Um mês de desespero escrita por Leon Yorunaki


Capítulo 51
L: Rest


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos.

Devo dizer que foram alguns anos de jornada. Longos anos. Cinquenta e oito meses para cinquenta capítulos. É, eu sei, me tornei um autor lento.
Mas aqui está o que muitos de vocês queriam ler, e o que eu queria ter feito muito antes. O final da história.
Vou deixar os comentários para o fim, então se preparem, pois apesar de eu ter dividido esse capítulo, ainda acabou sendo o maior de todos (por uma pequena margem, mas ainda assim)

Boa leitura!



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Eram tantos os sentimentos a se misturarem que Himiko não sabia dizer exatamente o que sentia de fato. Estava atordoada, meio que dormente, o que não era uma surpresa ao se considerar todos os acontecimentos recentes; talvez fosse melhor assim.

Só ela sabia por quantos percalços havia passado, sobrevivendo a todos eles em troco de nada. Quase podia sorrir por saber que tudo ficaria para trás como apenas uma lembrança ruim, mas não o fazia, pois aprendera a não confiar nem mesmo em suas memórias.

Sozinha, sentada em uma grande rocha na costa de Pacifidlog, a garota observava o oceano a sua frente, perguntando-se o quanto do que vivera era real. Não duvidava de que havia acabado de voltar da agora inexistente ilha Bakhold, mas sim do que de fato acontecera por lá. Acreditava que tinha seus pokémon por testemunhas do que se passara, mas para isso ela teria de ser capaz de se comunicar com eles. Não foi por falta de tentativa; os grunhidos de ambos os sobreviventes se mostravam incompreensíveis como haveriam de ser em condições normais. Restava apenas descobrir se perdera o dom de entendê-los devido à morte de Futakosei ou se na verdade ela nunca o teve.

Dizem que o primeiro passo para a cura é admitir a própria loucura…

Não podia ser apenas um delírio, não quando ela carregava diversas marcas e cicatrizes adquiridas em sua jornada. As palmas das mãos avermelhadas eram consequência da viagem mais recente agarrada ao pescoço de seu Charizard, mas as marcas de uma tentativa anterior eram bem visíveis por baixo da vermelhidão. Uma queimadura na perna esquerda, causada por um ferrão envenenado de Roselia, persistia com a aparência ruim apesar de ter sido tratada corretamente. Isso para não falar na dor constante no ombro e no joelho direitos, resultado de uma queda que lhe causava arrepios até então.

Todas as marcas estavam presentes, exceto uma. A mancha enegrecida em seu tórax, que notara em outra oportunidade, não estava mais lá, sem qualquer vestígio de que um dia podia ter estado ali. Uma cicatriz de uma ferroada de uma Beedrill, não nela mas em Futa, que ela tinha certeza de ter visto naquela mesma manhã antes de partir para Bakhold.

Algo que lhe daria muito em que pensar, mas não naquele momento em particular. Himiko estava consciente dos muitos erros que havia cometido, alguns para com pessoas que não mereciam. E sua principal preocupação seria tentar corrigi-los, ao menos os que fossem possíveis.

E, com o primeiro deles a apenas um telefonema de distância, ela logo se levantou, caminhando em direção ao centro pokémon em um percurso silencioso e desinteressante. Torcia apenas para que conseguisse falar com a pessoa certa.

— Laboratório do Professor Birch, Marcel falando. Posso ajudar?

— Boa tarde, Marcel, aqui é a Himiko…

O próximo ruído que ela percebeu foi o do assistente gemendo após ser atirado para o lado por um desesperado Brendan, que tomou a ligação para si. Pobre Marcel…

— Himiko! Você está bem? Aonde está agora?

— Ah, Brendan! Era com você mesmo que eu queria falar… Estou em Pacifidlog agora, e estou bem sim, obrigada por perguntar…

— E eu posso saber o que você tá fazendo nesse fim de mundo sozinha?

— Sobre isso eu prefiro conversar pessoalmente. Sabe me dizer o jeito mais rápido de voltar para Littleroot daqui?

— Por que não usa um teletransporte como da última vez?

— Não estou mais com o Gardevoir…

Brendan bem que tentou, mas não conseguiu esconder a surpresa.

— Bem, deixa eu pensar… Pacifidlog, você disse? Talvez tenha algum barco que saia daí em direção a Slateport. Deve ser uma viagem rápida.

— Entendo…

— Faça o seguinte. Se não conseguir nenhuma passagem para hoje, me ligue de volta e eu vejo o que posso fazer.

— Muito obrigada, de verdade. E desculpa por aquele dia…

— A gente conversa sobre isso depois, tá legal? Fique bem!

Himiko logo desligou, sabendo que não seria fácil encarar todos os questionamentos que teria assim que chegasse em casa, e o comentário de Brendan não tornada a ideia menos desagradável. Mesmo que o tom de preocupação que ele demonstrasse fosse dos mais amigáveis.

