Fix me. escrita por Sherry


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Entãaao, voltay! Espero que gostem, boa leitura sz'



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Castiel e sua avó estavam saindo de casa para ir no mercado. Era o primeiro sábado do garoto na casa da avó, e ele havia se oferecido para ir as compras com ela.

Assim que entraram no elevador, deram de cara com o garoto loiro que Castiel vira no jardim do condomínio no dia em que chegara na casa da avó.

— Boa tarde senhora Pietra. — ele cumprimentou educado, oferecendo um sorriso polido — Boa tarde Castiel. — completou, desta vez oferecendo a mão ao garoto.

Castiel se sentiu menos desconfortável em apenas apertar a mão do loiro, e assim o fez.

— Boa tarde Nathaniel. Como tem passado a família? — a senhora perguntou, oferecendo um rápido sorriso simpático.
— Muito bem, obrigado. — falou simpático — E a senhora? — completou.
— Muito melhor, agora que Castiel veio morar aqui. — Pietra falou, lançando um olhar de doçura para o neto.

Castiel abaixou a cabeça constrangido e cruzou os braços.

— Ah sim, é verdade! — Nathaniel concordou, como se ele soubesse muito bem sobre os sentimentos de Pietra.

A porta do elevador se abriu, e logo estavam saindo para a portaria. Rapidamente, Nathaniel passou a frente de Pietra, e de forma polida fez um gesto para que ela não avançasse. A senhora ficou parada esperando para ver oque o garoto tinha mais a dizer.

— Senhora, seria muito incomodo se o Castiel ficasse comigo brincando aqui no jardim? — o garoto perguntou, piscando demoradamente como uma pessoa inocente e graciosa. — Estou sozinho, não tenho com quem brincar. — completou, fazendo a maior cara de cachorro abandonado.

Castiel franziu o cenho, ligeiramente confuso. Esse não podia ser o mesmo garoto despojado e que estava atormentando a irmã mais nova há alguns dias atrás. Agora ele era muito mais educado, e insuportavelmente agradável.

— Se ele quiser... — Pietra ponderou, olhando para o neto de lado.

Castiel abaixou a cabeça, constrangido. Ele era uma pessoa tímida, e agora que estava entrando na puberdade as coisas pareciam ainda mais confusas, então resolveu se anular e deixar a decisão nas mãos da avó.

— Conheço sua família antes mesmo de você nascer, não vejo problema nenhum. — ela falou por fim, de forma casual.
— Ah muito obrigada senhora Pietra. Espero não ter atrapalhado nada. — o loiro falou, sorridente.
— Eu só estou indo no mercado, acho que sobrevivo a esta tarefa sem meu neto. — ela falou com humor, e sorriu rapidamente — Não saia dos limites do condomínio, e está tudo certo. — falou, dirigindo-se a Castiel.

O garoto apenas assentiu, e então sua avó lhe afagou os cabelos antes de sair andando para fora do condomínio.

— Beleza! Vamos, preciso te apresentar pra galera! — Nathaniel falou exultante.
— Mas você não tava sozinho? — Castiel perguntou, ligeiramente confuso.
— Tsc... — o loiro estalou a língua nos dentes, e rolou os olhos — Falei aquilo só pra ela deixar você ficar. — completou, como se isso fosse algo muito comum.

Mas Castiel não achava comum; Ele não era habituado a mentir. Sequer conhecia as malícias das pessoas. Era sempre recluso na escola, por ser muito tímido e inseguro. Não tinha contato com muitas pessoas.

— Não mente mais pra minha avó. — Castiel falou sério, dando um passo para ficar de cara com o loiro.

Nathaniel ergueu uma sobrancelha, e deu um sorriso afetado.

— Relaxa cara. — falou descontraído, e levantou as mãos como sinal de rendição — Vou te apresentar ao pessoa! — completou, se afastando o moreno para apertar o passo.

