Setembro. Quinta, 9.

– Percy, vamos logo, querido - Annabeth escutou a voz de Sally, bem fraca - Vamos para casa. Você precisa descansar.

– Mas é se ela acordar, mãe? - Percy perguntou. A voz dele estava rouca e ele parecia esgotado.

Annabeth estava acordada, mas não queria abrir os olhos. Ela escutava tudo que acontecia ao seu redor, mas permanecia de olhos fechados, não queria encarar Percy. Se ela acreditava no que ele havia contado? Mais ou menos. Mas ela ficava pensando: Porque ele faria tudo que fez se não me amasse? Ele não saíra do lado dela por um dia seguido! E Annabeth realmente nunca o virá chorar. E ele derramou várias lagrimas por ela... Argh! Sua cabeça iria explodir.

Seu corpo doía, ela não sentia sua perna e o curativo em sua cabeça coçava. Ter se jogado da janela não foi uma boa ideia... Talvez da escada fosse mais fácil...

Ela escutou um suspiro e depois Percy soltou sua mão meio hesitante e então Annabeth se viu novamente sozinha.

oOo

Setembro. Sábado, 11.

Thalia e Nico estavam no sofá e Percy na cadeira de sempre. Era um sábado bem depressivo para eles.

– Eu vou matar aquela ruiva - Thalia fez uma cara brava até engraçada.

Percy riu pelo nariz e Nico sorriu.

– Olha, em partes Rachel não tem muita culpa... - Percy disse - Eu devia ter tentado falar mais com ela... Se ela se fosse... Eu não sei o que faria. Sinceramente.

– Eu lhe entendo - Nico disse - Minha irmã morreu para me salvar... Me senti bastante culpado. Sei que não é a mesma coisa, mas em partes foi minha culpa.

Percy sorriu de lado. Era bom ter amigos.

– Mas está tudo bem - Percy disse, ele pegou a mão de Annabeth - Ela está viva... Isso que importa.

Thalia e Nico saíram por um tempinho, para comer e trazer comida para ele.

E foi então que ela acordou.

Annabeth se mexeu desconfortável na cama e abriu os olhos minimamente.

– Annie - Percy disse sorrindo, como não havia sorrindo aquela semana inteira - Corujinha...

– Não me chame assim... - Annabeth disse baixo e puxou sua mão das dele - Vai embora, Percy...

– Annie, você precisa me escutar - Percy disse, baixinho - Por favor.

– Eu já sei - ela disse - Eu escutei quando você contou. Mas eu não acredito...

Annabeth fechou os olhos, a dor em seu corpo era grande. Ela gemeu.

– Você está com dor? - Percy perguntou com a voz cheia de preocupação e tocou os cabelos dela.

– Não em toque! - ela disse, o mais alto que pode, o que quase não passou de um sussurro - Vá embora daqui e chame Will... Por favor.

– Mesmo depois de tudo que eu fiz por você... Você não consegue acreditar em mim...? - Percy perguntou, a voz cheia de magoa.

Annabeth não respondeu. Ela não olhará para ele nem uma vez. Percy abaixou os olhos e se levantou. Saiu da sala e deu de cara com Nico e Thalia.

– Ela acordou - ele disse baixo - Chamem Will para ela, por favor. Eu vou para casa.

Nico e Thalia concordaram. Thalia entrou e Nico foi atrás de Will. E Percy... Percy foi para casa com os olhos caídos e o coração mais que destruído.

oOo

Setembro. Segunda, 13.

Thalia batia o pé impaciente no chão. Ela tentou falar com Annabeth na noite anterior. Tentou dizer que Percy estava mal e que ele falava á verdade, mas ela dissera que não queria ouvir nada. A morena ficará com raiva, porque ela não queria acreditar?! Ela não dizia que o amava?! Mas então ela viu as lagrimas descerem pelos olhos dela e lembrou... Ela havia sofrido tanto e sua insegurança era tão grande, que ela não conseguia... Ela já ó havia perdoado, Thalia sabia disso, mas tinha medo de admitir e se machucar de novo. Ela ó amava... Muito.

Ela olhou para Percy, sentado de cabeça baixa copiando tudo que Elton, o professor de álgebra, falava. Ele não parecia bem. Os olhos estavam fundos, ele parecia não dormi á dias.

Thalia escutou o sino e se levantou. Ela saiu e não esperou nenhum dos dois garotos.

– Você está bem? - Nico perguntou.

Percy estava encostado na parede, mexendo na chave do carro em sua mão.

– Podemos ir para casa? - ele perguntou. A voz mais rouca do que no dia anterior.

Thalia bufou e disse:

– Já chega!

Ela se virou e começou a caminhar em passos rápidos. Percy e Nico á seguiam.

– O que você vai fazer, Thals?! - Nico gritou.

Thalia avistou a garota e foi até ela.

Pegou Rachel pelo cabelo e começou a puxa-la até a entrada da escola.

– Ai! Me solta! - Rachel gritou.

– Thalia! - Nico dizia - O que você está fazendo?!

Thalia não respondia, apenas continuava puxando Rachel.

Ela chegou até o carro e de Percy e olhou para o garoto.

– Abre o carro - ela mandou.

– Mas...

– Abre agora! - Thalia gritou.

Percy abriu e os três entraram no carro. Rachel meio que foi jogada.

– Isso é um sequestro! Eu vou ligar para policia! - ela gritou.

– Pro hospital - Thalia ordenou - Agora!

Percy não questionou e deu partida.

Rachel havia desistido de lutar e ficara sentada, emburrada, o caminho inteiro.

Thalia a arrastou pelo hospital e nem se importou com os olhares que lhe lançavam.

– Thalia, você tá louca? - Percy gritou

Thalia abriu a porta do quarto e Annabeth jogou Rachel lá.

