Diga Adeus à Inocência escrita por Mahfics


Capítulo 42
10.




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– Quer entrar ou a polícia está te procurando pela fuga? – seguro o vaso com uma mão e abro mais a porta.

– Acho que posso entrar. – um pequeno sorriso de canto enfeita seu rosto.

Entro e trombo com minha mãe.

– Que flores lindas! – ela toca gentilmente um das pétalas aveludadas – Quer que eu guarde pra você?

– Por favor. – entrego o vaso a ela e volto-me para Malic – Pode me entregar a bituca. – estendo a mão.

Ele ergue uma sobrancelha.

– Anda. – apresso-o e ele deposita o pequeno cano letal amassado em minha mão. Vou até o banheiro e jogo-o no lixo.

– Eu e seu pai estamos de saída. – minha mãe avisa indo para a escada da garagem.

Franzo o cenho.

– Você não falou que ia sair. – inclino a cabeça.

– Acabou de surgir umas coisas. – ela mostra o celular - Qualquer coisa me liga.

– Não acho uma boa deixá-la sozinha com ele. – meu pai resmunga baixo, mas não o suficiente para evitar que nós escutemos.

Mamãe sorri amarelo e desce as escadas o empurrando.

– Você está bem? – ele pergunta, baixo.

Suspiro.

– Defina bem. – murmuro.

– Vi a reportagem sobre o... – ele limpa a garganta – Pensei em você e fiquei preocupado, tentei te chamar, mas parece que você me bloqueou.

Mordo o lábio inferior.

– Quanto a isso, sinto muito, estava bêbada esse dia e acabei escrevendo merda. – cruzo meus braços atrás das costas.

– Agradeço por ter falado aquilo. – ele suspira – De certa forma você abriu meus olhos e por isso estou aqui.

– Não vai mais se casar, então? – inclino o corpo um pouco para frente e depois para trás. Em um singelo balanço.

Ele passa a mão no cabelo e respira fundo.

– Seria um porre me casar com ela. Não sinto nada, nem a acho tão bonita assim.

– Você quer sentar? – aponto para o sofá.

– Não, estou bem. – encaramos a janela quando escutamos o portão fechar e anunciar que meus pais saíram – Sabe, quando minha mãe era uma boa pessoa, ela costumava me falar que o casamento é a união sólida de duas pessoas apaixonadas, é o amor em sua forma física. Não há amor entre eu e ela, posso falar em um grande e odioso abismo, mas não em amor.

Dou um sorriso terno, acompanhando seu raciocínio.

– Abri meus olhos e percebi a bosta que estava fazendo. Confesso que demorou alguns dias pra eu enxergar, só que depois que falei com você, isso ficou martelando na minha cabeça até hoje, um pouco antes do casamento e eu fiquei em pânico. Não estou pronto para ficar adulto, ficar sério e eu sabia que se colocasse aquela aliança, automaticamente, teria que entrar em um papel que não é pra mim, ainda. – ele desabotoa o primeiro botão do colarinho – Não podia fazer aquilo e se fizesse, seria o maior dos cretinos. A Helen merece alguém que quer estar do lado dela de verdade.

– Acho admirável o que fez. – sorrio – Mas e quanto ao seu pai?

– Bom, entrei com um pedido na justiça e já tenho um advogado no caso. – ele dá de ombros – Obviamente, meu pai vai voltar atrás para evitar dor de cabeça.

– E a pensão?

– Quanto a isso... – ele suspira – Meu irmão mudou para os Estados Unidos há alguns meses atrás, então estou indo pra lá. Assim não irão me encontrar pra entrar com o pedido de pensão e sabe pra quem irá cair tudo?

– Pro seu pai. – concluo.

– Menina esperta. – ele me lança uma piscadela.

Desvio o olhar e sinto minhas bochechas esquentarem.

– Bom – respiro fundo -, parece que você ajeitou a sua vida, então.

– Graças a Deus. – ele respira fundo, forte. – Iria viver em um inferno.

– Fico feliz por você. – estico o braço e toco seu ombro, apertando-o levemente. Apenas o ato de tocá-lo faz meu coração disparar.

Ficamos em silêncio, apenas nos encarando.

