Hell on us escrita por Sami


Capítulo 19
Sozinha... Ou não


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos e queridas, quem diria que eu iria voltar tão cedo com mais um capítulo de Hell on us.

Bom, tirei várias coisas do primeiro episódio da quinta temporada de twd e acho que vocês irão perceber isso nesse capítulo, já deixo avisado que já comecei o próximo capítulo e que talvez ele venha mais adiantado também.

Boa leitura.



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POV Ayla

[...]

 

Eu estava com meus olhos fechados, meu corpo estava relaxado mesmo estando sentada sobre um chão completamente duro e sujo. Minha cabeça estava encostada na parede atrás de mim quando ouvi uma batida consideravelmente forte na porta, imediatamente abri meus olhos movendo meu corpo para frente e olhei diretamente para a porta na esperança de que não fosse algum errante ou até mesmo outra pessoa que estivesse tentando entrar. Por sorte a batida não havia acordado Judith, ela parecia estar num sono pesado e demoraria para acordar.

Torci mentalmente para que ela continuasse daquele jeito por mais tempo.

Olhei novamente para a única janela que havia ali e já havia escurecido e nada do tal Martin voltar, mesmo sabendo que ele era uma pessoa que poderia ou não me machucar eu queria que ele voltasse, ficar ali sozinha estava me deixando com medo -havia ouvido vários tiros horas atrás e isso não era nada bom- e eu já estava ficando com fome também. Eu sentia um enorme buraco em meu estômago e o ouvia roncar algumas vezes mostrando o quanto eu estava faminta.

Levei minhas mãos amarradas até meu rosto e tentei tirar a mordaça da minha boca, de algum jeito milagroso acabei conseguindo e finamente me senti cinquenta por cento livre. Olhei todo o ambiente em volta e não havia muita coisa ali dentro além de alguns moveis ja velhos. Movi meus punhos tentando me soltar e quando percebi o quanto ela estava aperta desisti, teria que encontrar alguma coisa que pudesse cortá-la.

Havia uma mesa do outro lado daquele cômodo -e provavelmente o único cômodo-, estiquei meu pescoço o máximo que pude tentando enxergar se havia alguma coisa que pudesse cortar aquela corda que estava me mantendo presa e não consegui ver muita coisa.

Respirei fundo voltando a minha posição anterior e tentei pensar em algum jeito de conseguir me levantar e ir até ela; a posição e até mesmo o lugar em que eu estava não estava me favorecendo em nada ali e eu teria um pouco de dificuldade em conseguir fazer isso.

Dobrei meus joelhos jogando minhas costas na parede que estava atrás de mim, virei meu corpo para o lado erguendo meus braços para segurar na beirada de um balcão que havia ao meu lado e assim que minhas mãos tocaram sua superfície a segurei com força para não cair. Meus dedos escorregaram na primeira tentativa que fiz de me levantar e como sempre fui uma pessoa que não desiste tão fácil assim, me esforcei novamente para conseguir pela segunda vez.

— Isso! — Falei comigo mesma quando consegui me segurar sem escorregar nem nada. Já havia dado um passo, agora só precisava continuar com aquilo.

Virei meu corpo novamente para o lado ficando de costas para Judith e de frente para a parede e o balcão, claro que eu fazia isso tomando o máximo de cuidado possível para não cair de cara no chão e para também não acabar acertando o berço improvisado de Judith.

Se ela acordasse naquele momento eu teria um problema e dos grandes para conseguir acalmá-la e seria ainda mais difícil fazer isso sem poder segurá-la.

Do pior jeito que poderia existir comecei a tentar me levantar, flexionando meus joelhos tentei me levantar e acabei batendo minha testa na quina do balcão, segurei vários palavrões que vieram de imediato na minha cabeça me esforçando ao máximo para não soltar tudo aquilo de uma só vez e acabar acordando a Judith.

Fechei meus olhos respirando fundo e esperando que aquela dor insuportável passasse logo, precisei morder o lábio para me controlar e não gritar ali mesmo.

Levou um tempo, mas a dor passou e eu dei continuidade ao que estava fazendo, voltei a tentar me levantar depois de bater o joelho duas vezes no mesmo balcão que eu havia batido a testa eu havia finalmente conseguido ficar de pé.

Olhei para a mesa do outro lado e mesmo estando de pé naquele momento eu não conseguia enxergar com muita clareza o que havia em cima dela -se é que havia alguma coisa ali- e antes de ir até ela procurei no balcão mesmo qualquer coisa que fosse cortante e que conseguisse cortar aquela corda.

