Annabeth’s POV

Eu não fazia a mínima idéia do que tava acontecendo. A poucos segundos atrás eu estava discutindo com Percy e, agora, eu estava em uma praia que nunca vi na vida. Não era como nenhuma praia dos Estados Unidos, estava mais para uma daquelas praias caribenhas, de areia branca e fina e água azul. Estava tudo vazio, calmo... até demais. Como eu vim parar aqui?

- Eu te trouxe, minha querida. – disse uma voz de mulher atrás de mim. Eu me virei, prestes a atacar, mas me deparei com a última pessoa que esperava encontrar.

- Mãe? – Cara, eu to de TPM, acabei de discutir por conta de uma bobeira com meu namorado e fui transportada para um lugar que nunca vi na vida pela minha própria mãe, Athena.  – O que você, ou melhor, eu to fazendo aqui? – É, eu tava mesmo irritada.

- Minha filha... – ela disse delicadamente, se aproximando de mim e colocando uma das mãos no meu rosto. – Eu te falei para não sair com aquele garoto e olha o que aconteceu. Mesmo coma benção de Afrodite, vocês brigaram em apenas um mês de namoro.

- Ah, mãe, também não é assim. Eu exagerei, okay? Além do mais, foi besteira e a gente sempre brigou por besteira, desde que éramos amigos. – Eu respondi. Peraí, eu tava defendendo o Percy mesmo depois dele ter esquecido nosso aniversário de namoro? Deuses, eu devia mesmo gostar daquele garoto!

Minha mãe suspirou um longo suspiro com a minha resposta, mas quando ela estava prestes a contra-argumentar, duas outras pessoas, ou melhor, dois outros deuses apareceram: Poseidon e Afrodite.

- Tá, Athena, não vou deixar você falar mal do meu filho assim, mesmo que seja para a sua filha. Que, por um infeliz acaso, é minha nora. – Infeliz acaso? Por que ele falava como se eu não tivesse ali? Ai, cara, eu realmente desejei que Percy estivesse ali também. Pelo menos eu não estaria sozinha. Quer dizer, eu não estava bem sozinha, mas você entendeu, né?

Afrodite simplesmente assistia a tudo com divertido interesse.

- Você chamou minha filha de infeliz acaso? – Minha mãe perguntou irritada.

- Não, o infeliz acaso é só o fato de ela ser minha nora. – respondeu Poseidon. Os dois pareciam prestes a partir para uma briga. Agora eu desejava mesmo que Percy estivesse ali.

- Irmã, tio, por favor, não briguem. Os filhos de vocês são um exemplo do verdadeiro amor! – Afrodite interveio. Poseidon e Athena reviraram os olhos com o que Afrodite dissera.

- Falou a Deusa do Amor! – Ironizou Athena.

- Sou deusa do amor sim, e me orgulho disso! – respondeu Afrodite irritada. Perai, eu estava prestes a presenciar uma briga entre Deuses? Eu precisava pensar em algo rápido, senão seria bem capaz de Percy ficar viúvo antes mesmo de nos casarmos. Ei, eu pensei isso mesmo? Ah, esquece!

- Err... Com licença, mas... Ainda gostaria de saber por que eu estou aqui... – Comecei a dizer, com a máxima cautela. Os três se viraram pra mim.

- Sua mãe ia tentar passar por cima da minha benção, fazendo sua cabeça, Annabeth. – Respondeu Afrodite sorrindo.

- E, mesmo que eu não seja a favor do romance de meu filho com uma filha de Athena, ele realmente gosta de você. – Respondeu Poseidon. – E ficaria realmente infeliz caso você rompesse esse romance e, como qualquer pai, eu quero ver meu filho feliz, afinal de contas.

Eu admito: aquilo me balançou um pouco. Porém, só irritou mais ainda minha mãe.

- Está querendo dizer que não quero ver minha filha feliz?

- Mãe, ele não disse isso... – Eu tentei intervir, mas acho que não foi algo lá muito inteligente. Eu estava passando tempo demais com Percy. Minha mãe olhou de um jeito que me fez tremer, mas alguém puxou meu braço e tudo se dissolveu.

Agora eu estava dentro de um carro, ou melhor, uma limusine. Eu estava sentada em frente à Afrodite.

- Desculpe te tirar de lá desse jeito, querida, mas sua mãe é um pouco temperamental. Ela e Poseidon não conseguem compreender o poder de um grande e verdadeiro amor como o seu e o de Percy! – Ela falou, com os olhos brilhando. – Sabe que sempre torci por vocês?

Eu achei melhor ficar calada, mas uma pergunta coçava na minha garganta.

- Por que me trouxe aqui?

