Quatro dias depois...

Annabeth e Lena foram se curando aos poucos, mas foi bem rápido à medida que o tempo passou, pois Hermione imaginava que iriam se curar depois de uma semana. Elas caminham em grupo, observando os cantos atentamente. Clary caminha sempre ao lado de Bella e Prim, que estão se tornarando bem amigas nesses quatro dias. Tris sempre caminha ao lado de Hermione e Katniss, e Lena e Annabeth vão no meio. Todas estão armadas, exceto Prim, pois sempre que Tris oferecia uma faca ou uma arma para ela, Katniss interrompia, pois ela não quer que a irmã tenha a mesma vida que ela.

Annabeth começa a analisar a terra com atenção, quando ela vê a terra meio úmida e quase dá um pulo.

– Gente, gente, gente!

Todas encaram Annabeth agitada.

– O que foi? – pergunta Clary se aproximando.

– Água, estamos perto de achar água.

Ela começa a caminhar ao redor e pisa em um lugar mais molhado. Ela sorri e aponta para o chão. Clary sorri e corre em direção à Annabeth ficando de joelhos no chão e começando a cavar bem fundo com as mãos. Todas ficam ao redor e se deparam com uma pequena quantidade de água. Elas sorriem e começam há recolher um pouco para cada.

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O tempo da tarde é sempre o mais escaldante, mas com certeza aquela tarde era a mais quente que todas já haviam presenciado. Está extremamente sufocante.

– Eu não aguento... mais andar – diz Lena ofegante. –, o sol... tá muito quente.

As pernas de Lena ficam bambas e quando ela está a ponto de desabar no chão Clary corre em sua direção e segura seu braço.

– A gente precisa parar um pouco. – diz Tris a analisando. – Elas estão com ferimentos na perna e ainda não estão totalmente curadas. Elas não vão aguentar, o ferimento vai piorar.

– Está bem. – Hermione acena com a cabeça.

Elas caminham até uma caverna próxima e entram. Cavernas são fechadas, e nesse calor chegam a ser muito quentes, mas esta está um pouco úmida, causando um pouco de conforto nas garotas, que estão todas muito exaustas.

Tris fica ao lado de Prim, e elas ficam conversando sobre coisas aleatórias enquanto Katniss fica observando atenta, e as outras escolhem um cantinho para ficar.

– Hey Katniss! – chama Tris.

Katniss a encara com um olhar de interrogação.

– A Prim quer aprender a atirar facas. – diz Tris e Prim sorri.

Katniss encara Prim com as sobrancelhas franzidas.

– Não – ela balança a cabeça –, eu não quero que você...

– Ah Katniss pelo amor de Deus! – diz Tris revirando os olhos.

Todas ficam observando a cena por um momento até que Hermione decide opinar.

– Eu acho uma boa ideia. A Prim tem que aprender a se defender sozinha. Aqui é muito perigoso.

– Exatamente – diz Annabeth –, a Prim não sabendo usar arma alguma a deixando muito vulnerável aqui.

Katniss abre a boca pra falar, mas palavra alguma sai de sua boca. Ela não podia permitir que sua irmãzinha tocasse em uma arma. Se fizer isso será igual a ela. Sairá pelas ruas matando sedentos que também são humanos, e terá que carregar esse peso, mas Annabeth também tem razão. Não importa o quanto você não queira, se não reagir, o sedento te mata primeiro. Katniss suspira.

– Está bem.

Prim alarga seu sorriso e bate palminhas, enquanto Tris pega um pedaço de madeira no chão e apoia na parede, fazendo um desenho de alvo com um produto qualquer que ela achou na bolsa de Katniss.

– Escute Prim, você precisa de três coisas para acertar o alvo. – diz Tris enquanto Prim a encara com os olhos atentos. – A primeira, é necessário você ter uma pose confortável e direta para jogar a faca. A segunda, você precisa se concentrar, respirar com calma. A terceira é você mirar bem. – Tris ergue as sobrancelhas para Prim, que acena com a cabeça em sinal de entendimento. – Tente acertar.

– Tá.

Prim fica de pé e segura a faca com as mãos um pouco trêmulas. Ela faz uma pose um tanto contorcida e atira, mas a faca não chega nem na metade do caminho para acertar o alvo. As garotas ao redor riem baixinho.

– Não Prim, você fez exatamente o contrário do que eu te disse. E você ficou muito contorcida. Não tenha medo da faca, a faca não te controla, você controla ela. Observe como você tem que jogar.

Tris fica de pé e fica um pouco de lado com o corpo ereto. Ela estica o braço que está com a mão vaga e prepara o outro braço que ela segura a faca e atira, acertando sem falha o alvo a sua frente, enquanto as outras que estão assistindo aplaudem.

– Uau! – exclama Prim sorrindo.

– Viu? Não é tão difícil, tenta de novo.

– Eu não sei se vou conseguir. – diz Prim insegura.

– Claro que consegue, ou você acha que eu só toquei na faca e saí atirando por todos os lados com perfeição? – Tris sorri. – Tenta.

Prim suspira de olhos fechados tentando se manter calma. Ela abre os olhos e imita tudo o que Tris fez e joga a faca acertando a madeira a sua frente. Não foi exatamente bem no alvo, mas ela conseguiu cravar a faca no alvo, o que é um bom começo.