Ao menos ela teria tempo de sobra para se preocupar a respeito. Além do tempo da viagem, teria de esperar por mais de duas horas até a partida da próxima embarcação. Tempo o suficiente para que ela pudesse se culpar e se consumir por seus erros por mais uma vez. Não por causa de Brendan ou Natsumi ou o professor, mas por si mesma. Difícil dizer o que lhe machucava mais, se era perceber que toda a sua adolescência havia sido uma mentira, ou ser atingida pela verdade sem o menor pudor.

Foi assim que sentou-se ao chão próxima ao cais, observando a correnteza que parecia levar tudo para longe da ilha, pela extremidade oposta àquela na qual navegou nas costas de um Swampert naquela mesma madrugada. Menos de doze horas antes, mas uma lembrança que lhe parecia alguns anos distante…

A força das águas a sua frente a fez cogitar se entregar a elas. Um sentimento contra o qual lutava com certo desespero. Desta vez não havia Futa para dissuadi-la da estúpida ideia. Pelo menos nisso ela descobriu que ele tinha razão ao dizer que ela vivia fugindo de seus problemas de maneira covarde.

Não desta vez.

Himiko estava decidida a não se entregar. Havia sobrevivido a tudo que havia sido atirado em sua cara até então, mesmo algumas experiências traumáticas. Nada do que pudesse lhe acertar daquele ponto em diante poderia ser pior.

De súbito, levantou-se, andando de volta ao centro pokémon. Situações extremas pediam medidas drásticas, e ela tomaria uma com a intenção de se preservar.

Tornou a ligar para o laboratório, sendo atendida imediatamente por Brendan. Fez questão de avisá-lo sobre a viagem, inclusive a previsão de chegada a Slateport pouco após o anoitecer. Ele a agradeceu pela consideração, mas não tanto quanto ela agradecia a si mesma pela iniciativa. Se algo podia lhe dissuadir dos pensamentos ruins, era a esperança de que alguém se importava o suficiente com ela.

— — —

Lutando contra sua negatividade, Himiko desembarcou molhada em Slateport, menos pelos respingos de água causados pela correnteza e mais por suas próprias lágrimas. Seu rosto inchado não lhe permitiria mentir a esse respeito.

E para a surpresa dela, não seria por falta de oportunidade para tal. Talvez estivesse subestimando a preocupação de Brendan, mas não esperava encontrar ele esperando no terminal de desembarque de Slateport, seu sorriso logo transformado em espanto ao ver o estado deplorável da colega, que em nada parecia com a garota distraída com quem trombara na porta de sua casa cerca de um mês antes. Aliás, era visível a diferença ao comparar mesmo ao último encontro entre os dois, em Lilycove, apenas dois dias antes.

A força do abraço que ela deu nele era prova definitiva do quão destruída ela estava.

— Está tudo bem agora… logo você vai estar em casa, vai poder descansar.

— Desculpa… — Himiko soluçou. — Eu devia…

— Ssh… — Brendan colocou seu indicador nos lábios da colega. — Não diga nada. Amanhã vai ser outro dia. Vamos, hora de voltar para casa.

Afastaram-se um pouco, Brendan seguindo com uma das mãos sobre o ombro da garota. Ela sentia certo incômodo, ainda por conta da lesão recente, mas preferiu não falar nada; não queria deixá-lo mais preocupado do que ele já estava. Logo encontraram espaço para que ele pudesse liberar seu Pelipper para que pudessem voar de volta.

— Acha que pode levar nós dois para casa? — Brendan perguntou para o pokémon, que gorjeou em resposta. Ambos se viraram para Himiko em seguida. Quer vir comigo nas costas dele, ou prefere ir dentro do bico?

Era para ser uma piada, mas a resposta foi rápida e direta, para a surpresa de Brendan.

— O bico, por favor.

Levou alguns segundos para que ele se recuperasse da resposta dela, a qual não questionou. Pensava que Himiko estivesse com medo de cair ou algo parecido. Mas a jovem tinha seus motivos para evitar o colega por mais alguns minutos, talvez uns vinte, até a chegada deles em Littleroot.

Estava tão acostumada a ficar sozinha, na verdade, que não se sentia em condições de conversar.

Algo que ela teria que trabalhar naquela noite…

— — —

Estava escuro, demais para que pudesse identificar aonde estava. Himiko esticou os braços, tateando em busca de alguma referência para se localizar, mas não foi suas mãos que encontrou diante de seus olhos. Eram extremidades brancas e arredondadas, sem dedos, partindo de braços curtos. Não se assustou com a visão, não quando olhou para baixo e compreendeu que via as coisas do ponto de vista de Futakosei, ainda na forma de Ralts.

