Hell on us escrita por Sami


Capítulo 4
Um momento para lembranças e alguns problemas


Notas iniciais do capítulo

Quero me desculpar pela demora, estava animada com uma outra fic que comecei a escrever e acabei me esquecendo dessa. Desculpa mesmo.



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Depois de ajudar Carol e outra menina um pouco mais velha que eu com o jantar, eu finalmente havia ganhado um tempo para descansar e ficar sozinha. Tudo bem que Rick já havia me falado para fazer isso depois do incidente com a cerca, mas depois daquele momento cheio de adrenalina e ação foi realmente difícil conseguir relaxar por um único segundo; e também eu não estava nem um pouco afim de fazer isso.

Se tinha uma coisa que eu odiava era ficar parada por muito tempo, eu gostava de ajudar seja lá com o que fosse e manter minha cabeça o mais ocupada possível havia se tornado um tipo de escape que eu encontrei para esquecer um pouco daquele apocalipse. Caminhei de volta para minha cela e sentei na cama ainda em silêncio, mesmo já estando na prisão quase cinco dias eu não estava ainda cem por cento acostumada a dizer que possuía uma cama só pra mim e me acostumar a viver em lugar onde eu não precisava ficar sempre alerta a qualquer barulho insignificante que eu ouvia e não precisar acordar no meio da noite e ficar em alerta total era algo do qual eu precisava começar a me acostumar a viver sem. Era estranho e ao mesmo tempo muito bom isso.

Eu já havia passado por dois grupos antes de ser convidada a participar do grupo de Rick e Daryl, o primeiro eu entrei quando toda essa loucura havia começado e o segundo foi por pura sorte que eu acabei encontrando eles; ou pelo menos o seu líder. Esse segundo grupo era um pouco parecido com o grupo de Rick, eles sempre tentavam receber mais sobreviventes para que assim pudessem ficar mais fortes e apesar de poucas diferenças entre o grupo da prisão e o grupo de David, eles eram em muitos aspectos parecidos.

Eu estava digamos que com um pequeno problema com uma horda realmente grande de errantes e milagrosamente David havia se esbarrado em mim - não sei se devo mesmo dizer que era sorte porque, estar em apuros com uma horda daqueles mortos querendo te matar a qualquer custo não era nada legal. Mas acabei dando muita sorte em encontrá-lo.

David me levou até o grupo dele, conheci pessoas lá que me ensinaram muitas coisas sobre sobrevivência; coisas das quais eu não sabia e que ainda as uso ou pelo menos as usava quando estava na estrada. Acho que olhando bem para meu antigo grupo e para o de Rick, acho que eles são bem parecidos. Claro, que o líder –David- não era como Rick, ele era mais parecido com Daryl.

Na verdade, David era uma mistura de Rick e Daryl; carrancudo e um pouco bruto igual ao caipira de moto e um perfeito protetor e líder igual ao Rick. Dos dois acho que David se daria melhor com Daryl.

Eles seriam grandes amigos.

Desde que me separei dele eu não fazia a mínima ideia do que poderia ter acontecido com David, se ele continuava vivo eu não tinha tanta certeza assim pois da última vez que  o vi nossa situação não era nem um pouco boa e apesar dele ser uma pessoa realmente forte e esperta, eu sabia que ele não conseguiria sair daquela situação com vida. Eu realmente queria acreditar que David ainda estivesse vivo, seria muito bom reencontrar ele e trazê-lo para viver aqui na prisão também, mas depois de tantos meses sem encontrá-lo minhas esperanças de que ele poderia estar vivo já não eram mais tão altas assim como eram antes. Parte de mim acreditava que ele ainda estava por aí fora apenas sobrevivendo e quem sabe até me procurando – ele disse que faria isso se caso nos separássemos e infelizmente foi justo isso que acabou acontecendo –. Porém a outra parte de mim já nem conseguia acreditar que ele pudesse estar vivo, eu não queria ser pessimista desse jeito, mas quando se vive em um apocalipse onde as pessoas que você mais ama são mortas, fica difícil pensar em coisas boas quando tudo o que acontece são coisas ruins.

Isso era realmente terrível para mim, querer acreditar em alguma coisa boa e ao mesmo tempo não conseguir acreditar. Mas era disso que esse novo mundo se tratava agora não era? Poucos ainda tinham esperanças de que algo ainda poderia ser feito sobre tudo isso, no começo quando eu ainda estava em Atlanta conheci um cientista que acreditava que essa merda toda poderia ter uma cura.

