POV Caitlin

Quando chego de manhã no laboratório, os meninos já estavam lá. Eu não costumo me atrasar, mas hoje ocorreu um pequeno imprevisto. (Na verdade vem ocorrendo dês do fim de semana).

–Bom dia! –falo.

–Hey! –Cisco responde com a atenção voltada para o computador.

–Oi... –Barry se vira pra mim com um pequeno sorriso- Achei que não viria hoje!

–E deixar a cidade na mão de vocês dois? Nem pensar! –brinco e ele ri. É bom ver que nossa amizade não ficou estranha devido certo acontecimento do passado.

Me sento na cadeira do lado do Cisco, e no mesmo segundo sinto um cheiro que faz meu estomago embrulhar.

–Cisco, que cheiro é esse?! –faço careta e ele se vira pra mim confuso.

–Não estou sentindo nada...

–Nem eu... –Barry também estranha.

Vasculho a mesa com os olhos tentando descobrir de onde vinha o odor e vejo um prato com um burrito meio comido, perto do meu amigo latino.

–É isso aí! –falo apontando para comida.

–Meu burrito? –ele cheira o alimento- Está normal... É de carne e queijo! Quer? –quando ele aproxima o salgado de mim, sinto como se fosse vomitar.

–Tira isso de perto de mim! –afasto minha cadeira- Se você não quer que eu coloque para fora o resto de comida que tenho!

–Alguém está de mal humor.... –ele cantarola.

–Eu não estou de mal humor! –falo brava- Só meu estomago que não está tendo um bom dia!

–Está tudo bem Cait? –o velocista intervém- Você pode voltar para casa se quiser!

–Não! Eu estou bem! –digo de imediato.

–Okay... –ele responde meio desconfiado.

**********

–“Eu estou bem!” –Cisco fala com uma voz de menininha. Eu riria se não estivesse no banheiro vomitando.

–Você tem que ir no médico! –Barry diz. Uma mão acariciava minhas costas e a outra segurava meu cabelo. Eu realmente não queria que ele visse isso, mas não deu nem tempo de fechar a porta.

–Eu sou médica lembra? Acho que já não tem mais nada dentro de mim... –resmungo e dou descarga.

–E como médica você sabe que isso não é normal! –o latino cruza os braços.

–Ele tem razão... –Barry concorda.

–Não é nada demais! Com certeza eu só comi algo que não me fez bem! –falo brava- Eu posso cuidar de mim mesmo! –tento empurrar os dois para fora do banheiro.

–Tá bom! Nós vamos te deixar sozinha, mas qualquer coisa grita! –o Sr. olhos verdes diz, e fecho a porta.

Lavo a boca e me olho no espelho, fora meu cabelo meio bagunçado, pareço normalmente bem! Nem mesmo estou pálida, não preciso ir ao hospital!

Ajeito minha franja e meus cachos, então saio como se nada tivesse acontecido.

–Podemos voltar ao tralho agora! –aviso e sento novamente no meu lugar.

–Sério? Você não vai nem comer alguma coisa? –Cisco me encara.

–Foi exatamente isso que eu tentei fazer, minutos antes de colocar tudo para fora!

–Mas você não pode ficar com estomago vazio! Você não quer nada mesmo? –o velocista, pergunta.

Penso por um momento. E de repente se surge uma súbita vontade de comer cupcake.

–Na verdade.... Um cupcake não cairia nada mal... –digo sorrindo.

–Cupcake? Mas você acabou de vomitar biscoitos! –o latino exclama.

–E daí? Não é a mesma coisa! Eu adoraria um... De red velvet! –me viro para o Barry com um sorrisinho de “por favor!”.

–Melhor do que nada! –ele responde e em um segundo meu cabelo está voando e logo depois, o “borrão vermelho” aparece com uma caixa na mão- Prontinho!

–Muito obrigada! –pego o bolinho e começo a devora-lo- Esse é o melhor cupcake do mudo! –falo com a boca cheia. E eu não estou exagerando! Nesse momento esse realmente parece o melhor cupcake do mundo!

Os dois me observavam surpresos.

–Uau! Você estava mesmo com vontade! –diz Cisco.

–Vai com calma! –Barry ri- Está comendo mais rápido que eu!

Assim que eu termino de comer aquele, falo que ainda estou com fome (que apareceu do nada), e o Flash compra mais dois para mim. Por incrível que parece, eu não passo mal dessa vez. Eu sabia que não era nada demais!

