He is She escrita por Jujuba Weasley


Capítulo 1
The Five Times


Notas iniciais do capítulo

Oieee :3
Desafio do Mês de Maio, maaaas, pode comentar, favoritar e recomendar como se fosse uma one-shot normal...
Espero de verdade que gostem, coloquei carinho e atenção quadruplicados pra essa história
Beijinhos,
Até lá embaixo :)



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Cara e amada Nessie,

Eu me apaixonei por você cinco vezes. De cinco maneiras diferentes.

A primeira vez foi dia 29 de agosto de 2014, na Bienal do Livro de São Paulo. Encontrei-te no estande da Galera Record, e, enquanto todos se matavam para comprar os Instrumentos Mortais, você estava parada ao lado da prateleira da série Beautiful Creatures, foleando Dezoito Luas. Praticamente corri até você, esbarrando em novecentas pessoas no caminho. Um milagre eu não ter caído. A primeira fã de Dezesseis Luas que eu conheci. E eu te amei por isso. Por ter me dado a melhor (e única, mas a gente releva) conversa sobre a série do mundo. E por não me achar uma estranha psicopata desesperada quando pedi seu Facebook.

Larissa Fontinelli Gobermann. Italiana e alemã. “Só as duas melhores descendências do mundo”.

A segunda vez foi durante as férias de Natal. Em uma noite tediosa e quente no Rio de Janeiro, comigo postada em frente ao ar-condicionado, com o computador no colo, você me chamou no Messenger.

“Oi :3”

Não paramos de nos falar nem por um minuto. Descobri nesse dia que sua cor favorita era laranja-pôr-do-sol-de-Copacabana, que morava em São Paulo, mas era gaúcha, que nunca terminava seriados, que sabia a letra de todas as músicas do mundo de cor, que nunca leu ou assistiu Harry Potter (juro que quase tive um enfarte nessa hora), que deveria ter nascido em Nova Iorque dos anos 60, que tinha um metro e setenta e cinco e meio e apenas 16 anos, e que odiava isso, que queria raspar a lateral do cabelo, que sua mãe era lésbica e seu pai, ciumento ao extremo, que estava “de rolo” com um menino super fofo, e que só usava roupas de brechó.

Eu me apaixonei por você, mesmo que ainda não soubesse. Apaixonei-me por uma semidesconhecida. Uma semidesconhecida que, por ser tão alta, era chamada de Ness por todos os amigos próximos, em referência ao monstro do lago Ness. Uma semidesconhecida que me apelidou de Dunga, porque eu era quinze centímetros mais baixa que você, e tinha te dito que as orelhas levemente eram para fora.

A terceira vez foi dia 19 de fevereiro de 2015. Um dia antes do meu aniversário de 15 anos. É, sua Dunguinha estava crescendo. Bom, não te alcançando, obviamente. Você namorava a cinco dias com ele. E queria me contar todos os detalhes de como ele pedira. Mas eu sabia. Claro que sabia. Eu o ajudara; disse para fazê-lo no Dia dos Namorados e ser bem espalhafatoso e original. E ele foi, não foi? Mas o brilho impagável nos seus olhos castanhos fez a repetição valer a pena. Fomos eu, você e ele no shopping. Ele, todo largado com as calças quase nos joelhos, um sorriso divertido e o cabelo bagunçado e você, com seus shorts aparentemente apropriados, mas que eu nunca teria coragem de usar, seu cabelo recém-raspado e seu Keds surrado, de mãos dadas, me contando mil e uma histórias. E eu, com meu moletom grande demais, meu coque caído e meus All Stars rabiscados, estava de vela no meu próprio aniversário. Mas eu não me importava. Tinha ganhado o melhor presente de todos os tempos. Um abraço, um beijo na testa e um lip balm de framboesa usado da minha monstrinha do lado Ness. Da minha Nessie. Sim, Nessie. Eu vou continuar te chamando de Nessie, e não de Ness, até o final dos tempos, por mais que o Nathan e seus amigos digam que eu pronuncio errado.

(Vou apenas abrir um parênteses para dizer que eu fico, e sempre fiquei radiante por vocês dois. Vocês são um casal fofo/lindo/divertido/perfeito. O melhor dos casais. Eu amo como vocês se xingam e se beijam logo em seguida. Como ele faz questão de contar todas as suas sardas quando você apoia a cabeça no ombro dele. Como vocês filmam tudo. Como você escreve o seu nome no braço dele, sempre no mesmo lugar, com caneta retroprojetor. Como vocês conseguem ser tão fofos sem deixar todos ao seu redor diabéticos. Como vocês conseguem maliciar qualquer coisa que os outros digam. Ele te faz sorrir. Te faz feliz. E para mim, é isso que importa. Ver você bem. E se ele te faz, então fique com ele. Mas se ele a machucar, Deuses, eu juro que o mato. Bem lenta e dolorosamente. Tipo Ramsay e Theon. Estou falando sério. Você sabe que estou.)

