Um mês de desespero escrita por Leon Yorunaki


Capítulo 47
XLVI: Endeavor


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!
Estou de volta com mais um capítulo, escrito especialmente para você que está acompanhando! Comentários ou não (e eu sei que a maioria não), é para você que eu escrevo, e para você que eu dedico essa história.
Mas vou agradecer em especial a Tsu Keehll por todo o apoio que tem dado nesses últimos tempos!

E vamos que vamos que temos uma história para contar!



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O plano inicial de Himiko se mostrou um fracasso completo no momento em que ela percebeu sua ingenuidade. Acreditando que não seria difícil seguir Steven em seu súbito compromisso, ela se manteve próxima à casa dele, aguardando pelo momento de sua saída. Por motivos óbvios, ele fora mais esperto, utilizando-se de meios mais práticos e menos rastreáveis, provavelmente um teletransporte.

Ao menos restava a ela sua segunda fonte de informações, uma com a qual não podia contar com a presença naquele momento, mas, apesar de nutrir certa desconfiança, até então não a havia decepcionado.

— Cadê o Nolan quando se precisa dele…

O pokémon fantasma não estava por perto para ouvir o resmungo da garota, sem ter sido visto desde a confusão que ocorrera no navio. Apesar de constantemente aparecer para incomodar Himiko, ao menos quando lhe era conveniente, o Gengar não era tecnicamente um dos pokémon dela, o que o dava mais liberdade do que a treinadora considerava seguro. Nada o impedia de atacá-la se assim ele desejasse, por exemplo.

Era o principal motivo da desconfiança de Futa para com ele, tal como o próprio Nolan nutria sentimento semelhante em relação ao Gardevoir. Himiko, sem poder acompanhar o que os dois pokémon tanto discutiam entre si, imaginava por qual motivo eles não acabaram lutando entre si, contendo suas desavenças em comentários sarcásticos que faziam um para o outro na presença dela.

Devido às circunstâncias, ela tinha seu lado preferido na discussão, mas não ignorava a sagacidade que o Gengar por vezes apresentava.

E foi quando ela estava perdida nesses pensamentos que o Gengar surgiu outra vez, como se nunca tivesse se ausentado:

— Você consegue me surpreender com essa sua rapidez para arrumar confusão…

— Então… se você não tivesse sumido do nada, talvez a gente tivesse evitado um monte de problemas…

— Tá achando que sou seu pai para ficar tomando conta de você?

— Aliás, que ótima hora para tocar nesse assunto… — Himiko virou para trás, socando o ar como se assim pudesse atingir Nolan, que permanecia invisível como sempre fazia quando provocava a garota, obtendo o mesmo resultado todas as vezes. — Tenho uma pista de onde o Norman pode estar!

— Coitada… enquanto você tá ameaçando ir eu já estou voltando!

— Como é que é?

— O que achou que eu estava fazendo? Tirando um cochilo?

— Para de graça e fala logo!

— Olha só, eu segui aquele detetive enquanto levaram a menina presa lá. Mas mesmo com eles isolando a sala pra não deixar pokémon nenhum entrar deu pra ouvir um pedaço da conversa…

— E?

— Aquela Larissa tá morrendo de medo de ser morta na cadeia a mando do seu pai…

— Você tá de zoeira, não é?

— Como eu imaginei, você não entendeu nada do que aconteceu, foi só um fantoche na mão do Futakosei mesmo… Você mesma falou que tentaram apagar vocês no ginásio, e ela jura que foi a mando do Norman!

— É, eu lembro disso, mas tem uma falha meio grande nessa história aí… Aquele idiota quase me matou junto!

— Desisto de você, menina… Acha mesmo que um capanga suicida ia saber quem mais estaria no ginásio na hora?

— Essa história tá muito mal contada pra ser verdade…

— E eu nunca te disse que era verdade!

Himiko apertou os olhos, enraivecida enquanto mentalizava todo tipo de palavrão possível. Sua vontade era de matar o pokémon fantasma, que provavelmente se divertia com a cena, sabendo que ela nem ao menos podia vê-lo.

— Se você veio aqui só pra sacanear comigo, escolheu uma péssima hora… — ela segurava a pokébola de Futa, por pouco não o liberando.

