O babaca do amigo do meu irmão 1ª temporada escrita por Lailla
Notas iniciais do capítulo
Espero que estejam gostando *-----*
Dias depois, Micael e eu voltamos a brigar exageradamente. Por tudo!
Fiquei com o que Ellie disse na cabeça, me perguntando se ele queria mesmo dormir comigo antes daquilo. Comecei a sair frequentemente com Ellie, apenas para não ficar em casa com os dois. Sempre que ia para a cozinha e dava de cara com ele, me lembrava da festa e do que fizemos no meu quarto. Por que tínhamos que transar no meu quarto também?! E o pior: sóbrios! Sabíamos o que estávamos fazendo!
Eu tinha que esquecer o que aconteceu! Se não nada voltaria ao normal.
Bebia cappuccino enquanto caminhávamos. Estava frio e eu encolhia os ombros de vez em quando.
– Quer ir naquela loja de CDs? – Ellie perguntou.
– Tá bom. – Dei de ombros.
Andamos poucos quarteirões e chegamos na loja. Tinha várias prateleiras baixas com os CDs. Fui direto para a sessão de rock e Ellie ficou no Pop. Passava o dedo pelos CDs até que parei em um que eu procurava há tempos. Pus para tocar, era do Nirvana e eu amava a música “Come as you are.”. Amava a batida e a voz. A letra não me intrigava muito, como era inglês eu tentava esquecer o significado.
Estava com os fones, ouvindo e balançando as pernas. Eu não vi, mas Du e Micael entraram na loja. Ellie os viu e foi até eles. Eu estava de olhos fechados ouvindo quando um cara parou do meu lado me cutucando. Levei um susto e tirei os fones.
– E aí? – Ele sorriu.
– Oi... – Disse tentando lembrar de onde o conhecia.
Ele riu.
– Não se lembra de mim mesmo não é?
Olhei para os lados pensando e balancei a cabeça.
– O cara que você estava beijando na festa da Alexis.
– Ah! – Lembrei – Desculpe. Eu estava... Meio bêbada.
Com “meio” eu quis dizer “muito”!
– Eu sei! – Ele riu – Sou o Derek. – Ele apertou minha mão.
– Felícia. Mas você é o amigo ou...
– Não! Eu estava na sua frente. – Ele disse rindo – Foi mal pelo meu amigo. Ele fica tarado quando está chapado. Mas deram um soco nele. Seu amigo né?
– Na verdade não. Amigo do meu irmão. – Dizia sem jeito.
Ele sorriu gentilmente. Não esperava que aquele bêbado que eu beijei fosse tão sociável.
– Você está diferente. – Ele olhava para minhas roupas.
Eu estava com uma calça escura, blusa clara, tênis e casaco preto. Bem diferente do meu vestido vermelho sedutor.
– Na festa você estava meio...
– Vadia? – Ri.
– Não. – Ele riu – Só diferente. Fica bem assim.
– Ah, valeu. – Sorri sem jeito.
Ficamos em silêncio por alguns segundos. Olhei para o lado e ele para o CD que eu ouvia.
– Gosta de rock?
– É. Rock, pop às vezes.
– Legal. Eles são bons. – Ele disse pegando a capa do CD.
– É. – Sorri.
– Seria muito estranho se eu pedisse seu número do celular?
– Hum... – Fui pega de surpresa – Seria, mas... Por que não? – Ri.
Ele sorriu e me deu seu celular. Digitei e devolvi.
– Legal. Te ligo pra gente marcar um dia pra sair.
– Tá legal. – Sorri com as mãos nos bolsos.
Fiquei um pouco animada. Ele era bonito e parecia legal. Além do que já havíamos nos beijado, mesmo estando bêbados. Peguei o CD e pus na capa. Micael apareceu atrás de mim.
– Você deu seu número pra aquele babaca?
Virei, franzindo a testa em dúvida.
– Foi ele que eu beijei na festa.
– Eu sei! – Ele riu sarcástico.
– Não foi o que estava se esfregando em mim.
– E tem diferença?
