Coração de Porcelana escrita por Monique Góes


Capítulo 30
Capítulo 29 - Ramos




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Capítulo 29 - Ramos

O pandemônio começou nos vilarejos.

 Victoria nunca vira locais onde bruxos poderiam exercer suas funções tão livremente, mesmo na cidade dos institutos, Eastcrown. Havia vassouras varrendo sozinhas, os arados sendo puxados pelo nada em estufas. Havia pessoas preparando poções ao ar livre e realizando feitiços sem nenhum problema. Quando a “comitiva chegava” era uma recepção para lá de calorosa, pois todos estavam obviamente interessados em dar uma boa olhada nos príncipes.

Em torno de trinta homens estavam fazendo a escolta deles, e conseguia sentir a timidez dos rapazes de longe. Quando chegaram à Deathfall, que no caso, era uma vila, quase ouviu Jim e Vincent ficando exasperados, mas ela própria soltou uma risada de descrença. Havia uma faixa em honra aos Rockstones, menestréis e malabaristas.

— Os príncipes! Os príncipes! – viu quando uma mulher gritou e apontou, e a multidão enlouqueceu de tal forma que os soldados Macbeth tiveram que empurrá-los de volta para não se aproximarem demais, e havia tanta gente que estava difícil continuar o caminho.

Questionava-se se sabiam do desaparecimento dos príncipes treze anos antes, ou se estavam apenas animados por haver membros da família real – e possivelmente, um deles poderia ser o futuro rei – ali. Não era algo que acontecia todo dia, estava na cara. Parecia que estavam num concerto de algum cantor ou banda famosa, havia lágrimas, havia vivas e havia até gente desmaiando.

Se Victoria achara Deathfall ruim, não era nada comparado à Sombra da Asa.

Deveria haver três vezes o número de pessoas lá, no mínimo, e logo que chegaram ao portão, mais soldados apareceram para se juntar a eles. Àquela já deveria ser em torno das nove da manhã, então não havia como ninguém estar dormindo.

Ali não tinha uma faixa, mas sim várias dispostas pelas ruas. Havia dragões de panos e bandeiras havia o dobro de músicos, malabaristas, e jurava ver um urso dançando. Havia tanto barulho, somado às vozes que continuavam em sua cabeça, que seus olhos pareciam querer explodir para fora.

Seguiram como uma mistura de parada militar com desfile, subindo a cidade que parecia ter sido sobre uma colina, o castelo despontando-se ao topo, com as pessoas gritando, a música tocando, animais dançando e estavam sob uma chuva de pétalas de flores e explosões mágicas, mas ao contrário da vila, eles pareciam respeitar o fato que precisavam seguir em frente.

Quando chegaram ao castelo, não conseguia manter a cabeça erguida para vê-lo. Curvou-se sobre o pescoço de Sweeney e fechou os olhos, desejando que as vozes fossem embora, sem sucesso. Elas continuavam e sentia suas têmporas pulsando dolorosamente, ao ponto de parecer descer até seu estômago, que se fechava, e suas pernas pareciam dois pesos sem qualquer movimento. A claridade parecia ser demais para os seus olhos.

— Victoria, você está bem? – René questionou ao seu lado.

—... Uhum...

— Você está sendo nada convincente. – Ameen pontuou.

— O que está acontecendo? – Ouviu Jim questionar mais a frente, só que naquele momento, as vozes deles começaram a se tornar zumbidos ininteligíveis, somando-se aos sussurros de suas cabeças.

Quando pararam, ouviu alguém cuja voz não reconheceu falando algo, mas não conseguiu levantar a cabeça, e não demorou muito para retirarem-na de cima de Sweeney. Foi carregada rapidamente para dentro do castelo, mas não ousou abrir os olhos. Só queria que parassem de falar e não houvesse mais claridade, mas não ocorreu. Quem quer que estivesse a carregando era guiado pelo que parecia ser uma mulher, e então foi deixada em uma cama. Todas as janelas foram fechadas, pois conseguiu perceber a escuridão tomando conta do recinto e então foi deixada sozinha.

Acordou depois zonza, mas se sentou rapidamente quando escutou um barulho ao seu lado. Não era nenhum bicho papão, apenas Anastasiya. Percebeu que havia uma bandeja na mesa ao seu lado.

— Como se sente? – questionou.

—... Melhor? – sua voz quase não saiu. Não havia nada em sua cabeça, que agora parecia ser feita apenas de vento e a deixava apenas extremamente confusa.

— Você nos assustou um pouco lá atrás. – disse. – O que você tinha?

— Dor de cabeça. – respondeu. – Muita dor de cabeça.

— Enxaqueca?

— Talvez. – Anastasiya lhe estendeu um copo com água, o qual aceitou. – O que aconteceu enquanto eu... Passava mal?

