O babaca do amigo do meu irmão 1ª temporada escrita por Lailla


Capítulo 7
O leite derramado


Notas iniciais do capítulo

Ai gente, obrigada pelos comentários! Amei todos! Aqui está mais um, mas por favor, não fiquem com raiva de mim e nem dos personagens *----------*



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À tarde, fomos embora e Micael veio com a gente no carro. Du me pôs na frente com ele, por medo de Micael e eu brigarmos e causarmos um acidente na estrada. Aiai, ele nem sabia o que tínhamos feito! Me senti mal por esconder isso do meu irmão, mas tinha medo do que ele faria se descobrisse que o melhor amigo dele estava dormindo com a irmã dele! Na festa, Du bateu em Micael, então...

Eu estava com a perna dobrada e os pés em cima do porta-luvas. Du dirigia e depois de passar a marcha, levantou a mão e bateu na minha coxa, fazendo barulho de estalo. Era pra eu tirar os pés dali! Me inclinei pra frente pela dor e quase não consegui gritar pelo susto.

Micael gargalhou, assim como Ellie. Virei pra trás, furiosa.

– Cala a boca!

– Vem calar então. – Ele deu um meio sorriso, levantando a sobrancelha.

Eu quis rir, mas me segurei.

– Cala a boca, palhaço. – Disse virando para frente.

Ellie olhou com um meio sorriso para Micael e depois para mim. Eu virei o rosto para Du não me ver sorrindo.

Demos uma parada e eu tratei de dar uma fugida pra comprar pílula na farmácia. Tomei e relaxei. Quando voltei para o carro, Ellie pegou meu lugar e eu tive que sentar atrás, com Micael. Du e Ellie ficaram se entreolhando, vendo se aquilo daria certo.

Durante a viagem, Du ficava olhando o tempo todo para nós pelo retrovisor, vendo se estava tudo bem. Micael estava em uma janela, olhando para fora e eu na outra, com um espaço entre nós. Ele suspirou aliviado e se concentrou na estrada. Começou a tocar no rádio a música “Kiss me” do Sixpence None The Richer. Levando em vista minha situação atual com Micael, aquela música me fez sorrir. Balançava a perna, olhando para fora. Comecei a cantar baixinho. Micael olhou pra mim, sem que eu visse, e sorriu. Voltou a olhar para a janela.

Quando começamos a ficar mais perto de casa, comecei a ficar nervosa. Tentava pensar no que iria dizer pra Derek. A cada quilômetro mais perto, eu ficava mais e mais nervosa e inquieta.

Chegamos em casa e eu estiquei tanto as costas que elas estalaram. Entramos e Du foi pra cozinha. Ellie foi beber água e se sentiu na mesa, respirando. Todos estavam cansados. Micael largou a mala no chão e subiu as escadas.

– Vou no banheiro!

Du assentiu, bebendo água.

Eu subia as escadas com a mala e Micael passou por mim me empurrando. Dei um tapa nele.

Entrei no quarto e me joguei na cama. Abracei o travesseiro, meu celular vibrou. Era Derek me mandando mensagem. Gemi me perguntando o que faria. Ele era tão legal, não queria magoá-lo. Apertei o telefone e o pus debaixo do travesseiro com raiva. Queria por um momento sumir!

Micael entrou sorrateiramente no meu quarto. Eu ri.

– Está fazendo o que?

Ele subiu na minha cama, segurando meus braços.

– Querendo muito dormir com você. – Ele me beijou.

Sorri.

– Não dá. Eles estão lá embaixo.

– Tranca a porta. – Ele deu de ombros.

– Eu nunca tranco a porta, então...

Ouvi alguém vindo. Mandei Micael se esconder no banheiro e fiquei encostada no batente como se fosse entrar.

– Fê, vai tomar banho?

– Vou. – Quase gaguejei.

– Não dá pra eu usar seu banheiro rapidinho? O babaca está no outro.

– Usa o dos meus pais. Não tem problema não.

– Tá.

Ela saiu e eu entrei no banheiro fechando a porta. Quando vi, Micael estava ligando o chuveiro.

– Está fazendo o que? – Ri.

– Você disse que ia tomar banho.

– É, mas pra ela sair do quarto.

– Mas eu também estou a fim de um banho. – Ele disse tirando a blusa, a calça e entrando no chuveiro.

Eu ri mordendo a ponta do dedo, pensando. Estava tentada a tomar banho com ele. Quando vi a cueca dele voar por cima na cortina do banheiro, tampei os olhos rindo. Tranquei a porta e tirei a roupa.

