E se Fosse Verdade? escrita por justbecause


Capítulo 9
Nocauteada


Notas iniciais do capítulo

Oioiiii
Bem, não tem muito o que dizer hoje...
Espero que gostem, esse aqui tem uma surpresinhaa



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Capítulo 9- Nocauteada

Certo.

Eu nunca achei que fosse dizer isso, mas...

Se não fosse por Matt, nós estaríamos mortos agora.

É, eu sei. Não parece verdade. Mas é.

O trem estava seguindo seu rumo tranquilamente por bastante tempo, e eu estava começando a achar que realmente daríamos sorte e conseguiríamos chegar em Kansas City sem interrupções.

Obviamente, eu estava errada.

Como acordamos cedo, tivemos que comer alguma coisa no meio da viagem, e graças aos deuses o trem tinha um vagão restaurante, porque sem ter comido, Percy nunca teria me deixado em paz.

Percy estava quase adormecendo do meu lado quando o trem parou subitamente e, claro, ele acordou. Estávamos no meio do nada, só se via capim e alguns arbustos para todo lado.

– O que foi isso? – ele perguntou, alarmado.

Como resposta, a voz do maquinista ecoou pelos auto falantes:

– Senhoras e senhores, por favor não se desesperem. Houve um problema técnico. Solicitamos que saiam do trem calmamente.

Bem, essa foi a deixa para todos se levantarem, gritarem, e começarem a correr de um lado para o outro tentando sair do trem.

– Isso não está cheirando bem. – falei para Percy por baixo do barulho, já que nós permanecemos sentados.

Matt também ficou sentado, seguindo o nosso exemplo, provavelmente.

Quando a confusão passou um pouco, nós nos levantamos e saímos.

Lá fora estava uma confusão, e nós nos afastamos um pouco da multidão.

– Devemos estar em algum lugar de Ohio. – comentei – Matt, dê uma olhada na bússola.

O filho de Apolo pegou o objeto da mochila. O ponteiro agora estava apontando um pouco mais para cima, mas havia encolhido, e algum tipo de... aura rosa estava ao seu redor.

– Isso provavelmente significa que estamos chegando perto. – deduzi, e então levantei os olhos para encarar os dois – Acho que nós devíamos... abandonar o trem. Parece que quanto mais perto chegamos do bilhete, mais exata se torna a direção da bússola. A gente devia seguir o ponteiro a pé.

Eles refletiram por um segundo e concordaram.

Discretamente, nós começamos a nos afastar do trem na direção que o ponteiro estava virado.

Eu estava certa, era mais fácil nos guiar pela bússola agora. O ponteiro ia mudando lentamente de posição enquanto íamos andando, e a aura rosa ia ficando cada vez mais forte.

– Eu acho que estamos chegando perto. – Percy falou quando já estávamos longe o bastante para o trem e as pessoas parecerem de brinquedo.

Mais alguns metros e eles já haviam sumido, sendo substituídos por uma rodovia deserta que começamos a seguir à distância.

Um tempo depois, começamos a ver casinhas de fazenda e armazéns espalhados pelo campo.

– Ah, graças aos deuses. – comentei.

– O que? – Matt perguntou

– Devemos estar chegando perto de alguma cidade.

– Ah, certo.

Andamos em silêncio mais um pouco até que Percy se manifestou:

– Ei, vocês estão vendo aquele posto de gasolina?

Eu olhei para o lugar que ele estava apontando e era verdade, ali estava um posto de gasolina.

– O que acham de uma parada para comprar suprimentos? – ele sugeriu.

– Não custa tentar. – eu disse, e nós desviamos do nosso caminho para irmos até o tal posto.

O que, na verdade, foi um erro.

Um grande erro.

Comecei a estranhar o lugar à medida que fomos chegando mais perto.

Quando estávamos a poucos passos, parei de andar:

– Vamos, Annabeth

– Percy, isso está com cara de abandonado. – alertei.

Ele parou de andar e virou.

– Tem razão. Vamos voltar.

Mas, no momento em que eu dei meu primeiro passo na direção oposta, ouvi um grito:

– Annabeth?

Olhei para Percy, e ele me encarou confuso. Ele não tinha dito nada.

Mas... eu podia jurar que era a voz dele.

Matt pegou seu arco, eu desembainhei minha faca e Percy destampou Contracorrente; e, juntos, entramos na loja de conveniência do posto de gasolina.

O lugar estava completamente escuro e abandonado, de uma forma que havia poeira flutuando em cima de cada centímetro quadrado de chão.

Seguindo o brilho de bronze celestial, fomos nos afastando para os fundos da loja. Para acharmos o monstro (seja lá o que ele fosse) mais rápido, cada um dos três foi para uma direção diferente e eu entrei sozinha num corredor estreito.

Comecei a ouvir novamente os gritos com a voz de Percy me chamando, e fui seguindo na direção do som.

Eu não sabia se aquele era realmente Percy gritando ou se era o que quer que fosse que tinha imitado a sua voz antes.

Eu sei, eu sei, arriscado, mas... e se fosse Percy?