Nathaniel deu a volta no jardim do condomínio, indo para a parte de trás, onde haviam mais arbustos e a grama era um pouco mais alta; Ele caminhou até o maior arbusto dali, e atrás dele encontravam-se cinco garotos. Pareciam todos ter treze ou quatorze anos. Eles falavam ansiosos entre si, e quando viram Nathaniel se aproximar se animaram repentinamente. Todos, exceto um garoto que nem pareceu perceber a chegada dos dois. Ele estava com fones nos ouvidos, ouvindo alguma coisa de olhos fechados.

— Iai pessoal. — o loiro cumprimentou — Esse aqui é meu novo amigo Castiel. — completou, pegando o garoto pelo ombro como se fossem amigos muito íntimos.

Castiel ficou constrangido, mas gostou de ser considerado amigo de alguém.

— Oi. — o garoto falou, acenando timidamente.

Os garotos se aproximaram para conhece-lo, mas Nathaniel começou a falar.

— Não se aproximem muito. — advertiu — Ele é estrangeiro, e não gosta de contato humano. — brincou, dando um sorriso divertido.

Os garotos riram, e assentiram, de forma debochada.
Castiel ficou rígido em saber que Nathaniel percebera o desconforto dele. Isso significava que o loiro era observador e inteligente.

— Como você sabe que não sou daqui? — Castiel perguntou , desconfiado.
— Pelo sotaque, óbvio. — o loiro respondeu, fazendo uma careta.

Os garotos caíram na gargalhada, e começaram a fazer piadinhas entre si.

Então, o garoto dos fones de ouvido, pareceu perceber que algo estava acontecendo. Ele se levantou, tirou os fones e passou entre os outros garotos com uma expressão muito séria.

— Estrangeiro? De onde você é? — o garoto perguntou, em um tom calmo e curioso.

Castiel franziu as sobrancelhas ao olhar para a figura. Ele era o mais alto entre os garotos, e o mais moreno também. Ele parecia bastante disperso e curiosamente, tinha os olhos de cores diferentes. Um verde e o outro âmbar.

— Estados Unidos. — Castiel respondeu, ignorando a singularidade do garoto afim de não ser rude — Castiel Wolff. — completou, oferecendo a mão para o moreno a sua frente.
— Que legal, eu e meu irmão, nascemos na Inglaterra. — falou, apontando para um outro garoto moreno no grupo — Satisfação em te conhecer Castiel Wolff, sou Lysandre King.


—--


A semana se passou bem rápida. Levando em consideração que eu não tirava da cabeça oque Lucy havia falado sobre nossa “conexão” para Lysandre; Ela havia resumido a coisa, de um jeito tão simplório e sacal, que me ofendeu. Eu não conseguia pensar em outra coisa, ao mesmo tempo que queria tirar isso da cabeça!
Em resumo, eu estava confuso, com orgulho ferido ( se é que ainda tenho algum ) e me sentindo péssimo, por imaginar que uma garota como Lucy, pudesse sentir algo por mim, além de piedade.

E piedade, é um sentimento que eu não admito que sintam por mim. Aprendi com a minha avó, que eu não preciso da “pena” dos outros, eu não quero ser um coitado, não preciso disso.

Apesar de estar preso nesse paradoxo durantes os três dias; Dias este em que Lucy não apareceu aqui no apê, o tempo passou rápido. Eu passava a maior parte do tempo ensaiando na guitarra, dormindo e conversando com o pessoal pelo grupo do whatsapp.


Já era final de tarde, quando levantei da cama. Só consegui pegar no sono quando estava amanhecendo, e acabei dormindo o dia todo. Levantei meio tonto de sono, e fui para a cozinha afim de comer alguma coisa.
Fui direto para a geladeira, e me assustei brevemente ao ouvir a voz sussurrada de Lysandre, eu sequer sabia que ele estava em casa; Ele estava jogado em cima do sofá, com uma penca de livros da faculdade, falando no celular.

Continuei minha tarefa de fazer um sanduíche, e acabei enfiando presunto na boca, exatamente na hora em que meu amigo acenou da sala para mim. Acenei de volta, com a mão que segurava o pão e continuei a tarefa.