Sentia-se estranha, contudo. Sabia que deveria ser um sonho, mas lhe parecia mais palpável, tal como no dia em que ele invadira sua mente após o ataque de uma Beedrill em Verdanturf. Ou talvez como quando encontrara seu próprio pai, em uma ilusão criada por Nolan.

Por isso estava frustrada. Percebia que não podia escapar daquela dor nem mesmo após a morte do Gardevoir. Um incômodo crescente, com sua própria voz reverberando em seus pensamentos, o medo a lhe atingir em cheio tal como a claridade, que aparecera de súbito a lhe cegar…

Gritou, e foi a voz do Ralts que ouviu, bem como o piar de um grupo de Pidgeys. Não tinha dúvidas agora, estava revivendo sua jornada do ponto de vista do pokémon. Viveria outra vez tudo o que gostaria de esquecer.

Virou-se para o lado, vendo a si mesma como treinadora. A garota se aproximava, agarrando o pokémon com ambas as mãos e o levantando à altura de seu rosto. Com isso, sentiu cada centímetro de seu corpo queimar como brasas. Gritou em resposta, levando a treinadora ao chão, sentindo um alívio imediato. E mais do que isso, sentiu um pulso de energia correndo por seu corpo. Estava mais forte, revigorado. Mas senta-se culpado por ter causado um desmaio.

Era uma sensação dúbia. Sentia o poder correndo pelo seu corpo, mas às custas da dor que causava.

Teria de se controlar, ou muito em breve aquilo lhe causaria problemas.

Teria de usar aquele poder por outra vez, pois Himiko estava correndo risco de vida.

Teria de achar um outro meio de conseguir aquele poder. Aquilo era bom, mas não podia matar por conta dele como havia acabado de fazer.

E, principalmente, queria entender como continuava a sentir aquela energia correndo por seu corpo, mesmo horas depois e em uma câmara fechada em um laboratório. Uma energia que ficava mais intensa com o tempo, como quando em uma caverna escura no dia seguinte, ao lado de sua treinadora. O suficiente para que pudesse evoluir.

Havia outra fonte, então? Podia perceber que ele vinha de sua própria treinadora. Não precisaria machucar ninguém, bastava apenas manter Himiko a salvo. Era o paraíso, afinal.

Não demorou muito e a energia se dissipou, contudo. Talvez houvesse algo de errado com ela, ou então consigo mesmo. A treinadora parecia ter encontrado um lampejo de felicidade. Fez as pazes com os outros pokémon, conseguiu uma insígnia por suas próprias habilidades, resolveu as diferenças que tinha com seu colega humano. Não, o problema devia estar com ele mesmo.

Mas logo a treinadora se sentia aflita outra vez e, ao mesmo tempo, a energia retornava. Talvez fossem as preocupações dela que a tornassem mais ativa, e assim ele ficava mais forte. Queria descobrir, e até mesmo tentou entrar na mente da garota. Mas ela escondia algo que nem ele era capaz de alcançar, alguma coisa em seu passado que a machucava.

Talvez ela tivesse percebido. Resolveu abrir o jogo. Contar a verdade, ou o que ela acreditava então ser a verdade, sobre seus traumas. E ele finalmente entendeu de onde vinha tanta energia.

Ele estava se alimentando do medo que ela sentia.

Tudo fazia sentido agora, mas o sentimento de culpa voltava com força. Ela era sua treinadora, sua mãe. Não podia permitir que ela sofresse, mas era incapaz de ignorar o quão forte poderia se tornar se pudesse controlar aquele poder.

Mas decidiu que não valia a pena. Se fosse assim, preferiria nunca mais ter acesso a essa energia. Estaria feliz se Himiko estivesse feliz. Prometeu a si mesmo que a ajudaria de todas as formas para que pudesse encontrar a irmã perdida, e se sacrificaria por isso caso fosse necessário.

Apenas não imaginava que teria de cumprir essa parte da promessa tão cedo, colocando-se à frente de uma Beedrill para salvar Himiko. E percebeu que não estava pronto para encarar a morte. Usou do medo da treinadora por mais uma vez, agora para transferir sua mente para o corpo da garota, o que por muito pouco não matou os dois. Deveria ter matado, mas teve muita sorte. As energias negativas da treinadora eram muito maiores do que ele previa.

Foi capaz de se salvar, assim, forçando outra vez sua evolução; não sem causar alguns efeitos colaterais. Estavam ligados um ao outro agora, de forma definitiva. A dor de ambos era compartilhada, e um poderia saber o que o outro pensava e sentia. E, se um deles morresse, o outro morreria junto.

Ele demorou a perceber a extensão desse vínculo. Estava enfraquecido ainda, por mais que os medos constantes da garota lhe servissem de fonte de energia outra vez.

