Survive escrita por Camila Reis


Capítulo 7
Última Batalha - Centuries


Notas iniciais do capítulo

Oooie! Demorei mas voltei! (deu preguiça de escrever ontem,foi mal e-e) eu QUASE completei o desafio corretamente,QUASE! Mas...O importante é que estou aqui.E encerramos com Centuries!
link: https://www.youtube.com/watch?v=dZEnQogAd8U
Vejo vocês nas notas finais!
Boa Leitura! :3



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No Pôr do Sol..

Abriu seus olhos pela primeira vez. Tudo à sua volta era negro. 
A memória aos poucos foi voltando. Arregalou os olhos, batendo em algo forte e de madeira à sua frente.

Aquilo não podia estar acontecendo.Ela...Ressuscitou? Onde ela estava?

Tentou se erguer, mas bateu a cabeça na superfície de madeira, resmungando. Começou a bater na superfície, esperando abri-la, ou tentar chamar a atenção de alguém que estivesse por perto. Ruídos ao seu redor. Ela parou, tentando prestar atenção aos sons.

Precisamos ver se resta algum Ressuscitado - Disse um homem.

Ela paralisou, colocando ambas as mãos à boca. Eles não pareciam terem boas intenções. Passos. Fechou os olhos, temendo ser vista daquela forma. Os passos passaram por ela, mas quem estava ali pareceu tê-la ignorado, e até sumiram depois.

O tempo passou. Ela tentou se sacudir, querendo se livrar daquela prisão. Chegou até mesmo à gritar. Até que ela virou, e sentiu que caía.

Um baque, e a superfície de madeira caiu, revelando à ela onde estava. Saiu do local que a mantivera presa, e quase desabou ao notar que era um caixão, caído de lado. Ficou em pé com certa dificuldade, notando que usava roupas brancas, geralmente colocadas em mortos.

Realmente, ressuscitara. Só não entendia como.

Passos por perto mais uma vez. Dessa vez ela não entrou em pânico, pois uma fome apossou-se dela. Nunca havia sentido algo tão forte. O desejo de comida...Não...Sangue, a dominava. Olhou na direção dos passos.

Estava em um cômodo apertado, repleto de vários outros caixões sobre mesas. Na porta, um homem estava parado, assombrado, olhando para ela. Antes que ele pudesse gritar, porém, ela pulou em sua direção, mordendo seu pescoço e sugando parte do seu sangue, o suficiente para satisfazer-se.

Deixou o homem largado no chão e saiu caminhando, com cuidado para não ser vista. Não sabia o que estava fazendo. Apenas seguia seus novos instintos. Tudo aquilo era confuso para ela, então ela evitava pensar muito no assunto.

Saiu dali, notando ser a funerária nova que havia sido fundada depois da chegada dos Kirishiki. Então a memória de dias antes de sua morte ressurgiu, embora tudo fosse borrado e confuso.

Seu pai era um deles. E tinha a mordido. E a transformara naquilo. Ela se perguntou se seu pai estava vivo. Se procurava por ela.

Passava pelos locais escuros, seguindo apenas o instinto. Se deparou com inúmeros humanos cometendo massacres, mas tentava ignorar isso e seguir em frente. A misteriosa fome sumira quando atacara aquele homem, mas ela sentia que logo poderia voltar com mais força. Caminhava lentamente, pensativa, quando viu um vulto surgir atrás de si.

Virou-se rapidamente, se deparando com uma garota de pele excessivamente branca, os dentes caninos maiores que o normal, prestes a mordê-la. A ressuscitada se afastou.

A garota que iria atacá-la passou a fitá-la com certa curiosidade. Seus olhos brilharam:

— Nami! Você ressuscitou! Não acreditei quando soube que seu pai a havia atacado...Sabe como é, ele sempre foi protetor e tal...Mas fico tão feliz que esteja viva!

Então Nami lembrou-se da antiga amiga de infância, que havia morrido pouco depois de sua avó, que cuidava dela. Aquilo era realmente confuso. Mas pelo menos agora Nami tinha uma amiga.

A amiga a levou por um caminho diferente, e então Nami estava no meio de vários outros Ressuscitados.

A amiga de Nami a apresentou aos outros:

— Essa é Nami, ela acabou de acordar. É uma novata.

Todos ficaram em silêncio. Nami se encolheu, olhando para o chão.

— Onde ela estava? - Perguntou um.

— Na funerária - Respondeu Nami, tímida.

— E não foi pega por eles? - Perguntou uma mulher, incrédula.

— Sorte de principiante. Vai morrer rapidinho - Zombou outra.