– Muito bom. – diz Tris abrindo um sorriso.

As garotas também sorriem e batem palmas.

– Eu consegui Katniss! – diz Prim encarando a irmã.

– Eu sabia que você conseguiria patinha. – Katniss abre um sorriso. Mesmo não querendo aceitar isso, ela acabou sentindo orgulho da irmã.

– É claro que ela conseguiria – diz Annabeth encarando Prim e em seguida encara Katniss piscando um olho –, está no sangue.

As outras riem e Prim continua praticando. Depois de várias tentativas, ela quase consegue acertar no alvo, mas de acordo com Tris ela melhorou demais em pouco tempo.

Depois de algumas horas, Prim se cansa e entrega a faca para Tris, se sentando no chão, com suas pálpebras pesando e adormecendo em seguida. Tris guarda a faca e nota que Hermione está sorrindo para ela e mexendo a boca dizendo “Você está se saindo bem!”, arrancando um pequeno sorriso de Tris.

– Alguém tem que ficar de guarda. – disse Hermione se sentando no chão. As olheiras em seus olhos são muito visíveis.

Todas se entreolharam.

– Eu fico, vocês podem dormir. – respondeu Tris encostada em uma pedra.

– Está bem. – Hermione acena com a cabeça.

Tris se levanta e caminha até a entrada da caverna. Ela não quer dormir, tem medo que os pesadelos invadam sua mente.

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Tris leva um susto, pois estava a ponto de cair com a cabeça no chão por conta do cansaço invadindo seu corpo e de suas pálpebras estarem pesando como chumbo. Ela balançou a cabeça para se manter acordada a esfregou os olhos dando um bocejo. Olhando rapidamente para fora da caverna.

Tris dá um pulo e olha novamente, sentindo seu coração disparado, pois teve a certeza de ver alguém andando lá fora. Talvez seja um sedento. Ela olha para todos os lados a procura de algum sinal de vida e não encontra nada, nem ninguém. Mas ela não tem tanta certeza. Ela tira a arma silenciosamente do bolso e sai da caverna forçando a vista, pois lá fora estava um breu. Já tinha anoitecido. Ela olha por todos os cantos apontando a arma e mordendo o lábio inferior tão forte que dói, sentindo o medo invadir sua mente.

De repente alguém segura seu braço e a derruba no chão com tanta força, que por um momento ela pensou ter quebrado uma costela, e ela bate também com a cabeça em uma pedra. Seus ouvidos zunem e a visão está ficando cada vez mais escura. Ela sente um pequeno vento em seu rosto e... alguém, está em cima dela ofegante.

– Ei você... não é um sedento? – é uma voz masculina.

Ela pisca várias vezes tentando recuperar os sentidos e ver quem é está em cima dela. Ela se debate, sentindo um corpo grande em cima de si, com braços fortes, cheios de músculos. É um... garoto?

– Não. – sua voz sai arrastada. – sai de cima de mim seu idiota! – ela grunhi.

O rapaz sai de cima dela estendendo a mão e lhe ajudando a se levantar. Ela fica tonta ao ficar de pé, sentindo uma desgraçada dor de cabeça.

– Você está bem?

– Como eu poderia estar bem, sendo que um brutamontes se jogou em cima de mim? – ela reclama, ainda tentando ver o rosto do rapaz, mas sua vista está embaçada e a escuridão não colabora.

O rapaz bufa frustrado.

– Eu lamento, só estou tentando sobreviver está bem? E se você fosse um sedento? Faria o mesmo comigo se me visse não é? – ele reclama. Sua voz não é grossa, é firme e suave, tirando que a voz está um pouco irritada.

Ela semicerra os olhos recuperando a visão aos poucos se deparando primeiramente com cabelos loiros um pouco claros, parecidos com os dela. Os olhos azuis são um pouco mais intensos, diferentes dos dela que são quase cinzas de tão claros e o rapaz é quase trinta centímetros mais alto que ela.

– Quem é você? – ela pergunta.

– Me chamo Jace. – responde ele encarando-a. – E você?

– Isso não te interessa. Eu não te conheço. – Tris junta às sobrancelhas.

Ele por um momento fica surpreso, se perguntando como é que uma garota tão baixinha e magra pode ser tão arrogante. Ninguém com tão pouco tamanho o xingou como ela. Isso o irritou.

– Eu deveria ter te matado. – ele grunhiu.

– Mas não me matou. – ela retruca. – E se tentar me matar não vai conseguir, pois agora eu não estou despreparada.

Ela o encara com desafio o fazendo rir. Ela parece uma criança, e fazendo essa cara ameaçadora, se parece com uma menina lhe ameaçando a bater com um urso de pelúcia.

– Não perco meu tempo com crianças. – diz Jace exibindo um sorriso sarcástico no rosto enquanto Tris fica com o rosto vermelho de raiva.

Jace vira de costas e vai embora deixando Tris para trás. Ela aperta a arma em sua mão com tanta força, que as pontas dos seus dedos ficam brancas. Ela fecha os olhos se segurando para não atirar e antes que ele suma de vista ela grita:

– Tomara que você morra!