Comecei a comer o sanduíche pela cozinha mesmo, enquanto me servia de suco, e acabei tomando um susto, quando percebi Lysandre ao meu lado na cozinha, quase em cima de mim.

Por isso detesto fazer coisas sonolento, eu sempre tomo susto.

— Ai cara, sai fora. — reclamei, desconfortável.

Lysandre me encarava com maior cara de idiota.
Ergui uma sobrancelha, querendo saber o porque daquela cara, mas ele continuou com aquela mesma expressão de pateta. De saco cheio, provei o suco, que estava ótimo, e fui comendo para a sala.
O idiota me seguiu, e se jogou do meu lado no sofá, nos espremendo entre seus livros.

— Mano, eu já não gosto de literatura — falei de boca cheia — E você ainda vem me incomodar com esses seus livros da faculdade? — completei, olhando a bagunça de livros que tomava espaço no sofá.
— Foi mal cara, mas é que eu... — ele falou meio ansioso, catando os livros do sofá para minha felicidade — Eu acho que vou conseguir subir de nível com a Lucy essa noite. — completou, sentando-se ao meu lado.

Me acomodei confortavelmente no sofá, e dei mais uma mordida no sanduíche, enquanto encarava meu amigo, esperando uma explicação.

— Toma, vê se ta legal. — ele falou seriamente, me esticando um pedaço de papel amassado.

Terminei de comer o sanduíche, e peguei o papel que ele me oferecia. Beberiquei o suco, enquanto dei uma olhada no garrancho que Lysandre chama de letra. Havia um título enorme que ele havia repassado a caneta varias vezes até ficar em negrito, e completamente legível, escrito Lucilly.

O texto falava sobre coisas bem, hm... Quentes, sobre vontades carnais bem abrasadoras, sobre tocar e desvendar um corpo desconhecido e coisas que mechem com a cabeça das mulheres.

— Quem é Lucilly? — perguntei, meio desnorteado.
— Como assim quem é? — Lysandre perguntou de volta, em seu habitual tom calmo — A Lucy. — completou, tranquilamente.

Estiquei a folha com o poema para ele, e deixei meu corpo relaxar no sofá. Como ele fazia um poema desses pra uma garota que ele namora há quatro meses? O poema falava claramente sobre nunca ter tocado o corpo da garota, e sobre as vontades que ele tem, e toda aquela sacanagem entrelinhas.

— Irmão? Oque você achou? — meu amigo insistiu, ligeiramente nervoso.
— É uma coisa bem intensa, e quente. — falei, meio sem jeito.

Eu estava confuso, e desconfortável por ele me mostrar isso, e ainda mais quando eu sabia que era tudo isso direcionado a Lucy. Um embrulho estranho se fez no meu estomago, e minhas mãos começaram a suar. Senti um bolo se formar na minha garganta, e terminei de beber o suco para ver se era o sanduíche entalado, mas não ajudou muito.

— Não sei... Acho que não ta bom. — ele falou com a voz arrastada — Passei a semana toda reescrevendo isso... Só que agora não tenho tempo para tentar escrever de novo. Quero cantar isso pra ela hoje a noite, na inauguração do bar. — completou, olhando para o poema com uma careta de desaprovação.
— Ficou ótimo. — garanti, engolindo em seco a informação.

Ele iria arrebatar o coração, e a vagina dela, com esse poema.

— Mas tem alguma coisa que não ta legal. Eu sei disso, da pra ver na tua cara. — ele garantiu, me encarando fixamente — Pode falar, oque é? — completou, calmamente.
— Não entendi a parte que você fala... — falei sem jeito, tomando o papel das mãos dele para citar a parte em especifico — “ E poder te sentir de verdade, por inteiro ” , vocês namoram ha quatro meses... — me limitei a falar, completando o pensamento mentalmente “ Se não conseguiu sentir ela com esses quatro meses de sexo, não vai sentir nunca mais. “

Se fosse qualquer outra ocasião, eu estaria falando tudo sem reservas. Lysandre era meu melhor amigo, e não tínhamos frescuras entre nós... Mas se tratava de Lucy, e a coisa ficava estranha pra mim quando o assunto era ela.

