O babaca do amigo do meu irmão 2ª temporada escrita por Lailla


Capítulo 5
O Natal das verdades


Notas iniciais do capítulo

Mais um, amores >.< Espero que gostem :D s2s2s2s2s2



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Todos nós iríamos para a casa de campo dos meus pais no dia 22. Eu me preparava mentalmente e emocionalmente para encarar meu pai. Esperava que ele fosse tão compreensível quando o pai de Micael foi. Mas eu já sabia que isso não ia acontecer.

Na primeira ultrassonografia do bebê, Micael sorria como uma criança. Abobado! Eu sorria por vê-lo daquele jeito. Eu estava com 10 semanas, e não dava pra saber o sexo do bebê ainda. Minha barriga já era um ovinho, eu estava com 3 meses. Às vezes quando tomava banho, ensaboava minha barriga sorrindo, fazendo carinho nela. Eu estava realmente feliz. Como a gente pode amar tanto uma pessoinha que nem nasceu ainda?

Micael me levou para a casa dos pais dele para um jantar. O pai dele é hilário e eu sempre gostei da mãe dele. Eles ficaram felizes por estarmos juntos. Disseram que sempre souberam que acabaríamos juntos. Ele não me pediu oficialmente em namoro, mas até eu sabia que estávamos juntos de fato.

Du estava ansioso por ir para o campo, Ellie estava feliz por passar o natal com a casa cheia, os pais delas eram divorciados e ela preferia passar o natal com a gente. Micael estava contente, mas também apreensivo por planejarmos contar aos meus pais que teríamos um bebê. Eu estava ansiosa, nervosa, vulnerável, sensível e simplesmente louca! Estava maluca! E tudo o que isso engloba! Realmente eu era uma covarde sem salvação. Eu estava com tanto medo que só faltava eu me borrar de verdade!

Eu estava arrumando as malas, tremendo. Já havia perdido a conta de quantas vezes Du gritou comigo pra parar de ficar nervosa. Poderia fazer mal ao bebê. Fechei a mala e suspirei com as mãos na cabeça. Micael pôs sua mala perto da porta e se aproximou, me abrando por trás.

– Relaxa. – Ele disse – Eu estou sentindo você tremer.

– É porque eu estou mesmo. – Disse nervosamente.

Ele cessou o abraço e tirou minha mala de cima da cama, pondo-a ao lado da dele. Foi até mim e me virou pra ficarmos frente a frente. Pôs meu cabelo pra trás dos ombros.

– Relaxa... – Ele cantarolou – Porque você está me deixando nervoso. E irritado.

Eu ri com a cara que ele fez. Ele me fez sentar na cama. Sorri, curiosa. Me beijou e fez com que eu deitasse. Se ajoelhou na cama pra continuar me beijando. Pôs a mão na minha coxa começando a subir meu vestido primavera.

– Isso é mesmo certo? – Perguntei enquanto ele me beijava.

– Como assim? – Ele cessou o beijo ofegante.

– Já dá pra ver um pouco a barriga, não acha estranho?

– Um pouco. – Ele torceu a expressão rindo – Mas queria aproveitar com você antes que não queira mais fazer.

Eu ri. Pelo menos naquele momento estava sendo totalmente o oposto! Ele riu e voltou a me beijar. Continuou a levantar meu vestido. Du apareceu de repente na porta.

– Fê, você já... Ah, meu Deus! – Ele gritou se assustando. Olhamos pra ele – Fecha a porta pelo menos, viado! – Ele bateu a porta – Coitado do bebê! Vocês não pensam nele não?! – Ele disse do lado de fora indo embora.

Nos entreolhamos e rimos. Voltamos a nos beijar e continuamos o que claramente pretendíamos fazer. Fiquei mais relaxada depois. Acho que era exatamente o propósito que Micael tinha.

Fomos jantar depois. Entramos na cozinha e Du nos fuzilava da mesa. Deixei escapar uma risada.

– Que houve?

– Vocês não prestam. – Ele disse. Sua expressão foi cômica.

– Que? – Ri.

– Ficam cutucando o bebê. Deixa ele quieto! – Ele resmungava franzindo a testa.