Quando se deu conta, já era tarde demais. Descobriu que podia entrar na mente dela sem fazer qualquer esforço, e até mesmo controlá-la. Tinha que testar até onde poderia ir com aquilo, e se aproveitou de um momento em que ela estava destruída emocionalmente. A energia fluía com intensidade e, ao mesmo tempo, Himiko estava deprimida. Foi capaz de assumir o controle total dela por um breve instante, mas teve de recuar.

Porque aquele maldito Pinsir havia percebido.

Era apenas um pokémon selvagem, mas ele podia entender que não era a mente de Himiko trabalhando naquele momento. E, aos poucos, o inseto foi ganhando a confiança dela. Já conversava com ela a sós, dando conselhos.

Não podia permitir que o pior acontecesse. E teve a oportunidade perfeita com o ataque de outro pokémon selvagem. Sabotou os ataques do Pinsir para que aquele Vigoroth o matasse. Livrou-se de um problema e ainda saiu como herói. Conseguira.

Mas sua própria consciência não o perdoou. Percebia agora no que tinha se tornado. Completamente dependente do medo que a garota exalava, tal como um humano se viciava em uma droga. Havia matado pela segunda vez para manter sua fonte de poder. Aquilo estava saindo do controle.

E então Himiko revelou toda a extensão de seus traumas. Tudo o que escondia até então, até o que ocultava de si mesma. Mesmo ele se surpreendeu com a intensidade daquele poder, um pulso de energia negra capaz de drenar toda a vida ao seu redor. Havia sido por uma boa causa, repetia a si mesmo como um mantra. Diego merecia isso. Mas fez questão de apagar as memórias da treinadora após o acontecido. Usou a desculpa de que a estava protegendo, mas agiu apenas por interesse próprio. Ela não podia saber que mentia para si mesma, ou a fonte de poder se secaria em definitivo.

Naquele momento, já não se importava com Himiko mais como treinadora, mas como um hospedeiro. Parasitava-a em troca de energia, mesmo sabendo que cedo ou tarde isso causaria a morte dela, e por consequência a dele também. Estava ciente dos riscos, mas não conseguia mais controlar seu ímpeto por poder. E se punha disposto a matar qualquer um que pudesse lhe impedir, tal como fizera com aquele Pinsir.

Foi preciso uma dose muito grande de autocontrole para não atacar o colega humano de Himiko. O garoto tentava levar a garota de volta para casa. Iria tirar ela dele. Conseguiu apenas tirar ele do caminho com um teletransporte. Mas não foi o suficiente; salvou-os de um perigo mas colocou no caminho outro maior.

Aquele Gengar seria a verdadeira pedra no caminho dele. Ele sabia que havia algo de errado com a garota, podia se comunicar telepaticamente por conta própria e, acima de tudo, era poderoso demais para que pudesse “desaparecer” como o Pinsir. O fantasma colocaria tudo a perder.

Só havia uma maneira de que ele não estragasse tudo. Precisaria enganá-lo, fazer parecer que ele estava ajudando a garota, protegendo-a de seus próprios problemas. Nolan não concordou, mas acreditou. E isso já lhe bastava.

Mas então veio um dilema, mais um. Himiko se mostrou decidida a ir a uma ilha distante em busca das respostas que ele sabia que ela nunca teria. Viajariam rumo a problemas grandes demais para que ele pudesse permitir tamanha loucura. E ela lembrou-se da promessa que ele havia feito. Não podia impedi-la de ir, mas sabia que seria um erro. Precisaria da ajuda de Nolan para fazê-la mudar de ideia.

Contou então a ele o que tanto escondia da treinadora.

Imediatamente percebeu que não o devia ter feito. O fantasma, em vez de ajuda-lo, colocou-se a favor dela. Incentivou-a a ir em direção a uma emboscada.

Já não podia nem mesmo se alimentar do medo dela, não com o fantasma observando cada um de seus passos. A abstinência lhe fazia algum bem, ao menos. Percebeu que ainda se importava de fato com a treinadora. Apenas era tarde demais para que pudesse se arrepender, pois invariavelmente um dos dois morreria naquela viagem levando o outro consigo.

Mesmo assim, matou Nolan quando teve oportunidade. Infelizmente não antes de ele revelar para a garota todo o passado do qual ela fugia. Ela se pôs contra ele, não sem razão. Morreriam ambos, mas agora longe um do outro.

E, após se recolher e se culpar, entendeu que seu destino estava definido. Mas percebeu que havia uma chance de salvar o dela. Se ele se sacrificasse, como ele deveria ter feito muito antes, talvez pudesse quebrar o vínculo que tinham.

Por isso iria explodir a si mesmo, e toda aquela caverna, usando por mais uma vez o poder que ela emanava. Pela última vez.

— — —

Himiko acordou, mais cedo do que gostaria, no conforto de sua cama. O sol brilhava no céu, um pouco tímido, e a garota sabia que não mais voltaria a dormir. Suspeitava que não o tivesse feito, na verdade. As memórias de Futa que lhe invadiam disfarçadas de sonho persistiam latejando em seus pensamentos, tal como um calo em um sapato apertado. Um incômodo constante do qual não conseguia se livrar nem mesmo com o banho frio que tomava.