– Claro que tem! – Eu disse revirando os olhos.
– Eles iam fazer alguma coisa com você se eu não tivesse te tirado de lá. E você ainda dá seu número pra ele?
– É, mas você acabou fazendo, né. – Sorri irônica e passei por ele – Não sei por que se importa tanto. – Via outros CDs.
– Esqueceu que ele estava te agarrando? – Ele disse se aproximando de mim.
– E você se esqueceu de que você fez pior? – Cochichei indignada.
Ele franziu a testa de raiva. Não sabia mais o que dizer. Eu sabia que eu estava por cima, mas se ele não tivesse deixado duro nada rolaria né. Né?
– Perdeu as palavras? – Disse sarcástica – Ele parece legal, esquece isso.
– “Parece”.
– E você já tem cara de babaca, e isso foi comprovado na festa.
Ele me olhou, desfazendo a expressão de raiva. Parecia um pouco surpreso. O olhei, desfiz a expressão rígida. Fiquei calma e um pouco pra baixo com a expressão dele.
– Esquece isso. – Disse suave.
Ele me olhou, surpreso.
– Nunca aconteceu. – Eu disse simplesmente – Não somos nada, tá bom?
Desisti de ver os CDs e fui até Ellie. Ela sorria.
– E aí? – Cantarolou – Quem era aquele que você deu o número?
– Derek. Era o cara que eu estava beijando na festa.
– Ele é bonito.
Assenti, um pouco desanimada. Aquela conversa com Micael me deixou pra baixo mesmo.
– O que houve? – Ela perguntou.
– Nada. Quero ir embora.
– Tá bem... – Ela não entendeu – Tchau Du.
– Tchau pras duas.
Levantei a mão, de costas.
Estávamos no caixa, pagando.
– O que houve com você? – Ellie perguntou.
– Nada. – Dei de ombros.
– O que o Micael disse?
– Um babaca diz babaquices. Achei melhor ir embora, se não quebraríamos a loja.
Agradeci e fomos embora.
...
No dia seguinte o babaca dormiu lá em casa. Me entoquei no quarto e liguei o som o bem alto. Os dois estavam na sala, jogando. A música era do Link Park: Crawling. Eu estava deitada na cama, olhando para o teto. Suspirava confusa. Por que aquele idiota não esquece aquilo?!
Na sala, meu irmão percebeu a letra. Todo mundo que me conhecia sabia que dependendo da letra da música que eu escutava, e ainda por cima bem alto, queria dizer mais ou menos o que eu sentia no momento ou o que eu estava pensando.
“O medo é o me derruba. Continuando o que é real. Há algo dentro de mim. Que puxa abaixo da superfície. Consumindo, confundindo. Temo que esta falta de autocontrole nunca acabe.”
– Eu hein. – Du disse – Pedem o número dela e ela fica assim?
Micael olhou para as escadas. Voltou a jogar, emburrado. Du levantou e foi para o meu quarto. Me viu deitada olhando para cima.
– Fê.
Olhei para ele. Ele abaixou um pouco a música e se sentou do meu lado.
– O que você tem babaca? – Ele riu.
– Nada. – Dei de ombros.
– Com essa música? – Ele riu – Te conheço.
Olhei para ele, um pouco perdida.
– Ficar confusa é um saco. – Eu disse.
Ele riu.
– Verdade, por quê?
– Aquele cara. – Menti – Eu estava bêbada e o beijei. Aí agora, sóbrios, vamos sair? Acho que é coisa de retardado.
Ele sorriu gentilmente.
– Tem certeza de que é isso? – Ele desconfiava. Me conhecia bem.
Assenti com a cabeça.
– Se não quiser sair com ele não sai.
– Eu sei. – Sorri.
– Só isso né? – Ele apertou os olhos pra mim.
Eu ri.
– É. – Menti.
– Tá. – Ele passou a mão no meu cabelo bagunçando-o todo.
Bufei, rindo. Ele saiu e voltou para sala. Viu Micael parado, pensativo. Pegou uma almofada e jogou nele.
– Que é babaca?
