Agentes escrita por Ana Cdween


Capítulo 16
Dr. Wexley


Notas iniciais do capítulo

Oie desculpem a demora, estou com alguns problemas em casa e fiquei até sem internet. Bom ai está o capitulo final, ficou bem grande, espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/618545/chapter/16

Jane

A casa ficou silenciosa e maior do que nunca. Subi e John não estava na cama, já devia ter ido pra sala dele, eu me sentia péssima porque de alguma forma eu tinha culpa por ter estragado tudo com uma discussão boba ao invés de rir e agarrá-lo aos beijos. Encontrei meu celular perto da banheira e tinham umas 100 ligações do escritório. Liguei de volta.

–-Jas?

–-Oi Jane, é o Charlie.

–-Charlie, onde está Jas?

–-Saiu a pouco, acho que foi para casa dela, onde esteve o dia inteiro? Ficamos doidos atrás de você!

–-Ah, John não está muito bem. Fechei a porta do banheiro caso John subisse.

–-Tomara que ele esteja melhor, porque você precisa vir pra cá. Cindy já está te esperando.

–-Cindy? Pra quê?

–-Você sabe Jane, o terreno precisa ser limpo.

–-Ah claro, só achei que demoraria mais para fechar o cerco.

–-Tivemos de agir rápido para não perder ainda mais o controle.

–- Bom, vou me trocar e corro praí.

–- Seja rápida.

–-Você me conhece.

–-Sim, conheço muito bem.

Desliguei porque o papo com Charlie sempre ficava ácido demais, eu já não suportava. Me arrumei o mais rápido possível e desci me despedindo de John, queria dar alguma satisfação para não piorar as coisas. Ele foi meio rude, já esperava isso. Peguei o carro e corri feito doida, queria acabar logo com essa missão de limpeza no cartel.

Já no escritório eu me apavorei. Seriam 7 seguranças porque o cara aumentou a guarda depois de ser atacado uma vez, 5 chefes do crime em uma mesa redonda em uma sala no 20º andar de um prédio cheio de câmeras e monitoramento infravermelho por todo lado. Só nos sobrou a rede de ar condicionado, por onde eu jogaria gás tóxico, desmaiando todos e depois atiraria para matar. Cindy ficou encarregada de matar os seguranças, limpando a barra para eu poder atirar nos chefes desmaiados pelo gás.

Chegamos uma hora antes da tal reunião, Cindy se posicionou e ficou observando o esquema tático dos seguranças, eu subi e entrei no sistema de ventilação, de ponta cabeça, esperando um ok no ponto do ouvido. Foi a 1 hora mais longa da minha vida, mas quando atirei na cabeça do último homem, senti um alívio enorme porquê passei um pouco mal dentro daquele cubículo, realmente eu tinha de ir para o hospital e fazer uns exames.

John já estava na cama quando eu cheguei em casa, parecia dormir, então tomei um banho e me deitei devagar, pois não queria incomodá-lo. A cama parecia fria apesar de John estar lá, sempre quente e pesado.

Ele não se mexeu nem um centímetro, não deu nenhuma abertura para que eu invadisse sua zona de conforto. Não fiz nada, fechei os olhos e dormi ainda pensando em como fiquei mal por passar uma hora de ponta cabeça com o estômago revirando e quase me fazendo vomitar e estragar o plano todo.

O dia amanheceu rápido, fui acordada por uma mão pesada nas minhas costas por baixo da camisola que insistia em enrolar e parar nos seios. A mão brincou por meus ombros, ele apertou meu bumbum e a parte de trás da minha coxa e ganhei um beijo na cabeça.

–-Bom dia, amor. Eu disse com o rosto ainda virado sem olhá-lo.

–-Vou trabalhar no escritório Jane, ainda é cedo, aproveite a cama.

–-Por que não aproveita a cama comigo?

–-Porque eu preciso trabalhar, já faz semanas que estou ausente, está tudo uma droga por lá.

–-Já disse para você reorganizar sua equipe, recontratar uns...

–-Jane, isso é problema meu.

–-Nossa, John! Tá bravo logo cedo?

–-Não estou bravo, mas você nunca fala nada do seu escritório, nunca me deixa participar, então não quero palpites.

–-Seu grosso mal educado.

John ainda estava bravo pelo que houve ontem, estávamos iniciando um novo ciclo de crise, seriam as mesmas brigas, as mesmas discussões e caras feias, a mesma merda e eu não sabia o que fazer.

Me levantei e fui pra ducha, John estava na banheira, todo esticado e quando entrei no box, ele sorriu.

–-Achei que você fosse aproveitar a cama.

–-Não tem muita graça sozinha.

–-Humn. Ele de um longa pausa até quebrar o gelo de novo. –Me desculpe pela grosseria aquela hora.

