No laboratório, Banner, Stark e Lena trabalhavam sem parar.

Banner passava um leitor de radiação gama no cetro do Loki. Lena, mesmo num canto afastado da sala, em sua mesa mexendo no computador, não conseguia desviar o olhar daquele cetro. E sentia calafrios.

– As leituras gama batem com o relatório do Selvig sobre o Tersseract. – Banner comentou. – Mas vai levar semanas pra processar.

– Se contornarmos o computador central deles, e direcionar para os outros computadores vamos chegar a cerca de... 600 teraflox. – Stark respondeu.

– Eu só trouxe uma escova de dentes. – Banner riu olhando pra Lena que instintivamente desviou o olhar. Stark riu.

– Devia passar lá na Torre Stark. Os dez últimos andares são só de pesquisas. Iria adorar. É um encanto. – Stark convidou se aproximando de Banner.

– Obrigado, mas a última vez que eu fui a NY eu quase destruí o Harlem. – Banner retrucou.

– Bom, eu prometo um ambiente sem estresse, sem tensão, sem surpresas. – ele falou e deu um choque em Banner que reclamou.

– Ai! – ele exclamou assustando Lena. Tony o encarou como se esperasse algo.

– Oh! – Steve entrou no laboratório.

– Nada? – Tony perguntou.

– Você é louco? – Steve brigou.

– Quem sabe? – Tony provocou. – Você é travado mesmo, né? Qual é o seu segredo? Um jezinho, uns bongôs, maracujá?

– Tudo pra você é piada? – Steve pareceu indignado.

– Só o que tem graça.- Tony retrucou.

– Ameaçar a segurança de todos nessa nave não tem graça. – Steve protestou. – Sem ofensas. –ele pediu para Banner.

– Tudo bem. Eu não embarcaria se não soubesse lidar com coisas... pontiagudas. – Banner respondeu.

– Mas o que ele te deu foi um choque. – Lena falou. Banner deu de ombros.

– Dá no mesmo. – ele falou sem dar muita importância. Lena riu.

– Você leva numa boa? – Steve a olhou indignado.

– Perdão, mas estou aqui pra ajudar, não pra bancar a babá de dois homens que se somar a idade, ficam mais velhos que o Fury. – Lena retrucou.

– Essa doeu. – Bruce reclamou. Lena deu de ombros.

– Acho melhor você sair, Lena. – Steve falou.

– Não dá. Tô trabalhando. – Lena retrucou. Steve a encarou com severidade no olhar. Lena não se deixou intimidar.

– Acho melhor você ir. Pode ir descansar. Eu e Tony damos conta do trabalho. Você já ajudou bastante. – Banner falou. Lena bufou pulando da mesa.

– Seus sem graça. – Lena xingou saindo do laboratório.

Lena caminhou pelos corredores passando por alguns agentes. Nem sabia onde estava indo. Ela seguiu por um corredor até o fim. Devia ser o último andar da nave. Ao chegar na saída, ela avistou uma luz fria. Ao sair do corredor, viu o que era essa luz. Era das lâmpadas da jaula de Loki.

Lena ficou observando ele, que parecia não ter visto ela, pois estava de costas. Ele ergueu a cabeça como se notasse algo.

– A curiosidade matou o gato. – ela ouviu sua voz suave com certo tom de maldade. Lena suspirou. Agora era tarde pra recuar.

– Ok. Se vir algum gato por aqui, eu te aviso. – Lena retrucou sem sair de seu esconderijo. Ele se virou para ela.

– Não adianta se esconder. Mesmo nas sombras, eu posso ver você. – ele falou.

– Isso não é razão pra que eu saia, é? – Lena respondeu.

– Por que está aqui. – ele perguntou num suspiro escondendo as mãos atrás das costas.

– Você é perspicaz, né? Me diga você. – Lena retrucou.

– Fury não te mandou aqui. Ele não seria tão cruel. – ele falou.

– Talvez. Quem sabe, talvez fosse vontade dele. Quem sabe ele nem precisou mandar. – ela retrucou ainda nas sombras.

– Você está com medo. – ele concluiu.

– Olhe pra mim. – Lena saiu das sombras e ficou de frente pra ele. – Eu pareço estar com medo de você?

– Você não teme a mim. Teme o que eu posso fazer. – ele retrucou.

– É. Podemos ter algo em comum. – Lena cruzou os braços o encarando.

– Acha que tenho medo de você? – ele franziu o cenho.

– Você quem disse. Não eu. – Lena sorriu com ar de esperteza. Loki pareceu confuso por um momento. – Você é tão perspicaz quanto aos outros, menos consigo mesmo.

– E o que você sabe sobre mim? – ele perguntou com seu ar de deboche.

– Só o que os contos e lendas relatam. Mas, é difícil levar a sério um garoto que gosta de pregar peças nos outros. – ela comentou.

– “Garoto”? Sabe quantos anos eu tenho? – ele pareceu irritado.

– Não. E não me interesso. Apenas concluo por suas atitudes. Não seriam realizadas por alguém com maturidade. – Lena debochou caminhando até uma cadeira que estava ali.

– Por que está aqui? – Loki perguntou parecendo irritado.

– Acho que já me fez essa pergunta. – Lena comentou pensativa cruzando as pernas.

– Não é sábio me irritar. – ele ameaçou. – E não é sábio estar falando comigo.

– Assim como não foi sábio pra você, vir até aqui. Sozinho. – ela retrucou.

– Não estou sozinho. – ele respondeu sentando.

