Diga Adeus à Inocência escrita por Mahfics


Capítulo 32
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

Comunicado importante: Resolvi dividir a história em duas partes. Calma. Dividir em duas partes significa que ela continua sendo Diga Adeus à Inocência, só que em parte I e parte II, então esse capítulo aqui é o final da primeira parte, okay? Vou continuar postando a segunda parte aqui mesmo e ela terá um subtítulo: "Saudar a Crueldade".



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/622472/chapter/32

– Você quer nadar um pouco? – ele sugere, retirando a camisa.

– Por mim. – dou de ombros e passo a mão no rosto, sorrindo.

Ele entra na água primeiro que eu e caminha para o fundo, na direção da queda d’água. Sei que essa água é gelada e custo a tomar coragem para entrar. Encaro um pouco o balanço singelo das folhas das árvores e respiro fundo. É difícil acreditar que acabou, que não haverá mais mortes, que não haverá mais lobo, que não haverá mais nada.

– Não vai vir? – Matthew grita.

Sorrio.

– Já estou indo. – termino de retirar minha calça e os sapatos.

Entro na água aos poucos, experimentando a sensação gélida da água em contato com minha pele. Fico arrepiada e abraço meu corpo, prendo minha respiração por alguns segundos e vou adentrando na pequena cachoeira. Ofego e paro por uns instantes.

– Está muito frio! – rio – Meu senhor.

Ele ri.

– Você é muito fraca. – ele bate a mão na água e me molha.

Encolho-me e perco o ar. Grito e revido, batendo na água e assim ficamos; duas crianças brincando no verão. Ficar com o Matthew me faz esquecer do mundo, ficar aqui me faz esquecer da cidade e da minha vida. Aqui o remorso não pode me alcançar.

***

Deixo Matthew em sua casa no entardecer e sigo para a minha. Vovó me espera na varanda, falando com uma repórter. Contraio os lábios amargamente, não quero falar com ninguém. Estaciono o carro e demoro um tempo para descer, encarando-as conversar.

– Bianca. – ela me chama assim que saio – Essa moça quer conversar com você.

– Não quero falar com ninguém. – digo, seca.

– Por favor, querida, essa é diferente das outras. – ela insisti.

A repórter me encara com um sorriso dócil no rosto.

– Prometo não ser muito invasiva. – ela garante.

Hesito por alguns segundos.

– Será rápido?

Ela meneia a cabeça positivamente, sorrindo abertamente.

– Entrem. – vovó abre a porta e nos dá passagem.

Vamos direto para a cozinha, onde fazemos a entrevista na mesa de jantar com direito a café e bolo. Ela faz uma série de perguntas e grava toda a entrevista com seu celular.

– Você seria capaz de descrever como foi o olhar de Jonas no beco?

Encaro a madeira. Como foi o olhar?

– Pesado, mortal, perturbador. Era como se ele estivesse ao meu lado, pronto para me apunhalar pelas costas, fiquei completamente paralisada, não consegui reagir. Se ele tivesse a intenção de me matar, teria feito ali mesmo. – digo, mansamente. Lembro-me do ocorrido como se estivesse acontecendo na minha frente neste exato momento, ainda sou capaz de me lembrar na mulher morrendo em meus braços.

– E como foi encará-lo atrás das grades? Ele manteve esse olhar paralisador? – ela ergue uma sobrancelha, sugestivamente.

Mordisco a unha do dedão. Materializo seu rosto na minha frente, sua voz e seu sorriso. Posso reviver todos os instantes daquele encontro.

– Não. – franzo o cenho ao chegar nessa conclusão – Seu olhar, agora, era assustado, inocente, confuso. Como um cão próximo da eutanásia. Era um olhar fraco e desesperado.

Era o olhar de uma pessoa com medo, de uma pessoa inocente. De uma pessoa que jamais seria capaz de matar outro alguém, de uma pessoa tímida na beira de um conflito interno. Era o reflexo de seu pânico. Como se ele nunca tivesse sido o homem daquele beco que estrangulou a mulher. Arregalo os olhos. E se Jonas não for o Lobo Mau? E se ele ainda estiver por aí?! Apenas esperando para aparecer de novo? E se ele estiver esperando a poeira baixar para o seu grand finale? Eu serei seu grand finale! Jonas pode ser apenas mais uma peça do tabuleiro de seu jogo, ele pode ter sido manipulado a fazer isso, pode estar encobertando o verdadeiro assassino como um ato solidário de alguém que é tímido e fraco demais para resistir a manipulação de alguém do nível desse assassino. Ai meu Deus, ele está vindo atrás de mim!