— Como quer que eu saiba se ela está falando a verdade? Eu só estou repetindo exatamente o que eu ouvi!

Nem mesmo Himiko sabia como conseguira ficar mais irritada do que já estava. Sabia que o Gengar se alegrava em vê-la fora do sério, nunca perdendo uma oportunidade de irritá-la. O pior de tudo era perceber que ele fazia isso ao mesmo tempo em que fornecia informações importantes, sem a intenção de enganá-la.

E, justamente pela treinadora desejar ver o quanto Nolan se deliciava com a situação, ele se mantinha invisível por todo o momento.

— Tá, que ódio! O que mais você ouviu?

— Pior que foi só isso. Foi o interrogatório mais curto que eu já vi, durou talvez uns cinco minutos? Eu não sei o que aconteceu lá dentro, mas o detetive saiu correndo da sala e largou a moça lá… coisa boa que não foi!

— Faz tempo isso?

— Nem quinze minutos… E o pior que não deu pra ir atrás ou eu iria ser pego…

Himiko já não estava mais prestando atenção, ocupando-se com o que tinha ouvido minutos antes. As coisas começavam a se conectar, a ponto de ela conseguir formular um plano.

— Então… — ela respondeu, liberando Futa de sua pokébola. — Eu tenho um bom palpite, tão bom que me fez desistir de voltar pra casa.

— Você, tendo um plano? — o Gardevoir respondeu, provocando-a, sem ter percebido que Nolan havia estourado o limite de brincadeiras que ela poderia suportar. — Quem é você e o que fez com a Himiko?

— Fica quieto e me escuta! Você perdeu a melhor parte…

Os dois pokémon a observaram enquanto ela narrava os acontecimentos daquela tarde desde que decidira por visitar o instituto espacial. A menção de Steven teve grande destaque, em especial pelo fato de ele ter se interessado pelos arquivos tanto quanto o farsante que tentara roubá-los. Ela aproveitou a ocasião para falar sobre o quase interrogatório depois de ela ter sido resgatada daquela confusão, incluindo as suspeitas de que Norman estivesse envolvido com tudo aquilo e, principalmente, da reação do arqueólogo aos dados do rastreador apontando para a ilha ao sudeste de Hoenn.

— Ainda supondo que um Ditto não tenha tomado o seu lugar… — Futa tentou aliviar um pouco a tensão do momento, recebendo apenas um olhar torto da treinadora. — Você está mesmo pensando em ir atrás desse sinal?

— Eu não tenho mais nada a perder…

— Aí é que você se engana! Tem noção de quanta coisa pode dar errado?

— O pior é que eu tenho que concordar com o Futakosei nessa. — Nolan se intrometeu na conversa, surgindo fisicamente a poucos centímetros da face da garota em uma tentativa de assustá-la. — Você está delirando!

— Mas nós temos uma pista concreta dessa vez! — Himiko não demorou a se recompor, dando um passo para trás em reflexo. — Um rastreador vale muito mais que um pedaço de papel riscado ou um sonho maluco…

— E como você pode ter certeza de que essa sua conversa com o Steven não foi um sonho também? — o Gengar respondeu, tão sutil quanto um soco no estômago. — Imagine a cena, eu estalo os dedos agora e no momento seguinte você acorda na sua casa, sua família te esperando pra tomar o café da manhã… Você já perdeu a noção de tal forma que não sabe nem o que é real ou não!

— Cala a boca, Nolan! — Futa e Himiko responderam quase ao mesmo tempo.

— Até você, Futakosei?

— Já te dei minha opinião sobre isso, Nolan! — o Gardevoir virou-se então para a treinadora. — Mas falando sério agora, se fosse certeza que iríamos encontrar a April por lá eu iria te apoiar. Mas pense de novo no que você mesma disse, não dá nem pra ter certeza se é mesmo o seu pai quem estava te rastreando…

— Olha, eu não passei por tudo isso pra desistir justo agora. É a melhor pista que temos desde que saímos de Littleroot…

— Não é por nada, mas você falou a mesma coisa sobre a escola em Fortree. Acha que valeu a pena?