–-Não me importo John, pode ser como quiser.

Ele sorriu cínico. –Você disse que a cama não tem graça sozinha, essa banheira aqui também não, acabei de constatar. Não quer vir pra cá não? Tem espaço de sobra.

–-Não, estou bem aqui.

–-Jane, não! Para! Vamos parar com isso, já sabemos onde isso vai acabar, vem aqui comigo, a gente prometeu mudar um com o outro.

–-John, eu preciso ser rápida, tenho médico hoje, tenho de ficar mais de 12 hrs sem comer, estou mal humorada.

–-Tá meu bem, eu vou ai te dar um abraço. Ele foi se levantando da banheira jogando água para fora.

–-Você vai acabar caindo, John.

–-Problema seu querida, ninguém mandou você não querer vir aqui comigo.

–-John, o que você jantou ontem?

–-Edd veio aqui e trouxe comida, se dependesse de você trazer o jantar, eu estaria sem comer até agora.

–-Você tá merecendo cair, quem sabe se estabacando no chão você aprende não falar essas coisas aqui pra sua mulher.

–-Ah é! Então vem cair comigo porque você bem que precisa aprender a não falar algumas coisas pra mim.

–-Tipo o quê, John? Ele abriu a porta do box e entrou devagar.

–-Vamos deixar pra lá, não vamos mais falar sobre isso. Veio grudando no meu pescoço com a boca.

–-Agora você fala e a gente já resolve isso. O puxei fazendo-o parar.

–-Cala a boquinha, cala? Ele me deu um beijo e em seguida me abraçou fortemente.

Depois do almoço eu peguei o carro e fui para o hospital, dirigi bem devagar porquê a fome estava apertando e eu já estava me sentindo mal. Quando cheguei, conversei um pouco com o médico responsável pelo procedimento e fui informada que seria sedada e que provavelmente não conseguiria dirigir de volta pra casa. Logo ou eu arrumava alguém para me buscar e levar meu carro ou eu teria de permanecer ali até me reestabelecer.

Antes de assinar o termo de responsabilidade pelo procedimento, eu pensei nas possibilidades e resolvi ligar pra Jas.

–-É a Jane e preciso de um favor.

–-Jane, estou no meio de uma reunião com a comissão, seja breve.

–-Vim fazer a endoscopia, vou ser sedada e não posso dirigir pra casa depois, pode vir me buscar? Meu carro está aqui, venha de taxi.

–-Posso tentar, mas hoje é fechamento de mês e você sabe como é, entrega de relatórios, pedindo de armamento, fico por horas resolvendo isso, posso tentar sair, mas caso eu não consiga, eu mando Charlie no meu lugar, pode ser?

–-Tudo bem, só explique a situação a ele, agora preciso desligar, obrigada Jas.

–-Tomara que tudo corra bem ai.

–-É um procedimento simples. Se você ou Charlie vierem, só se apresentem na entrada como meu acompanhante.

–-Certo, até breve, amiga.

–-Até.

Entrei e uma sala, me deram água e o sedativo. Fui ficando grogue e molenga até apagar.

John

O tempo que Jane ficou fora eu usei para trabalhar, mas eu estava preocupado em não poder acompanhá-la no exame, liguei várias vezes mas o telefone se mantinha desligado.

Sara chegou e fiquei até mal humorado porque eu não conseguia me concentrar nos exercícios pensando no que estava havendo para ela não atender minhas ligações.

Quando a sessão acabou eu levantei e liguei e novamente caiu na caixa postal.

Oi, você ligou para Jane Smith, não posso atender no momento, então grave seu recado.

–-Amor, estou preocupado, me liga o quanto antes. Um beijo.

Sara que hoje estava meio calada resolveu quebrar o gelo. –Está tudo bem, Senhor Smith?

–-Jane foi fazer um exame, desligou o celular, estou preocupado.

–-Se eu poder ajudar. Sabe qual hospital ela foi? Posso te levar lá.

–-Acredito eu que seja o Golden Center, aquele grande na 65 street.

–-Sei qual é, trabalhei lá algum tempo, residência hospitalar.

–-Se puder me levar eu agradeço.

–-Vou por as coisas no carro enquanto você se troca. Te espero lá fora.

–-Vou ser rápido, só vou tomar uma ducha.

Ela saiu e eu subi rápido e tomei uma ducha gelada. Quando eu terminei de me vestir Sara entrou com Charlie e Jane no colo dele.

–-Mas que porra é essa?

–-Calma John, eu fui buscá-la no lugar da Jas.

–-Mas por quê ela está assim? Corri sentando na cama onde Jane estava deitada, largada como se estivesse desmaiada. –Meu amor, fala comigo, fala? Segurei o rosto dela, estava muito fria e pálida.