Levanto da mesa de repente e começo a tremer.

– Vó, você precisa me ajudar. – balbucio – Ele está vindo atrás de mim!

As duas arregalam os olhos e me encaram, confusas.

– Vó, o Jonas não é o assassino. – finco os dedos em meu cabelo e começo a chorar – Ele ainda está aqui, ele está vindo atrás de mim!

Minhas mãos tremem e meu choro é compulsório. Ele está lá fora, me observando e rindo de todos nós. Claro que sim! Ele sabe o que está fazendo e nunca deixaria ser pego se não quisesse isso, ele está manipulando a todos nós. Não consigo respirar. Ele vai voltar, vai voltar para acabar com tudo e como Jonas disse, eu sou a próxima. Meu Deus.

– Bianca, se controle – minha vó se aproxima.

– Não! – grito – Ele está vindo e eu sei disso! Por que você não acredita em mim?!

– Eu acredito. – ela diz, baixo e manso – Mas você precisa se acalmar um pouco.

Grito em meio ao meu choro e sento no chão.

– Ele está la fora vó, ele está vendo tudo isso. – balbucio – Preciso ir embora, senão ele irá me pegar.

– O Jonas está preso. – ela sussurra ajoelhando ao meu lado – Não há ninguém lá fora.

– Todos têm medo do Lobo Mau. – sussurro – Ninguém pode ver o lobo antes do ataque.

– Bianca. – ela toca em minhas costas – Não entendi o que você disse.

– Ele virá. Ele também está aqui. Ele virá me pegar. – encaro-a – Preciso fugir.

– Você não precisa fugir. – ela sorri docemente e me encara ternamente.

Ela está me enganando. Claro que está. Ela está ajudando ele a me pegar, ela é amiga dele, me deixará morrer. Não posso confiar em ninguém. Ele pode ser qualquer um, qualquer um, qualquer um. Todos aqui são suspeitos.

– Acho melhor eu ir indo. – a repórter fala, cautelosa.

Minha vó meneia a cabeça.

– Não! – grito em súplica – Não me deixe aqui com ela.

Vovó suspira e levanta.

– Depois que ela o viu no beco, sempre fica alucinando desse jeito quando fala no assunto. – ela diz, cansada – Irei pegar a injeção.

Preciso trancar todas as portas. Ele está chegando, chegando, chegando,

Levanto e corro na direção da porta, mas a repórter me segura firmemente e grita para a minha vó.

– Ele está vindo! – esperneio – Vocês precisam me deixar fugir! Ele está chegando!

– Pelo amor de Deus, Bianca, não tem ninguém chegando. – vovó se aproxima de mim.

– Não! – grito e começo a chorar – Eu sei que ele está.

Sinto uma picada em meu pescoço, tento afastar meu corpo do objeto intruso em minha carne, mas a mulher me segura com firmeza. Por que elas me não deixam trancar a porta? Ele está chegando... Precisam trancar a porta para ele não entrar.

A mulher me solta aos poucos e me deixa sentada no chão, vovó a acompanha até a porta. Elas trocam poucas palavras e vovó parece envergonhada. Tento falar alguma coisa, mais minha boca está mole e pesada, meu cérebro lento demais para processar alguma coisa, então permaneço muda.

– Minha pobre menina. – ela diz se aproximando de mim – Vamos cuidar de você.

Minhas pálpebras estão pesadas. Forço a vista para permanecer de olhos abertos, mas minha visão está turva demais para ter um foque.

