Fix me. escrita por Sherry


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Yey, voltei!

E quem notou que nossa fanfic mudou de capa? o/
Foi minha maninha que fez! Palmas pra Naty *-*'

Então, eu gostaria de avisar que como sempre não betei, e que a lembrança do Castiel é grandinha e tem a Debrah nela, pra quem não gosta da Debrah, sinto muito por isso mas é importante que leia.


Sem mais, boa leitura sz'



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Se inclinou na direção do notebook em cima de sua escrivaninha, afim de colocar alguma musica, mas seus olhos estavam desviando demais nos últimos segundos. Não conseguia parar de olhar para a porta de seu quarto, como se sua avó fosse surgir ali magicamente e ralhar com ele por estar trancado no quarto com uma garota.

Não sentia que aquilo era certo. Mas ainda sim, não conseguia se impedir de fazê-lo, afinal Debrah sabia ser muito, muito, muito convincente, com todos aqueles beijos, amassos’, e aquele jeito descontraído e descolado de rock star’, que arrebatava a alma de Castiel.

— Você não me disse que era tãaao rico! — ela falou, em uma mescla de surpresa e diversão. — Você tem mais jaquetas do que minha mãe tem namorados. — completou admirada, vasculhando o closet do moreno.

Castiel se virou de lado para olhar a garota; Ela mexia nas coisas dele afobada, e meio abobalhada. Parecia uma criança curiosa em um parque de diversões. Ele achou adorável .

— Ah claro, pode ficar a vontade. — ele falou tentando soar descontraído, procurando alguma musica nas várias pastas de seu notebook; Algo que pudesse impressionar a garota, que parecia conhecer sobre todos os estilos de rock existentes.

Mas a verdade era que estava realmente nervoso. Não era a primeira vez que estava sozinho com uma garota, mas era a primeira vez que estava no seu quarto sozinho com uma garota, e a primeira vez que estava , sozinho de fato, com Debrah; Mas ele não admitiria isso em voz alta, afinal já tinha dezessete anos, e seria ridículo dizer que estava nervoso em estar sozinho em sua casa, com uma garota baixinha e magra de dezesseis anos.

Estava prestes a dar play de uma musica qualquer, só pra tirar aquele zumbido incomodo do silêncio de seu ouvido, quando sentiu as mãozinhas ágeis de Debrah entrar por dentro de sua camiseta. Ele se sobressaltou de inicio, mas relaxou, firmando sua postura de costas, deixando o notebook de lado para receber o abraço por trás da garota.

— Não precisa ficar tão preocupado... — ela começou, virando-o para ficar de frente para ela — Tenho certeza que a Pietra vai ficar legal. Ela provavelmente vai viver mais do que eu, e você. — completou, se esticando toda para poder dar um selinho em seus lábios.

Castiel fechou os olhos com força, tentando não chorar. Não queria chorar, não na frente dela. Não queria parecer um riquinho mimado chorão, mas não conseguia reprimir a vontade de colocar toda aquela dor pra fora na frente dela. Debrah parecia enxergar dentro do seu coração, ela parecia alcançar sua alma. Era difícil disfarçar perto dela.

— Pode chorar amor. — ela falou baixinho, tocando a bochecha dele com doçura.

Castiel se desvencilhou do toque da garota de maneira brusca, quase derrubando-a no chão. Mas ela não caiu, apenas cambaleou, e ficou parada, observando-o calmamente.

— Você me conhece há quatro meses Debrah, não pode me chamar de amor. — ele falou, tentando mudar o foco da conversa.

Não queria falar sobre sua avó com câncer, que fora internada há dois dias devido a complicações na quimioterapia.

— Sei que é difícil pra você encarar toda ‘essa parada’ com a sua avó... Nathaniel me disse que é a primeira vez que ela foi internada, desde que começou o tratamento contra o câncer... — ela insistiu, usando um tom de voz quase miserável.
— Bom saber que você fica de conversinha com o Nathaniel pelas minhas costas. — ele falou cheio de deboche, cruzando os braços em frente ao peito.

Era fácil reprimir as lágrimas agora que estava com ciúmes.

