Our Imortality escrita por Vingadora


Capítulo 11
Parte II - Phoenix.


Notas iniciais do capítulo

Estão prontos para, finalmente, desvendarem todos os mistérios da vida de Ignis?
Espero que sim, pois nossa jornada começa agora.

Boa leitura!



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Aproximadamente 1000 anos atrás.

Olhos esverdeados e sedentos por causar uma boa impressão. Um rosto fino, branco como a neve que caia ao norte, delicado e tentava demonstrar gentileza. Lábios expressivos, muito bem delineados, de um tom de pêssego natural e chamativo escondiam só por enquanto os dentes que seriam vistos o dia inteiro apresentando seu melhor sorriso. O cabelo que parecia com chamas crepitantes e estava preso em formosas tranças que se entrelaçavam até formarem um coque no centro de sua cabeça sendo usado como base para uma linda e bem moldada tiara de prata. Nos pés de ambas a orelhas um par de brincos do diamante mais raro já visto nos nove reinos. Um pouco mais abaixo, em seu pescoço formoso e de boa postura, podia-se encontrar um colar que aparentava ser pesado, mas ela insistia em dizer que a peça era tão leve quanto pluma. E seu vestido... Era possivelmente o mais lindo vestido de inverno que alguém já pudera contemplar em gerações. Branco, volumoso e delimitava muito bem suas curvas superiores.

Olhando assim para o reflexo da mulher no espelho, se quer imaginaria que aquela ali era eu. Porque lá no fundo a imagem que tinha de minha pessoa era bem pior. Eu estava em completa e pura decadência. Era fato que não podia apresentá-la aos outros, porém estava. O medo me sobrepunha e hora ou oura fazia minhas pernas tremerem sobre o salto alto que me entregaram junto do vestido. Meu sangue queimava e às vezes uma ou duas faíscas de fogo escapavam de meus dedos enquanto Clodha e Rodha ajudavam-me a colocar os adornos que me presentearam.

─ Ela já está pronta? ─ pelo espelho pude ver o reflexo de uma mulher ruiva, de olhar gentil e sincero, usando um longo vestido dourado de inverno e uma coroa digna de seu título.

─ Sim, mamãe. ─ com a ajuda de minhas amigas, consegui virar meu corpo de forma que o vestido não bagunçasse por completo para que minha mãe pudesse ver o belo trabalho que elas realizaram a tarde inteira ─ Como estou? ─ sorri, tímida, já sabendo dos elogios inegáveis que receberia dela.

─ De fato, você é a mais bela de todas as fênix. ─ ela aproximou-se abriu os braços, aguardando a mim. Seus braços apesar de tentarem demonstrar conforto, tremiam enquanto me aproximava.

─ Mamãe, eu sou a única fênix. ─ lembrei-a meio que tentando tranquilizá-la e manter o clima passivo enquanto abraçava-a o mais forte que conseguia.

─ Em breve eles chegarão. Precisa tomar o seu lugar ao lado de seu pai. ─ sua voz mudou de tom, passando do costumeiro gentil ao mais sombrio de todos. Seus olhos esverdeados assumiram um tom mais espesso e sombrio. Ela sempre ficava assim quando temia por algo.

Até então eu não havia percebido o quanto aquela situação atordoava minha mãe também. Porém quando a sua mudança repentina de humor veio a tona percebi o quão inocente eu fora nos últimos dias. Desde que eles avisaram que estariam a caminho, tudo o que minha mãe fez foi limpar as lágrimas de meus irmãos e me elogiar por ser uma princesa forte e corajosa.

Mal sabia ela de meus eternos temores.

─ Posso ficar uns minutos a sós? ─ minha pergunta era inadequada, porém ainda sim deixei-me levar um pouquinho pelo egoísmo e tentar conseguir um tempo para acalmar-me antes de me apresentar ao trono na frente de toda aquela gente.

─ Três minutos. ─ se era tudo o que eu conseguiria, não iria contestar.

Assim que fui deixada a sós, forcei meus pés a caminharem em direção a sacada e pousei meus braços no mármore frio que me impedia de lançar-me vento a fora.

Respirei fundo, como se aquela fosse a última vez que fosse usufruir daqueles ares límpidos e encarei o horizonte entregando-lhe meu último adeus. Muspelheim, a terra ao sul do castelo, era muito mais do que apenas o reino dos gigantes de fogo. Assim como Niflheim, a terra ao norte, o reino da névoa. Aquilo era um lar para todos da descendência real de Surt, o mestre do fogo de Muspelheim, assim como os corajosos que carregam em suas veias a força do dragão Nidhogg, das terras de Niflheim. Era muito mais do que uma terra indefinida que carregava duas partes de um todo ─ gelo e fogo. Era um lar. O meu lar. E tudo estava perdido por causa de uma guerra idiota e disputa de poderes.

Meu pai sempre me ludibriou com história da grandiosa Asgard, terra de deuses, e de seu líder majestoso Odin. Nos meus sonhos, eu conseguia imaginar todas as planícies, relevos e planaltos daquele lugar e conseguia me imaginar desfilando pela ponte Bifröst... Até, claro, a guerra.

