecer. A Abnegação sempre cuidou muito bem da cidade, apesar do meu pai ser o líder do conselho.

Fiquei ali no meu quarto, deitado em minha cama. Pensando na proposta do Max.

Eu nunca quis ser líder e mesmo agora, que o Eric tem tornado a iniciação tão agressiva, eu não vejo como motivo suficiente para aceitar a proposta dele. A não ser que haja algo grande nessa história e eu esteja deixando passar.

Resolvi não sair para o jantar. Além de evitar Maria, eu também não queria ver a Tris de novo.

Tris - eu ri. Gostei do nome que ela deu a si mesma. Imagens dela correndo pelo jardim da sua casa inundaram a minha mente. Ela mudou bastante, mas ainda é a mesma menina doce e rebelde.

Pulei da cama para tentar afastar esses pensamentos. Ela me odeia e é melhor que seja assim.

Preciso beber um pouco, relaxar e esfriar a cabeça. Um banho não é suficiente.

O fosso estava lotado, como sempre. Vi Zeke em um canto, com uma garota que eu conhecia de vista. Ele costuma ficar com várias, mas essa ele fica com mais frequência. Quase como eu e Maria.

Ela estava lá também e me viu, mas não se aproximou. Ao invés disso, ela me olhou irritada e começou a conversar com outro cara. E eu não podia me importar menos.

Depois de arrumar uma cerveja, eu me juntei aos meus amigos e fiquei observando a movimentação. Tentando varrer o lugar com os olhos, não procurando nada em especial. Ou talvez eu estivesse.

E lá estava ela. Com a Christina e o grupo de iniciados nascidos na Audácia. Jensen estava entre eles.

Jensen é um cara legal, se dá bem com todos e é primo da Shauna. Ele fez a escolha esse ano e parece bem interessado na Tris. Embora ele não seja o cara certo para ela. Além disso, ela é muito nova para sequer pensar em namorar alguém.

Eles estavam muitos próximos, mas pelo menos ela não estava bebendo hoje. Odiei vê-la bebendo. Pensar que ela poderia se machucar ou cair no abismo. Ontem só consegui dormir depois de vê-la chegar ao dormitório, pelo menos Jensen a acompanhou.

E lá estava eu pensando nela de novo, eu precisava parar de me preocupar tanto.

—Oi – Uma menina se aproximou. Ela parecia familiar, mas eu não tinha certeza se a conhecia – Você é sério assim mesmo, ou é só durante o treinamento, tipo, pra fazer o instrutor mal? – Ela perguntou ronronando no meu ouvido. Ahh, uma iniciada.

—Eu não faço tipo – Respondi pouco antes de beber um gole da minha cerveja. Ela riu.

—Não quer me levar para conhecer melhor esses corredores? Eu sempre me confundo – Ela olhou em volta e depois para mim.

—Não. E você nem deveria estar aqui – Ela fez uma careta.

Ao lado da garota, um pouco mais distante, vi Maria, me fuzilando com os olhos. Ótimo, agora ela vai achar que eu estou ficando com alguma iniciada.

A garota ao meu lado estava bebendo alguma coisa e agora estava conversando com Uriah, irmão do Zeke.

Voltei meu olhar para onde Tris estava e não a vi. Desencostei da parede e fui procura-la. Zeke - que já estava desconfiado de alguma coisa - me lançou um olhar de entendimento, como se soubesse onde eu estava indo.

—Ei Quatro, não vai socializar hoje? – Perguntou rindo.

—Vou dar uma volta – Respondi e não fiquei para ouvir sua resposta.

Andei pelos corredores mais escuros primeiro. Não sei bem o que eu estava procurando, ali era o local onde os casais costumavam se pegar. Era também o lugar menos movimentado. Eu realmente esperava não encontrar Tris ali.

Estava andando quando parei e congelei. Um cabelo loiro chamou minha atenção, mesmo no escuro eu tive quase certeza que era ela. Quando fui chegando mais perto soltei o ar. Não era a Tris.