Fui seguindo o som enquanto tentava descobrir o que poderíamos estar prestes a enfrentar até que entrei em uma sala maior e fiquei paralisada com a cena à minha frente.

Percy estava amarrado e amordaçado no canto da sala, Contracorrente e sua mochila caídas ao seu lado. Ele arregalou os olhos quando eu entrei.

No meio da câmara, havia uma fogueira improvisada acesa e, ao seu lado um... Ciclope.

Não tão grande e feroz quanto Polifemo, mas ainda assim, bem assustador.

Eu simplesmente fiquei parada, olhando, sem conseguir mexer nem um único músculo.

Do nada, eu era novamente aquela garotinha assustada e amedrontada de sete anos, andando sem rumo pelo país com Thalia e Luke, sem saber quem eu era ou como sobreviver.

A situação toda simplesmente me lembrou demais daquela vez em que eu, Thalia e Luke ficamos presos na armadilha de um ciclope, e ele ficava imitando as nossas vozes e nós não sabíamos o que fazer. Eu me senti sozinha e abandonada, e nunca consegui esquecer desse dia. Foi impossível não me lembrar desse sentimento quando vi aquela cena.

Quando dei por mim, já estava amordaçada e amarrada ao lado de Percy.

Lancei para ele um olha de "desculpa", e ele me devolveu um "tudo bem, não é culpa sua".

Fechei os olhos e respirei fundo, tentando pensar em uma solução para o problema, quando o ciclope começou a falar:

– Semideuses... Tão burros... Não podem deixar de correr atrás de seus amados. – ele deu uma risadinha fraca e irônica – Esse truque nunca falha. E agora eu vou comer vocês, casalzinho semideus. Assim que o fogo aumentar.

Eu sabia que Percy tinha sido capturado porque não teve a coragem de lutar contra um ciclope. Ele sempre ficava um pouco relutante por causa de Tyson. Não era culpa dele, ele não podia evitar.

Já eu... se algo acontecesse com a gente, a culpa seria minha. Eu não podia ter me deixado levar por aquelas lembranças. Eu devia ter permanecido forte.

Eu olhei para Percy novamente, como se perguntasse o que nós iríamos fazer, mas ele parecia ter a mesma resposta que a minha: não sei.

No momento em que o ciclope se levantou, provavelmente para nos desamarrar e jogar na fogueira, Matt entrou e começou a jogar uma flecha atrás da outra, fosse explosiva, daquelas que enrolam o alvo em cordas ou comum.

Ele atirava com tanta precisão e velocidade que era difícil de acreditar.

Em poucos segundos, o ciclope estava todo ferido e amarrado no chão. Ele grunhia e rugia, mas era incapaz de produzir sons completos.

Eu e Percy nos entreolhamos, impressionados, e depois olhamos para Matt novamente. Ele limpou o suor da testa (exibido) e veio até nós dois.

Primeiro ele me soltou e depois, Percy. Tirei a mordaça e me virei para o filho de Apolo:

– Obrigada. Mesmo.

Ele acenou com a cabeça e piscou:

– Eu sei que eu sou demais, Srta. Google.

E então, ele foi até o ciclope e, com um pouco de dificuldade por causa das contorções do monstro, cortou a sua cabeça.

Tudo o que sobrou no chão foram cordas e poeira amarela.

Matt começou a recolher as flechas e eu esfreguei os punhos e olhei para Percy:

– Me desculpa. – falei.

– Ei, - ele respondeu, parecendo sincero e um pouco preocupado – não foi culpa sua.

– É só que... – eu comecei a falar, mas eu sentia que estava prestes a chorar, e eu realmente não queria isso.

Ele simplesmente chegou para perto e me abraçou. E eu o abracei de volta. Era a melhor sensação do mundo, como se eu estivesse segura e nada pudesse me atingir.

– Eu sei. – ele sussurrou no meu ouvido – Não precisa dizer nada.

Eu apenas balancei fracamente a cabeça e continuei lá, sendo abraçada e abraçando-o de volta.

Mas é claro que Matt tinha que aparecer e estragar o momento.

Ugh.

– Então. – ele falou e nós nos separamos. – O que fazemos agora?

– Continuamos seguindo o ponteiro sem mais interrupções desnecessárias. – Percy respondeu e, antes que eu pudesse soltá-lo por inteiro, ele segurou a minha mão.

Ele apenas sorriu quando eu o olhei surpresa antes de sairmos do posto e continuarmos nosso caminho.

E não me pareceu estranho continuar o resto da estrada de mãos dadas com Percy.

Não demorou muito para chegarmos no centro de uma cidade, que, de acordo com uma placa na "entrada", era Lima.

Parecia ser uma cidade bem desenvolvida, apesar de não ser grande, movimentada e cheia de arranha-céus como certas capitais que eu conheço.

– Por favor, - Percy falou quando paramos no meio de uma pracinha – me digam que eu não sou o único aqui que está morrendo de fome.

Eu ri do comentário dele e procurei algum lugar que parecesse agradável para comermos.