— O lorde daqui disse que não há problema em nos ajudar. Na verdade, ele só pediu três dias para seus homens retornem, porque ele os mandou procurarem o melhor caminho para evitar os campos de batalha. – respondeu. – E ele ficou bem animado por causa dos príncipes, disse que a última vez que um Rockstone visitou Sombra da Asa, o príncipe Alastair era um bebê de colo.

— Nossa... Isso não faz muito tempo.

— Uns dezesseis, dezessete anos. Eu acho. Ele não é tão velho.

— E... O que faremos nesses três dias?

— Bom, eles vão arrumar uns suprimentos que consideram melhor, e enquanto isso parece que amanhã vai ter alguma coisa em honra aos príncipes. Admito que foi engraçado ver a cara deles.

— Jim ainda não está muito confortável com a posição.

— Jim?

— O príncipe Raphael.

— Ah... – ela lhe lançou um olhar estranho e suspeito.

— O que foi?

— Hã... Digamos que quem te trouxe para cá foi ele. E que dá para ouvir os boatos já se espalhando no castelo.

Ah não. Não, não precisava disso, não mesmo. Um grande não se formou na sua cabeça.

— E... Sabe, vocês sumindo de manhã na floresta não ajudou muito.

— Até vocês?!

— Não é minha culpa. Começou com o Ameen perguntando se vocês foram catar lenha ou namorar.

— Ora, vamos, tenham alguma lógica! Eu só falei algumas vezes com ele!

— Claro. – ela riu. – Mas não muda o fato que ele fica olhando para você de vez em quando.

— Ele deve pensar que eu pareço a Merida. Quase todo mundo diz que eu pareço a Merida.

— Isso é verdade. O seu vestido também é parecido com o vestido azul dela. – Por reflexo olhou para baixo, mas percebeu que estava com outras roupas. Na verdade, só com uma camisola. – Mas é isso. Vamos ficar aqui por três dias e voltar a andar. Nerboubo não quis ficar no castelo, e o elfo sumiu atrás dela... Eles foram encontrados numa taberna da cidade.

— E agora?

— Nos preparamos psicologicamente para amanhã e depois de amanhã, porque vamos estar no meio também. - Anastasiya olhou para o lado. Havia uma lareira acesa que por algum motivo não havia percebido até então. – Preciso dizer que roupas “apropriadas” apareceram na sacola?

— Não. Eu já suspeitava desde as roupas de frio medievais. – se espreguiçou. Seus músculos inteiros doíam. – Só que algo me diz que vamos ter os símbolos das nossas famílias gravados neles...

— Não é só isso. As roupas parecem condizer com os locais que viemos. No meu veio um sarafan e um kokoshnik. Veio até um valenki.

— O que é isso?

— O sarafan é um vestido tradicional, o kokoshnik é aquele adorno de cabeça, só que para mim, no caso é povyazka que é o de mulheres solteiras. Deixa parte do cabelo para fora. E o valenki é a bota.

— Oh... Eu vou usar o quê então...? Um kilt?

— Não sei. Até onde vi, durante um bom tempo, as roupas de nobres escoceses foram bem semelhantes às dos ingleses.

— Acho melhor termos certeza. – suspirou, olhando melhor para ter certeza se haviam trazido suas coisas de Sweeney. E encontrou sua sacola sobre um baú, ao lado de um biombo. – Tentou se levantar, mas Anastasiya foi até lá para ela, trazendo-a.

Tirou a bolsa que variava entre as cores do outono com um ganso dourado bordado. Quando a abriu, a primeira coisa que tirou foi um robe verde.  Depois, encontrou um tecido e o retirou.

— Só um instante. – a russa se levantou, indo até atrás do biombo, tirando dois manequins de lá. – Tinha no meu também, e parece que eles se ajustam às roupas. – explicou. Victoria ainda retirou mais peças de dentro da sacola, desacreditada da capacidade dos elfos de terem feito toda aquela roupa. Talvez eles houvessem encantado a bolsa e haviam apenas jogado alguns tecidos, peles, metais e pedras que se formavam em peças dependendo da ocasião.

No fim, conseguiu se levantar, pondo o robe sobre a camisola e penteando o cabelo, e foi ajudar Anastasiya a “montar” tudo, pois já sabia como o usava.

Dobrou o chemise branco com bordados nos punhos e nos decotes, assim como as anáguas. O kirtle foi posto num manequim, e o vestido no outro. Só esperava que ele fosse diferente quando viu as peças de baixo.