– Não ri, tá? – Eu disse me cobrindo com a cortina.

– Eu já te vi pelada três vezes. Está com vergonha de que? – Ele fez aquela cara cômica.

– É diferente. – Ri.

– Anda logo. – Ele me puxou.

Fiquei de baixo do chuveiro e logo encharcada. Ele me beijou, me abraçando debaixo da água. Dei gargalhada e ele me agarrou, me beijando. Melhor do que dormir com Micael, é fazer isso no chuveiro. Parece que o beijo fica mais intenso quando não se consegue respirar direito com a água caindo sobre nós.

Ele me pôs contra a parede, beijando meu pescoço. Mordia o lábio e ele me pegou no colo, segurando minhas coxas e se encaixando. Pus os braços em volta de seu pescoço e o beijei.

Meu banheiro tinha uma banheira com chuveiro. Terminamos apenas quando percebemos que a banheira estava transbordando. Rimos e tomamos banho de verdade.

Micael foi para o outro banheiro dar um tempo e eu desci.

– Porra, demorou pra caraca. – Du disse.

– Foi mal. Lavei o cabelo.

Micael desceu sem seguida.

– Tomando banho também? – Ellie ironizou.

– Que?

– O cabelo idiota. – Ela disse.

– Ah. – Ele passou a mão no cabelo.

– Esse aí é pior que mulher. – Du disse.

– Hum. – Ellie torceu o bico fitando ele e eu.

– Ellie, faz alguma coisa aí pra gente comer. – Du disse.

– Sou sua empregada por acaso?

– Anda logo. – Ele disse – De nós quatro, só você sabe cozinhar.

Fiz cara de tédio. Mas era verdade. Tudo que eu tentava fazer, eu queimava!

Ellie viu se tinha todos os ingredientes na cozinha e fez Fricassé. Levou menos de uma hora. Ela era uma cozinheira de mão cheia e eu amava aquele prato!

...

Eu tentava ter coragem de contar a Derek que eu estava com Micael, mas a única coisa que eu fazia era adiar nosso encontro. Enquanto eu adiava, todas as vezes que Micael ia dormir lá em casa, ele passava a noite comigo. Não sei se meu irmão sabia e fazia vista grossa ou se ele era meio cego mesmo! Tive que começar a usar anticoncepcional para em nove meses não chegar uma surpresinha. Não dava pra tomar pílula o tempo todo!

Me sentia culpada por escondermos isso de todo mundo, mas eu amava nossas noites na cama. Era inacreditável e eu ainda não imaginava que tudo isso acontecia com ele!

Faltavam duas semanas para o casamento do amigo dos dois. Eu estava ansiosa e até comecei a estudar pra tentar a faculdade de fotografia. Não sei se conseguiria e detestava o fato de ter que fazer faculdade, mas amo demais fotografia.

Estava guardando alguns filmes, deixando tudo preparado. A campainha tocou e eu corri para atender. Perdi totalmente a expressão quando vi Derek parado na minha porta. Claro, eu o evitava há semanas! Ele estava de terno, devia estar trabalhando.

– Oi. – Ele sorriu.

– Oi...

– Eu queria te ver e como você tem me evitado... – Ele riu.

Sorri sem graça. O deixei entrar e fui para a cozinha. Ele me seguiu. Como queria ter algo planejado! Devia ter contado a ele antes. Eu sou muito idiota, e ainda por cima não disse a Micael que não havia falado com Derek. Se ele chegasse, havia grande chance de ficar com raiva de mim.

Derek se encostou na bancada.

– Está tudo bem?

– Hum... Mais ou menos. – Respirava nervosa – Eu preciso te falar uma coisa. – Me aproximei dele.

Tentava pensar em algo. Alguma coisa que não o magoasse tanto. Merda, eu tinha que ter contado pra ele antes!

– É que... Ahum...

– Posso fazer uma coisa?

– Hã?

Ele pegou minha nuca e me puxou, me beijando. Arregalei meus olhos e pus as mãos no peito dele para empurrá-lo. Ele parou, percebendo que eu não correspondera.

– O que houve?

– Eu preciso muito te contar uma coisa. – Disse ainda paralisada.

Derek desviou o olhar por um momento e eu olhei para trás. Perdi o ar, Micael estava parado na porta com a mochila nas costas. Despertei e fui em sua direção, mas ele saiu pela porta e em seguida de casa. Nem pensei, deixei Derek na cozinha sem entender nada e corri atrás de Micael.

– Espera. – Tentei pegar em seu casaco, mas ele se esquivou – Aonde vai?