– Não, Cabeça de Alga. Dessa vez eu também estou com fome. – respondi, um pouco distraída, sem olhar para ele.

Ele pareceu bastante satisfeito consigo mesmo e Matt deu um riso fraco antes de também concordar:

– É... comida agora até que cairia bem. Que horas são? – ele perguntou.

Avistei um relógio de rua e fiquei surpresa com o horário:

– Cinco e meia da tarde.

– Wow. – foi tudo o que Matt disse.

Percy apenas fez uma cara um pouco surpresa e estreitou os olhos para me ajudar com a busca.

– Ali. – eu disse quando avistei uma padaria do outro lado da rua – Vamos, quanto mais rápido acabarmos com isso, melhor. – completei, enquanto puxava Percy em direção à loja e Matt vinha atrás.

Lá dentro havia um balcão que vendia pães e coisas do tipo e algumas prateleiras com produtos industrializados. Os caixas ficavam na frente.

– Peguem qualquer coisa aí pra comer e eu vou pegar alguns refrigerantes. – pedi e fui até a geladeira.

Peguei duas daquelas garrafinhas de 500ml de Coca para os meninos e uma garrafinha de água com gás para mim. Sinceramente, não sei como eles preferem Coca.

Eles foram rápidos e me encontraram em pouco tempo na fila do caixa com três sanduíches na mão.

– Eu pago, dessa vez. – Matt disse, tirando a carteira do bolso e pegando as coisas das nossas mãos. – Me esperem lá na frente.

Uma coisa era verdade: eu e Percy havíamos gastado bem mais dinheiro do que Matt até agora, então nós fomos para a frente sem reclamar.

Alguns minutos depois, o filho de Apolo chegou com a comida e nós voltamos para a pracinha para sentarmos num banquinho.

Eles (bem eu digo "eles", mas provavelmente foi Percy quem escolheu) tinham comprado um misto quente para mim, e na verdade estava bem gostoso.

– Matt, - falei, depois de algumas mordidas – cadê a bússola?

Ele tirou o objeto do bolso (estávamos mantendo-o mais fácil de pegar agora que precisávamos usá-lo quase o tempo todo) e me entregou.

A aura rosa estava bem mais forte agora, e o ponteiro estava bem pequeno.

– Devemos estar perto. – Percy comentou.

Eu concordei com a cabeça e dei outra mordida.

– Comam mais rápido, é melhor que a gente ache isso antes de anoitecer.

Nós nos apressamos e logo estávamos novamente de pé, analisando o ponteiro da bússola. Fomos seguindo na direção que ele apontava e fomos parar na frente de uma oficina abandonada.

O letreiro, que parecia um dia ter dito "Oficina do Larry", estava apagado e pendurado apenas por um lado.

Suspirei quando percebi que o bilhete com certeza estava lá dentro, já que a luz rosa vinda da bússola quase me cegava, e o toco de ponteiro que restava apontava para a frente.

– A cara de Hefesto. – Percy comentou.

Nós trocamos alguns olhares. Nenhum de nós dois tinha experiências muito boas quando se tratava de armadilhas do deus do fogo.

– Vamos. – Matt disse e abriu a porta.

Primeiro sinal de que havia alguma coisa estranha: a porta estava destrancada.

Ele entrou, seguido por eu e Percy.

O lugar estava escuro, mas uma única lâmpada no teto se acendeu assim que demos mais dois passos para a frente.

– Isso não é um bom sinal. – murmurei.

Corri os olhos pelo lugar mal iluminado, e pude ver uma mesa de montagem imensa no centro do ambiente, rodeada por várias mesas menores cobertas de ferramentas e peças de montagem enferrujadas.

Bem na ponta da mesa grande de montagem, debaixo de uma chave de fenda, encontrava-se um envelope bege, que com certeza já havia sido lacrado algum dia, mas estava aberto.

Isso estava obviamente fácil demais, então claro que havia alguma armadilha envolvida. Até mesmo Percy pareceu ter percebido isso, já que ficou só olhando para o envelope com uma cara pensativa.

Comecei a tentar decifrar qual era a armadilha e como a evitaríamos, mas não deu tempo nem de pensar em uma possibilidade.

– Essa foi fácil. – disse Matt, e avançou para pegar o envelope.

– Matt, não... – eu tentei avisar, mas era tarde demais.

No momento em que ele mexeu na chave de fenda, todos os objetos da sala começaram a voar.

Apenas um pequeno problema: eles vinham na nossa direção, como se nós fossemos ímãs.

Quando percebi o que estava acontecendo, gritei:

– Corram!

Mas, assim que eu me virei para a porta, alguma coisa de metal grande e pesada me acertou em cheio na cabeça.

Só deu tempo de sentir muita dor antes de eu desmaiar.

"And it's not theirs to speculate

If it's wrong and

Your hands are tough but they are where

Mine belong"

Ours- Taylor Swift


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Notas finais do capítulo

EEE não me mateeeeem...
Ah, qual é, todo autor tem direito a um cliff hanger de vez em quando, né?
Espero que tenham gostado, e o próximo sai já na quarta, ok?
Beijinhooos



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