Voltei para casa caminhando rapidamente, me sentia enjoada e não entendia o motivo, talvez tenha sido algo que comi, acelerei o passo pois eu precisava muito vomitar, mas como a sorte nunca me acompanhou, Toby Hastings vinha em minha direção sorridente, revirei os olhos, mas tratei de usar o meu melhor sorriso, afinal ele era um bom menino e não tinha culpa de minha vida ser uma droga.
— Jade! — Ele disse e me abraçou, o cheiro de seu gel de cabelo conseguiu me deixar ainda mais enjoada.

— Toby! — Respondi saindo do seu abraço, jurava que iria vomitar ali mesmo, mas me segurei.

Eu conseguia sentir meus olhos lacrimejarem de tanta vontade de vomitar, então me despedi de Toby nervosa e voltei a caminhar, minha barriga parecia uma máquina de lavar roupa trabalhando a todo vapor.

— Você está bem Jade? — Ele perguntou enquanto eu caminhava, mas eu neguei e o ignorei completamente.

Minha casa parecia nunca chegar, e eu sentia vontade de vomitar em qualquer lugar, então assim que encontrei um terreno baldio, me abaixei e botei tudo pra fora, me senti muito tonta e me apoiei na parede, em seguida olhei para o vômito no chão e me senti ainda pior, mas alguém segurou meus cabelos e sem seguida me jogou no chão com força, eu me sentia horrível e incapaz de revidar qualquer ataque, com a visão turva reconheci o rosto angelical de Kelly que de angelical só tinha o rosto.

— Pensou que eu te esqueci vadia? — Ela perguntou sorrindo e mexendo em seus cabelos louro escuros que no sol pareciam amarelos, me senti ainda mais tonta.

— Kelly... sério... eu não to bem... — Reclamei cabisbaixa e ela gargalhou.

— Você fala como se eu me importasse! — Ela respondeu ainda gargalhando e eu tentei me levantar do chão, mas estava sem forças e Kelly me empurrou novamente, bati com a cabeça na parede com força.

— Era pra você estar morta... se o babaca do Peter não tivesse chegado... — Ela se queixou e acabou confirmando as minhas suspeitas de que havia sido ela a pessoa que contou sobre o meu paradeiro para Diana naquele dia.

— Eu sabia que era você o tempo todo! — Eu disse criando forças e me levantando rapidamente, ela tentou me empurrar novamente, mas como eu tinha criado forças do além, a empurrei com mais força e dessa vez ela caiu no chão com sua calça jeans rasgada.

— Quer saber? Eu tenho pena de você! Deus que me livre estar condenada a viver eternamente na friendzone! — Eu falei debochada e ela continuava no chão.

Virei-me e começava a caminhar quando ela me puxou para o chão, ela subiu em cima de mim e tentou me dar um tapa, mas fui mais rápida e desviei, em seguida subi em cima de Kelly e lhe dei um único tapa no rosto que ficou vermelho na hora, depois me levantei, arrumei minha roupa e saí a deixando no chão.

Eu não entendia exatamente o motivo de tanto ódio vindo da parte de Kelly, eu sabia que aquilo tudo era ciúme de Maria, mas achava desnecessário já que eu gosto de homens.

Meu enjoo tinha ido embora finalmente e eu logo percebi que estava a poucos metros de minha casa, isso explicava o fato de Kelly estar naquele local.

Não queria, mas me sentia mal por Kelly, entrei em casa devagar para que não despertasse a atenção de meus pais, mas quase tive um enfarto ao dar de cara com a minha tia, Eleonor.

Minha tia era a ovelha negra da família, já havia se casado inúmeras vezes e se vestia como uma menininha, apesar de ter trinta e seis anos, assim que me viu, tia Eleonor veio correndo até mim, agora ela tinha as madeixas em um tom de loiro clarissímo e usava uma maquiagem azul que destacava ainda mais seus olhos verdes, ela era tão bonita que ás vezes doía.

— A minha menina agora é uma mulher! — Ela exclamou me levantando e eu ri involuntariamente, a minha tia sempre foi um máximo.

— E minha tia agora é uma menina! — Eu disse reparando em sua mini saia rosa e seu espartilho branco, ela fazia umas misturas engraçadas.

— Filha... que corpão hein! — Ela disse fazendo com que eu desse uma viradinha, corei no mesmo instante.

— É a genética. — Eu disse piscando um olho para ela.

Logo minha mãe apareceu na sala com um sorriso no rosto, minha tia possuía a habilidade de deixar todos felizes apenas com sua presença.

— Vejo que já deu boas vindas a sua tia! — Minha mãe observou e eu ri de lado, ainda não me sentia a vontade com ela.

— Não sei se sua tia lhe contou, mas ela vai morar conosco! — Minha mãe falou animada e eu sorri, dessa vez mostrando todos os dentes.

— Que legal! — Disse e em seguida fui para o meu quarto ignorando totalmente pensamentos em relação a minha tia morar conosco.

Entrei rapidamente em meu quarto e me joguei na cama, me sentia mal por dentro e por fora e depois de alguns minutos me levantei e corri até o banheiro, minha barriga doía muito e logo eu estava abaixada na frente do vaso vomitando horrores, nunca havia me sentido tão mal.

Saí do banheiro gemendo baixinho de dor e minha mãe logo me viu, minha visão estava turva e respirar estava se tornando um desafio, ela logo me amparou, me abraçando e me levando até seu quarto.

Ela me deitou com cuidado em sua cama macia e espaçosa e em seguida me tapou com um cobertor fofinho, cuidado de mãe é outro nível.

Minha tia chegou no quarto minutos depois e tinha uma expressão preocupada no rosto, eu tentei sorrir para mostrar que estava bem, mas estava nítido que eu me sentia péssima.

— Filha... você comeu camarão ou algo assim? — Ela perguntou lembrando de minha alergia a frutos do mar.

— Não. — Neguei balançando a cabeça e minha mãe pois a mão na testa, eu percebi que ela estava pensando em algo, no entanto ela não disse nada apenas me olhou como se tivesse pena de mim, eu não entendi e me virei, adormecendo.