Narrador

- Lily, cala essa sua matraca ruiva agora mesmo - Rose Weasley dizia a sua prima petulante pela enésima vez apenas na última hora. Por quê? Simplesmente por que a ruiva Potter andava insinuando coisas absurdas sobre ela e o que sentia pelo idiota lindo do Malfoy.

- Matraca ruiva? Sério Rose? - Lily riu, enquanto ajeitava seus longos cabelos ruivos em um coque mal feito, fitando sua prima de forma divertida.

- Sério, por que você tem que insinuar para todos que eu supostamente tenho sentimentos amorosos por aquele loiro aguado? - Rose bufou, irritada.

Sim, ela sabia muito bem o que sentia, e se odiava por isso. Quer dizer, quem em sã consciência se apaixona por seu (nem tanto) inimigo? Scorpius Malfoy nunca fez nada além de irritá-la de todas as formas possíveis, fazer brincadeiras idiotas e ser lindo. E, mesmo assim, seu coração estúpido bate mais forte toda vez que o vê. Até parou de discutir constantemente com o loiro, já que estava passando vergonha parando a discussão ao encará-lo de forma estranha ou, se pegar desejando ele. Mas... Ela JAMAIS admitira que estivesse apaixonada por aquele idiota. Aquilo permaneceria em sua cabeça para sempre. Ao menos era o que esperava...

- Não estou insinuando nada - Lily sorriu - Eu tenho plena certeza do que estou falando, Rose.

- Quantas vezes eu vou ter que repetir que EU NÃO SINTO NADA PELO MALFOY.

- Ah, você sente sim... Só que é cega e não enxerga um bendito palmo a sua frente.

- Merda, Potter - a ruiva mais velha bufou, de forma impaciente - Você não se cansa de me perturbar?

- Não até você admitir.

- Então você vai morrer esperando.

- ROSE ESTÁ APAIXONADA PELO MALFOY - gritou, em pleno jardim. Todos próximos pararam para encarar, alguns com surpresa e outros com expressões divertidas. Rose lançou a eles seu olhar mais mortal, fazendo com que se dispersassem rapidamente. Todos sabiam que com a paciência de uma Weasley não se brinca.

∞

Scorpius Malfoy passeava calmamente pelos corredores de Hogwarts, levemente irritado com a perseguição de uma garota chamada Mel que ele nunca vira na vida anteriormente, que jurava amá-lo. O loiro bufou, mulheres eram loucas mesmo. Andou até os grandes arcos que serpenteavam a entrada/saída para os jardins. Respirou fundo enquanto procurava um local pra se sentar, quando uma gritaria o assustou.

-LILY LUNA POTTER, insinue isso novamente e cada fio desse seu cabelo ruivo será arrancado com as minhas unhas.

Observou duas garotas, uma sentada calmamente - era Lily Potter -, e a outra em pé, enquanto apontava o dedo na cara de Lily.

- Rose - murmurou idiotamente, enquanto escondia-se atrás de uma árvore qualquer. Não estava nem ai se era feio escutar conversas alheias escondido, a curiosidade falou mais alto. Não tinha mais ninguém nos jardins, além dos três. Os outros haviam saído a pouco, sob um olhar mortal de Rose.

A verdade era que, há algum tempo, o loiro sentia-se diferente em relação à Weasley. Era um absurdo, ele sabia. Um Malfoy amar uma Weasley, mas ele não pode evitar. O “ódio” havia se tornado uma merda de um amor que ele odiava admitir, porém sentia.

Scorpius não pode evitar um arrepio quando escutou as próximas palavras:

- Ah, fala sério Rose - Lily cruzou os braços, de forma indignada - você é tão cega que não enxerga o que está quase estampado na sua testa - sorriu minimante, de forma um tanto debochada. Aquilo ia dar em merda, Scorpius pensou e sorriu ao imaginar Rose duelando com Lily. Rose era tão linda e inteligente e, aqueles olhos azuis que o faziam sentir... Balançou a cabeça, indignado com tais pensamentos - Você está apaixonada pelo Malfoy.