É então que reparo, com certo espanto, que nunca irei superá-lo. Posso até arriscar dizer que o Malic foi o primeiro amor verdadeiro da minha vida, mesmo com nossas divergências e comportamentos diferentes, foi com ele que tive as melhores sensações e os sorriso mais sinceros. Ele me encantou desde que o conheci naquela trilha e, com certeza, irá marcar minha vida para sempre, em todos os sentidos. Logo, não há jeito de apagá-lo de minha mente e fingir que nunca o conheci – como fiz com os outros que mantive um relacionamento -, Malic será meu demônio em pele de príncipe encantado.

– Gostei do seu cabelo. – ele quebra o silêncio entre nós.

– Obrigada. – passo os dentes por meu lábio inferior no meio de um sorriso – Quis dar uma mudada na minha vida.

– Bem, você conseguiu.

Desvio o olhar para o chão e reparo que ainda estou tocando seu ombro. Recolho o braço.

– Quer beber alguma coisa?

– Você quer beber alguma coisa?

Sei que ele não gosta de beber cerveja, muito menos eu, oferecer refrigerante será meio brochante. Só se...

– Você quer tomar vinho? – mordisco a unha do meu dedão.

– Se você for tomar...– ele dá de ombros.

Não respondo. Dirigi-me para a cozinha e pego uma garrafa qualquer da pequena adega de meu pai. Vasculho pelo abridor nas gavetas. Enfio-o na rolha, mas não tenho força o suficiente para puxá-lo de volta.

– Merda. – sussurro.

Escuto os seus passo se aproximarem, meu coração dispara novamente, porém evito encará-lo. Finjo que não o escutei e continuo concentrada na garrafa.

– Um pouco mais de força. – suas mãos envolvem as minhas e seu corpo pressiona o meu contra a pia. Um arrepio percorre meu corpo.

E como ele disse, com um pouco mais de força conseguimos abrir a garrafa. Posso sentir sua respiração perto de meu pescoço e isso me causa calafrios.

– Minha nossa – sussurro me afastando dele -, vou pegar as taças. – me recomponho.

Caminho para o armário regulando minha respiração.

– O que mais tem feito? – puxo assunto.

– Tenho tentado me curar do vício.

Ergo uma sobrancelha e o encaro.

– Mas você estava fumando.

– Me refiro a você.

Por sorte, minhas mãos seguravam as taças com força, se não elas seriam apenas cacos de vidro espalhados pelo chão, assim como meu coração.

– Conheci outra pessoa. – comento.

Seus lábios se transformam em uma linha rígida e ele meneia a cabeça positivamente, de forma lenta.

– Heitor. – me aproximo novamente.

– Heitor. – ele ecoa – Acabo de começar a odiar esse nome.

Abaixo o olhar para a garrafa.

– Mas talvez não te mereça mesmo. – ele comenta.

– Por que acha isso? – o tom de exasperação me assusta e me faz limpar a garganta – Digo, talvez esteja certo.

Ele ergue uma sobrancelha.

Encho as taças e ignoro seu olhar pesado. Minhas pernas estão bambas. Pego minha taça e a garrafa.

– Vamos para o meu quarto. – digo saindo.

Tê-lo andando atrás de mim é uma experiência exasperante, parece que a qualquer momento ele pode me atacar e isso faz meu corpo arrepiar e meu coração querer sair pela boca. Abro a porta do quarto e o deixo passar primeiro.

– Gosto mais desse. – ele comenta se sentando na beirada de minha cama.

– Também. – sorrio e deixo a garrafa na minha escrivaninha. Sento ao seu lado e contorno a boca da taça com o indicador – Quando pretende ir?

– Semana que vem.

– Irá voltar? – encaro-o e dou um gole na bebida.

– Se eu tiver motivo para voltar.

Seus olhos queimam os meus e tenho uma sensação de sufocamento. Umedeço meus lábios e respiro fundo, levantando da cama e indo até a janela – seus olhos me acompanham a todo instante.

Não consigo fazer isso. Não tem como ficar perto dele sem ser bombardeada de sentimentos extintos, nem Heitor me faz sentir isso. Isso tem que acabar, principalmente pelo Heitor, ele não merece isso.

– A vida é estranha, não é? – sussurro – Quando achamos que estamos por cima, ela nos joga para baixo.