– Hum? Nada.
Du apertou os olhos em sua direção. Apontou para as escadas e para Micael consecutivamente.
– Vocês dois estão estranhos. – Desconfiou – O que você falou pra ela ontem na loja de CDs?
– Nada demais. Que ela estava feia e eu não sabia como havia conseguido que alguém pedisse o número. – Mentiu.
– Hum... Então qual é a cara de babaca?
– Estava pensando se ia chamar uma garota aí pra sair. – Ele deu de ombros.
– Já comeu ela?
– Já.
– Iii. Já sabe o que vai rolar. – Du riu – Ela vai ficar toda apaixonadinha. – Ele cantarolou.
– Quer saber? – Ele pensou – Foda-se.
Micael pegou o celular e mandou uma mensagem.
...
Eu fui ao shopping com Ellie e compramos algumas coisas. Ela disse que eu tinha que ficar bonita da forma mais decente possível para Derek esquecer aquela minha imagem da festa. Ele havia me ligado e marcamos uma saída.
Chegamos em casa rindo e me deparei com Du agarrando uma garota na poltrona. “Discreto.”, pensei com nojo. Logo que voltei a andar Micael desceu as escadas com outra garota.
O olhei surpresa e com repulsa.
– Não dava pra vocês irem pra um motel? – Ellie perguntou enojada.
A garota com cara de nada sentou no sofá e Micael me olhava, sem expressão. Tanto quanto eu!
– O que você está olhando babaca? – Ele perguntou.
Pensava. Por que eu estava olhando pra ele daquele jeito? Olhei para baixo, emburrada.
– Hein?!
– Acho bom não ter sido no meu quarto, idiota!
– E se foi? Vai fazer o que?! – Ele abriu os braços.
Não sei por que, mas meus olhos começaram a marejar. Eu estava furiosa com aquilo!
– Vai se fuder, Micael. – Disse passando por ele.
Fui para o quarto e bati a porta.
– Vocês são dois idiotas viu? – Ellie disse passando por ele e subindo as escadas.
Micael abaixou a cabeça. Foi sentar ao lado da garota. Olhou para Du que ainda beijava a garota, quase transando com ela na poltrona.
– Porra, idiota! – Jogou uma almofada nele.
Ele parou pondo a garota sentada em sua perna.
– Já usou o quarto?
Micael assentiu.
– Show, vamos. – Ele disse levantando e puxando a garota.
Micael o olhou subir as escadas. A garota olhava para ele em dúvida.
– Mas... A gente nem fez nada.
– E daí?
– Por que disse que a gente fez?
– Não sei. – Ele deu de ombros.
Ela deu um sorriso malicioso. Se ajoelhou de frente pra ele e abriu sua calça.
– Quer fazer alguma coisa agora?
Ele a olhou sem expressão. Ela esfregava a mão nele, sorrindo.
– Pára com isso. – Disse segurando a mão dela.
– O que foi?! – Ela perguntou sem entender – Já não quis transar comigo lá em cima.
Ele esfregou a mão no rosto e fechou a calça.
– Melhor você ir embora.
– Como é que é?
– Só vai tá?
Ela levantou indignada, pegou a bolsa e foi embora com raiva. Ele abaixou a cabeça, apoiando os cotovelos nas pernas e esfregando o cabelo.
– Idiota...
...
Eu havia me trancado dentro do banheiro quando entrei no quarto. Ellie entrou logo em seguida e ouviu o barulho do chuveiro. Sentou, me esperando. Começou a ver as roupas que compramos.
– Eles são uns idiotas né?
– É. – Disse.
– Fala sério. Eles trabalham, podiam muito bem ter ido pra um motel.
– Concordo. – Disse indignada – Ainda bem que não foi aqui.
– Concordo. – Ela riu.
Ellie não tinha a menor ideia. O chuveiro estava ligado, mas eu estava sentada ao lado da banheira, abraçando as pernas e apoiando o rosto no joelho. Levantei a cabeça e passei a mão no cabelo. Por que eu estava me importando com o que aquele babaca fez?
– Idiota...
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