— Ah isso. — ele falou, dando um pequeno sorriso de compreensão — É que, ainda não transamos, de fato. — ele confessou, casualmente.
— Não transaram de fato?! — me peguei repetindo, chocado — Cara, como que você namora com alguém há quatro meses, e ainda não “ transou de fato?” Como que é isso? — perguntei divertido, prendendo o riso.

Ele me encarou com uma sobrancelha erguida, com aquela expressão de “ Castiel, não vem me trolar ” , mas a verdade é que eu não estava tirando sarro dele, eu estava feliz. Era ótimo saber que ele ainda não havia colocado o salame no pão que eu to afim de comer. Sei que é algo ridículo e mesquinho de se pensar, levando em consideração que ele é meu amigo, e que ela havia resumido nossa conexão como algo superficial, mas a satisfação era incontrolável.

— Não, não fala nada. — ele falou levantando a mão para mim — Não começa a me zuar, você sabe que eu não sou do tipo que sai transando por ai com qualquer uma. — explicou, assumindo uma postura séria.
— Porra! Quatro meses de namoro cara? — eu ri, tentando soar mais debochado, do que realmente feliz — Ta de sacanagem! — completei, retomando o controle.
— Castiel, para que a coisa é séria. — ele falou, elevando o tom de voz.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, nos encarando. Eu tava morrendo de curiosidade de saber oque tava acontecendo. Pelo que eu pude constatar no banheiro da faculdade, a Lucy não é uma mulher frígida, pelo contrário, se não fosse pelo sinal que tocou bem na hora, a gente teria se beijado. Então, eu não conseguia pensar em um motivo sequer deles não terem feito nada durante todo esse tempo.

— Ok, pode explicar. Eu vou levar a sério. — falei solenemente, vendo a expressão de derrota do meu amigo.
— Eu já tentei levar ela pra cama claro, mas... Ela sempre sai fora. — ele falou, completamente desnorteado — Ela não é tipo pervertida, mas ta longe de ser do tipo santa. A gente da uns amassos bem sérios, mas se eu chamo ela pros finalmentes, ela da no pé, e diz que ta muito cedo. — completou, fazendo um bico engraçado.

Pisquei duas vezes sentindo meus olhos secos. Eu não estava nem piscando, tamanho o meu interesse no assunto.

— Você acha que ela é... Virgem? — perguntei, descrente.
— Não. Ela já me disse que não é. Ela teve um namorado na cidadezinha onde morava, mas terminou com ele por ele ser um vagabundo sem perspectiva de vida, pouco antes de se mudar pra cá.— explicou , dando um suspiro cansado
— Então, ela só transou com um cara... — falei, mais para mim do que pra ele.
— É. — ele garantiu meio disperso.
— Talvez ela esteja meio insegura, em não saber fazer as coisas... Ou não quer parecer fácil. — falei, pensando “ Ou você não sabe esquentar ela o suficiente pra ela perder o controle e se entregar de uma vez.” , mas preferi deixar essa parte de lado.
— Eu também pensei isso, por isso achei que o poema fosse ajudar nas coisas. — ele explicou, ainda naquele tom distante — Tava falando com ela no telefone quando você chegou na cozinha... Tava tentando desenrolar dela dormir aqui. — confessou, piscando demoradamente com o olhar vago.

Neste exato momento, tive um inside sobre a discussão deles no banheiro, enquanto eu tomava banho. Lucy havia ficado muito revoltada com a atitude de Lysandre de trazer as coisas dela pra cá pro apê pra ela morar com ele. Conhecendo Lysandre como conheço, ele nunca chegaria em cima dela e exigiria sexo, então ele malandramente, carregou as coisas dela pra cá, em uma forma sutil de dizer “ Ta na hora de você transar comigo.

— Ah, safado, por isso que ela ficou puta por você pegar as coisas dela no dormitório e trazer pra cá. — acusei, ligeiramente chocado com a malícia sutil dele.

