Mistakes escrita por Niina Cullen


Capítulo 26
Capítulo VINTE E CINCO


Notas iniciais do capítulo

:'( Me fez chorar... Vamos lá... Força!!!

Obrigada por estarem aqui!!! E desculpem qualquer erro de português e afins rs...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/617647/chapter/26

Capítulo 
VINTE E CINCO

 

Você sabe quando as coisas não estão bem. Você sabe quando vê a pessoa que mais ama nesse mundo em uma cama, todo entubado e imobilizado. Talvez fossem os remédios ou o fato de Charlie ter acabado de sair de uma cirurgia, mas tudo aquilo assustava Bella.

Ela estava parada ao lado da cama e ainda não conseguira dizer nada.

Charlie tinha os olhos quase fechados, abrindo e fechando as pálpebras. Ele ainda sentia os efeitos da anestesia, o que era normal. Aquilo a deixava um pouco menos nervosa e um pouco mais racional, diferente de horas atrás, quando estava absorta lá fora aguardando a chegada de um médico que teria alguma notícia sobre o seu pai.

Ela não queria preocupá-lo mais, por isso sorriu enquanto o observava em silêncio.

Aquelas horas tinham sido as mais difíceis, até mesmo mais piores do que foram durante todo o trajeto de Seattle até Forks no carro daquela garota que morava no mesmo campus que o seu e que estava procurando alguém para dividir a gasolina até a cidadezinha mais chuvosa de toda Washington.

Isso parecia ter sido a uma eternidade.

A história estava se repetindo.

— Pai - Bella sussurrou, se abaixando um pouco mais próxima dele que continuava sonolento quando piscava os olhos a cada segundo, como se a qualquer momento pudesse fechar os olhos.

Ele parecia consciente, só que tinha um tubo que levava ar até os pulmões preso a sua boca. O Dr. Carter, que estava substituindo o Dr. King naquele plantão falou que isso era necessário nas 48 horas que procederiam a cirurgia. Mas ainda assim, Bella não conseguia tirar da cabeça que ele tinha mais alguma coisa para dizer, e que não demoraria muito para ela saber.

Os tubos, as agulhas, o monitor cardíaco, tudo parecia ok, mas Bella não podia afirmar aquilo, por isso só tentou sorrir e pedir desculpas, em silêncio enquanto as pálpebras de Charlie tremiam a cada piscada.

— B-bella - Se ela não estivesse perto o suficiente do pai, não teria entendido que ele estava chamando-a.

— Não, não - Bella se apressou em dizer. - Não fale, está tudo bem. O senhor vai ficar bem.

Ela se agarrou aquela última frase, ela queria acreditar nela.

Naquele mesmo momento, involuntariamente, sem prestar atenção no que estava fazendo, Bella ergueu a sua mão esquerda, a mesma mão que Edward tinha deslizado o anel com aquelas pedras incrustadas em seu dedo, para afastar uma lágrima do seu rosto.

Aquele gesto tinha sido rápido demais, mas o suficiente para que Charlie visse o que Bella tinha preso em seu dedo.

Ela deixou a sua mão cair ao lado do seu corpo no segundo seguinte, tentando esconder o que não podia mais.

Tinha sido imprudente demais, descuidada demais, sua mente lhe repreendeu. Era para ser no momento certo - se é que existia algum.

Charlie jamais aceitaria Edward, e aquilo machucava Bella, porque ela sabia que não podia mais ir contra os seus sentimentos por ele. Talvez ela tenha sido uma filha que se preocupava muito com o que as pessoas ao seu redor diziam - não querendo magoar os pais. Mas agora era a hora de fazer as suas próprias escolhas. E talvez não existisse nada de errado naquilo - ela também tinha sido uma filha que contrariava, que tinha seus próprios objetivos e pensamentos quanto a vida dos peixes que o seu pai trazia para casa, ou quando aqueles garotos diziam que meninas não deviam estar no clube de ciências. Mas em algum momento, isso tudo, toda a sua determinação, tinha se perdido, dando lugar as suas inseguranças, medos e receios.