–-Eles sedam a pessoa para fazer a endoscopia, parece que deram uma superdosagem, porque ela ficou grogue mas continuou falando e atrapalhando o procedimento.

–-Mas por que não me avisaram, eu tinha ido para ficar com ela.

–-Parece que ela não sabia que ia ser sedada e ligou as pressas para Jas, que está em uma reunião da diretoria e não pode ir e me pediu que fosse no lugar dela.

–-Tanta gente e ela foi mandar você, essa Jas me odeia mesmo.

–-John, eu fiz minha parte, ninguém conseguiria trazer Jane no braço lá debaixo até aqui, então apenas me agradeça e eu pego um táxi e vou embora.

–-Eu subiria com ela se fosse preciso.

–-Gente, já chega! Jane precisa descansar e vocês estão muito exaltados, você rapaz, sai. John, eu te ajudo a tirar a roupa dela para deixa-la confortável.

Charlie saiu e eu fechei a porta.

Deixamos Jane de roupa íntima e eu coloquei um cobertor porque ela estava muito fria.

–-Ela comentou algo sobre ter ficado sem comer?

–-Sim, 12 horas.

–-Então prepare algo leve, talvez uma sopa, quando ela acordar vai gritar de fome, ah e olhe se a boca dela esta machucada, em alguns casos os médicos podem por acidente ferir o interior da boca e a garganta do paciente.

Ela abriu a porta e Charlie estava esperando para entregar as chaves do carro.

–-John, estacionei o carro na garagem, aqui estão as chaves, tomara que ela fique bem.

–-Estou meio preocupado.

–-Foi um procedimento simples, ela é forte, já já acorda. Foi bom ela ter feito o exame porque ela estava passando mal com muita frequência.

–-Eu sei, até desconfiei que ia ser pai.

–-Eu e Jas insistimos para ela fazer um teste de farmácia, mas não tem ninguém mais teimoso que ela.

–-Conheço bem a peça, precisa de dinheiro para o taxi?

–-Não se preocupe.

Ele deu as costas saindo em direção a escada.

–-Charlie, obrigado!

Ele virou e balançou a cabeça positivando.

Voltei minhas atenções a Jane, senti seu rosto avaliando a temperatura, estava mais gelada e pálida.

–-Sara você é médica, acha que tá tudo bem? Ela tá tão branquinha, tão fria.

–-Nunca tinha visto alguém tão apagado, geralmente a pessoa volta alguns minutos depois do procedimento, porque o sedativo é muito bem calculado, vou ficar aqui só por precaução, quando ela der sinais de acordar você tem de estimular ela voltar, conversar, mexer com ela, com os braços e com as pernas e fazer ela comer e beber muito líquido, parece desidratada.

Ouvi atentamente, mas não tirei meus olhos de minha esposa, tão frágil e doente e ao mesmo tempo tão linda. Segurei sua mão e fiquei mexendo delicadamente em seus dedos.

–-Então achou que ia ser pai?

–-Jane começou a ter uns enjoos, vomitava toda hora, sempre passando mal, eu fiquei doido.

–-Sei como é, criou expectativas.

–-Não criei nada, mas se ela estivesse grávida eu ficaria feliz da mesma forma que sou feliz com ela, sendo apenas nós dois.

–-Mas com filhos a felicidade dobra.

–-Pode ser, mas estou satisfeito tendo apenas ela, por isso estou tão preocupado, ela é a única coisa que eu tenho, quero vê-la bem logo, nunca mais vou deixá-la fazer qualquer exame sozinha, aquele Charlie nunca mais vai colocar aquelas mãos imundas nela...

–-Já percebi que é ciumento Senhor Smith.

–-Não é ciúmes, só não gosto da ideia de outro tomando meu lugar.

–-Esse tipo de ciúme geralmente acontece quando a pessoa dá motivos.

–-Esta insinuando alguma coisa sobre a lealdade da minha mulher a mim?

–-De forma alguma, foi só um comentário infeliz da minha parte, me desculpe.

Jane começou a mexer a cabeça bem devagarinho, depois os braços e ela até segurou minha mão com força.

–-John. Ela sussurrou bem baixinho e até falho.

–-To aqui meu amor, pode falar mais comigo? Você consegue? Ela mexeu a cabeça a passei a mão dela pelo meu rosto, eu estava com a barba crescida. –Parece que você tomou uma dose extra de sedativo porque a senhora não parou quieta, mas vai ficar tudo bem, está em casa, na nossa cama quentinha e vou cuidar de você.

Ela começou a falar coisas sem sentido, parecia confusa e quando abriu os olhos parecia assustada.