— Eu não posso te chamar de amor, mas você pode ter ciúmes de mim? — ela perguntou em um tom inocente, mas seus olhos azuis faiscaram em uma malícia que Castiel não percebia.

O garoto ficou constrangido e irritado. Estava se sentindo vulnerável com tudo aquilo.

— Acho que ta na hora de você ir embora. — ele falou, tentando manter a voz firme e entediada, mas acabou sendo bastante rude.

Debrah rolou os olhos, como se tivesse acabado de presenciar algumas das crises bobas de ciúmes de Ambre pra cima de Castiel. Ele a encarou seriamente. Ela fez uma espécie de careta.
— To falando sério. — ele insistiu, dando um passo para encarar a garota.

Ela ficou na ponta do pé para encara-lo de volta. Franziu o cenho e fechou a cara. Ele fez o mesmo, e ainda pressionou os lábios em uma linha dura de estresse... Então, ela caiu na gargalhada.

— Acho tão fofo quando você tenta ser malvado, amor. — ela falou entre as risadas, e passando as mãos pelo pescoço dele.

Castiel quase desmanchou de vergonha. Quando ele falava sério assim com Ambre, ela saia fora magoada, ou ficava emburrada.

Ele tentou tira-la de cima dele, mas ela se pendurou nele, e passou as pernas em torno dos seus quadris, se acabando de rir.

— Debrah, eu vou acabar te machucando, para de graça. — ele quase gritou, parado rígido desistindo de arranca-la de cima dele, esperando que ela saísse.

Ela desceu os lábios pelo pescoço dele, apenas encostando, e acariciou os cabelos de sua nuca suavemente.

— Você me trouxe aqui pra gente discutir? — ela perguntou, com a voz baixa e maliciosa em sua orelha, fazendo-o se arrepiar.

Ela percebeu que ele se arrepiou e deu uma risadinha, seguida de uma leve mordida no pequeno brinco que ele usava na orelha.

— Dispenso foda por piedade. — ele falou estressado, com a voz saindo mais grave do que o de costume.

Ele nunca havia falado em “foda” na frente dela. Ela falava na frente dele, mas o contrário não. Na verdade nunca haviam passado de beijos e agarrações , apesar dela sempre demonstrar que queria algo mais, ele tentava ir com calma com ela. Castiel achava que tinha muito em comum com ela, para fazer as coisas de qualquer jeito.

— Você tem pena de mim? — ela perguntou elevando a voz sutilmente, saindo de cima dele com uma rapidez incrível.

Ele piscou atordoado e revirou os olhos irritado. Então ela entendeu oque ele queria dizer. Ele tava achando, que pelo rumo da conversa sobre sua avó, ela tinha pena dele.

— Você acha que eu quero transar com você, por piedade? — ela falou rindo, como se tivesse acabado de ouvir a maior piada do século.

Ele desviou os olhos pro lado e voltou a cruzar os braços, constrangido.

Ela se aproximou, e o puxou para baixo pela gola da camiseta, e o beijou de forma bem explícita, o agarrando e colando seus corpos de forma que ele quase caiu por cima dela, enquanto retribuia com a mesma intensidade.

Ela interrompeu o beijo, e se afastou com um pequeno sorriso doce nos lábios, tirou seu próprio casaco, ficando com a regata. Castiel assistiu sem piscar.

— Vou mostrar pra você, oque eu sinto. — ela disse, com a voz suavemente doce, mas seus olhos eram maliciosos, traiçoeiros...Mas Castiel não percebeu esse detalhe, ele estava ocupado demais observando-a tirar a regata, na expectativa de ver os pequenos seios rígidos que ele já havia tocado outras vezes, mas nunca tinha de fato visto.

–--



Depois que Lucy entrou no banheiro eu não a vi mais. Simplesmente porque Alexy e Ambre surgiram, e começaram a tagarelar em meus ouvidos, e para atura-los precisei encher mais a cara de uísque e nesse meio tempo, Lucy foi embora do bar com Lysandre, e eu só fiquei sabendo depois, quando Armin disse que ele há haviam ido saído há uns bons minutos.