Isso apenas lhe complicava as coisas, considerando os problemas que tinha para enfrentar. Podia ter escapado de dar explicações sobre sua viagem na noite anterior, graças às súplicas de Brendan e do professor Birch para com Natsumi para que a jovem pudesse descansar por aquela noite, atendidas meio que a contragosto. Seu tempo extra havia se esgotado.

Não à toa, os três se reuniam à mesa do café, surpresos com o cedo despertar de Himiko.

— Que bom que acordou, venha comer conosco! — Marlon ordenou, quase como se fosse dono da casa. — Parece que você não se alimenta há dias!

— O professor tem razão! — Natsumi completou, muito mais calma do que Himiko esperava dela. — Você está um palito!

A magreza da garota nem de longe era o que mais lhe chamava a atenção, não quando ela carregava pesadas olheiras e uma fisionomia quase sem vida, sem contar a palidez, mas era muito mais saudável de se apontar em comparação.

— Ela está bem agora, é o que importa. — Brendan completou, com certo eufemismo. — Pegue uma panqueca!

— E então, como foi a viagem?

— Ah, uma droga, mãe… — Himiko respondeu sem rodeios, poupando-a de um termo mais chulo por conta do momento. — Mas pelo menos me serviu de experiência…

— Eu bem que tentei te avisar, mas você nunca me escuta…

— É, eu sei, mas tem coisas que a gente só aprende apanhando

— Calma, Himiko, não precisa se exaltar! — Brendan tentou intervir, mas o estrago já estava feito.

— Quantas vezes eu não penso nisso, sabe? Se eu tivesse te dado as palmadas que você merecia, não seria tão respondona como é…

— Igual as que o Norman te dava? Ou quer que eu acredite que essa sua cicatriz no rosto foi tropeçando em cima de uma Roseli Berry?

— Já deu! — Marlon levantou-se, subindo o tom. — Vocês duas. Um mês longe uma da outra e já voltam brigando? Nem parecem mãe e filha!

— Eu já te falei pra não tocar nesse assunto na frente de outras pessoas! — Natsumi retrucou, visivelmente irritada. — O que eles vão pensar?

— Quer que eu fale o quê daquele cafajeste? De como ele me abusou antes de sair de casa?

Enfim houve silêncio, mas com o resultado oposto ao que desejavam. Os três encaravam Himiko, medindo a garota por suas últimas palavras, até que ela finalmente desabou pelo peso delas. Foi da raiva ao choro em apenas um instante de dor, percebendo que não estava pronta ainda para encarar seus problemas. Não demorou a correr de volta para seu quarto, fechando-se, incapaz de suportar aquela situação.

— Minha filha!!!

Natsumi levantou-se ao ver Himiko desembestar para longe dela, e só não foi atrás dela imediatamente pois foi contida pelo professor.

— Não adianta ir agora, ela não vai te ouvir.

— Se fosse o seu filho, você deixaria?

— Eu te entendo perfeitamente, Natsumi, mas você sabe tanto quanto eu que isso não se resolve só com uma conversa. Deixe ela chorar um pouco e se acalmar primeiro. Seja verdade ou não, ela vai precisar de mais ajuda do que nós podemos dar a ela.

— Obrigada, mas isso é assunto entre eu e ela.

— Eu não vou tirar minha parcela de culpa. Ela saiu de sua casa sob minha responsabilidade, e algo deve ter acontecido com ela para acabar assim. Se me permite, ela precisa de um acompanhamento especializado, conheço um médico que pode ajudá-la…

— Se for para o bem dela, tem o meu apoio. Mas se me permite, preciso ter uma conversa de mãe para filha com ela…

— — —

Quase três semanas haviam se passado desde o retorno de Himiko para Littleroot, mas aquele dia em especial se mostraria diferente dos outros, marcando o primeiro passo na sua recuperação.

Ela saiu de sua cama como de costume, pouco após o nascer do sol. Tomou banho, desceu para o desjejum com sua mãe, conversou como se nada tivesse acontecido. As duas haviam combinado entre si que jamais tocariam naqueles assuntos delicados embaixo daquele teto. Ambas haviam sofrido nas mãos de Norman, ainda que de maneiras diferentes, e era motivo o suficiente para que qualquer coisa a respeito dele permanecesse enterrada tal como o homem em si. Para todos os efeitos, ele nunca havia existido. Com isso, conseguiram evoluir não necessariamente para a paz, mas ao menos para uma relação saudável entre mãe e filha; não sem suas broncas ocasionais, mas elas faziam parte do pacote.

Logo se despediram, contudo. Himiko tinha algumas obrigações a cumprir, tal como sugerido por sua psicóloga. Devia manter-se ocupada para que não tivesse tempo de se afundar em lembranças ruins.