Ellie estava no fogão, e rindo muito. Du achava aquilo extremamente estranho. Jantamos e às vezes ele se tremia. Ficou traumatizado, coitado! Nós ríamos pela palhaçada e ele fazia o mesmo discurso, resmungando.

No dia seguinte começamos nossa “pequena” viagem ao fim do mundo. Aquele lugar não pegava nem sinal de celular! Só telefone com fio. Horas dentro no carro e eu, como sempre, estava irritada querendo esticar as pernas. Quando finalmente chegamos, eu respirava fundo pra sentir o ar puro. O lugar tinha tantas árvores que eu às vezes queria morar lá. A entrada tinha várias árvores cobrindo o terreno, como uma cerca viva, só que um muro. O grande portão era de madeira e estava aberto pra nós. Meus pais já sabiam que estávamos chegando. O caminho até o espaço para os carros era de pedras sendo o resto do lugar todo gramado. Simplesmente perfeito! Já víamos a casa. Ela tinha dois andares e ainda era linda demais. Era de uma cor clara e aconchegante.

Quando chegamos, minha mãe saía de dentro de casa sorrindo. Ouviu o barulho do carro. Eu usava uma legging preta confortável que chegava até minhas canelas, e uma blusa que Ellie me emprestou. Era com mangas curtas apenas justa no busto. Tinha um laço amarrado em volta da blusa logo abaixo do busto que deixava a parte de baixo mais larga. Perfeito disfarce até a hora certa.

Minha mãe abraçou Ellie e depois a mim, mas eu me empinei levemente para ela não sentir a barriga.

– Você está tão linda! – Ela sorria.

– E aí, tia? – Micael a abraçou, ela riu.

Du e ele se conhecem desde pequenos, e mesmo com 26 anos ele ainda não perdeu a mania de chamá-la de tia.

– Está lindo também! – Ela disse e se voltou pra Du – Foi muito difícil o caminho com esses dois?

Du sorriu e pôs o braço em volta dela.

– Você nem faz ideia. – Ele disse tentando não rir.

Entramos e minha mãe nos contava o que planejava preparar para o natal. A árvore já estava montada e era linda, bem verde e colorida pelos enfeites. Meu pai saiu do corredor que havia atrás da escada para o segundo andar. Nos fitou e abraçou Du. Novidade...

Ele abraçou Micael também e apenas beijou minha bochecha e a de Ellie. O inacessível de sempre! Ele se voltou para Du.

– Então? E a menina?

– Que menina? – Perguntei. Não sabia se menina nenhuma!

– Ah... – Du gaguejou envergonhado – Não é nada demais não. – Ele deu uma risadinha.

Meu pai sorriu pela provável safadeza do meu irmão. Revirei os olhos. Minha mãe começou a perguntar tudo o que houve nesses meses que não nos vimos pessoalmente. Contamos tudo, excluindo a parte da minha gravidez, claro. Enquanto conversávamos, meu pai me analisava. Comecei a ficar tensa. Ele estava me olhando muito, de cima a baixo.

Eu disfarçava minha preocupação rindo. Não sei o que eu fiz. De repente um gesto de encostar os braços no corpo, não lembro! Mas meu pai se aproximou de mim e levantou minha blusa. Eu exclamei nervosa pela ação e abaixei a blusa.

– Que porra é essa? – Ele perguntou franzindo a testa.

Olhava para ele, trêmula. Micael ficou preocupado. Não devia ter sido assim!

– Eu... – Gaguejava – Estou grávida.

– Eu percebi isso! – Ele exclamou irritado. Sua voz me assustou, parecia um trovão – De quem é?!

Eu tinha que responder, precisava responder logo! Mas não conseguia. Ele, em sua figura imponente e assustadora, me deixava nervosa e eu perdia qualquer habilidade de argumentar algo ou de sequer me comunicar!

– Pensei que soubesse pelo menos. – Ele disse, sério.

Perdi o ar, boquiaberta. Não acreditava que ele tinha falado aquilo!

– Claro que sei! – Disse, com o som mal saindo da minha boca.