Claro que dava para ver que o vestido se assemelhava bastante com um vestido Tudor, tanto no corte do decote quanto no formato, mas também era diferente. Era de veludo azul gelo, com uma saia longa e a parte superior formava praticamente um triângulo. As mangas eram diferentes, soltas até os cotovelos, seguindo então justas num tom mais escuro. Ele trazia diversos bordados delicados de flores em fios dourados, verdes, além de pérolas e o que pareciam ser safiras, de azul mais profundo que o do vestido, e cristais.

— Minha nossa, que lindo! Parece um vestido da Era Tudor!

— Bom, no Festival da Paz, é normalmente o tipo de roupa que nossa família usa. Foi um bom tempo para os Allaway, por causa do comércio e tudo mais.

— Sério? – Ela então deu uma olhada melhor no vestido. – E essa cin... – batidas soaram na porta no momento em que ela ia falar, fazendo as duas a olharem. – Quem é?

— Eu. – A voz de Jim soou do lado de fora, fazendo as garotas se olharem. – Posso entrar?

Um momento de desespero momentâneo, para depois se lembrar que estava com o robe, mesmo que certamente não fosse muito apropriado.

— É... Pode sim. – respondeu.

Logo que ele abriu a porta, Anastasiya deu uma desculpa esfarrapada sobre ser melhor avisar que Victoria havia acordado para trazerem algo para que comesse, saindo rapidamente do quarto. Sabia que ela queria deixa-los sozinhos e teve vontade de jogar a jarra de água nela. Ele estava todo de preto, com o medalhão prateado brilhando sobre o peito.

— É... - Jim fechou a porta com o calcanhar, e percebeu o imenso lobo ao lado seu lado, os olhos azuis iridescentes. – Como você está?

— Melhor, obrigada. Esse é o Niflheim?

— Aham. Ele se recusou a ficar nos estábulos por algum motivo.

— Então ele vai te seguir por aí como se você fosse um Stark.

— É, Vincent já disse isso. Ele disse que eu sou o Jon Snow e não sei se é porque estou de preto ou ele está me chamando de bastardo.

Acabou rindo, mesmo que desconfortável com a criatura lá. Niflheim deu a volta no recinto, indo então se deitar de frente para a lareira, dando as costas para os dois. Jim parecia sem graça por algum motivo, e não demorou muito para lembrar que Anastasiya dissera logo que acordara, que já tinha boatos correndo sobre os dois sem nenhum motivo, e algo lhe dava a certeza de que ele ouvira alguma coisa. Somado ao que ele lhe dissera de madrugada, sobre não estar acostumado a ser o centro das atenções, era algo totalmente compreensível.

Percebeu que ele olhava para o vestido no manequim. E percebeu também que por ironia do destino o veludo era da cor dos olhos dele.

— Então... Esse é o vestido que você vai usar amanhã? – os olhos dele desceram para a cintura do manequim, que se ajustara a do vestido, e acabou fazendo uma careta. – Como pretende respirar com isso?

Como resposta, Victoria pôs as mãos em sua própria cintura, e Jim arregalou ligeiramente os olhos, surpreso.

— Eu sei, as minhas roupas largas não deixam muito visível. Eu tenho uns sessenta centímetros de cintura, no máximo.

— Isso é... Natural?

— Não. A minha mãe me faz usar espartilho desde cedo. – fez uma careta. – Antes era pra manter a postura, e depois que eu... Hã... – Ia dizer “eu menstruei”, mas resolveu abstê-lo de tais detalhes. – Quando eu tinha onze anos, ela resolveu que era hora de ir modelando a minha cintura. Isso já faz uns quatro anos.

— Mas você era bem nova, quer dizer, ainda é bem nova. Deve fazer mal desse jeito. Você não respira mal, ou tem dores?

— Tenho. Mas minha mãe veio daqui do Santuário, então ela ainda mantém algumas mentalidades do século re-retrasado. – Foi pegar de volta a sua bolsa, vendo se havia algo mais para usar no dia seguinte. – Ela ainda diz que pega leve, que começou a usar mais cedo. Desde que eu entrei para o Instituto eu tento não usar o máximo possível, mas eu tenho que mantê-la fina e usar se ela aparecer, senão levo bronca.

Ele parecia sinceramente sem saber o que dizer, e não era como se Victoria pudesse culpa-lo. Sentou-se na cama, e Jim puxou uma cadeira, ainda parecendo desconfortável. Admitia que ele ficava fofo daquele jeito.

— Então... – Ele a olhou. Parecia que a luz do fogo bruxuleava na coroa dourada dos olhos dele. – Quando você passou mal, o que aconteceu?

— Dor de cabeça. – respondeu imediatamente. Era óbvio que não sairia contando que estava ouvindo vozes em sua cabeça, mas a intensidade do olhar do príncipe era desconcertante. Ele sabia que havia mais coisa envolvida ali. – Enxaqueca.

— Foi por causa do barulho na cidade?