Devido a isso, ela seguia em direção ao laboratório do professor Birch, aonde começava a ajudar com as atividades mais corriqueiras. De forma geral, as pesquisas em si ficavam sob a responsabilidade do próprio Marlon, ou no máximo de seu único assistente, Marcel. Mesmo Brendan, sendo filho do professor, ficava um pouco afastado dessa parte, cuidando mais da parte burocrática, como manter o local organizado e fazer as compras de materiais quando era necessário.

O garoto acabou confidenciando, dois dias antes, que tinha sido incumbido de vigiar Himiko durante a viagem dela, a pedido do professor, após uma recomendação de Rochard Stone. O falecido pai de Steven e diretor da Devon Corporações havia percebido a instabilidade tanto da garota quanto do então Ralts que ela levava consigo, e tratou de informar a respeito na primeira oportunidade.

Naquela manhã em particular, entretanto, havia trabalho de campo a ser feito, o que exigiria esforços de todos os quatro membros do laboratório. Precisavam entender as mudanças recentes no bioma de Hoenn, com a redução da população de pokémon selvagens em quase oitenta por cento, e com os sobreviventes apresentando um comportamento extremamente agressivo.  Himiko fora testemunha disso por algumas vezes em suas viagens. Marlon suspeitava que a causa fosse a mesma das estranhas mutações que haviam sido reportadas por alguns treinadores, e a garota havia lhe trazido uma cobaia peculiar de sua jornada, em uma pokébola de topo púrpura.

Marcel carregava o objeto em uma caixa metálica, enquanto seguiam para os campos a oeste de Littleroot. Precisariam de espaço e de meios para se defender caso aquele pokémon decidisse atacá-los.

— Tem certeza que quer fazer isso? — Marlon perguntou para Himiko, notando que a garota tremia. Ela lembrava-se da interação com aquele Muk em particular, e seus receios não estavam ligados ao pokémon em si, mas aos acontecimentos posteriores a sua captura, que tornavam a lhe incomodar.

— A dra. Amanda disse que eu preciso enfrentar meus medos. De qualquer forma, está tudo sob controle aqui, não é?

— Quando tudo está sob total controle, não é ciência. Sempre existe algum risco, mas estamos seguros o suficiente. E você tem seus pokémon consigo, não?

Himiko olhou para seu cinto, observando as duas pokébolas ali presentes. Costumavam ser mais, e ela não podia esconder a saudade que sentia de alguns deles. Definitivamente não todos.

— Olha — Brendan segurou a mão da garota —, não precisa ficar aqui se não se sentir confortável. Podemos resolver isso em três sem problemas.

— Obrigada, mas eu vou fazer isso. Por mim.

Não era exatamente um trabalho arriscado a princípio, em especial pelo pokémon já ter sido capturado e, portanto, estar com sua agressividade controlada. Apesar disso, ainda se tratava de um Muk com tamanho e coloração anormais, e, como viriam a descobrir, bem mais tóxico que o habitual para a espécie.

Felizmente para eles, o pokémon parecia colaborar com os estudiosos, passando aquelas várias horas sem se mover. Ou talvez estivesse incapacitado de fazê-lo por outros motivos, não diagnosticados até então. Ao menos puderam colher dezenas de informações sobre a criatura, o suficiente para que pudessem formular as primeiras hipóteses a respeito, com os efeitos sentidos no pokémon semelhantes aos causados por ventos solares.

E tanto demoraram naquelas pesquisas que em muito haviam perdido o horário para almoçar. Não que fosse um grande incômodo para eles, já habituados a não terem o hábito das refeições no tempo certo, mas seria um problema para Himiko, que naquele ritmo se atrasaria para a sua consulta com a psicóloga.

As visitas à dra. Amanda haviam se tornado parte de sua rotina. Três vezes por semana, deslocava-se até Petalburg para encontrar-se com ela; nas primeiras vezes, foi acompanhada de Marlon e Natsumi, mas logo ganhou independência o suficiente para realizar o percurso sozinha.

Enquanto os outros começavam a recolher os equipamentos, não sem notar como o veneno do Muk havia contaminado a porção de solo aonde estava e deixando um círculo de vegetação queimada no local, a garota liberava seu Charizard para que ela pudesse chegar a tempo em Petalburg. Nagrev reagiu bem a essa mudança, em especial por agora ele estar com uma espécie de vestimenta em couro batido com alças, aumentando a segurança da jovem e o conforto de ambos no percurso. Um investimento, feito com parte do dinheiro que lhe sobrara das viagens, que valia cada centavo gasto.