Andando um pouco mais eu finalmente a encontrei. Ela estava sentada na ponte, balançando os pés. Jensen estava com ela e eles estavam rindo. Senti meu sangue ferver. Eu costumava ser o amigo dela. Eu a fazia rir.

Como se ela pudesse sentir a minha presença, ela levantou o olhar e travou no meu. Pela primeira vez eu não vi raiva ali, vi surpresa.

Jensen percebeu e virou o rosto em minha direção.

—Quatro – Ele disse – Beleza?

—Beleza – Respondi sem ânimo. Queria ele longe dela – Acho que a Shauna está te procurando – Caramba, por que eu disse isso a ele?

—Oh – Ele se levantou – Aconteceu alguma coisa?

—Não sei. Só a ouvi perguntar por você.

—Vou ver o que ela quer. Você vem? – Ele perguntou olhando para a Tris. Ela deu de ombros.

—Não, eu já estava indo dormir, pode ir – Disse ela, se levantando também – Nos vemos amanhã.

—Ok – Ele sorriu e beijou seu rosto. Mais íntimo do que eu gostaria. Desviei meu olhar.

Depois que ele saiu eu fiquei parado ali, sem saber como agir ou o que dizer a ela. Só enfiei as mãos nos bolsos e olhei para o chão. Ela também não disse nada.

Depois do que pareceu um minuto, ela passou por mim e começou a andar de volta ao corredor.

—Você está bem? – Perguntei. Não era exatamente o que eu queria saber, mas foi isso que saiu da minha boca. Ela se virou e me olhou confusa.

—Estou... – Seu tom era divertido. Como se ela não estivesse esperando que eu fosse gentil.

—Bom... – Respondi – Você e ele... – Eu era patético. Por que isso me importava?

—O quê? – Ela me faria dizer. Isso não podia ficar pior.

—Esquece – Disse e comecei a andar de costas. Ela arregalou os olhos.

—Não tem medo de cair? – Perguntou. Olhei em volta. Eu estava na ponte sem proteção.

—Não, deveria? – Sorri.

—Huh, sim – Ela riu – Andar de costas em uma ponte sem proteção, é no mínimo imprudente, você poderia cair.

—Não, eu não iria – Respondi – Eu conheço esse lugar como a palma da minha mão – Ela revirou os olhos. Depois os estreitou, e a mágoa voltou para eles.

—Imagino... – Ela olhou para o corredor escuro – Boa noite, Quatro.

Eu não respondi. Fiquei olhando enquanto ela se afastava.

Não conseguia entender o porque disso me deixar mal. Era o que eu queria desde o princípio. Queria que ela mantivesse distância de mim. Mas ao mesmo tempo queria voltar a ter a mesma intimidade com ela. Ser aquele pra quem ela contava tudo o que acontecia com ela.

Afastei esses pensamentos da minha cabeça e fui em direção a Zeke e Shauna, que estavam conversando sozinhos, mas Zeke tinha seus olhos fixos em uma garota, que provavelmente seria sua próxima conquista. O olhar de Shauna seguiu o dele, e se entristeceram no mesmo momento. Fiquei com vontade de esmurrar o infeliz, que não percebia o que estava perdendo, nem quando estava debaixo do nariz dele.

— Cara, a Shauna não estava me chamando – fui tirado dos meus pensamentos por Jensen, que estava voltando pra onde deixou a Tris.

Fiz meu melhor olhar de confuso e o encarei.

— Não? Tenho certeza de que a escutei dizer o seu nome. Ou ela se esqueceu ou eu estou variando.

— Tudo bem, cara. Agora deixe-me ir encontrar a Tris, não quero deixa-la sozinha.

— Ela já foi se deitar. Foi mal ter te tirado de perto dela – fiz cara de arrependido. Apesar de não me importar menos. – Vou indo nessa.

Dei um aceno de cabeça, que ele retribuiu e mudando de ideia, fui para meu quarto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem!!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Choices" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.