— Valeu, e sabe por quê? Porque você me apoiou, ficou do meu lado e não me deixou desistir quando as coisas estavam dando errado!

— Olha… — Nolan interviu. — o que te falta em bom-senso sobra em coragem… nunca achei que alguém fosse tentar manipular o psicológico de um pokémon psíquico…

— Já deu, Nolan. Ela tem razão dessa vez. — Futa respondeu, se colocando a frente do pokémon fantasma. — Eu prometi a ela que a ajudaria a reencontrar a família, mesmo que nesse caso caia em uma zona cinzenta e eu não sei mais se estou ajudando ou atrapalhando…

— Então que tal deixar que eu tome as decisões?

— Não sei, Himiko… Talvez o fato de que todas as vezes que eu te deixei agir por sua conta e risco as coisas tenham dado errado… Mas se é isso mesmo que você quer, podemos ver isso com calma amanhã…

— E qual foi a parte que você não entendeu, Futa? Amanhã pode ser tarde demais!

— Seja razoável! Você não sabe nem mesmo aonde fica essa ilha, muito menos como chegar lá!

— Olha só, eu já te falei que eu tenho um plano. Nada que um mapa não resolva… Aliás, deixa eu ver uma coisa no centro pokémon…

— Mas a sua licença está…

— Eu sei que estou com o registro bloqueado, mas não vamos precisar entrar. Tenho certeza que o Nolan já percebeu o que eu quero…

— Tomara que não seja o que eu estou pensando… — o fantasma completou, seguindo os dois até as proximidades do prédio de telhado avermelhado, aonde Himiko não se demorou muito, logo encontrando o que procurava.

— Como eu suspeitava, uma placa com a localização exata… eu tinha certeza que já tinha visto isso antes, só não sabia para que servia…

— Mas para que você quer saber as coordenadas daqui?

— Calma, Futa! Agora eu preciso de um mapa de Hoenn…

— Que tal procurar lá dentro? — Nolan perguntou, naquele tom provocativo de sempre.

— Você sabe muito bem que eu não sou exatamente bem-vinda…

— Chega de drama, mulher! Ninguém vai te expulsar de lá só porque está sem licença, é só entrar, pedir pra usar o computador, pagar e ir embora!

Himiko parou por um segundo, processando aquela última informação, inconformada por não ter pensado na possibilidade por conta própria.

— Eu não sei se te agradeço ou te bato! — e saiu correndo para o centro pokémon, largando os dois do lado de fora.

— — —

Não levou nem dez minutos para que ela retornasse, com duas folhas de papel na mão e uma caneta que ela certamente surrupiou do centro, ignorando a expressão endurecida de Futa. Talvez encontrasse fisionomia semelhante em Nolan se pudesse vê-lo; não sabia dizer se o Gengar estava ausente ou apenas invisível, mas não lhe importava, não quando sua euforia se manifestava de forma tão clara.

O Gardevoir a deteve antes que ela pudesse liberar seus outros pokémon, contudo.

— Calma lá, Himiko! Eu não disse que concordava com esse plano!

— Se você me deixar explicar, tenho certeza de que vai concordar… olha só… — Himiko mostrava uma das folhas, na qual tinha impresso um mapa simplificado do sudeste de Hoenn. — A ilha Bakhold fica bem aqui. São cerca de centro e trinta quilômetros daqui de Mossdeep, muito longe para ir nadando, mas podemos cortar caminho com o…

— Nem sonhando! — Futa interrompeu, cortando a fala da treinadora de forma súbita. — Você ao menos sabe o que é um teletransporte e o quão arriscado é se materializar assim por aí?

— Claro que sei, eu fiz o meu dever de casa! Não estou a fim de correr riscos desnecessários…

— Essa sua ideia louca é um risco desnecessário… — Nolan completou, revelando que não havia saído de perto deles.