Micael nos olhava, começando a ficar nervoso. Meus olhos estavam começando a ficar marejados. Ninguém estava acreditando que aquilo estava acontecendo, nem minha mãe! Ela estava visivelmente indignada com meu pai.

– Não acredito que engravidou e nem sabe de quem é!

– Eu já disse que sei! – Comecei a gritar.

– Então fala! – Ele gritou.

Cerrei os punhos de raiva. O encarava, estava furiosa.

– Você é uma mentirosa, irresponsável! Nem sabe quem é a porra do pai! – Ele gritava. A casa parecia estremecer.

As lagrimas caíram. Não acreditava que aquele ogro era meu pai! Ele suspirou passando a mão pelo cabelo grisalho.

– Não credito que minha filha é uma vadia. – Resmungou.

Aquilo foi a gota d’água. Comecei a chorar de vez, não conseguia expressar qualquer expressão. Deixei o ar escapar pensando “Nossa... Esse é o meu pai.”. Ele viu minha expressão. Tentou falar algo esticando o braço em minha direção, mas eu dei um tapa forte em sua mão e fui para as escadas.

– Você é um babaca! – Gritei e subi, sumindo da vista de todos.

Fui para o quarto que costumava ficar. Na sala, Ellie não acreditava naquilo. Tampava a boca com as mãos, estava com os olhos marejados. Du franzia a testa para meu pai, também não acreditando que ele disse aquilo. Micael olhava para ele. Andou alguns passos em sua direção e o encarou.

– Eu sou o pai. – Ele disse com as mãos nos bolsos.

Meu pai arregalou os olhos. Micael deu um sorriso meio sem graça e foi atrás de mim. Meu pai o fitava enquanto ele subia as escadas. Du tirou Ellie dali e minha mãe encarava meu pai, indignada. Cruzou os braços.

– Não acredito que disse aquilo. – Ela disse querendo chorar.

Ele a olhou sem conseguir falar uma palavra.

– Pensei que conhecesse sua própria filha.

– E você sabia por acaso? – Ele perguntou, sério.

– Eu percebi logo que ela chegou, palhaço! – Ela cochichou como se gritasse – Não disse nada porque Micael e ela nem chegaram a discutir! Estava esperando ela contar, mas nem isso você pôde fazer! Você é tão ignorante assim?!

Minha mãe o recriminou com o olhar por poucos segundos e foi para a cozinha. Ele passou a mão na testa, percebendo finalmente o que fez.

Eu estava no quarto, sentada na cama chorando com a mão na minha barriga. Tentava me acalmar pra não fazer nenhum mal ao bebê. A porta abriu e Micael entrou. Tombei a cabeça sorrindo, fiquei aliviada por ser ele.

Se sentou do meu lado e pôs o braço ao redor de mim. Chorei mais, ele me abraçou fazendo carinho no meu cabelo.

– Relaxa. – Ele dizia suavemente – Ele é desse jeito.

– Eu sei... – Disse com a voz embargada – Mas ele não precisava dizer aquilo. Pelo menos não em voz alta.

– Hein... Hein. – Ele disse calmamente pegando em meu rosto, fazendo com que eu o olhasse – Eu estou aqui com você, tá? Vai ficar tudo bem.

Assenti com a cabeça, tentando sorrir pra ele. Micael olhou pra minha barriga e pôs a mão nela fazendo carinho.

– Né, quando o menininho nascer vai ficar tudo bem. – Ele sorriu.

Eu ri, limpando as lágrimas.

– Vai ser menina.

Ele me olhou sorrindo. Esticou a mão. Eu a apertei. A aposta ainda estava de pé.

– Quer ir lá pra fora um pouco?

– Acho que eu vou ficar um pouquinho aqui. Tomar um banho ou sei lá...

– Quer companhia? – Ele sorriu.

Sorri, mordendo o lábio. Tomamos banho juntos. Apenas nos beijávamos. Micael me colocava contra a parede, beijando meu pescoço. Eu mordia o lábio enquanto apertava suas costas. No banho de verdade, ele me fazia rir enquanto me ensaboava. Mesmo não dizendo muito, e principalmente pela brincadeira da aposta, ele me consolava como ninguém!