– Embora.

– Micael... Aquilo não era... Por favor. Não é o que você está pesando.

– E como você sabe o que eu estou pensando?! – Ele parou e se virou pra mim de repente.

Quase me choquei com ele.

Ele me beijou.

– Eu já usei muito essa desculpa no colégio com os namorados das garotas. – Ele ironizou.

– É sério! – Exclamei querendo chorar.

– Me erra, Felícia. Você nem me contou que não tinha dispensado ele. – Ele disse torcendo a expressão.

– Eu estava planejando o que dizer pra ele.

– E planejou a língua dele na sua boca?!

– Pára com isso! É sério! Eu ia contar pra ele, mas ele me beijou...

– Ah tá. – Ele disse virando e indo embora.

– Por favor! – Segurei em seu casaco.

Ele pegou minha mão bruscamente e a segurou. Olhava nos meus olhos, que estavam marejados.

– O que você sempre quis vai acontecer: não volto mais aqui.

Micael me largou e entrou no carro, batendo a porta. Eu o vi indo embora. Não consegui fazer nada. Quando o carro sumiu de vista, eu desabei na grama e comecei a chorar. Só fazia merda!

Quando lembrei que Derek ainda estava em casa, voltei. Ele estava me esperando na sala e me encarou, levantando. Eu estava com o rosto molhado por chorar.

– Pensei que ele fosse o “amigo babaca do seu irmão”.

– Ele é, mas... – Colocava a mão na cabeça, tentando pensar.

– Quando isso aconteceu?

Funguei.

– Na festa da Aléxis. E... Na casa de praia.

Ele olhou para cima com as mãos nos bolsos dando um sorriso irônico, entendeu e com certeza se achava um idiota.

– Devia ter me contado.

– É que eu... Não queria magoá-lo. – Passei as mãos no rosto, estava tão confusa!

– E você achou que eu descobrir assim foi melhor? Nem se fosse por telefone! Nós nem estávamos juntos, nem tínhamos nos beijado! – Ele passou a mão no cabelo. Parecia um pouco irritado – Eu gosto de você, tá? Mas se você estava a fim de outro cara, devia ter me contado pelo menos pra eu não ficar que nem otário te ligando pra gente se ver. Pensou que eu ia fazer o que? Te odiar?

Abaixei o olhar.

– Desculpa...

Ele respirou fundo, indo para a porta.

– Não precisava ter tido medo. Eu sou grandinho o bastante pra não me iludir. Eu que esqueci que você se formou agora.

Aquilo foi um tapa na minha cara.

– Espero que fique tudo legal entre você e ele. – Derek disse indo embora.

Não consegui nem chegar no sofá, ajoelhei no chão e caí sentada, chorando. Que idiota!

...

No dia seguinte, fui na casa de Micael. Ele optou em ficar com os pais por um tempo até economizar um bom dinheiro. Peguei o carro do meu irmão e fui. Cada passo que eu dava até a porta o nervosismo aumentava. Toquei a campainha e esperei. A mãe dele atendeu.

– Hum? Oi, Felícia! – Ela sorriu – Não esperava você aqui. Eduardo não está, eu acho.

– Ah, não. – Ri se graça – Eu queria... Falar com Micael.

– Ah, sim. – Ela disse, me deixando entrar – Vou ver se ele está. – Ela me observou – Está tão bonita! Parece que cresceu mais.

Forcei um sorriso.

– A senhora que não me vê há um tempo.

A mãe de Micael era legal e eu gostava muito dela, mas naquele momento não estava bem. Ela subiu as escadas e quando desceu disse que eu podia subir, que ele estava no quarto.

– É a segunda porta à direita.

– Obrigada.

Subi, nervosa. Cheguei na porta e hesitei em bater. Dei dois toques fracos e abri a porta. Ele estava sentado na escrivaninha mexendo no computador.

– Oi... – Disse, quase inaudível.

Ele me encarou e voltou a fazer o que fazia.

– Micael...

– Se eu disse que não ia voltar na sua casa era porque não queria te ver mais. Você é lerda ou só não entendeu mesmo?

Outro tapa na cara.

– Queria te pedir desculpa por não ter contado.

– Tá. Eu aceito as desculpas. – Ele disse sem nem ao menos se virar.

Me irritei. Fui até ele e peguei em seu ombro fazendo-o olhar pra mim.

– Eu disse o que houve. Eu ia contar a ele, mas ele me beijou e você viu. Já contei e a gente não tem mais nada, vendo pelo fato que já não tínhamos mesmo. – Eu disse irritada – Eu vim aqui te pedir desculpas por não ter te contado, então dá pra você entender?!