Apesar de ser claramente e definitivamente a sucessora do trono do castelo de Surt, meu pai ainda mantinha-me distante desse tipo de atrito entre governos, o que fazia com que eu abusasse de meus poderes e vigiasse à distância as suas reuniões com os lordes dos mortos desonrados de Niflheim. Em muitas dessas reuniões, meu pai e os lordes debatiam sobre como vencer a batalha contra os Asgardianos. Apesar de nunca terem usado as palavras: guerra, batalha e combates, estava claro que nos encontrávamos em um tempo delicado. Principalmente porque meu bisavô, o próprio mestre Surt, resolvera entrar em sono profundo para recuperar suas forças e isso costuma levar mais de dois mil anos mortais.

Foi vigiando uma dessas reuniões que ouvi pela primeira vez a palavra casamento. De início eu não havia compreendido muito bem a ideia e quem iria casar-se, porém foi tudo posto às claras no jantar daquela mesma noite.

Odin, líder supremo de Asgard, ofereceu um acordo de paz onde uniria definitivamente a linhagem de deuses entre os nove reinos. Tecnicamente os sucessores ao trono de Asgard e o castelo de Surt deveriam unir-se em matrimonio sagrado, selando uma união estável e, por fim, assinando um tratado eterno de paz. O problema na história é que eu sou a sucessora de Surt. E, infelizmente, já fazia ideia de quem era o sucessor de Odin.

Thor Odinson, o deus do Trovão.

Praticamente toda dama que conheço fica literalmente abobada apenas ouvindo o nome do príncipe asgardiano, porém eu sou uma clara exceção a regra. Até porque, diferente de minhas colegas damas que só pensam em arrumar um bom partido para casar-se, eu imaginava minha vida conjugal ao lado de um líder de verdade.

Apesar de morar bem longe de Asgard, a fama do príncipe trovão chegou ao nosso alcance logo no início. Palavras como galanteador barato, traiçoeiro e destruidor de corações eram muito usadas por damas de casas da nobreza que sempre que voltavam de viagem da terra dos deuses, estavam com os corações quebrados e destroçados de tanto amor pelo tal príncipe. E eu, totalmente contra minha vontade, teria de me casar com ele.

Não que eu tivesse deixado isso claro ao meu pai, porque isso eu não o fiz. No momento em que recebi a notícia ─ preciso dizer que foi mais uma ordem do que um simples pedido de casamento ─, engoli as lágrimas e os gritos que quase me escaparam, acenei com a cabeça e pedi para me retirar da mesa de jantar ─ pedido esse que foi concedido por minha doce e querida mãe, Semha.

Hoje completam exatamente nove dias desde o pedido de casamento e o convite que Odin fez em nome de meu pai aos seus filhos de uma visita a nosso reino. O que meu pai considerou como uma simples visita, minha mãe adiantou-se e percebeu que Thor não viria aqui apenas para conhecer a noiva. Ele viria para levar a noiva até Asgard onde ela ─ no caso eu ─ será preparada para o casamento e, por fim, tornar-se rainha da terra dos deuses e do castelo de Surt.

Mas eu não estava preparada.

Na verdade, penso que nunca estarei preparada para dividir a mesma cama com um homem que já a dividira com outras 1000 damas. Mas não era só isso...

Havia mais do que apenas o fato de me casar com Thor.

Havia um desejo obscuro e egoísta que desde cedo fui aconselhada a não nutri-lo.

O amor.

De todas as histórias que ouvi de casamentos reais, nenhuma foi citada dizendo que os noivos apaixonaram-se antes do casamento, a não ser a linda, doce e incrível união entre Haz Surtinson e Semha, lady das terras de Niflheim. Meus pais.

Era mágico quando eu contemplava-os se admirando em momentos no salão principal ou até mesmo nos aposentos reais onde compartilhávamos intimidades entre família. De todas as lembranças, a que mais me emocionava era a do parto de meu irmão mais novo, Iuel.

Desde as dores de início até as de fim de parto ele esteve lá. Contrariando todas as paredeiras convocadas para aquele acontecimento, contrariando uma ordem do meu avô Surt e até mesmo de todos os lordes que estavam no castelo para contemplar o nascimento do primeiro filho homem de Haz Surtinson. Ele ficou ao lado dela e participou de tudo sem desviar os seus olhos dos dela. E eu pude assistir aquilo sonhando com o dia em que encontraria minha metade.

E de forma terrível e desilusória, acabei tendo de aceitar Thor Odinson como minha metade conjugal.

─ Você está pronta, Iggy? ─ mamãe entrou no quarto, cortando-me de meus devaneios que acabaram por me deixando ainda mais nervosa, e se quer aproximou-se, deixando claro que já havia passado da hora de irmos ao salão dos tronos.

─ Claro! ─ tentei ser o mais firme e ao mesmo tempo gentil que consegui ─ Vamos acabar logo com isso.


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Notas finais do capítulo

Como a nossa linda e maravilhosa Ignis estava vestida: http://www.polyvore.com/ignis/set?id=182706312

Preciso dizer que é muito esquisito escrever os pensamentos da Ignis imaginando que ela futuramente se tornará a Lilly e com um pensamento completamente diferente. A iggy é mais delicada, gentil e "princesa" que a sedutora, decidida, possessiva e radical Ellizabeth.

É como se eu escrevesse sobre uma personagem completamente diferente (risos), mas essa sim era a Iggy e eu tenho que ser fiel a minha doce e meiga personagem. Mas ainda sim é estranho {risos}).



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