Tateei toda a superfície do balcão não encontrando nada que me ajudaria naquele momento, tudo o consegui foi sujar minhas mãos por causa da grossa camada de sujeira que havia se formado sobre a superfície do balcão.

Bufei me virando novamente para a direção onde a mesa estava e com pequenos saltos — já que meus dois pés estavam amarrados era impossível conseguir andar sem pular — comecei a ir na direção em que ela estava, torcendo mentalmente para que pelo ali poderia ter alguma coisa que pudesse cortar aquela maldita corda.

Contei uns sete ou oito pulos para chegar na mesa, estiquei meus braços sobre a mesa e comecei a procurar qualquer coisa que me ajudasse naquele momento.

Notei que ali em cima daquela mesa havia uma lona escura que estava cobrindo uma parte dela, estiquei meus braços até ela e peguei a ponta logo puxando-a, quando ela caiu no chão revelando o que havia debaixo dela quase soltei um grito. Era uma cabeça de errante.

Empurrei a cabeça para o outro lado deixando ela cair no chão e continuei procurando alguma faca ou qualquer objeto que fosse cortante até que finalmente consegui encontrar um. Era um tipo de faca improvisada, na verdade aquilo estava mais para um pedaço de madeira com um metal cortado do pior jeito possível amarrado juntos. Mas pelo menos isso iria me ajudar a escapar dali.

Ouvi novamente a mesma batida do lado de fora e prendi a respiração no mesmo segundo, eu tinha quase certeza de que não era uma pessoa tentando entrar. Se fosse não iria nem mesmo bater na porta para entrar. Provavelmente era algum errante sem rumo ali fora.

Não demorou muito para que quem quer fosse ali fora logo parasse de bater na porta, esperei mais alguns segundos e finalmente voltei para o mesmo lugar que estava antes. Escondi a faca no cano alto da minha bota deixando apenas uma parte do que seria o cabo dela visível para que eu conseguisse pegá-la a qualquer momento.

 

...

 

— Acorda pirralha! — Cobri meus olhos com minhas mãos sentindo-os incomodados por causa da claridade que entrava na casa em que eu havia passado a noite.

Meu corpo estava um pouco dolorido por causa do lugar e do jeito que eu havia dormido, minhas pernas estavam doendo e até mesmo meu pescoço parecia doer conforme eu o movia. Estava tudo uma beleza. Pensei irônica.

— Coma. — Martin apareceu na minha frente e jogou uma barra de cerebral em mim. — Vai precisar de energia!

Eu olhei para a embalagem e depois olhei para ele arqueando uma sobrancelha e semicerrei meus olhos com desconfiança para ele. Eu não sei como ele queria que eu conseguisse comer aquilo quando tinha minhas mãos amarradas e minha boca amordaçada. Cara burro.

Fiquei olhando para ele até que ele finalmente pareceu se tocar, ele revirou os olhos e logo se agachou na minha frente tirando a mordaça da minha boca para que eu conseguisse comer aquilo. Antes mesmo de abrir a embalagem da barra de cereal olhei para a data de vencimento me assegurando de que depois que eu comesse aquilo não iria ter problemas depois.

— Vai ter que dividir com a bebê, essa era a última. — Falou enquanto se levantava novamente.

— Ela não pode comer isso seu inútil! — Falei ainda o olhando. — Você é muito burro!

Mordi a ponta da embalagem para conseguir abri-la e terminei usando as mãos para rasgar o resto. Barra de cereal nunca foi o meu preferido, mas naquele momento era isso ou nada e eu preferia comer alguma coisa que eu não gostasse em vez de ficar com fome.

Não que aquela barra pequena fosse realmente me deixar completamente satisfeita, mas pelo menos já era alguma coisa para enganar o estômago.

Martin estava de pé e de costas para mim, ele não estava com a mochila de ontem, dessa vez era uma mala escura e ela estava aberta sobre a mesa. Estiquei meu pescoço da mesma forma que fiz na noite passada tentando ver o que tinha ali dentro e vi alguns tubos de fogos de artifício, na verdade a mochila estava quase toda cheia com aquilo.

Ele olhou para o chão onde a lona estava jogada junto com a cabeça do errante e lentamente se virou para me olhar.

— Isso não estava assim ontem quando te deixei aqui. — Falou me olhando desconfiado.

Eu gelei naquele momento, o filho da puta tinha uma memória boa. Dei de ombros mastigando mais um pedaço da barra de cereal.

— Eu precisei fazer um negócio ontem e usei a lona. — Falei tentando manter meu tom de voz o mais calmo possível. — Você me deixou trancada aqui e eu fiquei aperta e...

— Não precisa dar detalhes sobre isso. — Ele me interrompeu antes que eu continuasse explicando. — Menina nojenta...