Ela precisava se mostrar forte, mesmo que aquilo pudesse magoar uma das pessoas que ela mais amava.

— Srta. Swan, preciso que se retire, ele precisa descansar.

Talvez aquele não tenha sido o momento certo. Mas ele era o seu pai, e a amava muito, ele aceitaria a sua escolha, mesmo que Edward não fosse o cavaleiro branco que ele esperava para a sua única filha.

Charlie ainda lutava contra as pálpebras pesadas quando Bella saia do quarto, olhando sobre o ombro e sendo conduzida pelo médico.

***

Uma enfermeira entrou quando a porta foi fechada.

O médico notou quando os olhos castanhos da moça seguiram aflitos para a mesma porta fechada pela enfermeira.

Ele precisava dar uma notícia que nunca era bem aceita pelos familiares que tinham seus parentes em hospitais. Depois de uma cirurgia arriscada, o Dr. Carter teve que entrar em contato com o médico responsável por Charlie Swan. Eles tinham conversado e o Dr. King chegaria à tarde. Não havia mais tempo.

Uma vez que eles estavam no corredor o homem de cabelos acobreados que estava com ela se aproximou, ele que era conhecido por qualquer um informado pela economia do país e seus líderes, e passou os braços pelos ombros da moça. Eles estavam juntos, constatou o médico, se lembrando quando os encontrou na área de alimentação do hospital.

Aquele gesto tão íntimo parecia confortar a moça que estava indefesa antes mesmo das notícia que receberia em seguida. Então ele decidiu falar.

— Srta. Swan, ele está bem - não estava mentindo.

— O Dr. King disse que...

Com certeza ela estava falando sobre o histórico do pai. Charlie Swan não podia passar por qualquer inconveniente. Qualquer alteração de humor que o deixasse exaltado poderia ser fatal. E poderia mesmo ter sido.

— Sim, nós sabemos, mas eu preciso que você saiba que já entramos em contato com ele e King estará aqui no começo da tarde para...

Um médico também poderia hesitar ao dar notícias e Edward Cullen, esse era o nome dele, parecia nervoso demais para suportar aquela demora. Ansioso por notícias tanto quanto a jovem Bella - mas com intenções diferentes da dela.

— Bella, seu pai precisa de um transplante, não podemos esperar mais.

Charlie não pode mais esperar mais, ele pensou.

Não havia mais nada que pudessem fazer pelo coração dele, um transplante era mesmo a melhor solução. O Dr. Carter estava encarregado de comunicar a filha e de continuar acompanhando o paciente até que o Dr. King voltasse do seu descanso. Dali pra frente as coisas não eram muito certas, mas ainda assim era a melhor solução para um homem que não conseguiria sair daquele hospital se não fosse com um novo coração.

Bella recebeu a notícia sem questionar. As malditas lágrimas já pareciam fazer parte dela, assim como aquele vazio que começava a tomar conta da sua alma. Será que aquilo não ia deixá-la em paz nunca?

Todo aquele remorso, aquele ódio por não ter tido mais cuidado quando disse que estava tomando a sua decisão, e que essa decisão era Edward.

Se pudesse voltar atrás, ela faria o que diferente?

Bella não percebeu quando o médico se afastou, quando ele disse que precisava preparar algumas documentações, ou quando se sentou naquele sofá branco e frio com Edward ajoelhado a sua frente, como tinha feito antes dela ser encaminhada para onde o pai estava, e falando coisas que ela não conseguia entender.

Ele parecia falar algo sobre cuidar de tudo.

Não.

Ela balançava a cabeça, aquilo não podia ser real.

A conta estava na sua frente, sobre a mesa da cozinha. Bella já tinha retirado a mesa do café da manhã quando Charlie caminhou, ainda debilitado pelo corredor, vindo da sala. Ele apertou os olhos quando viu que Bella segurava um papel com o nome do hospital de Portland.

