A sede da Borson Financial Enterprises, a empresa de Odin Borson Odinson, uma das maiores corretoras de valores de Wall Street ficava no último andar de um imponente arranha-céu no coração de Nova Iorque de onde se tinha uma vista privilegiada de Manhattan.

Odin era conhecido por sua força nos negócios. Empresário bem sucedido da bolsa. Respeitado e temido nos quatro cantos do competitivo mundo financeiro. Herdara a empresa de seu pai, a extinta Asgard, e fundara a Borson. Ele estava há quase 30 anos na liderança da empresa conduzindo tudo com mãos de ferro. Mas, depois de tanto tempo à frente da empresa sentia-se cansado. Ele, que já havia sofrido um infarto há 2 anos, e sua esposa Frigga queriam aproveitar a vida. Em 2 meses Odin completaria 65 anos e ia se afastar da liderança da Borson, para isso ele vinha silenciosamente preparando um substituto.

Odin estava em sua sala, uma imensa sala com vista incrível, quando o interfone em sua mesa tocou, era sua secretária, senhorita Andrezza. –Sim?

–Senhor Odin. Thor ligou e ele não vem a semana toda. Tem uma virose. – a voz suave da moça surgiu do aparelho.

–De novo? – o velho resmungou. –Ligue de volta! O quero aqui! – gritou o empresário. Seu temperamento era conhecido. Quando desejava algo era tanto melhor para todos ao seu redor que o conseguisse.

–Sinto muito, ele não está atendendo. – ela respondeu pesarosa.

Odin respirou fundo. Havia decidido deixar a presidência em favor de seu filho Thor. O problema era que Thor ainda não estava preparado para a responsabilidade e era relapso em relação a empresa. Mas Odin, estrategista nato, estava determinado a fazer Thor se interessar pelos negócios. Há 6 meses havia o nomeado Diretor Financeiro. Um cargo de grande peso, sendo responsável por gerenciar os departamentos contábeis e desenvolver o plano de crescimento da empresa.

A ideia era dar uma responsabilidade tão grande para Thor que o faria se sentir compelido a se envolver, no entanto, Odin tinha que reconhecer que o tiro saiu pela culatra, ao contrário do esperado Thor não dava conta do recado e se mostrava inapto e desinteressado.

–Chame Loki! – disse um Odin frustrado para a secretária no interfone.

–Loki está em Stark. – ela respondeu.

–Pelos Deuses! – ele bradou sem paciência. –Chame no celular dele. Diga-lhe que não é babá de Stark. O quero às 14 horas representando a Borson na conferência de fundos de investimentos e capitalização. E repasse toda agenda de Thor para ele. – não esperou por resposta desligando.

Na torre Stark, sede das Indústrias Stark, Loki recebeu a mensagem da secretária de seu pai informando sobre a alteração de sua agenda, já estava acostumado. Desde que entrou na Borson sua vida havia se tornado o trabalho, mas realmente gostava do que fazia.

Sentia-se um privilegiado em estar numa das maiores empresas de corretagem da bolsa. Com apenas 26 anos e uma inteligencia acima da média Loki era formado em Ciências Contábeis e Economia, e com doutorados em Ciências Políticas e Desenvolvimento Financeiro Sustentável.

Enquanto aguardava o bilionário Tony Stark, presidente das Indústrias Stark, Loki pensava o quanto tinha sido difícil chegar até ali. Aos 18 anos havia entrado na empresa do pai como corretor Jr, segundo Odin seria uma ótima forma de Loki ver todas as áreas da empresa e entender a importância de cada uma delas.

Com um QI acima da média e muita dedicação foi galgando cargo a cargo até chegar onde estava agora: assistente financeiro. Cargo injusto se considerada a importância que ele tinha na Borson. Era a ele a quem os gerentes das demais áreas se reportavam, não a Thor, era ele o responsável pelo desenvolvimento e planejamento de cada conta de cliente da empresa, não Thor, e era ele quem estava aqui agora para fechar um importante contrato com a Stark.

Loki foi retirado de seus pensamentos pelo energético Tony Stark.

–Loki Odinson. – Stark fez uma careta encarando o homem alto e magro de olhos verdes a sua frente. –O engomadinho mais cricri de Wall Street. – o bilionário provocou.

–Antony Stark. – Loki meneou com a cabeça. –Que bom que pode ceder seu precioso tempo...

–Corta essa! – Stark disse impaciente. –Jarvis, vou dar uma festa hoje a noite, chame o pessoal de sempre. – Jarvis era o nome do complexo sistema A.I. desenvolvido por ele próprio que controlava todas as funções da Torre Stark.

–Perfeitamente, senhor. – a voz robótica respondeu.

–E você, Loki Odinson. – disse Stark dirigindo-se ao bar displicentemente. –Diga-me em 5 minutos como vai meu investimento com vocês. - falou preparando uma bebida.

Loki o fitou. Convencer aquele egocêntrico não era tarefa para 5 minutos. –Serei breve. – disse Loki. –Lembra-se do plano de desenvolvimento financeiro que traçamos para a sua conta há um mês? Pelas novas nuances...