Então voltei a beber, e agora cá estou eu, cheio de ressaca em um sábado as onze horas da manhã, tentando não morrer de tanto enjoo e dor de cabeça.

Como eu estava muito ruim pra conseguir voltar a dormir, resolvi levantar e tentar tomar um banho. Não ajudou muito, e eu descobri que além da dor de cabeça e do enjoo, eu estava tonto, e com o coração batendo em um ritmo “não normal”.

Eu não tava afim de encher o saco do Lysandre com meu porre, mas eu precisava de algum remédio, qualquer coisa que fosse, ou pelo menos avisar que eu estava a beira da morte.

Com os cabelos ainda pingando água, me enfiei na primeira cueca que vi, e fui bater na porta do quarto dele.
Ele não atendeu, mas eu insisti. Insisti, de novo e de novo, porque eu realmente precisava de alguma ajuda. Sério, eu nunca tive uma ressaca tão estranha e ruim.

— Lysandre. — chamei, sentindo minha voz sair arranhada e rouca — Porra. Cara, sério... — insisti, sentindo minha cabeça doer só em ouvir minha voz.

Então a porta se abriu, e eu já sai me enfiando no quarto dele, completamente cambaleante.

— Mano, cê’ tem algum remédio pra... — comecei, me escorando na parede, e pisquei visualizando a cama do Lysandre, com o Lysandre deitado nela.

Deitado, jogado na cama enrolado nas cobertas de qualquer jeito, dormindo de boca aberta. Dormindo muito.
Me sobressaltei e olhei para trás, afim de verificar quem foi a alma que abriu a porta do quarto dele pra mim já que o dono do quarto estava semi-morto na cama; A velocidade em que mexi o pescoço me deixou ainda mais tonto, e eu precisei me escorar na parede pra não cair.

— Nina? — eu perguntei descrente, vendo a garota parada atrás da porta que havia acabado de abrir.

Olhar pra ela só fez minha tonteira piorar, imaginando uma noite de sexo entre os dois.

Ela estava com cara de sono, os cabelos tingidos de loiro e rosa estavam terrivelmente embolados, a maquiagem pesada estava muito borrada e ela e, para completar o pacote de surpresas, usava uma das blusas de mangas com botões do Lysandre, que lhe caia como um vestido largo.

— Bom dia Castiel. — ela falou fazendo uma careta — Aonde o Lys guarda os remédios?Pode falar que pego pra você. — sugeriu, com a voz meio rouca de sono, esfregando a cara amassada.

Me situei o máximo possível e tentei não surtar. A melhor opção que tive foi ignora-la e ir acordar meu amigo imbecil e inconsequente, atrás de remédios e de explicações.

Veja bem, eu costumo ingerir muita bebida alcoólica, e já tentei me matar, então quando eu chamo alguém de irresponsável, é porque a coisa é muito séria.

— Lysandre! Seu filho da puta! — gritei, sentindo que poderia morrer tamanho meu mau estar agora.

Nina segurou meu braço, e fez sinal para que eu me calasse. Tirei as mãos dela de cima de mim, me dando conta de que eu estava de cueca na frente dela, e ela estava acordando no quarto do meu amigo.

— Não acorda ele por favor, ele teve uma noite ruim. — ela insistiu, fazendo bico, tentando me arrastar pra fora do quarto.
— Sai daqui coisa ruim. — retruquei, tentando me manter longe dela.

Se tem uma garota que me apavora, é Nina. Ela não gosta do Lysandre, ela é obsecada por ele! Ela sumiu por uns tempos depois de uma treta que envolveu o Lysandre e os pais dela, por ela ser um menor de idade muito stalker, mas to vendo que ela não desistiu.

— Lysandre? Acorda seu vagabundo! Anda caralho! — insisti, o puxando de cima da cama de qualquer jeito.

O esforço me fez suar frio, e meus ouvidos deram pressão, tudo escureceu por alguns segundos e eu senti que iria apagar, mas não foi o caso, voltei a mim rapidamente, com o baque surdo do corpo do Lysandre caindo da cama direto no assoalho.

Ele abriu os olhos rapidamente e se levantou completamente desnorteado. Agora sem os lençóis embolados nele, eu podia ver que ele estava de cueca. Olhei para ele, e para Nina, que estava encostada na porta do corredor com a maior cara de menina inocente.