******

Depois do meu jantar eu coloco tudo que havia pensado para fora junto com a comida. Mas agora eu estou sozinha no meu apartamento.

–Não é possível! -digo para mim mesmo depois de escovar os dentes pela segunda vez aquela noite.

Na faculdade, nos ensinaram a nos autodiagnosticar, e é exatamente isso que eu vou fazer!

Pego uma folha e começo a fazer uma lista com os sintomas.

Enjoos

Vômitos.

–Essa é uma lista muito pequena! –reclamo- Vou precisar de ajuda! –pego meu celular, ligo para o Barry e explico o que estou fazendo- Então, notou mais alguma coisa diferente em mim?

–Okay eu vou ser sincero!

–Manda! –eu rio.

–Fome e mudança de humor constante! –ele diz e eu me surpreendo.

–Eu não estou com mudança de humor! –digo brava e meu amigo ri.

–Viu!

–Tá bom! Então nós temos “Enjoos, vômitos, fome e mudança de humor”... –falo.

–Alguma coisa em mente?

Penso em tudo que havia falado e respondo:

–Não...

Conversamos por mais alguns minutos e nos despedimos.

Fico encarando aquela lista. Não consigo encaixa-la com nada. Bom... Apenas com uma coisa, mas descarto no segundo seguinte. Aquilo era impossível!

Frustrada. Deito na cama para dormir.

*******

De manhã avisei para os meninos que ia chegar mais tarde, pois passaria na farmácia para comprar um remédio para meus enjoos. Foi exatamente o que eu fiz.

Andava pelos corredores do lugar, quando um dos produtos na ala feminina me chama a atenção. Absorventes.

Estou atrasada. Com toda a ocupação da equipe Flash, esqueci completamente disso. Deveria ter decido! A duas semanas!

Uma onda de desespero começa a correr pelo meu corpo. Não. Está tudo bem, só é um atraso! Isso é normal!

Respiro fundo, vou para a bancada pegar o remédio e então vou pagar.

–Mais alguma coisa senhora? –a jovem pergunta atrás do caixa. Atrás dela vejo os outros medicamentos e uma caixinha se destaca. Mordo meu lábio inferior involuntária mente, o pânico volta- Senhora?

–Desculpa... Hm... Vou querer um... –eu não queria dizer aquilo- Um teste de gravidez...

–Claro! –ela pega e coloca dentro de uma sacolinha, junto com o remédio.

Entrego o dinheiro para ela, coloco a sacola na minha bolsa e vou para o laboratório.

**********

Sentada no meu lugar, encaro minha bolsa. Eu tenho que fazer isso. A verdade é que eu estou com medo. Muito, muito medo. Mas eu nunca gostei de suspense!

–Caitlin! –Cisco chama minha atenção.

–Que? –olho para ele e depois para o Barry.

–Estou explicando nosso plano para pegar esse meta-human, faz 15 minutos! –ele exclama- Está tudo bem?

–Sim! Eu estou bem! Só preciso... Fazer uma coisa! –digo levantado e pegando minha bolsa.

–Vai vomitar de novo? –o velocista pergunta preocupado.

–Não...

Vou para o banheiro e tranco a porta.

Apoio minha bolsa na pia e pego o teste.

Hora da verdade.

Um tracinho negativo. Dois e pela primeira vez eu não saberia o que fazer com minha vida.

Depois de fazer o que o teste mandava. Eu me sentei no chão e encostei minha cabeça na parede. O objeto está em minhas mãos. Esses são os 5 minutos mais demorados da minha vida.

POV Cisco

Barry tinha saído para salvar a cidade mais uma vez. E eu esperava Caitlin voltar, mas ela não voltava.

Então decidi ir atrás dela.

Passando por um dos corredores do S.T.A.R. labs, quando ouço som de choro vindo do banheiro.

–Cait? –bato na porta- Está tudo bem? –foi uma pergunta retórica. Eu sei que não está tudo bem.

–Me deixa sozinha Cisco! –ela diz entre soluços.

–Não! Abre a porta!

–Está sozinho?

–Sim... –respondo

Há um silêncio e então ouço a porta ser destrancada.

Quando ela abre vejo uma Caitlin com a maquiagem borrada e os olhos vermelhos.

Não tenho tempo de descobri o porquê disso, pois ela me abraça no mesmo segundo. Seja o que for eu não me importo agora. Retribuo o abraço a apertando enquanto ela soluça e chora no meu ombro. Aquilo me destrói por dentro, Caitlin é mais que uma amiga para mim, ela é minha irmã.