— Olha como fala da minha amiga - defendeu-a a garota, irritada. Nami apenas se encolheu. A amiga continuou - Vamos seguir caminho até o esconderijo. Não está longe. Venham.

Ela puxou Nami, e ambas seguiram na frente. Nami perguntou baixinho:

— Não vão embora de Sotoba?

— Por quê? Desde que estejamos bem escondidos, tudo ficará bem. Matamos alguns humanos, escondemos seus corpos. Os Kirishiki planejavam tornar Sotoba um lugar unicamente de vampiros. Só seguiremos seus planos. Estamos quase conseguindo. Não é agora que vou desistir.

Nami calou-se. Decidiu não mencionar os massacres que vira. Apenas seguiram o caminho.

***

Nami não estava acostumada ao seu "novo" corpo. Fizeram todas as voltas possíveis, subiram em casas, desceram, pularam telhados. Tentavam atalhar outros caminhos, e nunca chegavam no esconderijo.

Seus pés sequer reclamaram.

Quando já havia perdido todas as suas esperanças, a amiga parou diante de um loja. Todos olharam em volta, apreensivos. A garota tirou uma chave do bolso e abriu a loja com calma, entrando.

— Vamos ficar aqui? - perguntou um velho de mau humor - É pequena demais!

— Era a loja da minha avó - respondeu a menina - Fiquei administrando por um tempo. Tem um armazém mais aos fundos. Lá todos poderão se esconder. Espaço não é problema.

Todos se adiantaram. Nami foi a última a entrar. Quando estava prestes a fechar a porta, enxergou um vulto por perto. Olhou com cuidado.

Com um avental sujo de sangue, olheiras e a barba crescendo,o irmão dela a fitava,incrédulo. Nami ficou olhando para ele por um tempo. A troca de olhares durou alguns segundos, que para eles eram anos. Ela engoliu em seco, entrando e fechando a porta.

A amiga caminhou pela loja, abrindo uma portinha que ficava ao lado do balcão. Mais uma vez precisou da chave.

— A chave que abre a porta da loja é a mesma que abre essa portinha aí? - Perguntou o mesmo velho de antes.

— Sim.Era para evitar que a vovó esquecesse uma das chaves - Respondeu a menina com calma. Assim que abriu a porta, os guiou por um corredor pequeno e apertado. Mais uma porta, esta bem mais velha, e não precisou a chave para abri-la.

O armazém era grande o suficiente para conter todos ali bem escondidos. Não havia janelas, o que era ótimo. Não havia pintura nas paredes, podendo se ver os tijolos. Várias mesas com pacotes de comida, alguns potes vazios, caixas de papelão com taças de vidro, alguns com comida, produtos para higiene...enfim, tudo o que uma loja mais completa precisa.

— Escondam-se como puderem, vamos ficar aqui o resto da noite e todo o dia seguinte, até o anoitecer de amanhã. - Ordenou a garota, e o grupo imediatamente obedeceu.

Alguns pegaram caixas grandes o suficiente para contê-los, jogando seu conteúdo fora e entrando nelas, fechando-as com certas dificuldades. Outros empilhavam caixas, formando uma pequena fortaleza, e se escondiam atrás delas. E ainda haviam os que simplesmente se colocavam debaixo das mesas, usando pacotes de comida e outras embalagens para cobrir o corpo, com caixas bem lacradas ao seu redor os escondendo.

Nami pegou uma caixa pequena, se apertando nela. A amiga se adiantou até Nami, sussurrando:

— Irei trancar a loja. Volto já. - E dito isto, saiu, mas não sem antes fechar a porta.

Deitada, encolhida e apertada. Isso definia o estado de Nami. Ela fechou os olhos pensativa. Até mesmo quando já estava com o grupo, vira alguns vampiros sendo assassinados pelos humanos. Ficou se perguntando se seu pai estava vivo. Ela esperava que sim.

Estava perdida em pensamentos quando ouviu uma batida forte. O barulho da porta de madeira voando pelo armazém. Seu corpo inteiro ficou em estado de alerta. Abriu os olhos.

Só podem estar aqui.— Uma voz masculina disse.

Aquela Ressuscitada na entrada...É, quem diria que ainda tinham mais desses monstros— Uma voz feminina. Nami estremeceu. O que acontecera com sua amiga?

Eu vi! Eles realmente estão aqui! Dezenas!— Ela não podia acreditar em quem era o dono daquela voz.

Seu irmão.

Começou a ouvir eles revirando as coisas. De repente, um grito.