Ele me encarava.

– Eu entendi. – Ele disse sério – Então pode sair da minha casa pra eu terminar de fazer o projeto para o meu trabalho?

Perdi o ar. O encarava, estática. Ele se recostou na cadeira pondo as mãos na barriga. Me olhava como se eu fosse surda. Pus uma mecha atrás da orelha, me sentia uma idiota! Saí e bati a porta do quarto, indo embora. Ele olhou para a porta e bufou, voltando a fazer o que fazia.

Fui para casa, mas parei alguns quarteirões antes. Apoiei a testa no volante, chorando. Eu sempre disse que ele estragava tudo, mas eu fiz muito pior. Eu explodi tudo em mil pedaços! Estraguei uma das poucas coisas que estava me fazendo feliz.

...

No dia do casamento eu estava bem social. Calça preta e blusa branca, social. Eu estava na merda por dentro, mas precisava mostrar um sorriso largo. Tirava foto de todos. Na igreja me concentrei apenas nos noivos, claro. Mas quando tive que passar a tirar foto de todos na festa, fiquei pior.

Eduardo e Micael estavam de terno, muito elegantes. Micael estava lindo demais, e ele nem olhava na minha cara. Du vinha de vez em quando falar comigo rindo, me divertindo. Meu irmão era o melhor irmão, mesmo sem saber o que houve.

Quando vi uma garota se aproximar de Micael e dar em cima dele, e ele ainda por cima responder ao flerte, quis encher a cara até entrar em coma alcoólico. Quando ele ficava sozinho, o que era raro, eu tentava olhar em seus olhos, mostrar que queria ficar com ele, mas quando me fitava, ele logo virava o rosto.

A noite pra eles era uma criança e eu quis ir embora logo que terminei o trabalho. Os dois ficaram. Peguei o carro de Du e cheguei em casa sem um pingo de sono. Eu tinha feito um quarto escuro para eu revelar as fotos semanas antes. Na verdade era um armário bem grande, mas ficou perfeito.

As fotos do casamento ficaram perfeitas, a noiva estava linda! Mas quando revelei uma foto em especial vi que não fazia parte das do casamento. A imagem foi surgindo e eu vi Micael sentado no sofá. Ele estava escorando o braço no sofá com a mão apoiando o rosto e uma perna em cima do sofá. Ele sorria pra câmera. Me perguntava quando tinha tirado foto dele, mas aí me lembrei de quando Du apertou o botão da câmera e tirou uma foto. Foi antes do fim de semana na praia.

Sorri, pendurando a foto. Ele estava bonito dando aquele sorriso e percebi que era fotogênico. Isso só piorou o que eu estava sentindo. Depois de terminar tudo, fui dormir.

...

Alguns dias depois, montei o álbum e entreguei para o amigo do Du. Ele e a esposa amaram. E eu fiquei tão feliz! Primeiro trabalho e tudo deu certo!

Voltei para casa ansiosa pra contar a Du, ele já devia ter chegado. Quando passei pela porta meu sorriso desapareceu. Me deparei com Du beijando uma garota que eu nem fazia ideia que quem fosse e... Micael com uma garota em cima dele, se esfregando nele. Ele ria enquanto ela pegava suas mãos para pô-las em sua cintura. Porra, por que sempre tem que ser na minha casa?!

Fechei a porta e Micael olhou em minha direção ao ouvir a porta bater. Seu sorriso desapareceu ao ver meus olhos marejados. A garota olhou para onde ele olhava e me analisou de cima a baixo. Bati duas palmas e saí dali subindo as escadas.

Perto da porta do meu quarto Micael agarrou no meu braço me fazendo parar. Quando virei dei um tapa em seu rosto. Ele segurou minha mão me encarando, eu já chorava.

– Veio atrás de mim por que? Não estava se divertindo? – Disse com raiva me soltando bruscamente.

– Não sabia que ia estar em casa.

Naquele momento soltei uma risada indignada.

– Você... É um babaca mesmo. É o pior! Pra quem disse que não ia mais voltar aqui está muito bem, sentado no sofá da minha casa com aquela piranha! E eu que pensei que o imbecil do meu ex era o pior. Mas é você!

O empurrei com raiva e entrei no quarto batendo a porta. Escorei nela olhando pra cima e chorando. Ele pôs as mãos na porta, abaixando a cabeça.

Eu sei que fiz besteira, mas... Ele tinha mesmo que fazer aquilo?!


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Notas finais do capítulo

Comentem *-*