Situações estranhas sempre rodeavam Steve Rogers. Talvez tudo tenha começado quando havia deixado de ser um garoto magrelo com grandes sonhos, para finalmente ser um realizador de sonhos. Uma guerra sempre traz coisas irreverentes, parece que a evolução entra em modo acelerado durante esses períodos. Mas ele perdeu essas evoluções, e então quando acordou não era apenas um herói de guerra, mas sim uma peça que não se encaixava em lugar algum.

Ele viu seres de outro planeta, um maluco em uma armadura de ferro, aquela coisa estranha que as pessoas costumavam chamar de internet. O mundo inteiro parecia ter evoluído para um estado de loucura. Mas ele nunca pensou que encontraria algo tão estranho e tão fora de contexto como ele.

A única coisa que ele podeira afirmar com certeza era que ficava cada dia mais frustrado com as bases intermináveis da HYDRA. Quando ele achava que finalmente seria a última base, Natasha trazia algumas informações sobre alguma base remanescente. Sua vida girava em um ciclo rotineiro, acompanha sua amiga ruiva em missões para extinguir a HYDRA, e enquanto essas missões não apareciam rodava o mundo em busca de seu velho amigo Bucky e Natasha vasculhava cada canto do planeta a procura de Bruce.

Mas fugindo do ciclo vicioso, não havia resistência na base dessa vez. Ele e sua parceira se separaram para varrer os olhos de cima à baixo para confirmar o abandono do local.

Quando Steve estava quase se conformando que o lugar devia estar realmente deserto, Natasha chamou-o pelo comunicador, indicando que havia algo de muito errado no local. Enquanto corria ao encontro de sua parceira imaginou algum grande estoque de armas estranhas ou evidências de experiências catastróficas, porém no canto de uma cela havia apenas uma garota abandonada definhando.

–Você é americano.- Afirmou a garota com uma voz quase inaudível e um olhar que transbordava esperança.- Você é americano e veio me libertar, não é? A guerra finalmente acabou?

Steve e Natasha se olhavam com um enorme ponto de interrogação estampado em suas testas. A garota engatinhou para perto do homem de listras e estrelas antiquadas, temendo ter sua chance de liberdade ignorada.

–Por favor, estou trancada há anos! Todos fugiram e me largaram aqui para morrer.

–Quem é você?- Perguntou Natasha com sua característica voz calculista, temendo a vitimização da garota não passar de uma armadilha que ela sabia que seu amigo cairia.

–Sou Sophie Chevalier. Eu sei que meu nome não significa nada, os nazistas fizeram questão de deixar isso bem claro.- Disse ela, fazendo com que os olhos do Capitão se esbugalhassem.

–Nazistas? O que quer dizer com isso? E o que aconteceu?- Natasha perguntou como se isso não passasse de um interrogatório.

–Quero dizer que eles estragaram muitas vidas. Estragaram minha vida quando Vel' d'Hiv aconteceu.

Steve havia lido algo sobre o acontecimento de 1942 no velódromo de Paris. Judeus haviam sido trancafiados no Vel' d'Hiv em condições desumanas, para depois serem encaminhados para campos de concentração. Mas não era possível que essa garota tivesse vivenciado isso, a menos que algum soro especial corresse em suas veias.

–Não pense nisso. -Disse a ruiva para seu amigo.- Ela deve ter enlouquecido nessa cela ou fizeram alguma lavagem cerebral nela. Apenas liberte-a e deixe o incomodo todo para os agentes de menor calibre.

É claro que ela podia ser perigosa, ou apenas uma maluca. Mas ele continuava sendo o velho Steve Rogers magrelo por dentro, sua ética colocava ajudar os outros em primeiro lugar. Então não, não ia só libertá-la.