Ele voltou a me dar as costas e continuou mexendo na mala que havia colocado sobre a mesa, suspirei aliviada por conseguir inventar uma mentira de última hora e mais aliviada ainda por saber que ele havia acreditado nisso. Enfiei todo o resto da barra de cereal na minha boca colocando sua embalagem no chão ao meu lado e continuei mastigando até finalmente terminar de comê-la.

Meu estômago ainda reclamou um pouco pela falta de comida e tentei não pensar em nada que tivesse relação a isso naquele momento.

— Tá legal, você meio que me "sequestra" — Fiz aspas com as minhas mãos. — Me deixa uma noite inteira trancada nessa droga de casa e me "alimenta" com uma barra de cereal que não tinha gosto nenhum. Por quê?

Ele se virou novamente para me olhar e riu.

— Eu tenho quase certeza de que isso não é da sua conta, pirralha. — Falou com um tom normal na voz.

Revirei meus olhos deixando minha cabeça encostar novamente na parede atrás de mim e continuei o observando enquanto ele mexia na mala que ele havia trazido.

Martin tirou alguns foguetes de dentro dela e os colocou ao seu lado e fez o mesmo com o walkie talk colocando-o do outro lado, olhei de relance para Judith me certificando de que ela ainda estava dormindo e estava. Judith parecia ser a única que estava tranquila naquela situação.

Sortuda.

Olhei para a minha bota vendo a ponta do cabo da faca que eu havia escondido ali e lentamente me inclinei para frente, Martin parecia distraído com tudo aquilo que trouxe e não iria me notar naquele momento; eu tinha uma chance e iria aproveitar.

Vi Judith se remexer no berço improvisado e então ela lentamente abriu os olhos me encarando por alguns segundos, mordi o lábio rezando mentalmente para que ela não começasse a chorar e isso funcionou. Judith não fez nenhum som e continuou me olhando. Me inclinei um pouco mais para frente até conseguiu tocar a ponta do cabo da faca, quando comecei a pegá-la e quando comecei a puxá-la Martin se virou de repente. Fingi coçar minha perna e voltei a posição anterior batendo minhas costas na parede. Que droga!

Ele agora estava com a mala pendurada no ombro e segurava uma faca com uma das mãos, olhei para a faca em sua mão e depois o olhei. Ele iria me matar agora? Depois de me alimentar com uma barra de merda de cereal ele iria mesmo fazer isso? Martin se aproximou de mim lentamente como já havia feito antes e cortou a corda que segurava meus pés, arqueei uma sobrancelha o olhando sem entender o motivo daquilo e antes que eu pudesse dizer alguma coisa ele me segurou pelo braço e me "ajudando" a levantar do chão.

— Você vai me ajudar. — Falou me entregando dois foguetes. — Tem uma horda indo na direção de terminus e vamos levá-los para o outro lado.

Eu olhei para os dois foguetes na minha mão e aos poucos ergui minha cabeça até o olhar, naquela hora não soube dizer se eu estava surpresa por saber que aquele desgraçado era membro do terminus ou se o olhava com desdém; eu não iria ajudá-lo a nada.

— Você é do Terminus?! — Arregalei meus olhos o olhando completamente surpresa. — Você...

Se ele era do Terminus e havia me "raptado", então Rick, Carl, Daryl e Michonne estavam em perigo e Martin iria me levar para lá depois que eu o ajudasse. Ai meu Deus por que isso tem que acontecer com a gente?

— Vamos logo! Estamos perdendo tempo! — Ele me segurou pelo braço novamente começando a me forçar a andar, forcei meus pés no chão mostrando resistência à ele e assim que ele me viu fazendo isso mostrou a faca que ele havia usado para cortar a corda na minha perna.

— Eu acho que não preciso repetir novamente o que vai acontecer com bebé se você não colaborar não é mesmo? Se você for uma garota esperta, vai fazer exatamente o que eu disser, se não, a menina morre e você me obedece mesmo assim!

Semicerrei meus olhos com raiva e sacudi meu braço para que ele me soltasse, comecei andar em direção a porta e quando sai precisei fechar meus olhos rapidamente por causa da claridade do sol. Quando meus olhos se acostumaram com ela os abri novamente e vi o mesmo carro de ontem parado a poucos metros da casa, não muito longe dele havia alguns corpos mortos de errantes pelo chão e havia um preso em uma árvore ainda vivo.

Martin me empurrou para que eu voltasse a andar novamente e eu o fiz, um a um dei os passos até que ele me disse para parar. Olhei para trás e estávamos ainda perto da casa, olhei para ele sem entender o porquê daquilo tudo e ele apenas pegou um dos foguetes da minha mão.

