Pov. Dylan O’brien

– Se é isso que você quer. – me sentei na cama e encarei a garota que optou por permanecer em pé. – Vamos lá, fale.

– Quando acordei me perguntei por muito tempo o porque de eu não te odiar. – Nanda começou a andar de um lado para o outro – Tudo o que você me fez eram motivos suficientes: mentiras desde o começo, me traia com aquela vagabunda! – ela diferente do que pensei não se corrigiu – Só de imaginar que você beijava e sei lá o que mais com aquela garota, e depois me tocava... me causa náuseas! – ela passou a mãos nos cabelos ao mesmo tempo em que fechou os olhos, sua expressão demonstrava repulsa.

– Eu não... – interrompi.

– Me deixa terminar. – ela abriu os olhos me olhando fixamente, ao ver que fiquei quieto ela prosseguiu – Ai veio aquele vídeo, onde você me humilhou na frente de todos. Sabe o que é pior? A humilhação não doeu por ser publica, doeu porque veio de você! – ela respirou fundo, eu sabia que ela queria chorar – Você era quem eu mais confiava, nunca esperei aquilo de você...

– Nem tudo foi mentira, o que eu sinto por você é real! – interrompi novamente.

– Aprenda que – ela foi quem me interrompeu – Uma mentira faz todas as verdades parecerem falsas!

– Será que eu posso me explicar? – pedi e ela assentiu com a cabeça.

Levantei-me e fui em direção a ela, ficando cara a cara. Até aquele momento eu não sabia o quão torturante era ficar a centímetros da pessoa que você ama, e não poder tocá-la.

– Nosso primeiro encontro foi desastroso, ódio a primeira vista! E você me enfrentou como ninguém nunca havia enfrentado. – eu andava pelo quarto fazendo gestos com as mãos enquanto falava – Me senti ameaçado por você e resolvi lhe pôr no “seu lugar”. – fiz aspas com as mãos – Foi quando agi feito um babaca e junto com Samantha arquitetamos esse plano, passo a passo... – Nanda derramou uma lagrima e eu não resisti – Não chora, por favor. – me aproximei secando sua lagrima.

– Termine sua explicação. – ela falou retida ao meu carinho e se afastando de mim, respirei fundo e continuei.

– Haviam sinais de que eu havia me apaixonado por você, mesmo que de forma inconsciente: Luna sendo sua amiga, foi o passo inicial e de grande importância, mas a noite no telhado me mostrou que eu realmente supria sentimentos por você...

– E porque continuou! – Nanda falou aborrecida.

– Porque eu queria negar, eu não queria você porque você era tudo o que nunca quis, uma nerd...

– Ridiculamente feia, uma rata de biblioteca que me escondo atrás dessas roupas – ela apontou para ela mesma – Sem esquecer de que sou uma patética irritante.

– Esqueça o que eu disse, você é a garota mais linda que eu já conheci. – disse com um sorriso, que foi totalmente ignorado – Samantha viu que eu me apaixonava cada vez mais por você e fez de tudo para impedir. – continuei – Ela confundiu ainda mais o que já estava confuso e fez com que eu gravasse nossa primeira vez. Mas foram questão de dias para que eu terminasse com ela, e queimasse aquele maldito pen drive com as imagens, mas de alguma maneira ela conseguiu aquele filme e passou no dia do baile... Eu te amo e independente do que todos acham, eu realmente espero que você volte para mim, porque eu não sei se estou maluco ou coisa do tipo, mas sei que você me ama na mesma intensidade! Volta para mim?

Seus olhos estavam inundados de lagrimas, ela tentava esconder as secando rapidamente mas a vermelhidão que ficavam no local a entregavam.

– Desculpas não bastar Dylan. – ela soluçava e não conseguia controlar, ela até tentava. – Vamos usar uma metáfora, espero que você saiba o que é – Eu tinha um castelo de papel, vivia muito bem lá. Mas um dia eu sai na varanda e vi lá fora algo muito bonito, uma chama de fogo. Ela conversou comigo e me pediu para entrar, eu encantada com ela a deixei entrar de bom grado. Ela ganhou espaço lá dentro, e eu cada vez mais precisando dela para viver. Mas um dia ele resolveu destruir tudo, começou pelo telhado e logo depois as paredes, e no fim não restavam nada mais do que cinzas. Isso é o que você fez comigo, você destruiu meus sentimentos e o resumiram a cinzas que o vento está levando!

– Não faz assim. – falei segurando seu ante braço, eu também havia começado a chorar, os dois chorões sofrendo por amor – Você me ama, eu to olhando pra você agora! Dentro do seu olho está o sentimento que virou cinza, ele ainda esta ai!

– Convencido e prepotente! – ela tentou puxar as mãos mas não conseguiu, porém continuou a falar – Sabe eu gosto de você, não sabe o quanto – ela suspirou, tentando segurar o choro – Mas as vezes só o amor que a gente sente não basta!

Ela puxou as mãos num momento de fraqueza minha e saiu correndo, e eu fiquei lá chorando como um bebezinho.

Pov. Nanda

Corri, corri e corri por entre as ruas, esbarrava em pessoas, mas não me importava. Só queria meu quarto, um cobertor e chorar até meus olhos secarem.

Porque eu chorava?

Odiando ou não, amando ou não. Eu sabia que havia deixado uma parte de mim para trás.

A parte em que eu sabia que se vivesse sem, seria infeliz. Eu sei.

Tenho que aprender a esquecê-lo, talvez eu me mude ou sei lá. Mas ver aquele garoto, que eu gosto e ao mesmo tempo odeio não será fácil.

Meu corpo e meu coração anseiam por tocá-lo, por poder amá-lo de qualquer forma, mas minha mente me manda calar a boca e fechar todas as portas do meu coração.

Indo pela lógica da mente nunca me machuquei, mas um belo dia resolvi ouvir o coração e quebrei a cara.

Quando cheguei em casa minha respiração ofegava e meu peito doía, não havia ninguém em casa felizmente. Ao terminar o lance de escadas senti a terrível tontura, mas me agarrei ao corrimão até recuperar um pouco de forças.

Tranquei-me no sótão, puxando a escada para que ninguém entrasse e então chorei, chorei tudo o que eu havia guardado por aqueles dias.

Até porque diferente deles, agora era definitivo, não existia mais Dylan em Nanda. Agora é só Dylan e só Nanda, separados de preferência, por quilômetros.

O meu desejo de o amar novamente não bastava para a minha mente, a minha mente era racional.

Racional, Racional, Racional.

Essa palavra se repetiu diversas vezes em minha cabeça e de repente uma frase veio em minha mente:

“Esqueça o cérebro e pense exclusivamente com o coração”.

Eu deveria mesmo fazer isso?

Cogitei agora o fato de ser a garota racional que sempre fui ou seguir meu coração.

Qual das duas iria me fazer feliz de verdade?