Quando saímos, nossas malas já estavam no quarto. Du ou Ellie as puseram lá. Trocamos de roupa e fomos para fora. Caminhamos pelo gramado até escurecer. Como eu estava melhor e sabia que meu pai era grosseiro de nascença, o ignorei no jantar.

Estávamos eu e minha mãe lavando a louça. Minha mãe era gentil e tentava concertar tudo com seu sorriso doce. Ela era boa nisso.

– Então... – Ela cantarolou docemente – Como aconteceu?

Suspirei rindo. Já suspeitava que ela faria essa pergunta.

– Mais uma aventura.

Ela sorriu.

– Foi no casamento da Juliana. Não no casamento, claro. – Ri – Fomos pra casa e Du cismou em fazer margaritas. Bebemos demais e começamos brigar. Ele me derrubou no chão e eu corri atrás dele pra bater nele. No corredor rolou... Aquele clima.

Minha mãe riu.

– Mas você não tomou a pílula?

– Tomei. Mas o imbecil me fez o favor de pôr camarão no meu almoço pra me sacanear. A alergia atacou e eu tomei antialérgico. O médico disse que alguns antialérgicos tiram o efeito da pílula.

Ela riu.

– O que foi? – Perguntei quase rindo junto.

– Nada. – Ela cantarolou – Só estava pensando.

– Em que? – Apertei os olhos em sua direção já rindo.

Ela deixou escapar uma risada.

– É que... Às vezes quando as coisas têm que acontecer, elas simplesmente acontecem.

Sorri.

– “Nada acontece a menos que deva acontecer.” – Ela disse.

– Leu isso aonde? – Ri.

– Internet. – Ela riu.

– Olha. – Cantarolei rindo.

– Quantos meses?

– Três. – Sorri.

Ela pediu pra ver a barriga. Levantei a blusa e ela pôs a mão gentilmente. Sorriu, emocionada. Me abraçou me dando os parabéns. Eu sorri. Sabia exatamente que ela faria isso.

...

Micael e eu fomos dormir, mas no começo da madrugada acordei e fui beber água na cozinha. Ela tinha uma bancada retangular no centro, com alguns bancos. Me sentei em um deles e bebia a água. Olhei para o copo, segurando-o com as mãos. Não pensava em nada, parecia que tudo estava em seu lugar. Mesmo que não fosse totalmente verdade.

Ouvi um barulho e logo depois meu pai ligando a luz. O olhei. Ele me encarou surpreso.

– Acordada?

Balancei a cabeça olhando para meu copo, assentindo.

– Hum. – Ele abaixou o olhar – Também não consegui dormir.

Ele abriu a geladeira e pôs suco de maracujá no copo. Sentou no banco ao meu lado. Me senti incomodada.

– Então... – Ele tentava conversar – Micael, né. É irônico. Nunca imaginei que vocês fossem ficar mesmo juntos. Se bem que também nunca pensei que terminariam.

– Por quê? – Disse ainda olhando para o copo – Porque eu sou uma vadia?

Ele abaixou o olhar, cabisbaixo.

– Desculpe... Por isso.

Fiquei surpresa. Ele nunca me pediu desculpa na vida.

– Desculpe também... Por ter te chamado de babaca.

– Hum. Às vezes eu sou. – Ele tentou me fazer rir.

Eu não disse nada.

– Quantos meses?

– Três. – Disse friamente.

– Já sabe...?

– Ainda é muito cedo.

– Ah... Certo.

Eu olhava para o copo. Queria sair dali, mas não sabia como.

– Me perdoa? Por eu não ser o pai que você merece.

O olhei surpresa. O olhar dele parecia sincero. Igual ao olhar de Du quando fica triste e como o olhar de Micael quando me pede desculpa ou quer me fazer sorrir.

– Eu não devia ter te acusado daquele jeito. – Ele olhava para baixo. Me fitou – Às vezes esqueço que você é adulta. Parece que você ainda é aquela menininha de rabo de cavalo que corria pela casa pra bater em Micael quando ele arrancava a cabeça das suas bonecas. – Ele deixou escapar um sorriso.

Meus olhos marejaram. Ele nunca me disse aquilo antes.