— Castiel?! — ele falou com os olhos fora de foco, e gemeu parecendo estar sofrendo do mesmo problema que eu — Oque ta acontecendo? — completou, com a voz fraca e arrastada, se jogando sentado na cama.

Senti que eu podia socar a cara dele, e cair duro logo em seguida.

— Me fala você, que porra que’ ta acontecendo. — falei colocando o dedo na cara dele.

Ele me olhou confuso, e piscou demoradamente, me encarando com olhos conscientes . Estava começando a se situar. Aproveitando isso, apontei para a garota menor de idade que estava vestida com sua camisa na porta do quarto.

Lysandre olhou para ela parecendo perdido no primeiro segundo, e então, arregalou os olhos, apavorado, parecendo tomar ciência do acontecido, e escancarou a boca em um grito mudo. Cruzei os braços.
Ele se levantou, apoiando-se em mim, fazendo eu sentir o cheiro ácido de vinho que ele exalava.

— Bom dia Lysamor. — ela falou tentando sorrir, acenando para ele.

O mundo parou por alguns segundos depois que ela falou aquilo. Olhei para ele esperando alguma reação, e percebi que de moreno ele foi ficando amarelo.

Ótimo, quer dizer que ele, mesmo estando com Lucy, comeu uma garota menor de idade no apartamento que dividimos, e nem sequer se lembrava?

Eu reunia forças para espancar Lysandre, mas ele foi mais rápido e deu um pinote sagaz para o corredor, atropelando Nina na porta no processo. Ela resmungou, ele grunhiu um “ desculpa ” estrangulado, e logo em seguida, pudemos ouvir a sonora sinfonia de Lysandre vomitando jatos ácidos de vinho no vaso.



Depois de Lysandre vomitar o fígado, e eu importuna-lo durante seu banho até ele me dizer onde estavam os remédios, nos reunimos na sala. Bebi bastante água com algum remédio para enjoo, e logo a única coisa que ainda me incomodava era a dor de cabeça e leve mau estar.

Aos meus pedidos ( lê-se gritos ), Nina vestiu seu vestido, mesmo que ele estivesse engomado de vinho, e parou de chamar Lysandre de ‘Lysamor’.

Antes de eu começar a falar qualquer coisa, Nina disse que não teria problema nenhum ter passado a noite com ele, já que completaria dezoito na próxima semana; Fiz ela me mostrar a identidade, e ela por si só prometeu não contar nada pra ninguém, logo achei que seria melhor enfia-la em um táxi de volta pra casa, antes que alguém aparecesse em nossa porta e visse a loirinha alucinada por ali.

Subi de volta pro nosso apartamento assim que paguei a corrida do táxi adiantado, e fui com tudo pra cima do Lysandre, antes mesmo de ver como ele estava.

— Você pode me falando como foi que essa porra aconteceu Lysandre! — comecei, passando pela porta de entrada em três passadas.
— Cara, agora não... — ele respondeu, com a voz ainda arrastada.
— Não quero saber se você ta na merda cara, eu to na merda também. — cortei, abrindo a geladeira pra ver se dava pra comer alguma coisa dali sem voltar pro enjoo — Caralho você tem obrigação de me contar! Não, você me deve uma explicação! Porra Lysandre! Você tem uma puta duma obrigação de me explicar a Nina, a psicótica menor de idade , dormindo com você no apartamento que a gente mora, principalmente quando eu que resolvo a treta com ela, e coloco ela no táxi de volta pra casa, como se tivesse sido eu a passar a piroca’ na surtada. — tagarelei, desistindo de comer qualquer coisa que fosse.

Sai da cozinha e fui para sala, afim de começar a jogar tudo na cara dele. Mas quando vi como ele tava... Desmoronei. Jogado no chão da sala, sem camisa, com os olhos lacrimosos, e a cara azeda. Fiquei abalado em ver como ele tava abatido, mas eu não podia deixar quieto, precisava saber oque diabos tinha acontecido.

