Invisível escrita por Dama do Caos


Capítulo 6
Gotta Be somebody


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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Chapter 5

As madeixas negras de Isabelle grudavam em seu rosto molhado e escorriam juntamente com toda sua maquiagem. As lágrimas caiam sem que a bela jovem pudesse controlar. Ela nem sabia por que estava daquele jeito, só não.. Não aguentava mais tudo aquilo sozinha.

Seu irmão mais velho se afastando cada vez mais da família, seus pais a ponto de se separarem, todo o seu universo se desmoronando e ela não podia fazer nada. Nem mesmo contar com alguém, ou para alguém. Perdeu a noção de quanto tempo estava encarando seu reflexo no banheiro feminino da escola. Sabia que a qualquer momento alguém entraria e faria o maior estardalhaço ali dentro. Mas naquele momento, nada mais importava. Sentia-se oca, vazia. Sabia que precisava contar pra alguém, mas quem? Aqueles relacionamentos fúteis e superficiais que a acompanhavam não serviriam de nada.

Porque ela nunca deixava ninguém se aproximar o suficiente.


Porque ninguém quer ficar sozinho

Porque todo mundo quer se sentir que alguém se preocupa

Alguém para amar com minha vida em suas mãos

Tem de haver alguém para mim assim

Porque ninguém quer seguir por si próprio

Todo mundo quer saber que não está sozinho

Alguém que sinta o mesmo em algum lugar

Tem de haver alguém para mim lá fora

Clary adentrou o banheiro silenciosamente quando percebeu Isabelle lutando contra seu delineador. Um resmungo de fúria escapou de seus lábios perfeitos enquanto atirava com força o objeto na outra extremidade do banheiro, e finalmente levantou os olhos para a ruiva miúda.

Os cabelos negros desgrenhados, a roupa em desalinho. Ainda havia resquícios de maquiagem em suas bochechas e uma grande mancha de tinta escura em suas pálpebras. Os olhos negros ainda vermelhos.

Definitivamente não parecia em nada com a intimidadora Isabelle LightWood. A ruiva fez menção de sair dali, quando ouviu um soluço e seu corpo travou. Sua consciência gritava com todas as forças para dar a volta e sair logo daquela margem de perigo que toda aquela família estranha e intimidador representava, no entanto Clary sentiu seu coração se apertar de alguma maneira. Ela sabia o quanto que doía ficar sozinha e nos últimos dias ela pareceu perceber que os Lightwood pagavam um preço alto por serem tão poderosos. Eles eram isolados.

Finalmente suspirou amedrontada com a própria idéia, mas se dirigiu até o delineador que jazia no chão. Se aproximou devagar de Isabelle que a encarava assustada, não por ter medo da menor ou coisa do gênero, mas sim pela surpresa do ato.

— Me permite? – Ela perguntou timidamente para a morena que assentiu aceitando a estranheza do momento. Clary não perdeu tempo e limpou o rosto manchado de Isabelle e recomeçou a maquiá-la. A pressão do pincel em suas pálpebras era tão suave que A lightwood jurou ser uma pequena borboleta batendo suas asas ali. A ruiva não notou o pequeno sorriso da outra e continuava compenetrada em seu trabalho como em suas obras de arte.

Deslizava o pincel pegando diferentes tonalidades de cores que Isabelle nem se importou de conferir. Clary terminou a maquiagem e ajeitou rapidamente os longos cabelos de Isabelle em uma trança desfiada, quando finalmente se deu conta do que estava fazendo. Corou violentamente de vergonha por ter se intrometido daquela maneira, pegou sua bolsa do chão e saiu dali o mais rápido possível. Isabelle piscou algumas vezes tentando entender o que aconteceu antes de correr para fora do banheiro a procura de sua heroína, encontrando apenas um corredor vazio.

Clary corria tanto que sua respiração chegava a falhar, que droga ela estava pensando afinal? Já não lhe bastavam os problemas existentes? Quando enfim alcançou a parede atrás da biblioteca soltou um suspiro cansado. Estava com medo. Medo de que rumo sua vida estava tomando de uma hora pra outra. Não podia se esquecer das palavras de Rafael e, Céus!

Como sentia falta de sua máquina fotográfica, era como se tivessem lhe roubado os olhos. Pior, uma parte de sua alma. Deixou suas costas deslizarem até alcançar o chão e enfim fechou os olhos. Toda aquela agitação dentro de si não lhe era normal, essa euforia esse impulso de fazer as coisas sem planejá-las. Clary não era assim, e essa não era Clary. Ou pelo menos não tinha sido até agora.

Isabelle balançou a cabeça contrariada e seguiu pelos corredores, desnorteada. Apesar de não ter trocado nenhuma palavra com Clary sentiu como se tivesse encontrado uma irmã que nunca teve, mas Deus sabe o quanto desejou. Adentrou a sala em silêncio ao ver que o professor não estava ali, quando enfim notou os olhares de choque nos rostos de suas amigas. Piscou assustada também sem entender o que estava acontecendo até que uma delas se manifestou

— Izzy.. Você.. – Mas nem conseguiu concluir a frase pois uma mais histérica a interrompeu em meio a gritinhos.

— Por Deus Izzy! Que maquiagem perfeita é essa? Santo Anjo, quem te maquiou? Por favor me passa o número do salão!!! – E então todas começaram a falar ao mesmo tempo deixando Izzy envergonhada e curiosa. Uma delas lhe esticou um espelhozinho e ela enfim pode perceber, Clary era incrivelmente talentosa. Fez de seus olhos uma obra de arte com tonalidades e acabamentos perfeitos. Uma idéia lhe estalou na mente.

 

—------

 

— Não pode se esconder pra sempre. – A voz melodiosa lhe assustou de imediato, Clary levantou-se rapidamente tentando arrumar suas roupas por sobre o olhar distraído de Alec.

— A-algum problema Sr LightWood? – O moreno girou os olhos com o tratamento formal, mas decidiu ignorar. Esticou a mão em direção a ela contendo um pequeno embrulho. A ruiva sorriu timidamente ao ver o que tinha dentro:

Uma máquina fotográfica.

— A gente.. Sei lá. Poderia sair junto um dia desses, e tu me mostra o que tem de tão especial nas fotografias. – ele propôs rindo de lado. Clary sentiu seu rosto quente, e lutando contra seu pessimismo e desânimo natural murmurou – C-claro. Muito obrigada Sr Lighwood.. – Alec sorriu animadamente e se despediu.

Clary estava se retirando também quando seus olhos travaram sob uma imagem distante. Jace estava com uma garota. Linda, alta, esguia, loira, perfeita. Camille Belcourt, em todo seu esplendor. Ambos trocaram sorrisos cúmplices e se despediram com um selinho que Clary instintivamente fotografou. Baixou os olhos para a fotografia recém tirada e sentiu algo se quebrando dentro de si.

“Não há porque ele se lembrar de mim. Ele tem várias, e quem sou perto das várias que ele tem?”

Você não pode desistir

Quando você está procurando

O diamante bruto

Você nunca sabe

Aparece

(Verifique se você já não o tem)


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