Aqui!— Gritou a voz feminina.

Outros gritos, aparentemente do vampiro encontrado.

Rápido, a estaca!— Novamente, a voz feminina.

O vampiro gritava, implorando por sua vida. E então vieram as batidas. Nami começou a chorar, tamanho o medo. Não havia som mais aterrorizante do que aquele.

Um. O vampiro começou a gritar de dor, e Nami começou a chorar ainda mais.

Dois.

Três.

O vampiro se calou.

Nami engoliu um soluço. Não podia fazer barulho.E ncolheu-se ainda mais, pedindo ajuda ao céu.

Ela sabia; Ele nunca a ajudaria.

O barulho de coisas se revirando. Gritos,corpos arrastando, batidas e mais batidas. Quando se deu por conta, estava soluçando alto, em pânico. Só não tinha sido percebida por conta dos barulhos pelo armazém.

De repente, o silêncio.

Acabou?— Perguntou a voz feminina, com um certo desânimo.

Não...Acho que tinha mais um— Foi a voz do seu irmão, o que fez com que Nami parasse de chorar, a mão na boca. Não emitiu nenhum som. Todo o corpo estava em estado de alerta. De ouvidos atentos, poderia escutar qualquer ruído.

Passos. Nami lembrou-se de quando despertou, o desespero em não saber onde estava. Voltou a chorar, mas a mão na boca abafava qualquer ruído.

Ela sentiu puxarem sua caixa, arregalando os olhos. Nami estava apavorada. As tampas se abriram. Uma lanterna pousou em seu rosto.

— Achei! - Comemorou a garota, que Nami percebeu ser meio gótica; roupas pretas, maquiagem pesada que escondia as prováveis olheiras, batom roxo e tatuagens pelo corpo - Vem aqui, princesa.Se colaborar, termino rapidinho.

Nami soluçou.

— Pobrezinha...Com todo esse medinho... - Ela adiantou uma mão na direção da Nami, que cravou as unhas em torno do pulso da humana.

A menina deu um grito de dor, puxando o braço com força. A lanterna que ela carregava caiu, se apagando. Aparentemente, era a única lanterna ali.

Os garotos começaram a gritar, trombando-se uns com os outros. Nami aproveitou para virar a caixa e sair, rastejando até a entrada .Bem no local onde deveria estar a porta, ela se levantou. Luzes caíram sobre ela.

Nami virou-se, encontrando cinco garotos e uma garota olhando para ela com fúria. A menina massageava o pulso machucado. O seu irmão havia recuperado a lanterna, e apontava para o rosto de Nami. A vampira deu alguns passos para trás, para depois virar-se e seguir correndo pelo pequeno corredor e alcançar a portinha que levava para a loja.

Ao chegar na loja,notou o corpo da amiga na entrada, bem adiante da porta arrombada da loja. Caído no chão. Virado para ela, os olhos arregalados, uma estaca de madeira no peito. Uma poça de sangue embaixo do corpo.

Nami engoliu em seco. Não teria esse mesmo fim. Correu para se esconder em uma das prateleiras. Ouviu os passos dos humanos se aproximando.

— Ela fugiu! Aquela vagabunda! - Berrou a garota, em fúria.

— Olha como fala da minha irmã! - Ralhou o irmão de Nami.

— Calem a boca! - Disse um terceiro garoto - Talvez ela ainda esteja por aqui, olhem com cuidado!

Nami pegou um pote de vidro na prateleira onde se escondia, indo até a borda da prateleira. Com cuidado, mirou na cabeça de um garoto, acertando em cheio. O garoto caiu no chão inerte. Todos se assustaram, sacando mini-lanternas e dirigindo suas luzes na direção do garoto.

Nami escalou a estante, jogando outro pote em mais um menino, acertando sua cabeça também. Todos olharam em volta, procurando quem havia acertado os dois. Nami caiu antes que pudessem vê-la de cima, mas infelizmente fez barulho demais. Todos correram na sua direção, e ela pulou para o balcão.

A saída estava longe. Não conseguiria simplesmente correr para lá sem chamar atenção. Foi pensando nisso que ela ergueu a caixa registradora da loja, jogando-a para o lado oposto de onde todos os humanos estavam, em um ponto longe dela e da saída. Todos viraram as lanternas na direção da caixa registradora. Nami se escondeu no balcão.

Quando os humanos correram na direção do barulho, Nami saltou do balcão e correu para a saída.

— NÃO VAI FUGIR! - Gritou a menina, jogando algo na cabeça de Nami. A vampira caiu no chão, a centímetros de distância do rosto da amiga morta. Os olhos arregalados e mortos da amiga encheu Nami de pavor.