— Mano, eu não queria te foder o juízo ainda mais... Só que, você sabe como a Nina é maluca e... — tentei consertar um pouco do que eu disse, mas ele acenou positivamente pra mim, se sentando no tapete lentamente.

Sentei no sofá de frente pra ele. Nos encaramos. Uma lágrima escorreu pelo rosto dele. Puta merda cara, ele ta chorando. Não. Não. Não.

— Irmão... — balbuciei, meio sem jeito.

Lysandre costuma se apaixonar com uma certa frequência. Pode-se dizer que é quase todos os anos. Ele fica com a garota por alguns meses e é todo aquele amor, ai ele arruma algum dilema poético pra se separar dessa garota, da forma mais trágica possível, ou ela cansa das loucuras pegajosas dele e vai embora. E isso rende uma breve fossa da parte dele, com poesias, músicas melosas e algumas lágrimas. É assim desde os nossos quinze anos, e é sempre terrível.

— Olha, você sabe que isso, seja lá oque for, vai passar... — comecei, meio que sofrido, olhando pros lados. — Olha pelo lado bom, você transou essa noite. — tentei descontrair, mas ele me lançou um olhar ainda mais torturado.

Me senti murchar. Eu detesto consolar pessoas, na verdade eu não sei consolar pessoas. Não consigo consolar a mim mesmo, quem dirá terceiros.

— Esse é o problema Castiel, eu não me lembro de ter transado com a Nina. — ele confessou com a voz tremula, de forma tão dramática quanto quando ele cantava algo sentimental.

Diabos. Eu não posso com o sofrimento do Lysandre, é demais pra mim, é demais pra ele mesmo, é demais pra qualquer um.

— Ok, vamos por partes. Me conta sobre oque você lembra, e depois chegamos nessa parte final de não se lembrar. — sugeri, tentando soar mais firme e tranquilo do que eu realmente me sentia.

Lysandre se empertigou no tapete, se escorando de costas no sofá, e começou com sua narrativa polemica.

— Eu tava conversando com as garotas depois do show, elas tavam elogiando a letra da musica, e meu visual... Conversamos sobre a nossa banda, e a nossa musicalidade... — ele começou, como se isso fosse desculpa o suficiente pra largar Lucy sozinha no bar cheio de homem.

Controlei minha vontade de bufar, e ele continuou a falar.

— Ai, eu vi a Lucy passando pro banheiro com uma cara meio estranha. Pensei que talvez ela tivesse se sentindo mal, e fui ver oque tava acontecendo. Mas ela me evitou e disse que ia pro dormitório, porque precisava pensar. Eu não iria deixar ela ir sozinha pro campus da faculdade de madrugada, sem me explicar nada... A gente tava ali pra passar um tempo juntos, não pra ela sair ir embora correndo sem me dizer nada. Mas ela saiu do bar sem me ouvir, e eu fui atrás. — contou, me lançando um olhar de pura confusão.

Assenti pra ele continuar a falar. Mesmo que tivesse meio irritado com a narrativa dele. Se eles estavam ali pra passar um tempo juntos, porque diabos ele largou ela pra lá e ficou de papinho com as tietes? Não que eu esteja reclamando, mas... Ele não faz sentido as vezes.

— Consegui parar ela do lado de fora do bar, ela já tava acenando pro táxi. Pra ela não ir, puxei ela pelo braço e ela tropeçou e bateu com a cara no meu peito, aproveitei pra abraçar ela, e ela deixou. Ai eu fui beijar ela né, pra ver se resolvia a coisa toda... Ela foi deixando de começo, e ai me mordeu. Me mordeu com força! — falou chocado.

Eu tive vontade de rir dele. Pateta mesmo! Se ela me mordesse, eu iria adorar. Ela poderia até me deixar um hematoma se aguentasse minha vez depois...

— Ai, eu me afastei dela, e ela me olhou com uma cara estranha, disse que tava indo embora porque tava passando mal. Eu não acreditei que ela tivesse na merda, e me ofereci pra trazer ela pra cá, pra cuidar dela... Sabe? Eu tava na expectativa de finalmente transar com ela, tentei deixar isso claro... Mas antes que ela pudesse me responder, a Nina apareceu dos quintos dos infernos cortando nossa conversa. No segundo que eu parei pra tentar pedir pra Nina me dar licença, a Lucy escapuliu pra dentro de um táxi e foi embora. — explicou, franzindo as sobrancelhas de forma pensativa.