Bella não sabia quando as coisas realmente começaram a dar errado. Talvez logo depois da morte da mãe, ela não sabia. Mas a verdade era que tudo parecia se repetir, agora com mais intensidade. Ela não podia perder o pai, e Edward estava oferecendo isso para ela. Ele sabia que ela não poderia pagar por um coração novo, por uma nova chance para o pai.

Mas Edward podia.

A culpa já tinha dominado-a, sua postura curvada e olhar perdido diziam isso.

Ela tremia de tanto soluçar e Edward ainda estava ali, agachado a sua frente, esperando mais um sim dela.

— Bella. Me deixa ajudar - as mãos de Edward estavam na sua, e eram tão quentes, diferente de toda a frieza daquele lugar, do seu corpo agredido por espasmos.

Seu pai precisava de uma nova chance.

Ela não podia ser orgulhosa, ela aceitaria tudo o que Edward pudesse dar para ela, sem questionar, porque não existia mais ninguém em quem confiar. Ele era o único. E ela estava apaixonada por ele. Já não existia qualquer outro caminho que ela seguiria, se não fosse com ele ao seu lado.

Bella se inclinou para a frente quando Edward fez o mesmo em sua direção, um pouco mais perto dela, como se isso realmente fosse possível, e ela sorriu. Não um sorriso feliz, alegre, completo. Ela precisava de tempo até que tudo ficasse bem, e ela realmente queria que Edward entendesse isso. Seus braços foram mais rápidos que ela quando a abraçou, a erguendo daquele sofá. Forte, enquanto ele dizia em seu ouvido que tudo ficaria bem.

O cheiro de álcool poderia apenas ser um detalhe, quando na verdade não queria dizer nada. A barba por fazer, o cheiro inconfundível e já tão familiar para Bella era dos cabelos acobreados dele. Bagunçados ela se agarrou a esperança do que ele tinha dito, que tudo ficaria bem.

Ela só não podia perder a pessoa que mais amava no mundo e não estava sozinha ali, naquele lugar. Ela podia acreditar que tinha uma pessoa que a amava. De verdade. Apesar de todos os seus problemas.

Naquele mesmo dia Edward tratou de todos os detalhes necessários que diziam respeito a tudo que envolveria aquela cirurgia de risco do pai de Bella.

Ela podia acreditar que tinha uma pessoa que a amava, mas a verdade era que Edward sabia que com aquilo feito Isabella estaria ainda mais presa a ele porque não bastaria ter aceitado o seu pedido, ainda que fosse um sim silencioso, porque sabia que ela nunca esqueceria do que estava fazendo pelo o seu pai.

Não existiam limites.

Ele conseguiria que Bella se casasse com ele e a partir daí nada e nem ninguém seria capaz de impedir aquilo, nem mesmo o estorvo que era aquele pai dela.

Edward conseguiria prendê-la a ele, para sempre.

***

— Edward, onde você está?

Edward desconfiava que Alice sempre arrumava um jeito de saber que alguma coisa estava acontecendo. Ele só não sabia como.

— O que você quer Alice?

De onde está, Edward conseguia ver Isabella que estava sentada de lado enquanto observava o a neve cair do lado de fora pelas janelas enormes da sala de espera do hospital.

Ele tinha se afastado para atender aquela ligação, deixando um beijo no topo da sua cabeça. Ela tinha falado pouco desde que a convenceu a sentar um pouco e deixar que ele tomasse conta de tudo.

O tal do Dr. king já havia chegando e tinha conversado um pouco com ela. Quando ele perguntou se ela gostaria de entrar sozinha na sala Edward estreitou os olhos e apertou os ombros de Isabella um pouco mais firmes, quando esta segurou sua mão e o fez entrar na sala junto com ela.

A última coisa que Edward precisava era partir para cima daquele médico.