Quando Scorpius escutou essas três palavras ficou completamente sem reação, mas logo Rose começou a gritar com Lily, tão alto que seus ouvidos quase saltaram de sua cabeça e fugiram desesperados.

- EU NÃO GOSTO DO MALFOY, CARAMBA!

- GOSTA SIM!

- NÃO GOSTO!

- ROSE, ACORDA - Lily agora estava em pé também, encarando sua prima - VOCÊ AMA ELE E NÃO ASSUME POR CAUSA DESSE ORGULHO BESTA.

- EU NÃO ASSUMO QUE O AMO POR QUE ELE É UM IDOTA EGOCÊNTRICO - ao perceber o que acabara de falar, Rose tapou a boca rapidamente, encarando Lily de forma assustada. Potter sorriu triunfante.

- Viu? - começou a rir - SABIA! SABIA!

Scorpius permaneceu estático em seu lugar, sem movimentar um músculo.

Uma coisa era ouvir as insinuações alheias e outra, totalmente diferente, era ouvir da boca da própria Rose. De repente, o loiro se pegou sorrindo, enquanto levantava-se rapidamente e caminhava até as garotas. Sem pensar em nada, sem pensar nas consequências ou no que os outros diriam. Ele a queria para si. E isso bastava.

Lily o viu, mas não disse nada quando o mesmo fez sinal de silêncio, pondo o dedo indicador sob o lábio.

∞

Rose Weasley

Estava tão atônita com minha confissão, mesmo que tenha sido a minha prima que confiava tudo. Lily era uma vaca por me fazer admitir aquilo em voz alta. Tudo bem que foi sem querer, mas quando percebi as palavras já haviam saído de minha boca, de forma que sequer notei. Eu guardei isso para mim por tanto tempo e agora havia admitido em voz alta, aos berros, na verdade. Meu Merlim!

Mas, não foi isso que me fez ficar tão branca como papel. Não. Também não foi o olhar de triunfo que Lily me lançava. Não.

Observei Lily olhar fixamente para um ponto ou algo em minhas costas e, na minha extrema curiosidade, me virei para encarar minha morte.

Mentira, não foi exatamente minha morte. Mas estava muito próximo disso.

Scorpius Malfoy caminhava em minha direção, ao vê-lo meu coração deu um salto daqueles que sentimos quando o nervosismo toma conta e não pude evitar sentir o pânico me invadir ao levar a hipótese dele ter escutado a conversa em consideração. Droga, eu estava lascada. Definitivamente lascada.

Lembrete mental: Matar Lily Potter assim que possível, de forma lenta e dolorosa e fazê-la passar vergonha na frente do Hugo.

Quando me voltei para encarar Lily, a filha da mãe ruiva não estava mais lá. Bufei indignada com o tipo de amiga que tinha e um arrepio percorreu minha espinha quando Malfoy aproximou-se de meu ouvido e sussurrou com sua voz extremamente rouca: - Eu também!

O olhei sem entender por um tempo, até que a ficha caiu. Quer dizer, não sei bem o que senti naquele momento, se foi o choque por suas palavras, se foi à alegria que me fez ter vontade dançar ridiculamente e soltar gritinhos histéricos, ou raiva, constrangimento e vergonha, por que era óbvio que o loiro havia escutado minha confissão acidental.

Eu estava surtando por dentro. Não podia acreditar que aquilo estava realmente acontecendo. Qual a probabilidade disso? Ele estava ali, na hora que tinha que estar. Talvez, a sorte tenha finalmente sorrido pra mim. Parecia clichê demais, mas era o meu perfeito clichê. E estava realmente acontecendo comigo.

- Você o que? - perguntei, fingindo-me de desentendida.

- Também te amo.

Bom, só sei que naquele momento mal tive tempo de respirar. Quando dei por mim já estava envolta nos braços de Scorpius Malfoy.

Às vezes, é realmente bom que as “paredes tenham ouvidos”.