Escancarei a boca. Puta merda, ele era muito molenga!

— E você deixou ela sair fora assim? — perguntei descrente.
— Oque eu iria fazer? A Nina tava na minha frente, e a Lucy entrando no táxi. — ele falou meio angustiado, como se a cena que ele me contava fosse algo realmente complicado de se resolver.

Pensei em que a solução era fácil. Era só driblar a Nina, e se enfiar no táxi com a Lucy, ou talvez arrancar Lucy do táxi e dar uns amassos nela tão sérios, que fariam ela implorar pra não ficar sozinha. Apesar de ser frustrante ver a moleza dele, era até uma coisa boa, em partes.

— Ok, e depois disso... Oque rolou? — perguntei, na expectativa.
— Fiquei parado na calçada, completamente ofendido e perplexo, com a Nina tentando me distrair, falando que tudo que eu precisava era de um vinho. Eu disse que não poderia ir a um lugar desses só com ela, e ai ela chamou algumas amigas, e você sabe... Eu adoro vinho e que acabei indo com ela e outras quatro garotas pra uma adega do outro lado da cidade. Chegando lá, acabei desabafando sobre a Lucy, e bebi além da conta. — tagarelou.


— Ta, e em qual parte que você começou a esquecer das coisas? — perguntei, tentando não soar tão curioso.
— Foi aos poucos... Eu bebi muito, muito, muito vinho mesmo! Acabei chorando as pitangas em cima da Nina e ficando realmente bêbado. Lembro vagamente, das garotas irem embora , de eu ter trombado na mesa quando fui me levantar pra mijar e derrubei meu copo de vinho em cima dela... Lembro de flashs dela me abraçando, e se oferecendo pra me trazer em casa... E depois de um taxi, dela muito perto de mim, e depois eu me jogando de cueca na cama, e ai apaguei. — contou, com a expressão arrasada.

Caralho, que merda.

— Caralho, que merda. — verbalizei meu pensamento — Mas olha, se você não lembra, você não fez. — tentei simplificar, dando um rápido sorriso amarelo.
— Eu também não lembro de ter saído do táxi, entrado no elevador,abrir a porta de casa, tirar a roupa... Mas isso tudo aconteceu. — garantiu, meio desesperado, e seu desespero se transformando em lágrimas, que dessa vez não foram derramadas — E se eu transei com a Nina? Meu Deus, o pai dela tinha razão todo esse tempo! Sou um merda de um aliciador. — completou, colocando as mãos na cabeça.

Também coloquei minhas mãos na cabeça. Se o pai dela ficasse sabendo ia dar maior merda, ele tinha descoberto fotos e mensagens dela com o Lysandre na época que ela o stalkeava fortemente, e foi maior treta. Até provar que o Lysandre não tinha feito nada com a infeliz, vivemos momentos de eternas calúnias e problemas. Sim, eu digo vivemos, porque eu também entrei na dança, afinal sou o amigo que mora com o Lysandre logo sou parcialmente culpado de tudo que ele faz, mas isso não acontece ao contrário. Injusto não?!

— Mano, ce’ não é aliciador. Você não é um coroa de cinquenta anos que atraiu a garotinha de treze anos pela internet com dados falsos! E também, ela já vai fazer dezoito, se o pai dela resolver envolver a policia nisso não vai dar em nada porque ela é bem grandinha pra saber oque quer! Afinal, ela tava na rua aquela hora da noite quando te encontrou, não é nenhuma santa. — garanti, feliz pelo meu raciocínio lógico.

Lysandre me lançou um olhar de agradecimento, e suavizou a expressão. Ele abaixou a cabeça por alguns segundos, suspirou, e me encarou parecendo incerto. Ok, mais uma drama pra eu segurar.

— Que foi agora? — perguntei, me sentindo derrotado.
— E a Lucy? — ele perguntou melancólico.