Está escuro quando abro os olhos. Estou em meu quarto. Abraço os meus joelhos e repasso o acontecimento de hoje mais cedo. Isso tudo está me deixando louca. Como pude pensar que Jonas não é o Lobo Mau? Onde estava com a cabeça? É claro que ele é o Lobo Mau. É ilógico negar, foi comprovado que ele matou aquelas meninas e ele admitiu – creio que não seria manipulável o bastante para assumir o crime de outra pessoa, por favor, quem seria capaz disso? Por mais que existem pessoas de cabeça fraca, todos nós somos seres pensantes.

Coitada da minha vó, o que ela vai pensar de mim agora? O que a moça da revista vai achar? Fiz papel de louca. Talvez elas acham que esteja na hora de me internar em um manicômio e me abandonar lá. Meu Deus. Ainda não acredito que fiz aquela cena toda por pânico.

Algo quente escorre por minhas pernas. Afasto o coberto e noto que minha calça está manchada de sangue... Minha menstruação desceu. Saio da cama, pego um pijama e vou para o banheiro. Tomo um banho demorado e uso isso para relaxar um pouco. Depois que me troco, vou para o quarto de minha vó e deito ao seu lado. Ela acorda e me encara, acaricia o meu rosto e volta a dormir. Continuo encolhida ao seu lado.

De manhã tudo melhorou, eu estava mais disposta a sorrir e a conversar, e minha vó disposta a não comentar com ninguém o que aconteceu ontem, chegamos à conclusão que foi uma crise de pânico e que agora, depois da prisão dele, eu não sofreria mais disso. Mesmo assim ainda me preocupe com a repórter, ela viu tudo e, com certeza, ficou assustada. Tenho vergonha em pensar nela e no ocorrido.

Resolvi ir para a faculdade hoje e espairecer um pouco, continuar nessa depressão dentro de casa não vai melhorar o meu estado de espírito e mesmo sabendo que vou enfrentar terríveis aulas, ainda prefiro ir para lá e conversar com as meninas. E também estou feliz hoje, minha menstruação desceu e isso significa que não tenho que esperar nada acontecer daqui nove meses, continuo sendo eu mesma.

A cidade está voltando ao normal, mesmo o movimento de turistas ainda ser grande. Villa Lobos não é um vilarejo muito conhecido e só ganhou notoriedade pela faculdade e agora, pelo seu lobo mau.

O estacionamento está com algumas vagas disponíveis e isso é ótimo – odeio ficar parando longe daqui e depois ter que andar sozinha à noite para encontrar o carro nessas vielas. Pego minhas coisas e vou para o pátio principal. Todos estavam sentados no mesmo lugar de sempre, mas havia uma mudança: a namorada de Juliana ocupava o lugar da Camila e o lugar do Jonas nunca parece ter existido.

– A revista vai ficar pronta semana que vem. – Rafael anuncia enquanto me aproximo – E temos mais alguns ensaios para outras.

– Pois é, a desgraça de um é a vitória do outro. – Juliana diz, amargamente.

– Oi. – cumprimento-os quando fico perto o suficiente.

Eles cumprimentam de volta, mas nenhum muito animado.

– Estou cansado de vocês me culparam pelo o que aconteceu. – Rafael resmunga.

Matthew se aproxima de mim e cutuca minhas costelas, rio.

– Ruffles, ninguém está de culpando, só estamos em choque com o que aconteceu com ela. – Amiony explica.

– Vocês deviam culpar ela. – ele aponta para mim – Foi ela que quis bancar a heroína.

Arregalo os olhos e permaneço imóvel, um aperto causa uma dor aguda em meu peito. Eu?!

– Ela que se meteu com ele no beco e depois toda essa desgraça começou a acontecer, tinham que culpá-la também, porque depois que ela chegou aqui, tudo entrou na merda e estamos nessa desgraça agora. – ele acusa, nervoso.

Todos permanecem em silêncio. Quem cala, consente.

– Começou a acontecer? – admiro-me – Você realmente acha que tudo isso começou acontecer na noite do beco?

– Começou por sua causa. – ele retruca.

– Essa merda toda aconteceu três meses antes de eu vir para cá! – estreito os olhos – Muitas meninas já haviam morrido antes da mulher do beco e você vem falar que aconteceu só naquela noite?!

Eles me encaram, impassíveis.