- Ah, sim! Eu quero que você faça as pazes com o Percy. Ainda não está na hora de vocês desestabilizarem! Eu tenho outros planos pra história de amor de vocês! – ela falou isso tudo como uma adolescente que comenta o último capítulo de um seriado romântico, ou algo assim. Eu apenas assenti. Tá, eu confesso que exagerei um pouco, mas eu to de TPM, dá um desconto. Costumo ficar instável nesse período.

Afrodite sorria para mim.

- Querida, sabe por que eu abençoei vocês dois?

Eu apenas balancei a cabeça negativamente.

- Há muitos séculos eu não via um amor, principalmente entre dois heróis, tão bonito e forte como o de vocês. Mas acho melhor mostrar do que falar.

- Como assim?

Ela não respondeu. Apenas sorriu e estalou os dedos. Eu estava de volta aos meus doze anos de idade. Lembrava muito bem daquilo, quando Percy chegou desacordado ao acampamento e eu tive de cuidar dele. Mas o que aquilo tinha haver com qualquer coisa?

- Foi nesse instante que percebi que vocês teriam uma belíssima história juntos. O jeito como você o olhava dizia tudo! – Afrodite respondeu a minha pergunta mental. Espera um pouco, ela lia meus pensamentos?

- Mas eu nem sequer gostava dele direito na época! – eu contestei. Afrodite apenas riu.

- Não se engana a Deusa do Amor, querida. Eu via o amor entre vocês antes mesmo de vocês sequer desconfiarem que ele existisse.- Eu não pude evitar, apenas sorri.

Depois disso, ela foi me mostrando em uma espécie de avanço rápido tudo pelo que eu e Percy passamos juntos. Inclusive a conversa que ela tivera com ele quando fui raptada e tudo o que ele fizera por minha causa. Eu me emocionei, sério!

- Mas foi aqui que tive uma prova definitiva que ele te amava. – Ela falou me mostrando a Ilha de Ogygia. De inicio, fiquei enciumada em ver Calypso cuidando de Percy, mas ao mesmo tempo, fiquei com o coração apertado ao ver o quão ferido ele saíra do Monte Santa Helena. – Eu o fiz vir parar aqui! Eu queria testá-lo. Ele quase ficou, mas eu soube da intensidade dos sentimentos por você quando ele decidiu partir.

Eu apenas assenti e percebi que estava chorando. Pouco tempo depois, estávamos de volta ao carro.

- Bem, vou mandá-la de volta, mas antes, deixe-me dar um jeitinho em você! Está com uma aparência horrível! Honestamente, é assim que você se arruma para encontrar seu namorado?

- Ah, eu realmente agradeço, mas...

- Mas nada! Eu vou dar um jeito em você! – Ela falou com determinação e estalou os dedos. – Prontinho, olhe como está linda agora!

Ela me estendeu o espelho e, eu tive de admitir, eu ficara ótima. Eu nunca vira uma maquiagem tão perfeita e meu cabelo tão lindo como estava. Mesmo com o rabo de cavalo, ela dera um jeito de parecer um penteado magnífico. Era difícil de explicar.

-Bem, nos despedimos aqui, Annabeth! Até mais ver!

E com isso, eu estava de volta à calçada na qual eu “desaparecera”. Cheguei a ouvi o grito de Percy me chamando.

- Annabeth! Graças aos Deuses, você voltou! Você está bem? – Ele tinha aquela expressão de preocupado que eu achava tão fofa. Eu acho que um dia vou fazer ele se preocupar só pra ver essa expressão de novo. Eu não respondi, apenas o beijei e disse:

- Te amo, cabeça de alga!

Eu ri com a mudança repentina de expressão dele. Passara de preocupação para confusão.

- Sim, estou bem. Por quanto tempo sumi?

- Na verdade não foi muito, não chegou nem a 5 minutos, mas o que aconteceu.

- Minha mãe, seu pai e Afrodite quiseram bater um papo comigo.

Ele pareceu ainda mais confuso.

- Depois te conto tudo, mas aonde íamos mesmo?

- Você não está mais brava comigo?

Eu ri, ele parecia até uma criança quando perguntou.

- Não, cabeça de alga! Não estou!

Ele suspirou, obviamente aliviado.

Então, vamos, estamos atrasados!

- Atrasados pra quê? – perguntei, dessa vez, eu é que estava confusa.

- Ah, é surpresa! – Ele respondeu rindo e me puxou para outro beijo, o qual correspondi rapidamente. – E você tá linda!

Eu corei, mas sorri, mesmo assim. E, de mãos dadas, fomos para aonde quer que for que ele estava me levando. Naquele dia, eu tive mais certeza de uma coisa: Eu amava Percy Jackson. E ele também me amava.

Continua...