Capítulo 3: Inconveniente.

Se eu sou a rainha do drama, então você é o rei da inconveniência.

Ainda me lembro do primeiro dia de aula, onde você simplesmente se sentou na minha frente com a maior cara de bunda do universo, e alegou que eu estava sentada em seu lugar. E eu, desbocada, perguntei onde o seu nome estava escrito ali.

Lembro-me perfeitamente quando você abriu esse seu sorriso presunçoso, erguendo um único canto da boca, e pegou meu lápis n°2, escrevendo seu nome na minha carteira com essa sua letra preguiçosa. E, com a voz arrastada e mais preguiçosa ainda, disse um “tá aqui”.

E você sempre foi exatamente assim: terrivelmente inconveniente, marcando seu nome com essa sua letra desleixada nas coisas que eu julgava serem minhas. Primeiro você marcou minha carteira, depois minha cabeça, para logo em seguida marcar com caneta permanente meu coração.

Viu como você é inconveniente? E isso, às vezes eu percebo, nem é completamente proposital. Você é, desde nascença, inconveniente. É algo que está incrustado em você, na sua personalidade e na sua alma.

Você morrerá sendo inconveniente.

E, para piorar, ser o Sr. Inconveniência nem é um dos seus maiores problemas. O pior fato é que você, de tanto ser inconveniente, acaba fazendo as pessoas aceitarem e até mesmo gostarem disso em você.

Tá vendo? É exatamente isso o que você é: inconveniente.