–Sabia que esse seu cabelinho é irritante? – perguntou Stark. –Um dia mando dar fim ao estoque de gel de Nova Iorque só para te ver... casual. Você tem quantos anos? Cinquenta? – Tony o interrompeu.

Loki suspirou. Stark podia ser insuportável quando queria. Ele puxou o tablet o colocando diante dos olhos do bilionário. –Seu investimento inicial foi tímido, mas ainda assim com o rendimento aplicado e os juros do investimento de risco alto a moderado que escolhemos e ainda a redução do imposto sobre produtos de tecnologias avançadas conseguimos uma boa margem de lucro. – completou Loki apontando o valor.

Stark olhou do tablet para Loki algumas vezes. –Seu filho da mãe competente. Sério que deu tudo isso? - sorriu ele.

Tony Stark tinha alguns investimentos com a Borson Financial Enterprises, mas o que Loki vinha batalhando há 2 anos era que o bilionário passasse para a Borson toda a conta das Indústrias Stark, investimentos e contabilidade. Porém, Tony era receoso, embora a Borson fosse a melhor, ele não gostava da forma conservadora de Odin. Foi só depois de Loki se envolver no circuito que o bilionário se tornou menos desconfiado. Loki era impressionante no que fazia, ele simplesmente conseguia fazer dinheiro brotar das árvores.

–É tão reconfortante saber que acordei mais rico hoje. – brincou Tony saboreando seu Uísque.

–E acordará amanhã, e depois de amanhã, e a cada dia de sua vida se confiar na Borson. – disse Loki. –Seu negócio é arriscado, no entanto, lucrativo. Nós dois somos arrojados, vemos coisas que poucos conseguem ver, dinheiro se reproduz com a mesma velocidade do nosso pensamento. Você já tem provas suficientes que a Borson é capaz de gerir suas finanças. – completou o assistente financeiro, seus olhos verdes detinham um brilho desafiador.

–As Indústrias Stark e a Borson Enterprises juntas? – disse Tony pensativo. –Anthony Stark e Loki Odinson? O gênio inventor e o gênio produtor de fortunas, juntos? É realmente tentador, se não fosse o risco...

–Todo negócio tem riscos, o lucro está em ousar de forma consciente, sabe disso. Você solta de abismos vestindo os trajes que sua empresa fabrica porque você pessoalmente os projetou e confia no que faz. – Loki insistiu. –Eu também confio no que faço, e posso garantir que sei voar mais rápido que você quando se trata de fazer dinheiro render. Eu sei fazer dinheiro.– disse Loki.

–É você sabe. – Stark garantiu. Loki era a jovem promessa de Wall Street, qualquer um com ações na bolsa sabia disso. Disputado pelas corretoras. Chamado o toque de Midas da economia, mestre da magia financeira. Havia escrito artigos para Wall Street Journal e para o FT. Autor do best seller "Ficando rico na crise" –Se eu topar passar a conta para Borson você cuidará dela pessoalmente?

Os grandes olhos verdes de Loki brilharam. –Eu prometo. Tem minha palavra.

–Então, sim. – o bilionário confirmou.

O coração de Loki acelerou. Stark disse sim. Era o melhor dia de sua vida. Thor teria que admitir seu valor. E Odin lhe abraçaria e lhe daria aquele olhar de orgulho destinado somente a Thor.

–Jarvis, ligue com Odin Borson da Borson, – Tony falou. – e diga que mande seu jurídico redigir o novo contrato da Stark, estamos migrando, e diga que exijo Loki como meu gerente de conta. – disse Stark.

Aquele resto de dia passou num esboço de cores animadas para Loki. Tudo em Nova Iorque pareceu mais agradável, era como colocar óculos cor de rosa e sair pelas ruas. Ele estava feliz.

Passava de 19 horas quando ele chegou à Borson, Odin já havia ido. Loki teria que esperar até amanhã para receber os louros da vitória. Pena a conferência de fundos de investimentos ter se estendido tanto.

Loki sentou em sua mesa que ficava num canto mais reservado (ele precisava de paz para gerar seus números) na recepção da presidência, ao lado da mesa da secretária. "É provisório" – sempre dizia Odin. Talvez agora que seria o "Gerente de Contas" da Stark tivesse sua própria sala.

Conformou-se e focou no trabalho, ainda nessa noite tinha que analisar o balanço de algumas outras contas (legado de Thor, que ia passar a semana em casa), redigir o relatório detalhado sobre a conferência da tarde, e fazer um estudo de caso financeiro de indústrias de tecnologia A.I. para anexar ao contrato da Stark. Isso tudo teria que estar na mesa de seu pai antes das 10 horas de amanhã do dia seguinte.

–Boa noite, Loki! – Andrezza, a secretária, cumprimentou quando o viu. –Parabéns por Stark! – disse ela.

Aquela não foi nem de longe a recepção que Loki sonhou, mas ao menos alguém reconhecia seu esforço. –Boa noite, Senhorita Mirella.

–Sua agenda da semana está no seu e-mail, você assumiu a semana de Thor. –E não fique até muito tarde e feche tudo quando sair. – a secretária sorriu docemente e foi embora para sua própria casa.

Loki bufou. Thor sempre arrumava uma forma de sumir na semana de entrega de relatórios, era sempre assim. Algumas coisas nunca mudavam.