E, apesar da fome que começava a lhe incomodar, chegou a tempo para sua consulta, da qual saiu sentindo-se muito mais leve. Aos poucos, ela conseguia se livrar da culpa que sentia por tudo, uma culpa que nunca havia sido dela para começar. A tarefa era complicada, em especial após ter sido abusada pelos dois por quem ela mais sentia apreço: seu pai e seu primeiro pokémon. Ambos haviam destruído seu psicológico das piores maneiras possíveis, mas aos poucos ela seria capaz de se reconstruir. Uma jornada de meses e anos, mas aquela conversa em particular teve seu primeiro sinal de melhora, com o retorno marcado para a semana seguinte, não em dois dias como de costume.

Animou-se com isso a ponto de arriscar fazer um lanche ainda em Petalburg, sozinha, antes de voltar para casa. Algo que não havia feito desde seu retorno. Normalmente evitava o máximo possível ficar sozinha, temendo ser consumida por seu passado se não houvesse ninguém por perto.

Mas, por ironia do destino, teria de encará-lo por conta de sua companhia inesperada.

Já havia comido mais da metade de seu lanche quando ouviu uma voz inconfundível, tanto pelo timbre como pelo sotaque carregado.

— Himiko! Como está você?

Com a boca cheia, acenou para Looker, que a havia notado dentro da lanchonete enquanto passava pela rua. O detetive fez questão de entrar e sentar-se ao lado da garota, mantendo uma curta distância entre eles.

— Como me achou aqui? — ela perguntou, antes que ele fizesse alguma pergunta inconveniente.

Sorrte. Eu estava passando e a vi.

— Vou fingir que acredito…

— Não tive chance de agradecer por aquele dia no navio. A garota espalhou os feijões na cadeia, nos deu a ponta que faltava para soltar o nó.

— Imagina! Que bom que eu pude ajudar em algo…

— Steven me contou que você não seguiu meu conselho. Se eu te conheço, você foi a Bakhold naquela noite. Direto ao covil inimigo, eu posso dizer?

Himiko calou-se. Quase perguntou como ele podia saber de tantos detalhes, mas se lembrou de que Looker era um detetive experiente e que provavelmente ela mesma havia acabado de responder à pergunta apenas com sua reação.

— Perdemos um dos melhores agentes na missão. Nikola Franco, vice-campeão da liga de Hoenn e amigo pessoal de Steven. Quero saber se o viu quando estava lá.

Mais de uma coisa não batia naquela pergunta disfarçada de Looker. Primeiro, porque Nikola era conhecido demais para poder se infiltrar em qualquer lugar sem ser notado. Depois, porque Steven somente havia descoberto a respeito da base na tarde anterior, justamente na presença de Himiko.

E, principalmente, porque ela Nikola o rapaz montado naquele Charizard negro que fugia das explosões. O mesmo que havia matado Rejane e outros dois pokémon que a ajudaram naquela caverna. Evitando explosões que, como ela havia descoberto depois através dos boatos que ouvia no laboratório, haviam sido coordenadas por Steven e um certo grupo de treinadores.

— Eu o vi sim. Melhor dizendo, vi o corpo dele.

— Nikola está morto?

— Não foi o único. — Himiko pegava seus pertences. Usava uma bolsa menor agora, sem necessidade de carregar mudas de roupa; contudo, fazia questão de levar alguns pertences obtidos na viagem, incluindo os dois pokénav recuperados dos treinadores mortos na ilha. — Mas arrisco dizer que ele não era tão honesto quanto você faz parecer. Ele estava com um daqueles pokémon disformes, um Charizard. Tipo aquele Houndoom que Ravena usou no ginásio.

— Você sabe que é uma séria acusação, não sabe?

— Só estou falando o que eu vi. — Himiko entregou os objetos ao detetive.

— Nikola, um agente duplo? Não duvidando, mas… isso não faz algum sentido! Digo, depois de tudo…

Era a primeira vez que ela via Looker desestabilizado. O rapaz parecia muito menos intimidador naquele momento; deixava de ser um detetive imponente para se tornar um homem de meia-idade enfraquecido.

— Desculpe, prreciso voltar para a base. Até breve!

Himiko se viu sozinha com o resto do lanche, visto que Looker se levantou sem qualquer cerimônia, apressando-se para longe dali. Até mesmo a fome havia lhe abandonado depois daquela conversa. Ainda assim, forçou-se a comer o restante, lembrando-se de que não havia almoçado. Até porque precisava voltar para casa

Inclusive, checou um terceiro pokénav que havia retirado da bolsa antes de se levantar, o dela própria. O objeto havia sido recuperado por Brendan no centro pokémon de Mauville, obviamente. Para a surpresa dela, ninguém havia ligado. Era de se esperar que alguém tentasse entrar em contato com ela para saber sobre a demora. Mas ela pretendia estar de volta ao laboratório antes que alguém pensasse em fazê-lo.