Ele colocou o foguete ao lado do seu pé e começou a cavar um buraco no chão, olhei em volta e o errante que estava amarrado começou a se agitar um pouco mais. Provavelmente por causa da nossa presença ali perto.

— Martin, na escuta? — A mesma voz daquela tal de Cynthia chamou por ele pelo walkie talk e Martin não demorou para respondê-la.

— O que foi? –Perguntou usando uma mão para continuar cavando.

— Contagem de dez minutos, se você se atrasar vai ficar sozinho, Martin! — Ele olhou para o céu por um segundo e voltou ao que estava fazendo, dessa vez já colocando o foguete dentro do buraco que cavou.

— Não precisa me dizer isso, eu sei me cuidar. — Falou se levantando e tornou a pegar a mala. — O Alex não sacou isso sabe, eu sabia que a moça da espada era encrenca. Parecia uma arma com uma arma!

Riu.

Michonne. Pensei ainda observando o que ele fazia, seja lá do que ele estava falando estava relacionado com o monte de tiros que eu havia escutado depois de que ele me trancou naquela casa.

— Ele sempre foi um desleixado. — A voz continuou a conversa.

— Eu falei pro Albert que queria ficar com o boné do garoto depois que sangrarem tudo.

Carl. Pensei espantada.

Ele estava distraído de novo, tinha mais uma chance de atacar ele. Aproveitei que ele estava novamente distraído demais para prestar alguma atenção em mim e soltei o foguete que eu ainda segurava, levantei a perna onde havia escondido a faca improvisada e rapidamente a tirei da minha bota. Assim que tornei a me levantar vi Carol e Tyreese vindo na minha direção, Carol pediu que eu fizesse silêncio e de forma sorrateira se aproximou de Martin deixando sua apontada para sua cabeça.

Enquanto Carol cuidava de Martin, Tyreese me ajudou cortando a corda dos meus punhos. Eu não sei bem como eu estava sorrindo, mas senti uma felicidade enorme em ver eles dois e fiquei ainda mais feliz por ver que eles estavam vivos também. Carol me olhou por um tempo como se estivesse assegurando que eu estava bem e logo voltou sua atenção para Martin.

— Somos amigos da moça com a espada e o garoto de boné. — Falou num tom firme com sua arma ainda apontada para ele.

— Olha só você não tem que fazer isso, a gente tem um lugar aqui onde todo mundo é bem vindo...

— Cala essa boca! — Tyreese o interrompeu com o mesmo tom firme que ele possuía na voz.

Martin fez um aceno com a cabeça e levantou as duas mãos deixando-as próximas de sua cabeça se mostrando estar rendido.

— Judith está dentro da casa. — Falei me virando para olhar Ty que estava ao meu lado.

— Eu cuido dele. Podem ir. — Carol falou sem tirar os olhos de Martin.

Tyreese e eu começamos a andar em direção a casa e assim que entramos a primeira coisa que ele fez foi tirar Judith de dentro daquele berço a abraçando rapidamente.

— Como veio parar aqui Ayla? — Ele me olhou preocupado.

— Eu estava com Rick e os outros, estávamos indo para o Terminus quando ele — Acenei com a cabeça indicando onde Martin estava. — Me pegou, não os vejo desde ontem e pelos tiros que ouvi alguma merda bem grande deve ter acontecido por lá!

Ty pareceu me olhar um pouco mais surpreso, seus olhos se arregalaram rapidamente e tornou a perguntar:

—  Você viu ou esteve com a Sasha depois que saiu da prisão?

— Não. — Respondi negando com a cabeça. — Só vi Carl, Rick, Michonne e Daryl depois da prisão. E é claro, vocês dois.

Tyreese pareceu ficar aflito com aquilo, Sasha era irmã dele e não saber se a irmã estava bem ou não era uma das piores incertezas que podia existir no mundo.

— Hey, Sasha está bem. — Falei sorrindo. — Ela é bem durona, está bem viva em algum lugar.

O irmão de Sasha passou a mão pelo meu cabelo o bagunçando um pouco e sorriu logo em seguida, abracei aquele homem super alto tentando deixá-lo um pouco menos nervoso quanto a segurança da irmã e Ty logo retribuiu me abraçando também.

Eu sabia como era aquilo, não ter certeza se a pessoa querida estava viva ou não. Mas era como eu havia dito a Carl dias atrás: O grupo dele era um dos mais fortes que eu já havia conhecido. Eu tinha certeza de que estavam todos bem e que iríamos encontrá-los novamente em breve.

Disso eu tinha total certeza.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo meus lindos!



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