– Apenas se você deixar que ela faça isso. – ele discorda.

E como evitar? Respiro fundo.

– Isso está me enlouquecendo. –encosto a cabeça no vidro – Não sou forte o suficiente para evitar o tombo.

Sua mão toca meu ombro.

– Não sou forte o suficiente para enfrentá-lo. – murmuro.

Ele não diz nada, seu único ato é me abraçar, enlaçando minha cintura com seus braços. Permaneço estática diante de seu comrpotamento. Sua testa encosta em minha cabeça.

– Talvez não sozinha. – ele sussurra – Mas posso ficar ao seu lado para ajudar.

Contraio os lábios em uma linha rígida.

– Você estava aqui quando quase me joguei pela janela? Não. Estava aqui quando tive minhas crises de pânico? Não. Estava comigo quando ele me telefonou? Não. – viro para encará-lo – Você não estava.

Ele trinca o maxilar.

– Não me iluda com suas palavras, não sou mais idiota.

As pontas de seus dedos tocam em minha bochecha e a afagam de leve.

– Minha ausência não significa minha vontade. – ele sussurra – Em momentos de pura loucura o rosto de Helen se transformava no seu, podia escutar sua voz no apartamento e até sentir seu toque. Era insuportável lembrar de você e não poder vê-la, além do ódio que me consumia em lembrar do seu beijo em Matthew. Se você queria me atingir com aquilo... Acabou me matando.

Ergo a mão e espalmo seu rosto, acariciando sua bochecha com o dedão, ele inclina a cabeça para ter mais contato com minha mão e fecha os olhos.

– É mais difícil do que eu pensei parar de amar alguém. – ele sussurra.

– Não pare de me amar. – peço, sôfrega – Por favor.

– Que pedido egoísta. – ele comenta com amargura.

Meu peito dói e posso entender o que ele quis dizer, infelizmente. Levo minha mão um pouco mais para trás e acaricio os cabelos de sua nuca. Entreabro os lábios e mantenho minha respiração regularizada. Não é egoísta se for reciproco.

Fico na ponta dos pés e aperto seus lábios contra os meus, fecho os olhos e permito aproximar mais meu corpo do dele. Abro um pouco mais os lábios e isso aprofunda mais o beijo. Suas mãos sabem onde tocar em meu corpo e fazem isso com uma experiência excêntrica, me fazendo arfar em seus lábios. Ainda seguro a taça e quase a derrubo.

– Me dê isso. – ele a tira de minha mão e coloca na escrivaninha ao nosso lado.

Sorrio.

Antes que ele possa se aproximar de novo, pego em sua mão e o guio para a cama. Ajoelho no colchão e ergo os braços, abraçando seu pescoço, ele coloca primeiro um joelho e se inclina sobre mim. Sento e me arrasto cama acima, ainda depositando leves selinhos em seus macios lábios. Ele senta e cruza as pernas, me puxando para seu colo. Endireito o corpo e aperto meu peito contra o seu, coloco mais força no aperto de minhas pernas em sua cintura e o faço ofegar em meus lábios. Ele se remexe.

– Essa calça está me incomodando. – ele comenta em meus lábios.

Sorrio.

– Em qual sentido? – provoco.

– Em todos os possíveis. – ele se remexa mais uma vez – Preciso tirá-la. – ele me retira de seu colo. Rio e deito na calma, estico os braços.

Posso escutar o zíper ser aberto, me apoio nos cotovelos para observá-lo.

– Cueca vermelha? – inclino a cabeça – Que sexy. – rio.

Ele sorri.

– Sou uma pessoa muito excitação. – ele se aproxima novamente. Observo cada movimento seu e anseio que ele chegue logo a cama novamente, porém ele parece demorar propositalmente.

Seus joelhos fazem a cama balançar, não perco o contato visual. Ele se posiciona entre minhas pernas e dá um sorriso presunçoso, passa a mão por minha cintura e me puxa. Ofego com o choque dos corpos e passo minhas pernas por sua cintura. Nossos rostos estão a centímetros de distância.

Os olhos amarelos são os enigmas da minha vida.

– Eu te amo. – sussurro e o beijo, sem lhe dar tempo de responder.