–-Calma querida, é a Sara, minha fisioterapeuta, esta aqui por conta dela ser médica e de eu esta preocupado com você.

–-Quero água.

–-Vou pegar pra você, ja volto.

Desci o mais rápido que pude, senti uma dor enorme na perna, mas não podia parar, não queria deixar Jane sozinha por nenhum minuto que fosse.

Quando retornei Sara tentava se comunicar com Jane, sentei na cama e a puxei deixando ela sentada, mas seu corpo era mole e ela ainda não controlava nada. Bebeu o copo todo e depois escondeu o rosto no meu pescoço. Respirava ofegante e pesado.

–-Jane assim que você melhorar que tal um banho de banheira? Água bem quente, revigorante.

–-Sono.

–-Não senhora, já dormiu demais.

–-A-a-mor.

Ela ainda estava mole demais, mas tentava falar.

Quando Sara foi embora eu deitei na cama junto de Jane e fiquei fazendo com que ela se mexesse pra que seus movimentos voltassem. Ela gargalhava enquanto eu fazia cossegas ou lhe mordia na barriga. Ainda não falava muito, mas tomamos um banho e descemos bem devagar as escadas, tomamos uma dessas sopas de caneca e depois voltamos pra o quarto.

–-Como se sente?

–-Ainda meio anestesiada.

–-Apagou Jane, quando você chegou achei que você estivesse morta.

–-Também não é pra tanto querido.

–-Você não tinha cor e estava tão mole e apagada que seu corpo não parecia ter vida.

–-Não foi minha culpa.

–-Eu sei meu amor, só fiquei preocupado e muito irritado por você ter chego no colo daquele moleque do Charlie Bouton.

–-Também não é minha culpa, liguei pra Jas, mas ela estava numa reunião, além do mais, não tem nada haver, ele é muito gentil e só fez um favor.

–-“Ele é muito gentil” Falei imitando a voz dela. –É um babaca isso sim.

–-Você,tem ciúme porque fomos namorados.

–-Claro, ele arrasta um caminhão inteiro por você.

–-Ele nem é grande coisa assim, você é melhor em vários aspectos.

–-Fala ai alguns pra eu me sentir melhor.

–-Ele não tem senso de humor, não é tão cheiroso e você é melhor na cama.

–-Humn, esse último é bem importante, mas é nojento imaginar minha mulher dando pra aquele cara.

–-Foi só uma aventura John, sexo casual, relacionamento não dá certo entre colegas de trabalho.

–-É um tremendo idiota, dei umas cacetadas nele quando vi vocês dois.

–-Bateu nele John?

–-Não bati, só empurrei pra ele sair de perto de você.

–-Vou te contar algo, mas tem que prometer ficar quieto, vai servir só pra você parar com essa implicância.

–-Prometo.

–-Charlie fode feito um adolescente, não sabe o que tá fazendo, eu nunca chegava lá se deixasse ele no controle, então pare de ciúmes que mesmo que a gente se separe um dia, pra cama dele eu não volto.

Comecei a rir desesperado e ela me olhou de cara feia. –Toda vez que eu olhar pra cara dele vou me lembrar disso.

–-Contando que mantenha sua boca fechada pode se lembrar e se sentir o macho alfa meu bem.

–-Mas eu sou macho alfa, seu macho alfa querida. Joguei meu corpo sobre o dela dando-lhe um monte de beijos.

–-Você tá muito cheio de graça John.

–-Agora eu to porque to tranquilo, você tá bem, comeu, ta corada e quente, mas quando você chegou pálida e gelada daquele jeito fiquei desesperado, me preocupo com você, você é minha mulher porra, te amo entendeu?

–-Entendi, agora posso descansar um pouco?

–-Quer dormir cedo assim?

–-Tem algo pra fazer? To com sono.

–-Até tem sim, mas hoje te libero, tá perdoada.

–-Humn muito obrigada.

Ela sorriu e me perdi em seus lábios molhados e macios.

Jane

Eu escutava tudo ao meu redor, John conversando com aquela tal de Sara e depois com Charlie. Meu corpo parecia fora de controle, eu fazia a maior força e parecia não mexer nenhum centímetro. Queria gritar e mandar aquela vaca loira embora, sair de perto do meu marido. Eu sentia as mãos de John no meu rosto e queria abrir o olhos e mostrar que eu estava ali, ainda monitorando, eu sentia a preocupação dele e queria reconforta-lo.

Fui tentando até mexer os dedos e ser agarrada por John em seguida. Abri os olhos e ele me olhava esperançoso, com aqueles olhos azuis enormes, brilhantes e quentes, eu sentia frio e queria as mãos dele em mim. Tentei falar, mas só saíam bobagens, minha língua enrolava, resolvi ficar quieta.

