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Capítulo 9
Capítulo 8 — Soul Faz uma Promessa


Notas iniciais do capítulo

Olá sz



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Alice olhava para Lydia de forma duvidosa, dando alguns passos pra trás como se a menina estivesse prestes a explodir.

— Alice, eu estou falando sério. — Lydia pegava as chaves e o celular, colocando-os em seu bolso. — Se quisermos saber o que está havendo de verdade, precisamos ir a fundo. Na raiz da situação.

Ela disse eloquentemente, mas Lydia precisaria de mais que isso para convencer Alice de algo.

— Você enlouqueceu? Nós somos menores de idade, não podemos ir visitar essa clínica sozinha, sequer ver alguém! — Alice começou a ficar vermelha, gesticulando sem parar. — Por acaso você pensa nas coisas?!

Lydia grunhiu esfregando as mãos na calça jeans. Respirou fundo e segurou o pulso de Alice, puxando-a pra fora do quarto.

— Nós vamos.

Elas desceram a escada juntas, e passando pela sala, viram Soul largado no sofá, assistindo desenho animado na televisão, Alice sempre disse que ele era velho demais pra desenhos coloridos de ursinhos.

— Aonde vão?

A voz rouca de Soul soou, enquanto ele tirava os olhos da TV e acompanhava as meninas com o olhar.

— Sair. — elas disseram em uníssono.

— Vocês ensaiaram isso? — Soul semicerrou os olhos.

Lydia ignorou e continuou arrastando a prima pelo braço, indo em direção à porta.

— Vamos Alice.

Elas seguiram na direção da porta, Alice gemia em contradição, mas se deixava ser arrastada. Soul revirou os olhos, reprimindo um palavrão e virou-se novamente para a televisão. O som alarmante do telejornal soou, e foram ouvidas as primeiras notícias. As duas primeiras chamadas eram sobre inflação e sobre um tatu perdido numa fazenda, ou algo assim. No instante que Alice terminou de calçar seu tênis e estava prestes a atravessar a porta com sua prima, a terceira notícia foi anunciada. E ela fez as garotas pararem e olharem a TV.

Nas últimas semanas ocorreram casos estranhos no Condado de Madrin, no norte dos Estados Unidos. Adolescentes de 14 a 18 anos estão morrendo de formas tortuosas e sangrentas, formas realmente que parecem serem retiradas de filmes de terror. Mas o ponto mais intrigante é que não são assassinatos, pois até então, cada morte foi constatada como suicídio.

Esses adolescentes não têm ligações familiares ou tão pouco se conheciam. A polícia decidiu investigar mais afundo sobre os casos, a fim de encontrar uma ligação entre os infelizes jovens de finais tristes.

E foi encontrada uma ligação. Todos os jovens e adolescentes que se suicidaram tinham uma conta no mesmo site. Um site de histórias chamado: darksidehome. Em suas listas de acompanhamentos havia a mesma história: "Cemitério das Cinzas" do autor amador "Anonimato".

Por mais que lessem a mesma história, não há históricos de “chats” ou contato entre esses adolescentes, então não há pista alguma sobre a verdade desses casos, mas o índice de mortes aumenta a cada noite.

"Anonimato", o autor da história em comum, se tornou suspeito por algum tempo, mas logo fora descartado por ter sido descoberta a localização do indivíduo. Ele está internado em Westin Hills, uma clínica psiquiátrica no Condado de Madrin, no interior dos EUA.

E logo a próxima notícia foi anunciada. Lydia estava com a mão grudada na maçaneta da porta, olhando pra tela da TV como se pudesse enxergar algo além dela. Outras mil perguntas rondavam sua mente e agora ela tinha mais certeza que nunca de que algo estava errado. Alice mantinha-se em silêncio, sentada no chão, olhando os próprios pés, calçados em tênis sujos.

A reação de Soul foi gradativa. Inicialmente ele olhou a reação das garotas, e em seguida se levantou do sofá e começou a arfar devagar. O silêncio na sala durou poucos segundos, até que Soul falou.

— Vocês sabem que isso não tem nada a ver com a gente, não sabem? Não precisam ficar nervosas ou preocupadas, está bem? É só uma coincidência. A história não tem nada a ver com isso, essas pessoas têm alguma outra ligação desconhecida que logo a polícia vai descobrir tudo...

— Garoto, calma! — Lydia gritou, interrompendo o primo.

Sem perceber, o garoto estava soltando as palavras sem pausa, seus olhos estavam pouco arregalados e seu rosto vermelho. Sua respiração acelerada e suas mãos trêmulas denunciavam seu estado de quase pânico.

— Nós sabíamos, em partes. — Alice admitiu.

Soul olhou a irmã com receio, então cerrou os punhos e levou a mão direita à sua boca, começou a morder os dedos.

— Não vamos morrer como aquelas pessoa. — disse Soul, pausadamente. Seu olho pulsava devagar. — Não vamos.

Lydia negou. Alice olhava de Soul para Lydia, e depois novamente para os próprios pés.

— Como sabe? — Lydia questionou num tom quase mudo.

— Não vamos. Vocês não vão. Eu prometo. — ele disse num tom monótono, enfatizando o: “vocês”, então subiu as escadas depressa, deixando apenas as duas garotas atônitas na sala.

**

Tic Toc

    Tic Toc

Esse era o som monótono e repetitivo que ecoava no quarto 13 de Westin Hills. O som do relógio velho de parede. Anonimato completava mais uma semana naquele lugar. Trancado naquele quarto, amarrado àquela cama, sentindo sua vivacidade, mesmo que descontrolada, esvaindo-se de seu corpo inerte.

— Olá.

A porta rangeu e diante dos olhos de Enzo surgiu uma figura escura, que ao se aproximar tomou forma e rosto, e aos poucos caminhava para a luz tornando suas feições mais nítidas.

— Galeno, você veio me ver. — um sorriso bizarro surgiu no rosto de Enzo. — Como está indo?

Sua voz era rouca e calma. Anonimato nunca esteve tão lúcido, sua mente estava cada vez mais sã devido ao cuidado e tratamento que recebia da clínica, mas seus surtos ainda continuavam assim como sua obsessão com sua história, seus leitores e seu vilão.

— Não há comentários. — a voz de Galeno soou como um sussurro distante que fez a espinha do autor se arrepiar e seus punhos se cerrarem em ódio.

Era mentira. Por algum motivo estranho, os comentários retornavam a encher o site darksidehome, na história “Cinzas da Morte”. Leitores apaixonados e desesperados pelo paradeiro da história e de seu autor enchiam a caixa de comentários no rodapé de cada capítulo relido por saudade.

— E qual é a ordem, Mestre? — Galeno sorriu maliciosamente, acariciando a barba áspera.

Enzo olhava para a parede branca, com o maxilar travado. Então ergueu o olhar cheio de rancor até Galeno.

— Continue. — Anonimato disse num fio de voz. — A escolha foi deles.

Galeno deu um sorriso escárnio como todas às outras vezes e por fim deixou o quarto. Enzo se viu mais uma vez sozinho, olhando para as paredes e ouvindo o "tic toc" ordinário do relógio. Mas agora era diferente, seu ódio consumia tanto seu peito que ele já não se sentia mais tão amargurado.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ter chegado até aqui ♥