– Queria ter sido um pai melhor pra você.

Virei o rosto abaixando a cabeça pra ele não me ver chorando, mas era impossível. Eu engolia a seco tentando não chorar.

– Eu devia ter te dado apoio quando aquele babaca terminou com você. Devia ter conversado mais com você. Te apoiado mais, em tudo. Nunca te dei os parabéns pela faculdade, pelo seu trabalho. Esqueci que você cresceu. Eu realmente não sei lidar com essas coisas.

Levantei chorando e o abracei.

– Eu já te perdoei... – Chorava – Só... Seja melhor com seu neto ou... Neta. – Sorri.

Ele me abraçou.

Ficamos abraçados por um tempo até eu me sentar de novo. Ele queria saber tudo. Desde como aconteceu até meus três meses de gestação. Contei tudo. E ele riu ao saber como a pílula falhou. “Tinha que ser Micael. Só faz merda.”. Meu pai sorria mais, parecia mais normal. Fiquei feliz por conversar com ele como pai e filha.

Já eram três da manhã quando fomos dormir. Ele beijou minha cabeça e foi para o corredor, o quarto deles era no primeiro andar. Passei pelos primeiros quartos e escutei algo. Parei, torcendo a expressão. Eram gemidos. Recuei com passos cômicos. Olhei a porta, era o quarto de Du! Encostei a orelha na porta e confirmei o que achava. Recuei assustada com as mãos na boca. Pensei que ele estava se masturbando! Mas olhei para o lado e vi a porta do quarto ao lado com uma considerável brecha aberta. Abri a porta lentamente. A cama estava desarrumada, mas não tinha ninguém. Vi as malas de Ellie e arregalei os olhos. Não! Ela estava no banheiro, tinha que estar! Fui até ele, mas estava vazio. “Puta que pariu! Não acredito!”, exclamei dentro da minha cabeça.

Voltei e encostei a orelha na porta de novo. Os gemidos pararam, agora havia risadinhas. Olhei pela fechadura com uma expressão engraçada. Ela era daquele tipo antiga, grande. Não vi muita coisa, porém dois pares de pernas se mexendo debaixo dos lenções. Que safada! Nem me contou!

– Safada... – Cochichei tentando enxergar mais.

– O que você está fazendo?

Dei um pulo pra trás e vi Micael de cueca.

– Que houve? – Ele esfregava os olhos.

Pus a mão na boca dele rápido e o puxei pra dentro do nosso quarto, fechando a porta lentamente pra não fazer barulho. O afastei da porta. Ele tirou minha mão da sua boca.

– Tá maluca?

– Shhhh!!!

– Que é, garota? – Ele começou a cochichar. Finalmente!

– Du...! Ellie! – Gesticulava como maluca.

Micael não entendeu nada!

– Transando! – Cochichei como se gritasse.

Ele arregalou os olhos querendo rir. Foi para a porta, eu o segurei.

– O que vai fazer?! – Cochichei.

– Pegá-los no flagra!

– Tá maluco?! – Exclamei cochichando – Se você fizer barulho ou eles gritarem, minha mãe mata o Du! E eu não tenho certeza se é ela!

– Quem mais pode ser?! – Ele cochichava – Ela é a única mulher solteira aqui. E ele nem teve tempo de ver as vizinhas! Que ficam há quilômetros daqui!

Quis rir, mas me controlei.

– Não faz nada! – Cochichei como se gritasse – Espera a gente ir pra casa!

– Vai demorar! – Ele tentou abrir a porta.

Eu o puxei pra trás, fechando-a. Escorei na porta pra ele não abrir. Mas ele era mais forte que eu, claro!

– Se você não for lá eu faço o que você quiser! – Disse sem pensar.

Ele parou e me olhou lentamente, abrindo um sorriso malicioso. Merda! Micael me pegou no colo e me pôs na cama. Tirou minha roupa quase que bruscamente. Começou a me beijar com a mão no meu peito. Que Tarado! Ele me pôs em cima dele, disse que tinha medo de amassar o bebê. Tentei rir baixo. Adormecemos logo depois.

...