Com uma força enorme consegui pedir água, minha boca estava muito seca e meus lábios ressecados, John desceu enquanto Sara me observava com um sorriso amarelo, tão falso quanto o silicone dela.

Quando ela foi embora finalmente John se deitou comigo, me puxou pra perto e ficou me mimando, me acariciando e me enchendo de beijos, mas pra fazer eu me mexer ele me mordia e me fazia cossegas na barriga.

O banho foi rápido porque ele tinha medo de não me segurar caso eu me sentisse fraca, e eu tinha medo dele se desequilibrar, cair e se machucar.

Descemos os dois cambaleando, eu ainda sentia meu corpo estranho, meio flácido e meu estômago doía muito. Uma fome descomunal, tomei duas canecas de sopa e depois subi e John me acompanhou, nos deitamos e após conversar um pouquinho eu adormeci num sono pesado e gostoso, me sentia quente e muito confortável.

Quando acordei desci e preparei o café e deixei tudo pronto ma bancada pra quando John acordasse, tomei um banho relaxante na ducha bem quente e me vesti pra ir pro escritório.

–-Você deveria descansar um pouco hoje.

–-Ontem eu não trabalhei.

–-Eu sei, mas ontem você ficou mal amor, deveria ficar em casa.

–-Eu estou bem, me sinto nova.

–-Você disse que ia ficar comigo até o final dessa minha recuperação.

–-Você não precisa de mim, já está fazendo tudo sozinho, já está independente, não sou mais necessária.

–-Você tem razão, se quiser voltar pro seu apartamento vai logo.

–-John tá sendo injusto, não estou indo embora, só vou um pouco pro escritório,não tem nada de errado nisso.

–-Jane tá tudo errado, estamos aos poucos nos afastando de novo.

–-John então pra gente ser aproximar eu preciso largar meu trabalho?

–-Largar não, mas deixar de lado quando necessário.

–-Foi o que eu fiz, deixei de lado quando foi necessário cuidar de você, agora que você tá andando pra todos os lados não tem mais necessidade, estou errada?

–-Não está errada não, você sempre está certa.

–-John é você quem está afastando a gente quando não diz as coisas, se você acha que estou errada fala, a gente conversa e pronto, mas você foge, vira a cara e sai.

–-Eu faço isso? Só eu?

–-Nem venha porque eu enfrento nossas discussões de frente.

–-Claro, por isso você nunca perde, nunca dá o braço a torcer.

–-John você tá me irritando! Fala logo de uma vez que quer que eu fique.

–-A partir de agora não falo mais nada, quer ficar fique, quer trabalhar 24hr por dia trabalhe, porque não se muda pro escritório?

–-Já percebi que aquele papinho de “nunca vou desistir da gente, vou tentar até se esgotarem as chances” é puro discurso de momento, porque você no final das contas estava se sentindo culpado por ter sido tão insensível comigo na última briga, e inventou esse monte de coisas pra falar só pra diminuir sua culpa.

–-Não desisti da gente, só parei de lutar sozinho, faça como você quiser, vou tentar não me importar, só não me culpe se dessa vez eu sair por aquela porta.

John saiu do closet e desceu as escadas, desci logo atras, peguei as chaves do carro e sai sem olhar pra trás. Eu me sentia mal, de alguma forma nossa pequena DR tinha me afetado bastante. Parei o carro e estacionei numa praça, sentei num banco e respirei fundo até meu coração se aquietar um pouco, bem em frente à praça uma placa pequena me chamou atenção Dr. Wexley, psicólogo conjugal. Eu ri desesperada imaginando eu e John numa sessão. John nunca toparia, eu também não toparia, não precisávamos de ajuda, precisávamos apenas voltar a nossa rotina, esse lance de John ficar em casa fez ele criar fantasias de que eu deixaria meu trabalho, eu nunca largaria o que faço, não por ele. Eu gostava da vida que eu levava ao lado dele, eu tinha necessidade de ter alguém, experimentei ficar sozinha e não foi legal, mas eu não o amava a ponto de largar tudo e entrar de cabeça no casamento, eu deveria afinal na próxima semana faremos 6 ano juntos, mas ele ainda era meu disfarce gato e gostoso pelo qual eu ia pra cama pra extravasar a tensão, uma pena ele não saber disso, talvez se soubesse ele me diria “tá bom Jane, isso é horrível, mas o sexo é bom, mandamos ver, acho que consigo te foder mesmo sabendo que você não me ama, e que eu apenas fiz parte do seu esquema de disfarce”. Eu sorri porque ele nunca diria isso, ele me ama e seria o mesmo que o matar se lhe contasse a verdade. “John eu não amo você, tudo isso, o casamento, a casa, tudo é parte de um disfarce, sou uma assassina de aluguel e nunca desistiria do meu trabalho por você. Tenho que admitir que somos bons juntos em alguns aspectos, na cama por exemplo, então se você quiser a gente pode sei lá, transar de vez em quando, sexo casual faz bem. Eai, topa?” Eu disse pra mim mesma gargalhando imaginando a reação dele.