Tratando de não complicar ainda mais sua situação, retornou o mais rápido que seu Charizard permitia, não sem ser questionada pela demora. Explicou sobre o lanche, convenientemente ocultando a parte em que Looker apareceu para conversar com ela. Himiko sentiu-se um pouco mal por não contar toda a verdade, mesmo sabendo que provavelmente perderia a chance de viajar sozinha para as futuras consultas se confessasse. Ainda pesavam os olhares de reprovação que ela recebeu por dois dias seguidos quando a entrevista que gravara no navio finalmente foi ao ar…

Aquela preocupação não durou muito, pois logo ela se ocupou outra vez, arrumando o laboratório; mesmo que Marlon houvesse insistido para que ela fosse para casa descansar. Himiko via-se na obrigação de ajudar, até porque logo descobriu que era ele quem estava pagando pelo tratamento dela e sentiu que precisava retribuir de alguma forma.

E foi com um sorriso no rosto que ela se despediu, umas duas horas depois, com um abraço e os mesmos conselhos de sempre para que ela se alimentasse bem e dormisse cedo. Uma rápida troca de afeto, mas que a fazia se sentir diferente. Como talvez nunca tivesse sentido em quase dezoito anos de vida.

Era estranho pensar que um estranho como Marlon Birch cuidava dela como o pai que ela nunca teve.

Não vou pensar nisso… estou indo para casa.

Lá é meu refúgio agora. Ninguém pode me tocar.

Himiko abriu a porta de casa, encontrando sua mãe na frente da televisão. Abraçou-a. Sentia um carinho com a presença dela, mas menos em comparação com minutos atrás. Não iria pensar nisso. Focou-se na novela, sem prestar muita atenção, apenas esperando que o episódio do dia acabasse para que fossem jantar.

Não demorou muito, logo se puseram à mesa, cada uma com sua tigela de sopa, silenciosamente. Mas cometeram o erro de deixar a televisão ligada, justo no horário das notícias.

“Foi confirmada pela polícia na tarde de hoje a morte do treinador Nikola Franco, desaparecido desde as explosões ocorridas no arquipélago Fincourt há duas semanas. Franco, famoso por suas vitórias na liga pokémon de Hoenn no ano passado, era conhecido por…”

Himiko tratou de desligar a televisão. Ela sabia demais para ficar confortável com o que ouvia. Tinha noção de que ele seria tratado como herói, mesmo que ela tivesse certeza de que ele estava por trás de tudo. Uma frase que ecoou em sua mente no momento em que abriu aquele pokénav pela primeira e única vez, e agora retornava com força:

“Aquele ataque foi obra do meu chefe, o Franco…”

Ninguém teria como saber sobre aquele detalhe, nem mesmo Futakosei ou Nolan. Mas ela lembrava-se claramente daquele trecho durante a ilusão que ouvira quando estava na caverna.

Himiko engoliu a sopa, despedindo-se de sua mãe. Dormiria cedo para acordar cedo no dia seguinte, disse. Mesmo que soubesse que não seria tão fácil relaxar e que ficaria rolando na cama por algumas horas.

Mesmo com a dificuldade para conseguir descansar depois daquela lembrança, tratou de colocar a cabeça no travesseiro. Aquilo não era problema dela, afinal. Nunca deveria ter sido.

E o amanhã era um novo dia pelo qual valia esperar.


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Notas finais do capítulo

Em primeiro lugar, mil desculpas por ter demorado um pouco mais do que o previsto. Tive de fazer questão de que esse último capítulo estivesse a altura do resto da história.

Em segundo lugar, dez mil agradecimentos a quem chegou até aqui. Seja você um leitor assíduo ou não, que comentou até aqui ou mesmo que preferiu ficar invisível (ou nem mesmo tenha criado conta no site). Meu mais sincero "muito obrigado" por ter aturado meus chiliques, meus sumiços, e principalmente todas as lágrimas que devo ter feito vocês derrubarem durante a leitura.

Espero que todas as partes da história tenham ficado claras, mesmo as que eu não abordei diretamente. Caso queira conversar sobre alguma parte em particular, ou mesmo apenas jogar conversa fora, pode entrar em contato de diversas maneiras: aqui pelo Nyah (não olho sempre, mas não deve passar despercebido por mais que uma semana), pelo AO3 (uso o mesmo nome lá, deve ser fácil de me achar), pelo Nuzlocke Forum (também com o mesmo nome de usuário), por e-mail (o endereço da nossa querida protagonista é himiko@email.com - se ela não responder eu respondo; o endereço funciona mesmo!) ou então pelo facebook (creio que o nyah não permita que eu divulgue meu perfil pessoal aqui, mas se você pesquisar o link da fanfic no facebook você me encontra!)

No mais, eu sei que não é o final que vocês queriam, mas, considerando tudo o que se passou e como cada passo dessa jornada estava planejado (não vou dizer que não teve improvisação, mas o cerne da história foi seguido à risca), creio que seja um final justo.

E talvez eu ainda traga mais uma surpresa para vocês. Quem sabe?



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