– Esse é o mal dessa maldita cidade. – resmungo – É o mal de todos. Os únicos assassinos que vejo aqui são vocês. – encaro um a um – Porque vocês o ignoraram, fecharam os olhos e fingiram que nada aconteceu, deixaram ele virar a porra de um serial killer por comodidade. Estou cansada de ser taxada nessa história, de ser a heroína e a vilã. Fiz o papel de uma pessoa de verdade. Não fechei os olhos perante ele. Fui a única que fiz isso e graças a mim, hoje, vocês podem voltar para casa, ao contrário do que aconteceu com todas as meninas mortas, que nunca mais terão a chance de chegar em casa depois da faculdade, da festa, do trabalho, da merda que for.

Rafael abaixa o olhar para o chão e todos parecem desconcertados com a situação.

– Bianca, você deve estar cansada. – Monique murmura.

– Estou cansada de vocês. – sento no banco, um pouco afastada.

É incrível como eles tem coragem de jogar a culpa em minhas costas, ainda. Faltam só quatro meses, só mais quatro meses.

– Eu acho que todos aqui são ignorantes. – Matthew comenta – Estamos brigando entre nós, nos massacrando em uma busca incessante de alivio, porque eu sei que todos aqui têm remorso do que aconteceu com a Camila, todos nós sentimos a mesma dor. É irracional o que estamos fazendo com nós mesmo, culpar o próximo para tirar o peso das costas? Que tipo de alívio isso dá? Que tipo de ação egoísta é essa? Todos nós temos um pouco de culpa, sim. Como a Bianca disse: nós fechamos os olhos, ignoramos e agora estamos vendo a consequência disso. Se não fosse a Bianca aqui, nunca teríamos abertos os olhos e não teríamos visto, ele está bem na nossa frente, era um de nós. – ele cruza os braços – Antes de a culparam por agir, se olhe no espelho e pense um pouco. Se ela é culpada por ajudar, o que nós somos?

Umedeço meu lábio inferior e logo em seguida raspo os dentes nele. O silêncio é passivo e ninguém encara ninguém, todos mantêm olhares para qualquer pátio, menos para mim e Matt.

– Me desculpa, Bi, não queria ser tão rude. – Amiony murmura – Me desculpa mesmo.

– Me desculpa também. – Juliana segue o exemplo de Amiony.

– Pois é. – Monique esfrega os braços – Também te devo desculpas.

– Eu também. – Coraline fica ao lado dela.

– É.- Rafael me encara.

Dou um mínimo sorriso e não pronuncio mais nada. O sinal toca, aos poucos todos vão se dissipando pelo campus, mas Matthew continua aqui.

– Obrigada. – murmuro – Mesmo.

– Não fiz nada demais. – ele dá de ombros – Só estou cansado dessa palhaçada.

Lembro-me do ocorrido.

– Acho que estou ficando louca. – encaro-o – Acho que preciso ser internada.

Ele franze o cenho.

– Do que está falando? Você não é louca.

– Não, mas estou ficando. – respiro fundo – Tive um ataque de pânico ontem e minha vó teve que me dopar. – minha voz sai embargada, mas não me permito chorar.

– Como assim? – ele senta ao meu lado.

– Uma repórter foi lá em casa e eu aceitei falar com ela, mas no meio da conversa ela me perguntou sobre o olhar do Jonas no beco e do dia que o encontrei na cadeia, se era o mesmo olhar, se eu senti a mesma coisa. Mas pensando e repassando os momentos, percebi que não era o mesmo olhar, que parecia ser pessoas diferentes. – mordo o lábio inferior – Criei uma teoria em minha cabeça que o lobo não fosse o Jonas e mais um monte de coisa sem sentido e acabei surtando.

Ele acaricia minhas costas.

– Lógico que era um olhar diferente. – ele dá um sorriso de lado.

– Que?

– Pense assim: um cão que ataca uma pessoa na rua tem um olhar voraz, agressivo e selvagem. Pensou?

– Sim. – sorrio.

– Agora, pense nesse cachorro horas depois, no canil e pronto para a eutanásia. – ele me encara – Ele terá o mesmo olhar selvagem? Não, pelo simples fato de estar coagido, preso e sem saída. Você não precisa enlouquecer com teorias de o lobo ser outra pessoa. O Jonas está preso e bem longe daqui.