Charlie estava sendo preparado para a cirurgia e o médico queria apenas reafirmar o que eles já sabiam, que seria muito arriscada devido ao estado dele. Isabella tinha tremido um pouco naquela hora. Edward sabia que eles tinham discutido antes de tudo acontecer, ela se culpava por aquilo.

Quando o Dr. King estendeu as mãos por sobre a mesa afastando os papeis que Isabella tinha acabado de assinar - aqueles que autorizavam a cirurgia para o novo coração - e segurou as mãos dela pousadas sobre a mesa, ainda trêmulas, aquilo fez Edward ver vermelho a sua frente. Mas ele se controlou. Mesmo quando Bella sorriu complacente para o médico. Ela não parecia se dar conta da pilha que Edward estava.

Desde que eles tinham saído da sala daquele médico imbecil, Isabella tinha apenas recebido o seu conforto, enquanto ela estava ali, sentada observando o brancume de toda aquela neve do lado de fora. Mas era hora de pedir reforços.

Alice tinha se tornado uma boa fonte que poderia reafirmar as qualidades do irmão. Ela jamais falaria o seu segredo para a amiga que tinha feito. Para todos os efeitos, Katherine May não existia.

— O que você quer? — ela repetiu, indignada e bufou do outro lado da linha de forma exagerada. - Se você não quisesse falar comigo era só não atender a droga desse celular, como sempre.

— Fale o que você quer - ele não estava com paciência para a chatice dela.

— Argh - Edward podia sentir a fumaça saindo das narinas da irmã e não podia deixar de pensar que gostava de irritá-la.

Ele não devia satisfação para ela, mas precisava.

Ter Alice do seu lado só o ajudaria com Isabella. Ela só não precisava saber o que motivava os seus reais objetivos. Trazer Alice para o seu lado seria prender Isabella mais as correntes.

— Isabella - ele começou quando Alice recuperou o fôlego para voltar a reclamar. Não que Edward realmente se importasse, mas ele tinha que ser mais racional.

— Fala Edward, o que aconteceu. — ele estava certo, ele usaria Alice a seu favor, até que não precisasse mais dela. Um bom soldado sabe quando pedir reforços.

Alice parecia paciente enquanto esperava.

Ele se lembrava da sua preocupação da última vez que esteve em sua sala e disse aquelas palavras depois dele praticamente expulsá-la da sua sala.

Só não esqueça que elas são duas pessoas diferentes.

Alice sempre achou que soubesse de tudo. Ela tinha adivinhado, só que estava enganada sobre tudo.

Todas eram iguais.

— O pai dela sofreu um enfarto.

— O quê... Mas que... - Alice não parecia muito certa sobre o que dizer. - Em que hospital vocês estão?

Edward olhou para o celular depois de explicar para Alice onde estavam e desligar. Ele não precisava de ajuda, não mesmo. Isabella já tinha aceitado o seu pedido e faltava tão pouco. Mas Alice seria uma boa forma de conduzir os seus objetivos, pelo menos por um tempo. Depois ela não seria mais tão útil. Isabella teria um amiga, mas com data de validade, porque ao se casar com ele ele tornaria a vida da moça um inferno, como a sua havia sido desde que conheceu Katherine May. Ele seria o único, tudo o que Isabella teria, e nada ao mesmo tempo - assim como ele tinha sido para aquela mulher. Seria apenas o seu carrasco. Ele se certificaria de que ela não tivesse mais ninguém em que pudesse confiar.

Os dois seriam perfeitos, um para o outro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu sinto um aperto, uma vontade de dizer para Bella que ela é muito mais do que acha que é. Que ela não precisa ser digna de ninguém nem muito menos de Edward Cullen.

Quero que a história vire para ela, que ela se erga... se levante, porque serão dias difíceis.

O que vocês acham disso, da forma como a Bella se enxerga?

E essa última frase minha gente? #Medo Acho que estou lendo muitos livros de suspense nessas férias. Cristo.