Percy

–Estou começando a me acostumar com isso - disse assim que aparecemos no Central Park.

–Bom pra você - disse Nico, emburrado - As caçadoras tinham que aparecer naquele lugar bem quando estavamos lá? Quais são as chances de isso acontecer?

–Somos semideuses, simplesmente sempre estamos no lugar errado, na hora errada. - respondi me levantando e começando a andar.

–Você não é mais um semideus - Falou ele - Além disso, acredito que essas coisas acontecem por que você esta lá, parece que você de alguma forma atrai problemas... como mel atrai abelhas.

–Verdade, mas não quer dizer que isso é minha culpa - Falei melancólico - Nunca pedi para que eu fosse assim, se eu fosse só um mortal comum, com uma vida comum … Tudo seria tão mais… simples.

– Acho que eu não ia querer ser um mortal. - respondeu Nico olhando para o céu acinzentado de Nova York.

–Como assim? - perguntei, parando de andar.

–Pense um pouco- falou ele parando de andar também, mas ainda não olhando para mim - Sempre pensamos nas coisas ruins de ser um meio-sangue, e nunca imaginamos como seria se fosse ao contrário, se fossemos mortais, que soubessem sobre todo esse mundo…

–Acho que não entendi o que você está querendo dizer.

–Percy - disse ele suspirando, e finalmente se virou para mim - Se você soubesse sobre tudo isso que aconteceu nas Guerras, que era um possível final do mundo, mas simplesmente não pudesse fazer nada, por que você é só um mortal? Se sentir inútil por que você é normal? Acho que o que eu estou tentando dizer é que, se eu fosse um mortal, eu iria querer ser um semideus… iria querer ser … diferente.

– Mas…

–Percy, eu sei todas as dificudades que temos que passar, que podemos não viver o suficiente pra criar uma família, por Hades, eu sou um semideus! - gritou Nico - Mas os mortais também estão sujeitos á coisas ruins também! É isso que falei antes! Só vemos o lado ruim de ser um semideus, mas não o lado ruim de ser um mortal.

–Nico…

–Chegamos - Respondeu Nico entrando na loja - Só pense melhor nisso, okay? Agora vamos cortar seu cabelo, acho que vou cortar um pouco o meu, está do tamanho do da Thalia já.

Apenas concordei com a cabeça e entrei na loja.

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–Então, o que achou - disse me virando na cadeira para olhar para Nico que estava lendo uma revista no sofá atrás de mim - Muito curto?

A flecha tinha cortado mais do meu cabelo do lado esquerdo do que eu imaginava, faltando milímetros pra fazer um corte na minha cabeça, o que me levou a ter que praticamente raspar os lados, mas como não queria ficar praticamente careca, falei pro cara que cortou meu cabelo deixar mais cabelo em cima, mas diminuir um pouco o comprimento.

–Cara, você está totalmente diferente - Respondeu Nico surpreso - Mas eu acho que você ficou melhor assim, apesar que seu cabelo continua todo bagunçado.

– Você não parece diferente - respondi - Na verdade, você está exatamente da mesma maneira que estava quando entramos aqui!

–Isso não é verdade, eu cortei meu cabelo - disse ele olhando pra mim e abrindo um sorriso - Claro, só diminui o bastante para não estar do tamanho do da nossa prima.

–Tanto faz - respondi suspirando e passando a mão no que sobrou do meu cabelo, tentando arrumá-lo e falhando miseravelmente - Vamos logo, estou morrendo de vontade de comer biscoitos azuis.

–E eu estou morrendo de fome, então vamos! -disse Nico praticamente pulando e correndo pra fora da porta.

–E depois ainda me diz que é mais velho que eu - disse sorrindo, e me virando para o cara que cortou meu cabelo, estralei os dedos, ultilizando a névoa para depois a polícia não vir atras de nós e sai pela porta atrás de meu irmão imaturo.

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–Você já se decidiu? - perguntou Nico, depois de um tempo de silêncio que tinha assumido entre nós dois - Sobre Annabeth, quero dizer.

Suspirei e olhei para a lua brilhante que tinha começado a aparecer, sinalizando o início da noite.

–Eu… eu ainda não tenho certeza, Nico… Eu amo Annabeth, não sei se eu conseguiria deixa-lá - falei olhando para meu irmão...ainda é estranho pensar que agora eu tenho três irmãos - Então acho que qualquer lugar que eu vá, Annabeth tem que ir comigo.

–Entendo…- respondeu Nico abaixando a cabeça e logo em seguida levantando ela com um olhar de curiosidade - Percy… Por quê você acha que ela não lhe contou sobre a nova capacidade dela de ler mentes?

–Eu realmente não sei - disse meio triste e irritado pelo pensamento que veio logo em seguida - Talvez ela não quisesse que eu soubesse.

–Você acha que ela não queria que você soubesse para poder saber se você traiu ela? - disse Nico, olhando inseguro se continuava ou não. - Percy… você acha que Annabeth ainda confia em você? … Que ainda te ama?

–Eu espero que sim , Nico… Espero que sim. - disse melancólico, e voltando a olhar para frente - Parece que chegamos.

Dei oi para o porteiro, que me olhou surpreso, mas mesmo assim, nós deixou subir. Estava tudo silecioso no elevador, até que Nico decidiu fazer uma pergunta que e realmente não queria responder.

–Hey, Percy, você está nervoso? Suas mãos estão suadas.

–Nervoso?! Por quê estaria nervoso? - respondi secando minhas mãos nas calças.

–Não sei, eu é que pergunto - disse Nico olhando para meus olhos - Percy, você não tem o porque e estar nervoso, é só sua mãe.

–Esse é exatamente o problema! - falei meio gritando - Ela já deve saber que eu sei que ela não é minha mãe, além disso, ela deve estar decepcionada comigo!

–Percy, porque ela estaria decepcionada com você? Você não fez nada de errado!

–Nico - falei - Faz praticamente dez meses que eu não dei nenhum sinal pra ela que eu estou vivo!

Assim que disse isso a porta do elevador se abriu, mostrando a porta da casa da minha antiga mãe. Andamos até ela, mas parei n frente na porta, com medo de bater nela. Olhei para Nico com um olhar “acho que não é uma boa ideia…”, ele simplesmente revirou os olhos e bateu na porta. Pode se ouvir barulhos dentro da casa e alguns segundos depois a porta se abriu, revelando a mulher que me criou desde criança, que me fez ser a pessoa que sou hoje.

– Oi, mãe...