–Tá tudo bem... –tento acalma-la acariciando seu cabelo. Ela não responde, só continua chorando.

Não sei quanto tempo ficamos assim. Mas chega um momento que ela só soluça e lágrimas escorrem silenciosamente. Me afasto um pouco para olhar para seu rosto. Está mais inchado do que antes.

–Pode me contar o que está acontecendo agora? –pergunto secando sua bochecha.

Cait se afasta dos meus braços, pega algo no chão, me entrega e volta a chorar em silêncio.

Olho para o objeto em minha mão. Um teste de gravidez? Por que ela iria... Ah não...

A doutora Snow é uma das pessoas mais fortes que eu já conheci. Tem que acontecer algo muito sério pra ela chorar daquele jeito.

Eu não sabia o que dizer.

–Quer que eu chame o Barry?

–Não! –ela fala pela primeira vez desde que abriu a porta. O choro volta a ficar mais forte- Você não pode falar nada disso pra ele!

–Calma... –chego perto dela novamente acariciando seus dois braços.

–Promete que não contar pra ele!? –Cait já estava soluçando de novo.

–Por que não?

Eu não entendo. Eles dois sempre tiveram uma conexão tão grande! Por que ela queria esconder algo tão sério?

Então me dou conta, só poderia ser por uma razão.

–Oh Cait... –falo antes de abraça-la novamente.

–O que eu vou fazer Cisco? –ela surra entre lágrimas.

–Agora a única coisa que você tem que fazer é ir para casa.... Descansar...

Ela afirma com a cabeça, se afasta, lava o rosto, pega a bolsa e sai do banheiro.

–Eu estou com o carro... –diz.

–Tem certeza que não quer que eu a leve? –pergunto mais uma vez.

–Tenho... Eu preciso ficar sozinha e pensar um pouco...

–Okay... Qualquer coisa me liga... Sempre vou estar aqui pra você! –digo.

–Eu sei! –ela dá um mini sorriso e sai.

***********

POV Caitlin

Por incrível que pareça, eu não chorei mais em casa. Na verdade estava sendo pior. Como se eu estivesse sendo sufocada por todo o silêncio. Meus pensamentos voltam para aquela noite.

Saímos para comemorar o aniversário do Joe. Quando acabou já era tarde, então Barry decidiu me levar até em casa. Ele subiu e começamos a conversar. Eu não estava bêbada, pelo contrário eu me lembro de cada coisa que aconteceu depois. Quando me dei conta já estávamos nos beijamos. O clima esquentou e nem um dos dois quis parar. O velocista tirou minha blusa e depois disso, já não tinha como voltar atrás. Meu coração estava disparado e meu corpo e a razão não estavam mais trabalhando juntos. Eu não conseguia me concentrar em mais nada, além dos seus beijos e toques. Aí aconteceu.

No dia seguinte, queria abrir um buraco e me enterrar lá dentro. Concordamos que aquilo tinha sido um acidente e que não ia se repetir. Eu só não achei que aquilo iria levar a algo tão maior.

Eu tenho que contar para ele. Pego meu celular e digito seu número.

–Oi! –Barry atende.

–Oi...

–Que bom que você ligou! Estava preocupado! Quando eu voltei você tinha ido embora! O que aconteceu? –pergunta preocupado.

Respiro fundo.

–Eu... Eu, não consigo dizer por telefone... Pode vir aqui?

–Claro! Estarei aí em um segundo, literalmente! –ele fala e eu rio, então a campainha toca.

Desligo o celular e vou atender.

–Isso deve ser um record! –digo e fazendo-o sorrir.

–Então... O que quer me contar?

–Vem... –pego na sua mão e o guio até o sofá.

Vamos lá Caitlin! Arranca logo esse curativo!

–Eu estou grávida.... –falo baixo e com medo. Não, medo é pouco para o que estou sentindo agora. Estou totalmente fora da minha zona de conforto. Olho pra um Barry paralisado ao meu lada- Pelo amor de Deus... Fala alguma coisa!

–Quem... Quem é o pai? –seu tom é baixo também.

–O Oliver que não é Barry! –digo devagar- Quem você acha!?

Ele não responde, porem passa a mão pela testa e depois pelo cabelo, como sempre faz quando está preocupado e suspira.

Então ficamos em silêncio. De repente eu começo a chorar de novo, e nem sei porque....

Continua...