– É? Pensei que de fantasma aqui só tivesse eu. – Lena riu baixo. Loki franziu o cenho.

– Fantas... Ah! Sim. Seu acidente. Fiquei sabendo. – ele pareceu se lembrar de algo. – Um amigo seu me contou.

– É. Já ouvi essa. – Lena falou sorrindo tentando esconder sua preocupação. – Tenho muitos amigos. Seja mais específico.

– Agente Barton. – ele falou. Lena reprimiu os lábios pensando.

– Barton... Barton... – Lena pareceu pensar. – Ah! Sim! O Clint! – Lena fingiu. – E como tá aquele filho da mãe?

– Não devia falar assim. Ele comentou que foram bem chegados a alguns anos. – Loki comentou parecendo se divertir.

– É. Mas o tempo passa. A fila anda, então deixa de frescura. Não sou como você que passa anos planejando sua vingança como uma criança mimada que corre pra saia da mamãe. – Lena cruzou os braços. Loki pareceu um pouco mais irritado.

– Talvez não seja sábio me provocar. – ele resmungou.

– Você gosta de repetir as coisas, né? – Lena sorriu divertida. – Fiquei um pouco desapontada. Pensei que você tivesse mais senso de humor, já que é o “deus das travessuras”, certo?

– Por que continua a me provocar? Não pode voltar pra sua vidinha e esperar pela morte? – ele perguntou.

– Não gosta de conversar? Eu gosto. Mas os caras com senso de humor que são meus amigos, me dispensaram do trabalho mais cedo. Então, eu fiquei meio que sozinha. Achei que seria... talvez, interessante conversar com você. Mas você parece bem mal humorado. – Lena reclamou.

– Por que quer conversar comigo?

– Gosto de ouvir histórias. – ela sorriu. – Pensei que você teria muita coisa pra contar.

– Eu tenho cara de vovô que te conta historinhas e te dá biscoitos? Se quer esse tipo, vá conversar com Thor. – ele falou com desprezo. Lena deu um sorriso sapeca e provocativo.

– Ah! Mas é tão clandestino! – ela sorriu. – Sabia que poderia ser mais divertido falar com você. Mas, talvez, Thor seja entediante demais pra mim.

– O que quer de mim? – ele perguntou.

– Nada. Só gostei do jeito que tentou pegar o Fury. Está no caminho certo. Mas foi apelão de mais. Quem sabe se você usar algo que ele quer contra ele, funcione? – Lena falou.

– Isso é considerado traição. – ele comentou.

– Não se você não usar. – Lena deu um pequeno sorriso.

– Talvez já seja um ato de traição o fato de você falar comigo, sem ter sido permitido. – Loki comentou.

– Own. Tá preocupado comigo. – Lena fez um bico. Loki a olhou sério.

– Está debochando de mim. Não é uma atitude sábia. – ele falou.

– E o que qualquer um nesta nave sabe o que é sábio? Até mesmo você. Você ousou invadir meu planeta com um plano maligno. Saiba que a minha vontade é te fazer comer o pão que o diabo amassou. Isso sem contar o fato de você ter sequestrado meu amigo. Eu só queria ver, se você é tão astuto quanto as lendas contam. Devo dizer, que estou profundamente decepcionada. – Lena comentou. Loki deu ar de riso.

– Não estou nem aí pro que você pensa. Você não é relevante aqui. Só está sendo usada. Você é descartável, por isso foi chamada. Não pense que vão te proteger, porque não vão nem tentar. – Loki falou.

– Acha que eu não sei? – Lena sorriu. – Mas, não é o mesmo com você? Você é igualmente descartável. Acha que seus superiores te mandariam se fosse realmente importante?

– O que sabe sobre isso?

– Nada, mas agora eu sei que você tem superiores. – Lena deu um sorriso esperto. Loki lhe lançou um olhar ameaçador. – Então, o que é “o verdadeiro poder”?

Loki ia responder, mas Lena ergueu a mão indicando uma pausa e ele parou no mesmo instante.

–“Carter, onde você está?” – ela ouviu a voz de Natasha.

– Me divertindo um pouquinho. – Lena respondeu.

–“ Com quem? Evans tá te procurando.” – Natasha falou.

– Onde ele tá? – Lena perguntou.

–“Com Keys. Estão te procurando pelas câmeras de segurança.” – Natasha informou.

– Não! Manda eles pararem! Eu já estou indo encontrar vocês. – Lena se levantou.

–“Lena... o que está fazendo com Loki?” – Natasha perguntou.

– Eu já vou. – Lena falou desligando. – Sinto muito. Podemos terminar a conversa depois? – Lena pediu olhando pra Loki.

– Eu falei que não era sábio você falar comigo. – Loki comentou.

– E você se importa? – Lena perguntou.

– Você não se importa. Por que eu iria me importar? - ele retrucou.

– Bom, foi legal te conhecer, Loki. Apesar de ter sido claramente decepcionante.

– Foi pra mim também. Mas não podia esperar muita coisa de uma garotinha. – ele debochou.

– Obrigada. – Lena sorriu. – Tenha uma boa noite. – Lena desejou e saiu. Loki ficou observando. Ele achou interessante a ousadia da garota, e seu humor e perspicácia. Talvez, tenha sido a conversa mais desafiadora pra ele, que ele tivera desde sua estadia naquela nave. Afinal, uma garota que não se deixou abater, e até conseguia rebater seus comentários, mereceria seu respeito.

– Interessante. – ele falou com seu sorriso sombrio.