— Então, como acabamos de ver aqui na porta — Himiko fingiu ignorar o comentário do pokémon fantasma —, os centros pokémon tem placas com suas localizações exatas e são áreas seguras o bastante para o uso de teletransporte. E para a nossa sorte, o centro pokémon mais próximo fica em Pacifidlog, uma ilha uns onze quilômetros ao norte de Bakhold…

— Mesmo assim, se você pesquisou mesmo sabe que um teletransporte para distâncias longas são exaustivas e perigosas…

— Sim, eu sei, estou levando isso em conta. Faremos uma pausa em Pacifidlog, até por causa do horário. O mar fica mais tranquilo no final da madrugada, e é quando nós iremos nadar até lá, não deve ser complicado com dois pokémon aquáticos no time…

— Isso supondo que algum deles vai topar, o que eu acho muito difícil. Você sabe como a Rejane é chata com essas coisas, e o Vash então não vai nem te escutar!

Himiko analisou as últimas palavras, percebendo que o Gardevoir tinha razão. Sabia que a Lombre estava abalada por conta dos acontecimentos da manhã e que, na possibilidade de que ela a ajudasse, não o seria sem tentar convencê-la do contrário. O Swampert recém-capturado seria um plano B, pois era um pokémon que não a respeitava mesmo após ter sido capturado, como ela fora alertada em Lilycove.

— E se nenhum dos dois topar, tem também o Nagrev…

Apenas o fato de Himiko estar remotamente considerando voar nas costas de seu Charizard outra vez era um claro sinal de que ela tentaria qualquer coisa para que essa viagem desse certo. Lembranças em particular da única vez em que ela tentara, na qual saiu com as mãos completamente feridas e o resto do corpo dolorido, tanto pela pele rugosa do lagarto voador como por ele ter perdido o controle, derrubando-a em pleno voo e quase a matando. Futa percebera esse detalhe, pelo qual estava admitindo sua derrota ao perceber que ela estava disposta a tudo para que seu plano desse certo.

Mas quem se manifestou primeiro foi Nolan:

— Querem saber? Agora sou eu quem ficou curioso pra ver onde isso vai dar. Vá em frente!

Por mais que Himiko estivesse tentando convencê-los a levar o plano adiante, foi com surpresa que ela recebeu essa resposta do Gengar. Não imaginava que ele fosse se dobrar tão rapidamente.

— O que te fez mudar de ideia?

— Eu não vou falar o que eu penso. Pergunte ao Futakosei.

— Resumindo… — o Gardevoir explicou. — Ele não confia em nenhum de nós dois, acha que isso é uma perda de tempo e vai adorar rir da sua cara se der tudo errado. Uma pena pra ele que eu vá te ajudar…

— Agora eu não entendi mais nada… um minuto atrás você estava fazendo de tudo pra eu desistir!

— Porque é perigoso, mas não significa que não pode valer a pena no final!

— Vocês dois estão me deixando mais confusa do que eu já estou…

— Então vamos fazer o seguinte. Nós vamos até Pacifidlog e de lá vemos esse seu plano com calma com o resto do time.

Himiko suspirou, sem ter mais tanta certeza de que era isso que ela desejava fazer. O que antes era uma busca por respostas e um reencontro familiar se transformou em uma briga de egos inflados entre um Gardevoir e um Gengar. Uma situação que poderia irromper em uma briga mortal entre os dois em um momento nada propício.

Mas, considerando que sua única outra opção era voltar para Littleroot e ter de encarar seu fracasso em casa, relembrou-se de que era tarde demais para desistir.


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Notas finais do capítulo

É, eu sei... pra quem disse que o ritmo estava tão acelerado, esse capítulo parece que tentou arrancar com o freio de mão puxado... mas tenha calma que as coisas vão se desenrolar direitinho...

E sim, o próximo capítulo vai trazer aquilo que eu sei que vocês mais gostam: interação com o time, com possibilidade de batalhas... mas não vou prometer!
Status do time:
Pokémon: 6
Futakosei (Gardevoir) Lv. 75; Bold, Synchronize.
Ikazuchi (Manectric), Lv.76, Serious, Lightning Rod
Nagrev (Charizard), Lv.76, Naive, Blaze
Rejane (Lombre), Lv.74, Bold, Swift Swim
Nolan (Gengar), Lv.75, Docile, Levitate
Vash (Swampert), Lv.70, Relaxed, Torrent

Mortes: 9 +0 = 9



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