Uma cura. Isso parecia ser uma loucura de se acreditar, se existisse mesmo uma cura porque já não a desenvolveram ou coisa assim? Por que deixar que essa epidemia se estendesse por quase dois anos ou talvez até mais?

Por que deixar que tantas pessoas morressem?

Pensar em tudo aquilo me deixou um pouco triste, esse cientista que conheci parecia mesmo estar disposto a acreditar nessa cura – o pouco tempo que passei com ele me deixou com um pouco de esperança sobre realmente existir uma cura para tudo isso –, mas as coisas mudaram nos separamos e cada um foi para um canto; obviamente eu nunca mais o vi e provavelmente ele já estava morto também.

Quase todos que conheci estavam mortos. Família, amigos... Todos eles. Eu comecei nisso sozinha e talvez terminasse sozinha, o que eu tinha a perder? Não tinha ninguém com quem me importar ou alguém para se importar comigo. Eu não tinha alguma coisa para lembrar a minha família, a única lembrança que tinha era a faca de cabo azul que eu usava e que pertencia a David, ele havia me dado quando nos separamos.

David havia se tornado um tipo irmão mais velho, o tipo protetor - até demais-, por isso eu ainda carregava aquela faca. Era a única pessoa que realmente valia a pena se lembrar.

Deitei na cama ainda pensando em tudo aquilo, fechei os olhos apenas ouvindo o som da chuva caindo do lado de fora se misturando com os grunhidos dos errantes. Seria um momento ótimo se não tivesse sido estragado por aqueles merdas. Decidi dormir, não sabia que horas eram, mas já estava sentindo o sono vir.

~

Um disparo alto me acordou assustada, achei que eu estivesse ficando louca porque depois do disparo não ouvi mais nada; estava um silencio meio absurdo lá dentro mesmo com um tiro disparado. Pensei em levantar da cama e ver se isso era coisa da minha cabeça ou não e honestamente, eu não queria ter que levantar.

Preguiça. Essa era a palavra certa, eu estava com preguiça de levantar e como mais nenhum disparo foi dado decidi voltar a dormir.

Ou pelo menos tentar.

Assim que fechei meus olhos ouvi um som conhecido, abri meus olhos xingando alguns palavrões e quase soltei um grito quando vi um walker ali dentro vindo na minha direção. Ele pareceu ter notado que eu me mexi e se jogou para frente ficando mais próximo, tateei minha cama procurando pela faca de cabo azul e quando a senti ao meu lado logo a peguei -sim, eu dormia com uma faca ao meu lado- tentei sair da cama para conseguir uma distância melhor para matá-lo e me assustei ainda mais quando ele se jogou mais uma vez para frente. Eu não sei como consegui ser rápida em enfiar a faca no crânio dele, mas eu fui.

Por sorte.

O errante caiu no chão quase em cima dos meus pés e dei um pulo tentando me afastar dele, o disparo se repetiu -eu não estava ouvindo coisas- dessa vez um pouco mais alto que o anterior, vesti minhas botas pegando minha arma e faca e sai da minha cela. Contei quantos eram e perdi a conta depois de quinze, mais deles apareciam conforme os tiros eram disparados.

Eu não conseguia ver direito quem era que estava atirando, mas sabia de uma coisa: Ele estava atraindo mais deles quando atirava e parecia não se importar muito com isso.

Sai completamente de dentro da minha cela ao ver outro walker se aproximar de onde eu estava, me adiantei um pouco mais e foi em sua direção para matá-lo. Por ser quase uma anã perto daquele morto eu tive que dar uma pequena esticada nas pernas para conseguir cravar minha faca nele e acabei me sujando nesse processo. Ótimo, agora eu estava fedendo a walker.

Finalmente vi Rick aparecer e mais algumas pessoas junto com ele também; senti-me um pouco mais aliviada por não ter que matar tudo aquilo sozinha e por ter mais gente ali.

—O que aconteceu Ayla?-Ele me perguntou assustado atirando logo em seguida e me olhando.

—Eu não sei... Tinha um deles dentro da minha cela e depois um tiro. -Eu respondi tentando me manter firme. Não era hora de entrar em pânico não é mesmo?

Rick assentiu um pouco mais agitado.

—Acha que consegue dar conta de alguns?

—Claro. –Respondi um pouco animada por fazer parte da ação.