Alguém segurou seu tornozelo, a puxando.

— NÃO! EU QUERO VIVER! - Gritou Nami.

Pegaram-na pela cintura, a virando de barriga para cima. Seu irmão segurava uma estaca e um martelo, a face indiferente. Nami tentou se erguer, mas a garota a segurou pelos ombros.

— NÃO! ME SOLTEM! - Gritava Nami, se debatendo.

— Não torne as coisas mais difíceis - implorou o irmão - Não seja como o papai...Não resista como ele resistiu.

— Espera...Você... - Nami arregalou os olhos - VOCÊ O MATOU?! COMO PODE? SEU ASSASSINO! ASSASSINO! ALGUÉM COMO VOCÊ NÃO MERECE VIVER!

— Como se você não tivesse matado alguém - Resmungou a garota, impaciente.

Nami calou-se. Talvez ela tivesse razão. Havia machucado feio aquele homem, e provavelmente os dois meninos que tinha atingido agora estavam mortos. Mas...Mas ela tinha feito aquilo para sobreviver!

— Agora colabore - Ordenou a garota.

O irmão de Nami colocou a estaca sobre o local onde estaria o coração da Shiki. Quando ele ia dar uma martelada, porém, ela ergueu a perna, chutando a região de seu abdômem. Ele se afastou, aturdido, e ela atingiu sua face em um chute. O corpo dele caiu no chão, e ela conseguiu se soltar da menina, que - pega de surpresa - foi mordida.

Nami saiu correndo, pulando o corpo da amiga. Não. Não terminaria daquele jeito.

Saiu correndo pela cidade, ouvindo os gritos do irmão. Saltou telhados, correu na escuridão, chegou até a atacar uma garota da sua idade, mordendo-a e depois roubando as suas roupas, deixando-a com as roupas brancas. Nami usava agora um vestido que terminava nos joelhos, com algumas manchas de sangue.

Corria por Sotoba. Tropeçava e caía, mas se erguia novamente e seguia correndo. Não poderia terminar como todos os outros. Como sua amiga.

Como seu pai.

Na saída da cidade, ela parou. Havia um aglomerado de humanos ali. Tomada por uma coragem misteriosa, avançou. Passou no meio de todos ali, tentando parecer que era humana.

No início já tinha dado tudo errado.

— Ei! Aquela não é a Nami? - perguntou um homem.

— Ela morreu faz quatro dias! - Respondeu um segundo homem.

Todos começaram a cercar Nami. O irmão dela surgiu.

— Segurem-na!

Antes que viessem a obedecer esta ordem, Nami saltou sobre um deles, correndo na direção do único carro que havia ali. Todos começaram a correr atrás dela, gritando. Um pegou uma pistola e atirou, a bala passando a centímetros do braço da vampira.

Nami entrou no banco do motorista, notando que a chave estava na ignição. Dando partida no carro, ela acelerou, deixando tudo e todos para trás.

Aos poucos os gritos começaram a sumir, e depois uma buzina. Nami acelerou ainda mais - se isso era possível.

As memórias iam e vinham. O dia em que o pai a ensinara a dirigir. Quando ele a mordeu. Ela acordando. Nami chorava, a visão embaçada.

Ao longe, enxergou seu pai parado no meio da estrada, os olhos vidrados. Assustada, tentou desviar, fazendo com que o carro batesse em uma árvore.

Saiu do carro discretamente, pulando para a total escuridão. Humanos cercaram o carro, procurando por Nami. Ela seguiu correndo na maior velocidade que pôde, ainda na escuridão.

Eu vou sobreviver, pensava, e voltarei. Farei vocês lembrarem de mim para sempre. E me vingarei pelo meu pai e minha amiga. Eu juro, por tudo nesse mundo, destruir vocês.

E seguiu correndo na escuridão.

Some legends are told
Some turn to dust or to gold
But you will remember me
Remember me for centuries
And just one mistake
Is all it will take
We'll go down in history
Remember me for centuries


(Algumas lendas são contadas
Algumas se tornam pó ou ouro
Mas você se lembrará de mim,
Lembrará de mim por séculos
E apenas um erro
É tudo o que precisa,
Vamos ficar na história
Lembrará de mim por séculos)


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Notas finais do capítulo

Assim encerramos essa história muito bacana e-e E então? Gostaram? Amaram? Odiaram? Comentem!
Peço desculpas pela demora =X
E obrigada à todos por lerem! o/
Beijokas
~Cami



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