Annabeth estava sentada, comendo uma sopa e fazendo careta.

– Mas o que... - ela começou.

– Peça desculpa e conte o que aconteceu - Thalia mandou para Rachel.

– Não vou pedir desculpas pra ela! - Rachel exclamou

– Pede desculpas, agora! - Thalia a olhou ameaçadoramente.

Rachel se virou para Annabeth de cara feia e disse:

– Me desculpa por tudo - ela disse e fez um careta, como se as palavras fossem amargas - E... Eu sei que Percy já lhe explicou, mas eu acho que devia falar, porque eu não tenho chance contra você - Rachel engasgou, mas prosseguiu - Eu pensei que fazendo toda aquela pressão na sua mente, você teria mais crises e a ai ele iria notar que eu sou melhor que você. Mas eu parei pra notar, que quando a gente ama uma pessoa, não importa todos os defeitos que ela tem, você continua amando ela, pelo simples fato de ela ser ela. E bom... Percy me falou algumas coisas que me fizeram pensar sobre isso... E eu notei que eu realmente nunca fui amada... Nem nunca amei alguém... Então acho que lhe devo desculpa e lhe dou os parabéns, por ter tudo que eu não tenho: Amor. Acho que minha nova meta de vida será essa... Achar alguém para amar e que me ame...

Annabeth limpou uma lagrima e Thalia fungou.

– Não me faz chorar, ruiva - Thalia resmungou.

A loira olhou para Percy e sentiu as lagrimas começarem a cair de seus olhos. Percy andou devagar até ela, pensando que ela iria para-lo, mas ela apenas continuou olhando para ele. Ele sentou perto dela e a puxou para um abraço. Annabeth segurou a camisa dele com força. Há alguns minutos atrás, ela estava dolorida por fazer qualquer movimento, mas naquele momento, ela estava apenas aliviada por está de volta nó braços dele. Ela chorou e sentiu algumas lagrimas dele caírem também.

– Me-me desculpa - ela disse, sussurrando - Eu devia ter acreditado em você.

Percy riu baixinho.

– Tudo bem - ele disse - Mas só se você me desculpar... Tá?

– Uhum - Annabeth sussurrou

Percy a soltou e pegou seu rosto, lhe beijando de leve.

– Eu amo tanto você - ele disse, enfatizando o tanto.

– Eu-eu também amo você - Annabeth disse de volta.

– Vocês são tão lindos - Nico comentou.

– Tão fofos - Rachel continuou.

– Tão gays - Thalia brincou

Eles riram.

– E Rachel... Eu acho que desculpo você - Annabeth olhou para a ruiva. Ela estava corada e com a cabeça baixa - Acho que todos merecem uma segunda chance.

– Não a desperdice - Percy avisou.

– Pode deixar - Rachel concordou.

– E olha... Nessa sua busca pelo amor... - Nico disse - Você podia começar a olhar para aquelas pessoas que você menos espera. Talvez elas sejam seu amor verdadeiro, tudo bem? É uma dica.

Nico disse dando de ombros.

Rachel concordou e suspirou.

– Eu acho que vou para casa - ela sussurrou - Tchau, Annabeth, melhoras. Nico, Thalia, Percy, até amanhã.

E com isso ela saiu.

– Eu pensei que veria de tudo em minha vida - Thalia comentou - Menos que Rachel Elizabeth Dare, a menina que colocou tinta dentro do meu armário na quarta serie, fosse pedir desculpas para algum. Principalmente eu esse alguém fosse Annabeth.

– Lembra quando ela colocou uma aranha dentro do seu cheetos, Annie? - Nico disse e riu.

– Foi na quinta serie - Annabeth o acompanhou - Eu quase tive um treco.

Eles riram.

– E... Mas ela exagerou com o lance da sala de biologia - Thalia disse, balançando a cabeça - Você podia ter morrido.

– Eu acho que até eu teria medo de aranha se ficasse preso com um monte delas - Nico disse.

– Eu estou bem perdido - Percy comentou.

Ambos riram.

– Eu e Nico vamos pra casa - Thalia disse - Estamos cansados e sabemos que vocês querem ficar sozinhos pra se pegarem um pouquinho.

Annabeth e Percy coraram.

– Tchau - eles disseram e saíram.

Percy ajudou Annabeth á deitar e se sentou na cadeira ao lado dela, e quase automaticamente, pegou sua mão e ficou brincando com seus dedos.

Annabeth sorriu e acariciou os cabelos dele.

– Você parece exausto - ela disse, baixinho.

– É... Estou meio cansado - Percy disse e bocejou - Não dormi bem. Não conseguia sabendo que você está aqui... E também... E meio estranho não ter seu corpinho pequenininho e friozinho perto do meu de noite.

Annabeth riu.

– Você devia deitar ali e dormi um pouco - Annabeth apontou para o sofá - Eu também vou dormi um pouquinho. E... Assim que eu sair daqui, eu durmo abraçadinha com você de novo, se você ainda me quiser na sua casa.

Percy revirou os olhos mais sorriu.

– Claro que eu quero você na minha casa! - ele exclamou - Quero você na minha casa! No meu quarto! Na minha cama! Na minha vida! E bem... Quero que volte pro meu coração... Ele tá meio vazio e bagunçado.

– Prometo resolver isso - Annabeth sorriu.

– Vou ficar aqui até você dormi - ele disse e voltou a brincar com os dedos dela.

Annabeth dormiu um tempinho depois. Percy se levantou, deitou no sofá, mesmo de mau jeito, e dormi como não tinha dormido esses dias todos. Porque agora, ele sabia que a dona de seu coração, já tinha voltado para casa, deixando tudo no seu lugar.