Me ajeitei no sofá completamente desconfortável. Oque ele queria que eu fizesse? Fosse resolver as coisas com ela também? Seria pedir muito. Muito mesmo.

— Você tava conversando com ela antes dela resolver ir embora... Ela não te falou nada? Nenhum motivo pra ir embora daquele jeito? — ele perguntou com sua voz arrastada, cheia de ansiedade.

Joguei a cabeça para atrás, afim de não receber seu olhar. Eu não conseguiria mentir olhando dentro da cara dele. Tomei fôlego pra falar, e acabei suspirando pesadamente. Meu estomago embrulhou novamente, e eu mordi o lábio. Falar da Lucy era uma negócio complicado, e falar dela pro Lysandre era ainda pior.

— Ah cara... Eu to tão puto! — ele voltou a falar, antes que eu pudesse dizer alguma coisa. Fiquei feliz por isso — A gente não pode terminar! — completou, meio que melancólico.
— Hmmm, complicado hein mano. — foi só oque eu pude dizer.
— Eu preciso transar com ela. — ele falou, meio que estressado.

Me peguei meio que chocado com aquela afirmação. Lysandre era sempre “todo sentimentos”, ele não se mostrava ‘caindo de tesão’ assim por nenhuma garota.

— Mano, que isso?! — falei dando um sorriso amarelo, tentando não soar constrangido ou irritado, como eu estava.
— Ah Castiel, você sabe do que eu to falando... — ele começou, com aquele ar de “papo masculino saudável na área” que nós sempre tivemos.
— Hãa... — foi oque eu consegui dizer.

Ele se virou no tapete para me encarar; A voz ainda era arrastada, mas ele estava menos miserável agora.
Parecia seu drama de chorar, e sofrer de acusações por ser um aliciador , eram coisas que haviam sido superadas com os meus conselhos, e agora sua meta era falar de sexo.

— Eu preciso, realmente preciso transar com ela. É tipo... Necessidade patológica! — ele sorriu discretamente consigo mesmo — Beijar ela é afrodisíaco, não consigo beijar ela e não ficar excitado! Principalmente quando ela ta sem sutiã, e eu consigo apertar ela contra mim e sentir os peitos dela encostan... — ele foi tagarelando em um tom quase sonhador, mas eu resolvi cortar antes que acabasse ouvindo alguma coisa que me fizesse vomitar, ou ter um ataque cardíaco.

— Beleza cara, sem detalhes sórdidos! — tentei falar de forma que soasse divertido e descontraído.

Mas saiu meio que nervoso, e acabei me levantando do sofá pra tentar disfarçar.

— Vai aonde cara? To falando contigo! — ele reclamou, dando uma risada em seguida.

Pelo menos não percebeu nada.

Eu fui direto pro meu quarto coloquei um tênis, peguei um casaco, a carteira o celular as chaves e fui sai do apartamento dizendo que ia comprar remédios pra dor de cabeça. Lysandre pediu pra eu trazer água Tonica, e eu sai fora.

Quando entrei no elevador para sair do prédio, minhas intenções eram mesmo comprar remédio para dor de cabeça, e talvez um antiácido, eu poderia ligar pra farmácia mas queria sair de perto do Lysandre e de sua boca grande.

Quando saí do elevador minhas intenções eram outras. Eu havia recebido algumas mensagens de Lucy no whatsapp, que me fizeram mudar os planos.

Castiel, você ta bem? Desculpa por ter saído do bar sem nem dizer um tchau, mas eu precisava descansar e aconteceram umas coisas que me tiraram a paciência.” – 1:49 am; Provavelmente a hora que ela saiu do bar.
Eu espero que você realmente esteja bem, quando ver essa mensagem me responde, por favor, vou dormir.” 2:22 am.
Olha só eu acordei agora pouco, e to numa ressaca do cão kkk Espero que você esteja melhor do que eu.” 12:03 p.m
Me desculpa por te bombardear de mensagens assim :s Mas a Rosa ta com o Leigh, e eu to aqui curtindo a depre da ressaca sozinha u_u” 12:52

“ Não esquenta to vivo! Ou quase isso :p
Ah então quer dizer que a senhorita é uma deusa que não fica bêbada, mas que fica de ressaca como todos os mortais? Hahaha essa eu queria ver de perto. ” – mandei pra ela, enquanto me enfiava na farmácia mais próxima.