A quarta vez foi na escola. Quando eu admiti que gostava de você para mim mesma. Quando eu percebi que o que sentia era real, e não apenas um fruto da minha longínqua e inegável carência e insegurança. Quando verbalizei meus sentimentos para alguém. Alguém que não me julgou. Alguém que me fez perceber que eu podia sim gostar de você sem ser considerada uma anomalia. Alguém que achou fofo. Alguém que quis saber mais. E ele soube. Desculpa, mas eu contei tudo. Quase tudo. Eu aposto que quando disse: “Gabriel, eu estou fodida. Eu gosto de alguém. Alguém que namora.”, ele imaginou na hora que eu estava falando dele. Ele é meio egocêntrico. Mentira. Ele é. Mas acho que ele pensou assim por causa de tudo que as pessoas falavam sobre nós. Mas aí eu falei: “E esse alguém é uma menina. É. Ele é Ela.”, e ele mudou de ideia. Lembra que eu te falei de um garoto cuja namorada me odiava por achar que eu dava em cima dele? Era ele. Devo muito a ele. Ele convenceu que não era errado ou errôneo. Ele que me convenceu que tudo ia dar certo. Ele que me convenceu a te falar. E ele fez bem. Porque apesar de tudo, eu me sinto mais leve, mais feliz, mais calma. Eu o fiz se apaixonar por você tanto quanto eu. (não foi difícil, você é bem apaixonante) Mentira. Isso é impossível. Ninguém nunca se apaixonará por você mais do que eu.

Na próxima vez que sairmos, vou levá-lo, está bem? Você vai gostar dele. Eu juro.

A quinta e última foi há algumas semanas atrás. 25 de abril de 2015. Na casa da Fernandes. Quando todas foram roubar o uísque do pai dela e nos deixaram sozinhas no quarto. Quando eu te disse. Gaguejando, suando, tremendo, eu te disse. Te disse tudo. Sem hesitar, sem pensar, sem chorar. Cada palavra como um peso. Como uma facada. Como um suspiro. Como um passo. Cada palavra me condenando, mas ao mesmo tempo me libertando. Eu me apaixonei pelo seu sorriso sincero. Pelo jeito como jogou seu cabelo de lado, nervosa, expondo a parte raspada. Pelo olhar que lançou, como se já soubesse (e acho que você realmente já sabia), como se fosse normal, como se fosse permitido. Pelo seu toque tão delicado em minha mão, mas que lançou a maior corrente elétrica pelo meu corpo. Pela consideração que teve em me falar a verdade. Pelo fato de não ter ficado com nojo de mim, ou contar pra todo mundo. Pelo beijinho na testa. Obrigada. Ainda me lembro da única lágrima que eu deixei escapar quando você saiu do quarto. De como eu me odiei por ter te falado, e de como eu te odiei por ter agido estranho até o final da noite. Do quanto eu esperei para sair e me juntar a vocês na varando. Das músicas eletrônicas que estavam tocando, me ensurdecendo. Do gosto do uísque queimando minha garganta quando eu virei meu copo de uma vez só. De como ele não me fez esquecer meus problemas e medos.

Eu menti.

Não foi a última vez.

Nunca será.

Eu me apaixono por você cada segundo de cada minuto de cada hora de cada dia.

E se depender de mim, vou continuar me apaixonando.

Não fiz esse texto/carta/merda para você sentir pena de mim, ou se sentir culpada, ou muito menos achar que eu vou ficar melhor se você terminar com o Nathan. Na verdade, nem sei por que estou fazendo esse texto/carta/merda. Só queria te dizer tudo que nunca pude te dizer, ou que nunca tive coragem de te dizer.

Espero que entenda.

Obrigada, Nessie. Por ser quem você é. E principalmente por me dar o privilégio de me apaixonar por você.

Se você me perguntasse:

-Você faria algo diferente?

Eu diria que não. Que não mudaria nada. Que deixaria tudo como foi. Mesmo que alguns achem errado, nojento, desumano ou idiota. Mesmo que eu não esteja com você. Mesmo que você aja estranho comigo para sempre. Eu pude me apaixonar por você. E isso faz tudo ser melhor. Isso me completa. Isso me faz ser quem sou. Eu faria tudo igual. Desde o começo.

Eu te amo. Eu te amo tanto que dói. Física e emocionalmente.

“Eu te amo. E vou amar até o sol nascer no Oeste e se pôr no Leste, os mares secarem e as montanhas forem sopradas pelo vento como folhas.”

“Eu te amo. E vou amar até morrer. E se houver vida depois disso, vou amar também.”

Beijos da sua, completa, intensa e irremediavelmente sua,

Dunguinha


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Notas finais do capítulo

Se você chegou até aqui, obrigada
Se você tomar uma pequena parte do seu tempo para deixar um review, um obrigada maior ainda
Beijinhos definitivos,
Até mais ♥