Micael e eu passamos todo o dia seguinte tentando flagrar algo de suspeito entre Du e Ellie. Nada. Eles são bons! Safados! No dia 24, minha mãe, eu e Ellie passamos o dia na cozinha. Eu finalmente tinha aprendido a cozinhar e não queimava mais a comida. Micael deu graças a Deus por isso! Literalmente...

Minha mãe e Ellie fizeram: vitela com batatas assadas, pernil, risoto de camarão e frango já que eu tenho alergia a camarão, salpicão, maionese, salada. Eu fiz torta de limão, bolo merengue de morango, que Ellie me ajudou a decorar se não ficaria horroroso. E também torta de chocolate e avelã! Que modéstia parte, ficou perfeita! Elas não me deixaram fazer muita coisa por causa do bebê. Fiquei irritada. Estava grávida, e não aleijada!

Na ceia, eu comi uns dois pedaços de torta de limão. Amo demais! Ia comer a terceira, mas Micael ficou me perturbando falando que o bebê ia nascer azedo. Comi um pouco de risoto e vitela, fora o salpicão. Eles estavam levando a sério a história de que eu estava comendo por dois. Mas é que eu era gulosa mesmo! Principalmente na ceia de natal. Fala sério, tanta coisa gostosa pra comer e eu tenho que me segurar?! Todo natal eu fazia isso, não sei por que eles pensaram que agora era por causa do bebê.

Naquela noite eu fiquei tão cheia que nem fui bisbilhotar o quarto de Du pra saber se Ellie estava lá. Na manhã seguinte ele pegou as panelas da minha mãe e começou a batê-las. Ela quase bateu nele com a vassoura. Mas só ficou correndo atrás dele pela casa. Ele dava gargalhadas enquanto corria e a gente assistia da escada, rindo.

Quando descemos vimos a árvore de natal cheia de pacotes de presente. Micael, Ellie e eu nos entreolhamos, sorrindo como crianças. Minha mãe pediu pra gente sentar no chão e começou a distribuir os pacotes. Du ganhou um tênis novo, Ellie um colar lindo, meu pai um pijama novo que devo admitir ser muito estiloso, minha mãe um pequeno cavalo de cristal. Ela ficou emocionada, meu pai que deu a ela. Micael ganhou roupas novas e uma bola de futebol. Eu dei a bola, ele ama futebol. Foi engraçada a reação dele, me abraçou quase me deitando no chão. Eu ganhei roupas novas. Amei todas, demais! Mesmo sabendo que não ia poder usá-las por muito tempo. Micael me deu um colar lindo! Tinha um pingente dourado em forma de coração, com um pequeno laço no topo de seu lado direito. Ele tinha pezinhos de bebê vazados no coração. Pus a mão na boca, emocionada, era maravilhoso! O abracei, agradecendo. Ele pôs o colar no meu pescoço. Eu sorria o tempo todo, corando.

Os presentes pareciam ter acabado, mas Du olhou pra árvore e franziu a testa em dúvida.

– Ainda tem um. – Ele disse.

– Tem? – Meu pai perguntou com um meio sorriso.

Ele levantou e foi até a árvore, pegando o pacote. Leu o cartão e nos deu o pacote. Micael o pegou em dúvida. Me olhou sorrindo. O cartão tinha nossos nomes. Minha mãe sorria pra nós. Meu pai se sentou ao seu lado e pôs o braço em volta dela. Abrimos o pacote e eu quase chorei. Era uma roupinha de bebê. Um macacãozinho branco escrito “Eu amo papai e mamãe” com um coração vermelho ao lado da frase.

– Comprei branco porque vocês ainda não sabem se é menino ou menina...

Levantei o abraçando, interrompendo-o. Não acredito que ele fez isso!

– Te amo. – Murmurei.

Ele sorriu, me abraçando. Não imaginei que ele faria isso tão cedo!

– Por isso que você sumiu ontem, né. – Du disse, sorrindo. Meu pai sorriu envergonhado.

Eu morria de medo pelo natal que passaríamos todos juntos, mas acabou ficando tudo bem mesmo. Sorria para Micael, feliz por ele estar certo. Aquele foi o melhor natal que já tivemos!


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