Fui pro escritório, mantive o foco e foi muito produtivo. Recebemos uma proposta milionária para matar um homem dono de cassinos e agenciador de prostitutas de luxo, mas não aceitamos a proposta pois quem entrou em contato não nos deu o prazo mínimo de uma semana, necessários para o processo de estudo e execução da missão.

Entramos num caso de extorsão, quatro homens e uma mulher. Fácil, todos estariam em lugares diferentes, seriam varias agentes envolvidas.

Quando voltei pra casa tudo estava fechado, John não estava em casa. Fiquei louca porque cheguei mais cedo pra ficar com ele na fisioterapia. Tomei um banho, peguei uma maçã na geladeira e me sentei na sala, lendo uma revista, impaciente. Meu celular tocou e subi as escadas correndo imaginando ser John. Um número desconhecido.

–-Alô.

–-Jan.

–-Jas que número é esse?

–-Viajei pra aquela conferência que te falei ontem, esse é o celular da empresa.

–-Já ta em Los Angeles?

–-Acabei de chegar e preciso de você.

–-No que posso ser útil?

–-Preciso de você no escritório ás 18hr pra me ajudar com os acionistas na Midicompany.

–-Mas não era amanhã?

–-Fui avisada agora a pouco que os japoneses adiantaram a reunião por questões corporativas, to numa correria.

–-Tudo bem, já já vou pro escritório. Você liga a videoconferência?

–-Já programei tudo com as meninas, só chegue na hora e muito arrumada, bem elegante, vamos ganhar o gosto desses asiáticos com o jeitinho Jane.

–-Quanto a isso não se preocupe, sei bem como funciona.

–-Eu sei querida, conheço sua eficiência. Agora preciso me arrumar porque to um lixo por conta da viagem. Um beijo.

–-Até daqui a pouco.

Me arrumei, uma maquiagem um pouco mais elaborada, caprichei no decote, tinha feito as unhas na hora do almoço e estavam num tom vermelho sangue. Me sentia maravilhosa, elegante e estava muito cheirosa, teria de tirar toda a produção quando voltasse, afinal John não podia desconfiar de nada. Apaguei as luzes e sai.

No escritório foi tudo muito rápido, um sucesso, os investidores implantaram alguns milhões de dólares em nosso “projeto de segurança hospitalar”, mais uma fachada como várias outras.

Voltei pra casa bem devagar, estava feliz e fui o trajeto todo ouvindo música, até pensei em John afinal ele sempre cantarolava as musicas do rádio, na verdade ele parecia um rádio ambulante, conhecia todas as músicas, sempre cantava nem que fosse um trechinho. Pensar nisso me fez sorrir e enfiei o pé no acelerador pra chegar logo, sentia saudades dele, afinal foram dias juntos.

Quando eu cheguei o carro dele estava na garagem, estacionado todo torto, mal consegui colocar meu carro na vaga ao lado. Ficou uma verdadeira droga. Tirei o carro da vaga e meti a mão na buzina até ele sair.

–-O que ta rolando?

–-Já não disse pra você não deixar seu carro estacionado assim?

–-Não consegui arrumar, minha perna ta doendo abeça hoje.

–-E quem foi que deixou você dirigir?

–-Edd foi dirigindo, eu só voltei da casa dele até aqui.

–-Mesmo assim John, ainda não pode, poderia ter causado um acidente.

–-Ah Jane, sem essa, não estou tão ruim.

–-Depois falamos sobre isso, me da a droga da chave, vou endireitar seu carro pra por o meu.

Ele pegou a chave e me entregou, arrumei o carro e estacionei o meu em seguida. Entrei deixando as chaves penduradas na entrada.

–-Então o senhor não fez a fisioterapia hoje?

–-Como sabe?

–-Eu vim pra acompanhar você nos exercícios e dei com a cara na porta, a casa fechada e seu carro não estava na garagem.

–-Fui resolver um problema no escritório, Edd veio me pegar, só que de taxi, por isso tive de dirigir na volta.

–-Ligou pra Sara pra avisar eu suponho?

–-Claro, se não você teria a encontrado aqui não é?

–-John só te peço pra não fazer mais isso, você precisa fazer essa fisioterapia pra voltar a uma vida normal, poder trabalhar, dirigir, andar sem mancar e reclamar de dor.

–-Calma querida, foi urgente, não vai acontecer de novo.

–-Ta bom, vou me trocar, já desço preparar o jantar.