Sua língua toca em meus lábios e dessa vez não abro mais os lábios por educação, abro por pura vontade de ter mais. Aperto mais meu corpo contra o seu assim como minhas pernas envolta de seu corpo. Suas mãos passeiam por meu corpo com confiança e firmeza, fazendo-me ofegar só de tê-las me tocando. Então seu toque firme aperta minhas nádegas e me empurra mais contra sua cintura, é inevitável segurar o gemido e acabo partindo o beijo.

– Você já sabe minha resposta. – ele sussurra de volta.

Sorrio mordendo o lábio inferior e remexo o quadril, automaticamente, ele morde o lábio inferior com força – deixando-o branco -, e segura minha cintura, mantendo-me parada.

Ele ergue o corpo e me deita na cama, continuo com as pernas envolta de seu corpo e o puxo para mais perto.

– Vamos com calma. – ele sussurra em meu ouvido.

– Não quero calma. – busco por seus lábios.

Seus dentes raspam em meu maxilar.

Malic deita, meio lateralmente e me faz soltar as pernas de sua cintura. Seus lábios tocam os meus novamente, passo minha perna direita por sua cintura e me aproximo mais. Sua mão desliza por minha coxa, onde deposita um forte aperto e então sobe para minha cintura – alterando os contatos ali e em na coxa. Passo meus dedos pela barra de sua camisa e arranho sua cintura, sentindo se remexer.

Estava com saudade de seu corpo, de seu cheiro, de seus beijos e principalmente, dele.

– Você emagreceu. – ele envolve meu seio em sua mão e o aperta, arqueio o corpo e arfo – Seu seio está menor.

Rio e afasto sua mão.

– Não é a melhor hora para falar de educação alimentar. – resmungo.

– Educação alimentar é pra pessoas que comem – ele replica-, o que não é seu caso.

Reviro os olhos.

– Prometo comer direito. – passo o dedo por seu lábio.

Ficamos em silêncio. Passo a mão por cima de sua camisa social e suspiro, a cinco horas daqui uma noiva foi deixada no altar. Minha mão para no elástico de sua cueca.

– É uma cueca muito sexy. – repito, sorrindo. Malic ri.

– Você – seu tom de voz fica sério -, promete que nunca mais tentará suicídio?

Engulo seco.

– Foi apenas uma vez. – murmuro.

– Você promete? – ele insisti.

– Prometo. – garanto.

Suspiro. Lembro-me de sua viajem e isso faz um aperto espremer meu peito.

– Posso ser seu motivo? – encaro-o – Para voltar.

– De certa forma, você sempre foi meu motivo. – ele sussurra – Além do mais, alguém precisa vir certificar que você está comendo.

Rio.

– Sabe, estou com fome. – comento.

Ele ergue uma sobrancelha.

– Mas de outra coisa. – concluo e puxo o elástico de sua cueca, vendo-o sorrir lascivamente.

– Tão ávida, Angel.

Sorrio e seus lábios não deixam eu replicar qualquer asneira. Impulsiono o quadril e o faço virar, ficando por cima.

– O que está fazendo? – ele passa a mão para dentro de minha blusa e espalma minhas costas.

– Preparando meu jantar. – sorrio lascivamente e ele ergue uma sobrancelha.

– Uma nova versão do conto. – ele sussurra e arqueia o corpo quando eu remexo meu quadril contra sua cintura, apenas o provocando.

– Conto? – ergo uma sobrancelha.

Sua respiração está entrecortada.

– O correto seria o Lobo Mau devorar a Chapeuzinho e não o contrário. – suas mãos alcançam meus seios, ofego e sorrio.

– Sinto muito, Lobo Mau – desabotoo os botões de sua camisa -, mas hoje você será o docinho que levo em minha cesta. – sussurro e inclino o corpo, me apoiando em seu peito e rebolando contra sua cintura. Entro na brincadeira.

– Minha nossa, Chapeuzinho. – ele ofega – Quem está com pressa agora sou eu.

Sorrio e mordo o lóbulo de sua orelha.

– Calma, senhor Lobo, os lenhadores já foram embora. – ofego ao sentir suas mãos dentro de minha calça, apertando minhas coxas e nádegas – Você é todo meu agora.


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