Ele assentiu, parecendo constrangido por eu sacar da de sua jogada.
Eu nunca consegui entender pessoas que não falam as coisas diretamente. É sempre tão mais fácil simplesmente falar as coisas. Mesmo que sejam constrangedoras, a gente sempre tem que arrumar um jeito de falar, pra evitar joguinhos, manipulações e encheção de saco gratuita.

— É, mais ou menos isso. — ele confessou, passando a mão na nuca sem graça — Eu não queria pressionar ela sabe? Tipo, chegar em cima e exigir. Mas já tava ficando doido com a situação, então resolvi fazer alguma coisa sutil, e ao mesmo tempo direta o suficiente pra ela entender. — completou, colocando os pés em cima da mesa de centro.
— Vai ver ela ainda não ta afim cara. — falei, tentando conter minha irritação na voz.

Se ela não queria transar com ele, ela não deveria oras. Simples.

— Se não a afim, por que ta namorando comigo? — ele perguntou, visivelmente confuso e perdido — Ela não me deixa tomar iniciativa de nada. Nada mesmo. Até nas vezes que tentei tomar um pouco do controle nos amassos pra ver se conseguia meter, ela me afastou, e eu quase levei um tapa na cara! — confessou, injuriado.

Bem... Agora eu estava realmente perplexo. Lysandre falou meter, e tapa na cara na mesma frase. A coisa era realmente séria.
Ficamos em silencio por alguns segundos. E Lysandre me encarou, esperando um conselho.

— É cara... Não sei oque te dizer. Essa garota é dureza. — falei, indo levar meu copo de suco vazio até a pia.
— Nem me fala... Eu já tentei todo tipo de romantismo, mas ela não se deixa levar, e quando tentei ser um pouco rude, quase apanhei. — ele falou sofrido, e se jogou no sofá.
— É, talvez o poema te ajude. — falei da cozinha, me servindo de mais suco.

Mas a verdade é que eu sabia que, muito provavelmente, o poema não ajudaria em nada. Pelo que ele estava me contando, se Lucy não havia aberto suas lindas perninhas pra ele até agora, não era um poema desses que iria resolver a situação. Lysandre é o tipo de cara que toda garotinha clichê quer, ele é atencioso, calmo, faz faculdade de literatura, entende de todo tipo de poema romântico, sonatas antigas de romance e manda muito bem cantando coisas melosas. Ele é o tipo de cara que segura a mão de sua donzela no passeio a luz do luar, e depois “faz amor” na varanda do casa de praia a luz das estrelas... Se ela não caiu na dele até agora com isso, não era agora que ela iria cair.

Eu estava começando a entender Lucy... Ela não era do tipo de garota que quer um cara para resolver seus problemas, falar coisas melosas, e leva-la para um mundo fora da realidade, não. Ela é um tipo raro de garota, do tipo que gosta da realidade e que vive de pés no chão. Lucy é uma garota que gosta de liderar, e controlar. E pra bater de frente com esse tipo de garota, só sendo mais controlador que ela. Mas eu não iria comentar sobre essa minha constatação com ele... Se ele não conseguiu perceber uma coisa óbvia dessas por mérito próprio, é porque não merece saber.


—--


Chegamos no bar pelas oito da noite, para poder arrumar o palco e passar o som.
Rosalya andava para la e para cá, histérica, dando ordens para o pobre do Leigh, que acatava tudo sem titubear.
Passamos o som três vezes, sem os amplificadores, bem tranquilos. Eu já estava cansado de saber tocar aquelas musicas, e afinal de contas, combinamos de tocar apenas três musicas, não seria complicado. O mais complicado seria ignorar Nathaniel na bateria, logo atrás de mim, tocando junto comigo como se fossemos grandes amigos e partilhássemos na mesma vibe; Mas eu havia dito a Lucy que tocaria aqui, e mesmo que ela tenha me ofendido fazendo aquele resumo chulo para o Lysandre sobre nossa conexão, eu me toquei de que não podia ficar magoado com isso. Ela era namorada dele, e precisava dar uma satisfação pra ele, do porque saiu correndo comigo pelo campus da faculdade... Ainda sim, doía pensar nisso, ao mesmo que me lembrava que gostar dela era uma fantasia, algo platônico que iria guardar só pra mim, até passar, afinal eu nunca gostei de ninguém além da Debrah...