–-Onde você estava? Ta bonita. Eu acabei me lembrando que não tinha desfeito a produção toda.

–-Obrigada, tive uma reunião de negócios, tive de me arrumar, alguns acionistas reparam em tudo.

–-Ah então agora você usa da sua beleza para seus acionistas, já não basta dividir você com todas aquelas garotas so seu escritório, agora mais essa.

–-Maldita hora que fui sincera com você, devia ter dito que fui jantar com as garotas.

–-É devia mesmo, eu prefiro não saber disso.

–-John chega vai, sem show de ciúme que hoje eu não to com paciência!

–-Não me diga que o Charlie estava lá.

–-Sim e bem ao meu lado, também fez esse comentário de que eu estava bonita.

–-Ah é? Que bom pra ele, foi a ultima vez que te viu assim.

–-Deixe de idiotice John, enquanto ele me ve vestida você me ve sem roupa, então pare de reclamar, poderia ser o contrário.

–-Porque, você tinha intenção de ficar com o adolescente?

–-Ele não é adolescente John, só transa como um, e te contei pra você parar de pegar no pé dele, mas pelo jeito não adiantou em nada.

–-Já disse que não quero você perto dele, eu avisei, da próxima vez não vou medir as consequências.

–-Vai me bater?

–-Em você não, nunca, mas ele vai ficar sem o pinto adolecente dele.

–-John chega, até parece que você não confia em mim, já te dei algum motivo?

–-Não querida, mas odeio quando você fica de conversinha com ele.

–-Eu nunca fico.

Dei as costas e subi, estava farta dessas disculsões que nunca nos levavam a nada. Vesti uma roupa de casa e desci. Arrumei uma comida que estava congelada, chamei John que estava trancado no escritório, comemos num completo silencio. Tudo estava voltando a ser como antes, as brigas, as caras feias, o silencio e a ausência. Nada tinha mudado como prometemos.

QUATRO MESES DEPOIS

Nosso aniversário de casamento passou quase que despercebido, jantamos em casa e depois transamos até a exaustão. Eu estava irritada e John parecia incomodado com alguma coisa. 6 anos e as coisas estavam no fundo o poço, talvez fosse o momento de rever nosso votos matrimoniais.

Na manha de sabado acordei bem cedo, corri sozinha pelo bairro até John me encontrar e correr ao meu lado.

–-Esta tudo bem?

–-Só estou com problemas no trabalho.

–-Ta tão quieto John, nem te reconheço.

–-É que prefiro ficar quieto do que acabar brigando com você, e a gente anda mal, brigamos por pouca coisa, estamos distantes de novo.

–-Eu percebi isso, talvez fosse melhor sentar e conversar.

–-Ah Jane, to meio chateado, a gente ta no fundo do poço e conversar não adianta porque estamos desorientados, nunca sabemos como fazer dar certo, eu não sei como lidar com você em alguns momentos e eu vejo que você esta perdida assim como eu.

–-Porque chegou a essa conclusão?

–-Eu amo você, quero sempre tentar coisas pra ficar ao seu lado, mas já não sei o que fazer, sinto que estou de mãos atadas e não te culpo porque deve se sentir assim também.

–-O que fizemos de errado, você sabe?

–-Achei que você fosse me dizer, você sempre sabe das coisas erradas que eu faço.

–-John, também não é assim.

Demos uma pausa e sentamos num banco numa praça do bairro.

–-Já percebeu que não temos pessoas pra nos ajudar nisso, sua amiga odeia a ideia do casamento, meu amigo mal consegue parar num relacionamento, seus pais não querem nem saber, os meus pais vão encher a nossa cabeça com coisa dos anos 70 e 80, não acho justo com a gente tudo que ta acontecendo, mas também não vejo saída.

–-Vamos deixar assim John, só vamos evitar brigar.

–-Jane não quero que as coisas continuem como estão, estamos indo de mal a pior.

Comecei a rir me lembrando do consultório do Dr. Wexley, psicólogo conjugal que vi há alguns meses atrás.

–-Do que ta rindo querida?

–-De algo que me lembrei, mas não importa.

–-Fala, também quero rir, to precisando.

–-É bobagem, vai rir de mim John, não da situação em si.

–-Fala, me deixa rir de você!

–-Há alguns meses atrás eu sentei numa praça, a caminho do meu trabalho, tínhamos acabado de ter uma desses brigas idiotas e eu acabei parando lá antes de ir pro escritório, respierei ar puro, pensei um pouco e acabei vendo uma placa de um psicólogo conjugal, que promete acabar com os problemas dos casais modernos.

–-Ta falando sério que isso existe?

–-Existe sim, mas se é de fato eficaz é que eu não sei.

–-Não custa tentar.

–-Do que ta falando?

