A primeira desculpa que me veio à cabeça foi o fato daquele não ser um chão apropriado para saltos, mas eu bem sabia que para uma simples demonstração aquilo não valia de nada.
– Estamos esperando senhorita. – a professora ordenou.
– Com certeza é mentira, olhem só pra ela. – a garota que Carrie me disse ser Samantha disse as amigas, aquilo me enfureceu por dentro. Foi o impulso que eu precisava, odiava quando alguém duvidava o meu potencial.

OLÁ MEUS LINDOS ENTÃO GENTE, EU SOU MUITO FÃ DE FILME DE LÍDER DE TORCIDA (JÁ DEU PRA PERCEBER) ENTÃO TENHO ALGUNS FILMES DESSE E DELES TIREI ALGUNS SALTOS E ACROBACIAS PARA VOCÊS E FIZ UM VÍDEO DE TUDO O QUE A NANDA VAI FAZER -------------> https://www.youtube.com/watch?v=8sbfTXKPiYY&feature=youtu.be–-

– Primeiro um mortal para trás, coisa simples. – falei sorrindo e simplesmente fiz, fazendo todos ficarem boquiabertos. – Agora vou suspender a perna direita no alto e cair em um espacate perfeito. – o fiz tão rápido que alguns até esfregaram os olhos não crendo que uma nerd do interior pudesse ser capaz de coisas do tipo, naquele momento agradeci mentalmente por minha mãe ter me posto na ginástica quando pequena. Inclusive só sai de lá há três meses quando meu pai morreu. – Bom agora eu irei virar mortais em toda a extensão do campo. – Eu nunca havia tentado aquilo, me encaminhei até a ponta do campo percebi que até mesmo os meninos e o treinador haviam parado o treino para me ver. Senti meu rosto queimar droga de vergonha! Vi o olhar de Dylan pra mim, o mesmo olhar de Samantha, era de deboche. Senti Raiva daquilo. Respirei fundo, estralei os dedos (um ritual que eu sempre fazia antes dos saltos ou acrobacias) e fui.

– Uou! – ouvi varias pessoas dizerem enquanto passava por eles aos pulos, tudo em minha volta rodava e me senti feliz novamente, como se nada houvesse acontecido, eu estava em só mais um treino da escola me preparando para o estadual de ginástica e quando parei nem sequer uma tontura eu senti.
Carrie correu ao meu encontro e me abraçou de surpresa me fazendo sorrir.
– Você é muito boa! – ela falou animada – Tem grandes chances de entrar pro time!
– Eu não quero entrar pro time. – falei decidida.
– Parabéns senhorita Johann! – a professora veio me cumprimentar.
– Isso mesmo senhorita Johann – o treinador veio ao meu encontro – Sou Scot.
– Prazer. – respondi apertando sua mão estendida.
– Nunca vi ninguém fazer tantas acrobacias assim na história dessa escola. – ele falou a mim - Quem sabe esse ano as cheerleaders possam ganhar o troféu.
– E pode apostar que vamos. – a professora respondeu – e você deve treinar seu time, acho que você também quer ganhar um troféu não é? – ela falou desafiadora e eu podia apostar que aqueles dois ou se odiavam ou se pegavam.
– Garotas! – ela chamou ao resto que estavam dispersas longe de onde estávamos – Creio que está mais do que óbvio que a senhorita Johann entrou para o grupo.
– Se a senhora diz. – Samantha falou em completo desprazer, percebi em seu braço a braçadeira de capitã.
– Mas professora eu não quero entrar pro time. – falei corajosa, mas minha coragem se foi quando ela parecendo um gavião atrás da presa me lançou um olhar de doido.
– Como senhorita? – ela segurou em meus dois braços os apertando. – Precisamos de você, precisamos! – ela tinha a voz alterada e ela ia chorar? Oh não!
– Bom eu... eu... – gaguejava sem saber o que dizer, digamos que os meus planos nunca nem passaram perto em ser uma cheerleader. – Se a Carrie entrar no grupo eu também entro.
– É serio? – Carrie disse eufórica a mim.
– Desculpe, mas o grupo iria ficar com uma líder de torcida a mais. – Samantha disse vitoriosa.
– Anastácia. – a professora chamou uma garota pequena que estava junto de Samantha – sinto muito, mas está fora.
– O que?! – ela disse indignada – Porque professora?
– Você já viu o seu tamanho? – a professora falou cruelmente, fazendo com que a garota saísse pisando forte para fora do campo. Confesso que tive pena dela.
– Bem vindas senhorita Johann e Smith. – a professora se virou para mim e Carrie.
–-------------------------------------------------------------------------------------------
– Eu não sei dançar. – falei infeliz a Carrie enquanto a acompanhava até o ônibus.
– E eu não sei nem fazer um espacate mal feito. – ela suspirou – pelo menos eu danço. Espera! – ela deu um pulinho em total euforia – E se eu te ensinar a requebrar – ela deu uma rebolada patética me fazendo rir – e você me ensinar a ser digamos assim... flexível.
– Não me parece uma má idéia – mexi a cabeça em sinal positivo. – Aceito.
– Isso porque nós nos conhecemos hoje. – Carrie gargalhou e pegou algo em sua bolsa. – Aqui está meu numero e endereço, aparece lá mais tarde para começarmos os ensaios.
E então o ônibus estava para sair, Carrie saiu correndo me fazendo rir até a hora em que cheguei na camionete. Nem sinal da minha irmã e no pára-brisa um bilhete:

Como você viu no refeitório tenho amigos novos, e uma carona nova também. Hoje vou embora com Samantha e seu carro esportivo. (não nessa coisa velha que você chama de carro).
Nos vemos em casa.

Revirei os olhos ao terminar o bilhete e entrei no carro, não havia praticamente ninguém no estacionamento. Demorei 20 minutos para chegar em casa e antes de sair da camionete mandei uma mensagem para Carrie.

Nanda aqui.
Tem alguma coisa para fazer hoje? Podemos começar as aulas.

Desci do carro e encontrei minha irmã me esperando do lado de fora da casa, ela tinha um olhar esquisito para mim.
– O que foi agora? – perguntei.
– Você virou cheerleader! – ela gritou eufórica me abraçando de surpresa – Eu disse que Yesterville faria bem pra você!
– Primeiro me solta – eu disse me soltando do abraço dela – E segundo eu não queria ser líder de torcida de certo modo eu fui obrigada.
– Não é o que seus cinco troféus de ginástica dizem. – ela falou óbvia.
– Porém líderes de torcida dançam. – falei e então ela se tocou de que eu nunca, nunca, nunca, nunca! Fui boa em dançar.
– Vai ser engraçado você pagando mico na frente de todo mundo. – ela falou rindo.
– Cala boca! E olha – eu disse entrando em casa – Mamãe só volta a noite, então eu vou entrar no meu quarto e não quero você me enchendo.
– Como se eu quisesse sua companhia. – ela se jogou no sofá.
Quando estava subindo as escadas meu celular apitou:

Não tenho nada para fazer, pode vir a hora que quiser no endereço que eu te dei.
Beijos e ate mais.

Parece que eu iria me tornar uma pessoa que nunca fui, só não sabia se aquilo seria bom ou ruim.