— Licença, por favor. — uma voz entediada, soou as minhas costas.

Eu estava no canto do palco. Havia parado ali quando acabei de instalar o fio da minha guitarra no amplificador, e simplesmente parei para olhar o celular e acabei ficando ali, parado distraído.

— Ta fazendo oque aqui? — perguntei, olhando a garota amargamente.

Natalie. Era a artista esquisitona que trabalhava com Lysandre no ateliê. Ela era quase tão alta quanto eu, com um corpinho magro comum, os cabelos lisos e escuros em um corte bem curto, com a nuca batida e uma parte desfiada na frente na altura das orelhas, a pele branca como cera, e uma grande antipatia por mim.

— Lysandre me convidou, óbvio. — ela falou torcendo a cara para mim — Agora, me da licença por favor, Lysandre ta esperando. — insistiu, entediada.

Sai da frente sentindo minha cara se torcer automaticamente. Ela estava passando com o fio do microfone, para ligar no amplificador que Lysandre segurava com esforço, mantendo o enorme trambolho descolado da parede para ela ligar.

Desci do palco decidindo ignora-los, quando vi Alexy entrando no bar, com Lucy em seus calcanhares.
Ele estava com as roupas coloridas de sempre, e Lucy com as roupas brancas de hospital. Ela parecia cansada, mas ainda sim ofereceu um sorriso para Rosalya que acenou enquanto transitava carregando uma cadeira.
Antes mesmo que eu pudesse notar, estava me aproximando.

— Castiel! — Alexy falou em júbilo, tentando se jogar em cima de mim.

Sai da frente e esquivei três vezes para evitar que ele se agarrasse no meu pescoço, e parei bem ao lado de Lucy, que nos olhava como se estivesse se divertindo muito.

Ain que chato! Só queria uma braço. — ele resmungou cruzando os braços e fazendo bico — Lucy, ele não quer me abraçar! Logo eu, que fiquei tão preocupado enquanto ele tava em coma, e com tantas saudades porque ele ainda não voltou pra faculdade! — completou, fazendo cara de coitado.

Antes que Lucy me lançasse algum olhar acusatório, olhei para o outro lado e estiquei o braço para o safado de cabelos azuis me desse logo o maldito abraço, e parasse com o dramalhão.

Ele não se fez de rogado, e se jogou em cima de mim, me abraçando sem vergonha. Eu nem cheguei a abraça-lo de volta, apenas deixei que ele me abraçasse por três segundos e o empurrei. Eu não gostava de contatos físicos com homens, mas Alexy era meu amigo, certo?

Hmm Castiel, você tá cheiroso. — ele exclamou de um jeito estranho, com o rosto na curvatura do meu pescoço.

Apavorado, o empurrei para longe, mas ele ainda teve tempo de apertar minha barriga.

— Seu... Bizarro! — quase gritei, me sentindo absurdamente desconfortável.

Tentei acertar um soco nele, que pegou de raspão. Pensei que ele fosse fazer mais um drama, mas ele só mostrou a língua, saiu correndo para o lado de Lysandre e Natalie rindo e gritando “ Eu tirei casquinha do Castiel.

Fiquei parado perto da porta do lado de Lucy, completamente descrente.

— Euhein... — me peguei falando, irritado.

Lucy deu uma risada melodiosa e doce ao meu lado, me fazendo olhar para ela.

— Que bom que isso te diverte. — falei amargo, cruzando os braços.
— Você é incrível sabia?! — ela falou divertida, contendo o riso.

A encarei esperando resposta para aquela afirmação tão absurda. Eu incrível? Só se fosse incrivelmente idiota.

— Você nem percebe não é? — ela perguntou, me oferecendo um sorriso gentil.
— Primeiramente, do que estamos falando? — perguntei, olhando-a pelo canto do olho.