Suspiro.

– Relaxa. – ele aconselha – Não há mais motivo para temer.

– Temos que ir. – levanto.

Nos despedimos e eu sigo sozinha para o meu prédio, no meio do caminho encontro com uns amigos de Malic, mas ele não está no grupo.

– Bianca! – um deles me chama.

Paro.

– É Bianca o seu nome, né? – ele se aproxima.

Meneio a cabeça positivamente.

– Você tem falado com o Malic? – ele coloca os braços na cintura e solta o ar com força, ofegante.

– Nós – limpo a garganta -, terminamos.

Ele ergue as sobrancelhas em surpresa.

– Sinto muito. – ele diz, envergonhado.

– Está tudo bem. – sorrio – Passe no apartamento dele, ele deve estar lá.

– Nós já ligamos no celular dele, mas ele não atende.

– Apartamento. – insisto.

O resto do grupo se aproxima.

– Ela falou que ele pode estar no apartamento. – ele informa os outros.

– Acho pouco provável. – um deles discorda.

– Por que está assim preocupados? – ergo uma sobrancelha – Malic tem idade o suficiente para saber o que fazer da vida dele, ele já é adulto.

– Irresponsável. – um deles complementa – Você não conhece a história do Malic e as companhias que ele já teve.

De fato, sou apaixonada por ele e não sei nada a seu respeito.

– É grave? – pergunto, preocupada.

– Nossa. – um deles ri, nervoso – É tenso.

Sinto um aperto no peito.

– Se souberem de alguma coisa, me avisem. – peço – Tenho que ir pra aula.

– Claro, vai lá.

Onde ele foi parar? Com os últimos acontecimentos acabei me esquecendo dele.

***

O período de aula passou rápido ou eu que não prestei atenção. Quando vi, já estava na hora de ir embora. Pego minhas coisas e me despeço de Amiony. Infelizmente o curso de Matthew não dura até esse horário.

Há um cara encostado no meu carro, desacelero e pego meu celular na bolsa, indo para a discagem rápida da polícia. Assim que me aproximo o suficiente noto que é o amigo do Malic.

– Conseguimos notícias dele. – ele informa – Mas elas não são agradáveis.

– Aconteceu alguma coisa?

– Não, ele está ótimo.

– Menos mal. – suspiro aliviada – Qual o problema?

– Você ficou sabendo que ele teve um filho?

E a dor no peito se torna presente novamente. Era verdade da mãe dele...

– Sim. Foi por isso que terminamos. – minha voz sai baixa.

– Então, ele vai casar.

O ar falta e sinto como se tivesse levado um tiro nas costas. Casar?! Ele vai casar!

– Tipo na igreja e essas coisas? – não tenho fôlego.

– Não, vai ser só no civil. – ele olha para o visor do celular – É exigência dos pais da menina.

Engulo seco.

– Obrigada por avisar. – destravo o carro.

– Sinto muito por isso. – ele murmura – O Malic não é um tipo legal, ele tem muito problema e a maioria não tem solução.

Dou um mínimo sorriso.

– Está tudo bem. – entro no carro e ele desencosta.

Dirijo em silêncio, dando voltas atoa na cidade. Não tenho ânimo de ligar o rádio. Ele vai casar e não teve nem a dignidade de ir falar comigo, de contar a situação, simplesmente me descartou como se eu fosse lixo. As lágrimas vêm, sem eu permitir. Graças a Deus não estou grávida, se não seria outra desgraça.

O pior de tudo foi saber isso do amigo dele, da boca de outra pessoa.

Quando dou por mim, estou em frente ao seu prédio. Engulo o choro e encaro a portaria. Será que já estão morando juntos? Quando será o casamento? Como será que ele a trata? E a mãe dele? Com certeza, ela deve ser mais gentil com essa moça do que foi comigo. Mordo o lábio inferior. Gostaria de ir falar com ele e tirar tudo isso a limpo, mas não vou me sujeitar a isso.

Está na hora de seguir em frente. Ligo o carro e vou embora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Well... A Bianca vai passar por uns momentos de alucinações, como no começo do capítulo, espero não ficar muito confuso.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Diga Adeus à Inocência" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.