Eu não disse que eu não fico bêbada, eu disse que demoro um pouco mais que o normal pra ficar :9
E sim, eu to numa ressaca miserável, ainda bem que dobrei o plantão ontem e hoje posso morrer aqui o quanto eu quiser kkk”

Li a mensagem dela, e paguei os remédios que eu tinha acabado de comprar. Pra enjoo, pra dor de cabeça, e antiácido, eu não conhecida nenhum deles, foi tudo coisa que o farmacêutico indicou.

Sem pensar duas vezes, me enfiei em um táxi qualquer e pedi pra me deixar no campus da faculdade. E em dez minutos, eu tava me esgueirando pelo dormitório que eu sabia que a Rosalya pertencia, afim de encontrar com Lucy de ressaca. Foi um ato impensado, mas necessário.

“ Opa, voltei. Espero que não tenha morrido de saudades ;p ” – mandei, andando pelo alojamento.
Que nada, eu fui jogar uma água no corpo pra ver se melhora o mau estar.” – ela confessou.
“ Então Lucy, qual número do quarto que você divide com a Rosalya?” – perguntei, esperando que ela não estranhasse a pergunta.
11-B, por que? Vai fazer a boa ação de ligar pra farmácia e mandar entregarem alguns remédios pra mim? Kkk ” -

Não respondi de imediato, e olhei ao redor. Eu estava no caminho certo. Estava perto do quarto.
Andei entre os corredores e parei em frente a porta, sentindo a ansiedade tomar conta de mim. Guardei o celular no bolso, e bati na porta que estava pintada com tinta branca “11-B” , logo a baixo tinha uma placa pregada na madeira da porta escrito “ Divas aqui.” , tive vontade de rir, isso era a cara da Rosalya.

Ela não atendeu a porta de imediato, então insisti batendo com mais força.

— A Rosa não tá. — a voz suave e quase aguda dela, soou baixa e entrecortada. Quase estressada.
— Entrega especial pra Lucilly. — falei, tentando não rir enquanto falava.

A situação era quase excitante. Bom, talvez fosse realmente excitante.

Ela destrancou a porta e abriu apenas uma pequena parte, o suficiente para olhar para mim por uma fresta. Eu só podia ver muito mau seu olho , mas vi que se arregalou imensamente, ao constatar que era eu ali parado atrás da porta.

— Oi. — acenei, me sentindo sorrir sem querer.

Ela abriu a porta pra mim, se arrastando, e com um aceno de cabeça me convidou para entrar.

O dormitório era realmente mínimo! Pouca coisa maior que o banheiro do meu apê. Um quarto pra duas pessoas, com uma beliche no canto direito, uma escrivaninha de quina, que se escorava um pouco na janela que estava fechada com cortinas azuis, deixando o quarto bem escuro. Duas cômodas de roupa na parede esquerda. A parte de cima de uma das cômodas, estava cheia de produtos de beleza, de cabelo e maquiagem, e a outra estava com uma pilha de livros organizada de forma bem precisa, do maior para o menor.

Eu não precisei ser um gênio pra saber que a cômoda dos livros era da Lucy, e a cômoda das bugigangas era da Rosalya.

Apesar de tudo isso, o lugar era bem organizado e limpo.

— Oque você ta fazendo aqui? — ela perguntou, me tirando da minha pequena observação, fazendo eu me focar nela.

Ela estava com o rosto meio pálido e inchado, e os cabelos molhados ainda pingando um pouco, estava descalça os pezinhos rosados direto no chão;Ela usava uma calça de moletom de ginástica rosa e uma blusa de alças branca, que já era naturalmente meio transparente, somado as gotículas dos seus cabelos, era um negócio bem chamativo. Dava quase pra ver os peitos dela. Quase...

— Vim fazer o serviço eu mesmo. — falei casualmente, fechando a porta do dormitório, que ela ainda mantinha aberta, com um baque surdo.


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Notas finais do capítulo

kkkk entãao, reviews?



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