É, ele sabia que ela estava omitindo fatos. O tom de voz dele deixou o fato bem claro, assim como Niflheim com a cabeça erguida e as orelhas em pé, olhando-a atentamente. Estava deixando tão na cara?

E como contar que estava ouvindo vozes sem parecer louca?

Ah é, ele era o cara que mortos e anjos falavam com. Ouvir vozes deveria ser normal, mas ainda assim, era difícil para a garota.

 - Eu... – Bateram na porta, e era uma criada trazendo um ensopado de carneiro. Ela deu uma boa olhada nos dois, desviou do lobo no chão, deixou o prato sobre a mesa, se curvou e foi embora antes que pudesse ao menos agradecer.

— Você...? – Jim continuou finalmente.

— Desde que nós saímos de Dhor Faldor eu comecei a ouvir vozes. – admitiu. – Elas não paravam, e eu já estava me sentindo um pouco ruim por causa disso quando paramos na clareira. O barulho da cidade só ajudou a piorar.

— Vozes? – o tom dele não era incrédulo como usualmente esperaria. – Como elas são?

— Sussurros. Mas eles não iam embora, ficavam sempre ao fundo... Pensando agora, desde que eu cheguei aqui, não os escutei mais, o que é ótimo.

Ele ficou em silêncio. Um silêncio desconfortável e suspeito demais para si, por mais estranho que parecesse, mas sendo uma bruxa, sua vida já era estranha para os padrões normais. Porém algo no ar deixava-a extremamente irrequieta, principalmente na expressão do rapaz e na forma que Niflheim se ergueu e cutucou-o com o focinho.

— Jim?

— Eu... Quando eu contei tudo o que sabia para vocês na montanha, eu... Omiti uma coisa.

Sentiu o nervosismo aflorando em si, e nesse momento, as vozes retornaram.

— O quê?

—... Quando Ailith me disse para vir aqui, e contei ao meu pai sobre o caso... Ele disse para que eu tentasse trazê-la.

Os sussurros se elevaram de modo que Victoria sentiu seu rosto empalidecendo.

— E-eu? Por que eu?

Eles começaram a falar em milhares de línguas ao mesmo tempo, suas vozes subindo várias oitavas.

— Ele disse que você tem uma... Inclinação para necromancia.

Ultraje. Uma das vozes disse.

Aquilo era demais.

— Eu não sou uma necromante! – acabou gritando sem pensar, se levantando num salto.

— Fique calma! Eu sei que não é, ele só disse...

Insulto.

— É magia negra! Como você quer que eu fique calma?!

— Ele me avisou que você poderia ouvir...

— EU NÃO SOU UMA NECROMANTE!

Puna-o.

Sua visão pareceu se avermelhar de tal forma que escureceu, e só ouviu um estrondo alto de vidro se quebrando, pedras se partindo e a magia que sempre tivera fluindo como jamais fluíra em toda sua vida. Ouviu um rosnado, e alguma coisa caindo pesadamente, o som de asas e patas fluindo numa cacofonia.

Era como se estivesse flutuando fora de seu corpo. Estava com raiva, raiva, raiva, muita raiva. Necromancia, como ele poderia falar daquele jeito? Era errado, era um insulto. Ela não tinha uma inclinação para aquelas coisas.

Nenhum pode passar impune.

Você tem o direito de fazê-lo...

— Saia!

Assustou-se quando a voz de René gritou na mente dela, e pareceu que foi puxada para fora da água enquanto se afogava.

Voltou para si com um ofego e o frio e a dor lhe atingiu como um soco de um campeão de MMA. Piscou e percebeu que o francês a segurava pelos ombros e pela ardência de seu rosto provavelmente havia sido estapeada por alguém para voltar a si.

Antes que pudesse se irritar, viu então o estrago.

Havia um galho massivo, que parecia ser a junção de vários menores deixando-o quase do tamanho de um tronco grosso, invadindo o quarto. Ele arrebentara a janela e a parede próxima a sua cama... Exatamente no local em que Jim estava.

Havia um ganso nos restos do móvel, com um diadema na cabeça, fitando-a, Niflheim se digladiava com um lobo cinzento que era quase de seu tamanho. Um homem enorme, de kilt, estava com uma espada brandindo-a em torno do lobo menor aos berros “saia, seu segredo maldito!”, Ameen aparentava estar chocado na porta, e havia Vincent e Anastasiya no chão, do outro lado do quarto.

Não via muito bem o que acontecia, apenas as pernas de Jim caídas, os dois na altura de sua cabeça. Mas via a poça rubra se formando no chão.

A ave gritou quando o homem invadiu o quarto, e só conseguiu se lembrar de mais cedo:

O ganso representa o derramamento de sangue.


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Notas finais do capítulo

"Ramos". Com a Victoria, é galhada mesmo c:



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