–-É querida, vamos tentar.

–-John eu tava só brincando.

–-Mas pode dar certo, o que temos a perder, alguns dólares?

–-Ta mesmo falando sério ou ta falando isso pra eu acreditar e você rir ainda mais na minha cara?

–-Jane to falando sério, porque eu estaria zoando de algo tão sério?

–-Sei lá, só não esperava essa sua atitude tão nobre, afinal psicólogo é algo tão antiquado e...

–-Amor não custa tentar, agora vamos pra casa e procurar esse tal mestre dos casais arruinados.

Rimos juntos e depois corremos devolta pra casa. Ligamos e agendamos para a segunda feira as 18hr.

No domingo, deitados e prontos pra dormir conversamos um pouco sobre o grande passo que demos.

–-É um grande passo sairmos mais cedo do trabalho, eu acho.

–-Só espero que ele não nos faça dinâmicas nem nada desse tipo, odeio esse lance pratico dos psicólogos e psiquiatras.

–-John é melhor a gente desistir.

–-Não querida, nós vamos sim.

–-Então pare de reclamar, se for pra ir tem que fazer tudo que for passado, se não a gente nem vai.

–-Você é radical demais Jane, vamos pra conhecer, dependendo a gente desiste, mas vamos fazer isso juntos, pela gente querida.

SEGUNDA FEIRA 18HR

Entramos, a madeira maciça dava um ar de sofisticação e ao mesmo tempo era pesado o clima, cores intensas, prontas pra nos fazer chorar e abrir nossos corações.

O homem era tão pequeno que John parecia um gigante dando-lhe a mão em cumprimento. Nos sentamos lado a lado, nos olhamos algumas vezes, tudo que tínhamos ensaiado pra falar desapareceu, minha sorte é que John deu o ponta pé inicial.

–-Esta bem, eu falo primeiro. Na verdade não precisávamos estar aqui. Somos casados há 5 anos.

–-6. Tive que corrigi-lo e isso me deixou tensa.

–-5, 6 anos. Isso é check-up pra nós. Uma oportunidade de verificar o motor, trocar o óleo. Substituir uma ou outra peça.

–-Isso mesmo. Eu estava nervosa e tudo que eu conseguia era concordar usando frases curtas.

–-Muito bem, vamos abrir o capô. O senhor disse e depois nos enfiou um monte de perguntas sem pé nem cabeça, mas que ao mesmo tempo faziam tanto sentido.

Eu eu John não precisamos de muitas sessões. 3 foram suficientes porque as coisas aconteceram rápidas, entramos numa fria das grandes e acabamos descobrindo muita sujeira um na vida um do outro.

Mas o que importa é que depois de tanto tempo só errando nós aprendemos como lidar com o casamento, relevando os erros, amenizando as dores, cultivando o amor com carinho, respeito e muito sexo, que alias nos rendeu dois filhos, Alice e Rich. Um amor meio complicado o nosso, tapas, beijos, caricias, mordidas, puxões de cabelo, palavrão, eu te amo, briga, reconciliação, mas aprendemos uma coisa muito mais valiosa do que qualquer coisa, que foi sempre falar a verdade, a mentira quase acabou com nosso relacionamento, não digo com nosso casamento porque talvez ele tivesse se arrastado até hoje com a vida que gente levava, mas a mentira acaba com o relacionamento, a intimidade e até mesmo o respeito. As crianças nos ensinaram tolerância, que nossa paz e tranquilidade não tem preço e que também a vida é algo tão rara que não podemos desperdiçar com trabalho ou qualquer outra coisa que seja. Nosso momentos em família são os mais especiais. John nunca mais esqueceu de nenhuma data importante porque ele tatuou no braço nossas datas de aniversário.

–-Os dias em que nossos destinos foram selados. Ele diz sempre com a maior cara de bobão do mundo.

Moramos num sitio no interior, as crianças brincam na grama, tem casa na arvore, tem contato com a natureza e aprenderam desde cedo respeitar tudo em que nós vivemos. John trabalha com construção, isso mesmo, só que agora de verdade e eu acabei virando designer e faço projetos de decoração por todos os lados. Basicamente trabalhamos juntos, e tem funcionado muito bem. Temos uma casa bem menor do que a de NY e sim, temos uma empregada porque eu continuo sendo péssima na cozinha, algumas coisas não mudam não é mesmo?

Mas a maior mudança foi no tempo, porque agora valorizamos o momento em que estamos juntos, sempre colocamos em primeiro lugar nossa nossa união e nunca ficamos ausentes por trabalho ou coisas desse tipo. Aprendemos por nós mesmo, por nossos erros, acertos, tentativas e principalmente, nossa insistência um no outro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Xo Jolies Pitt



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Agentes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.