Rick fez um aceno para Carol que estava atrás de mim –quase levei um susto quando vi que ela estava parada ali- e depois me olhou fazendo o mesmo sinal, ele começou a correr e o seguimos até se aproximar um pouco da saída do bloco de celas. O homem que havia começado a dar os disparos continuava ali e sua camisa branca agora estava manchada com o sangue que respingava dos walkers que ele havia matado, Rick lançou um olhar um pouco furioso - provavelmente por causa do barulho que os tiros faziam e por isso ser um motivo pelo qual eles estavam sendo atraídos para dentro.

—Vocês duas tentem matar o máximo que conseguirem - Daryl e Glenn logo apareceram atrás de Rick. -Glenn, você me dá cobertura e você vem com a gente também! -O homem que havia começado com o tiroteio balançou a cabeça o seguindo junto com Glenn.

Olhei para Daryl e ele estava com sua crossbow já matando alguns dos mortos, senti um pouco de medo por estar fazendo aquele tipo de coisa pela primeira vez e tentei pensar que não acabaria morta no final. Respirei fundo e cravei minha faca na cabeça do primeiro, um pouco de sangue respingou na minha mão assim que a faca foi cravada e tirada.

Droga iria ficar mais suja.

Daryl me puxou para trás quando viu que dois walkers se jogaram de uma vez na minha frente, em uma sincronia perfeita, os dois logo os mataram. Ele me olhou um pouco preocupado – Daryl não parecia ser esse tipo de pessoa que mostrava preocupação com os outros- eu assenti sorrindo rapidamente mostrando que estava bem e que sussurrei um rápido obrigado voltando para meu lugar.

Foi bastante cansativo fazer quase que o mesmo movimento várias vezes, do lado de fora perecia um pouco pior já que ouvimos alguns tiros serem disparados. Meu braço estava doendo, recebemos ajuda de Maggie e mais dois homens, um deles eu sabia que era Tyreese e outro eu ainda tinha duvidas se era Bob ou Brian - perguntaria o nome dele depois. Conseguimos matar todos até que sobraram uns três que foram mortos com rapidez, Rick, Glenn e o desconhecido que eu ainda não sabia nome voltaram; os três estavam com suas roupas sujas e pelo visto a situação do lado de fora era um pouco pior do que lá dentro.

—O portão estava aberto. –Rick disse eufórico. –Alguém o abriu. –Tem certeza disso Rick? Talvez tenha sido acidental isso. –Tyreese o olhou tenso.

—Não, não foi não. Ninguém passa por lá, acho que tem alguém querendo brincar conosco aqui dentro.

Eu cruzei os braços apenas prestando atenção no que era dito ali, era quase impossível de se acreditar que poderia existir alguém ali dentro que quisesse fazer alguma maldade com aquelas pessoas. Rick, Carol, Daryl e os outros eram pessoas boas e eu não pensava assim só por causa do abrigo que eles me davam.

—Vamos conversar de manhã sobre isso, vamos descansar um pouco.

—PAI! PAI!-A voz alta e gritante de Carl fez todo mundo se virar para olhar em sua direção, até mesmo eu. O garoto parecia assustado e estava um pouco mais pálido que antes.

—O que foi Carl? –A voz de Rick saiu ainda mais preocupada.

—O bloco D, os walkers entraram e tem muita gente mo-morta...

Eu arregalei os olhos ao ouvir aquilo, não era só o bloco em que eu dormia que havia sido empesteado pelos mortos. O bloco D também e ainda tinha gente morta lá. Isso sim me deixou com medo.

—Hershel, Beth, Michonne?... Como eles estão?-Rick perguntou ainda mais preocupado.

—Estão bem, conseguimos dar um jeito nos walkers mas mesmo assim muitas pessoas morreram!

A precupação de Carl parecia ter pegado não só Rick, mas também Daryl de jeito; os dois se olharam em silêncio como se estivessem conversando mentalmente e eu desejei poder saber o que eles diziam para o outro naquele momento.

—Daryl vamos até lá e… –Rick passou a mão no rosto. –O restante pode descansar, não vamos dar muito alerta sobre isso.

—Mas e os corpos Rick, o que faremos com eles?-Tyreese andou na frente ficando de cara com Rick, ele era um pouco maior de o dono dos olhos azuis e parecia ser mais forte que ele também. Tyreese parecia ser o tipo que botava medo em qualquer um.

—Vamos cuidar disso Tyreese… –A resposta de Rick foi um pouco vaga mas pareceu ter deixado o homem um pouco menos tenso.


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Notas finais do capítulo

Até o proxímo capitlo gente. Beijos



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