Lucy ajeitou a bolsa no ombro, e suspirou olhando para Alexy, que agora transitava agitado pelo bar vazio, arrastando mesas e cadeiras, juntamente com Rosalya.

— Alexy. — ela falou simplesmente, com um sorrisinho nos lábios.
— Oque tem esse esquisitão? — perguntei meio que na defensiva — Ele sempre teve essas manias estranhas de ficar querendo abraços, e fazendo brincadeiras, que não tem a menor graça. Só que agora, ele ficou pior. Parece que minha volta do coma, despertou o pior nas pessoas. — me peguei tagarelando.

Lucy agora me encarava livremente. Seus expressivos olhos castanhos amendoados, prestavam total atenção em mim, como se eu fosse uma grande coisa... E o sorriso acolhedor, ainda estava iluminando o rosto delicado.

— Castiel... — ela chamou, e eu me virei rapidamente para ela.

Era incrível como eu achava o máximo ela dizer meu nome; Parecia que ela falava com tanto carinho, parecia tão certo... Mas eu já estava me refreando com esses pensamentos, estava dizendo a mim mesmo que minha atração era algo platônico e passageiro...

— Alexy é gay. — ela falou, naturalmente, cortando totalmente meus pensamentos.

Senti minha boca se escancarar com aquela afirmação chocante, e por impulso segurei seu ombro, obrigando-a a ficar de frente para mim.

— Ta de sacanagem com a minha cara! — afirmei, ligeiramente chocado.

Ela riu novamente, e colocou sua mão no meu ombro também, com muita naturalidade.

— Não, não to de sacanagem! — garantiu, rindo-se ainda mais.

Ela parecia se divertir com a minha expressão.

— Como eu não percebi? — falei, me virando de lado para ela, afim de refletir comigo mesmo.
— Você é tão inocente Castiel, chega a ser fofo. — ela garantiu entre risos, tirando uma com a minha cara!

Me virei para ela novamente e a encarei de cima a baixo, imaginando todo tipo de coisa que Lysandre não havia feito, mas que eu certamente poderia fazer, com seu corpinho curvilíneo.

— Inocente? — perguntei debochado, sentindo um sorriso malicioso se espalhar incontrolável pelo meu rosto.


Ela parou de rir no mesmo instante, e ficou rígida. Não sei que tipo de cara eu fiz, mas ela captou alguma coisa acusatória da minha expressão e desviou o olhar para o lado, parecendo... Constrangida?!

— Que horas vocês vão tocar afinal? — ela falou, me lançando um sorriso sem graça — Vim correndo do hospital porque não sabia se ia dar tempo de eu passar no dormitório, deixar minha bolsa lá e me arrumar. — explicou-se, um pouco afobada.
— Rosalya disse que vai abrir o bar as 22, e que vamos poder tocar meia noite. — respondi, cruzando os braços e olhando-a de lado.
— Ah legal, então da tempo! Avisa o pessoal, que daqui a pouco to de volta. Té mais.— falou, apressadamente, saindo do bar.

Ela ainda parecia desconfortável na despedida, mas agora havia disfarçado melhor. Se ela queria fingir que nada estava rolando, por mim tudo bem, era mais fácil pra mim de seguir com as coisas desta maneira. Afinal, ela era namorada do Lysandre, e não iria ficar com um cara como eu de qualquer forma, então eu podia manter a coisa toda só pra mim não é mesmo? Ficar mais fodido e quebrado do que eu já sou, é que eu não posso ficar.






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Notas finais do capítulo

Então, eu fiz uma pequena confusão e coloquei que o Lys e a Lucy namoram há seis meses, mas na verdade eles namoram a quatro meses e se conhecem a seis meses. Ninguém percebeu isso ._. mas eu ja corrigi :D

Então, eu gostaria de poder postar logo a noite da estreia do bar nesse capítulo, mas ficaria muito grande ): e o capítulo já ficou grandinho, por isso, peço que aguardem até o próximo para ver o desenrolar da treta.

REVIEEWS? *-*



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