Runaway escrita por Grace


Capítulo 16
Broken hearts


Notas iniciais do capítulo

Oi querdx! Espero que gostem! Capítulo importante para o restante da fic e dos acontecimentos futuros! beijos
PS: deixem comentários. Quanto mais comentários, mais rápido eu posto!



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Tris 

Eu e Tobias voltávamos vagarosamente para o complexo da Audácia. Eu estava cansado, mas sabia que agora tudo estava mais encaminhado. Eu até estava começando a ficar com fome e me arrependendo de não ter jantado direito. O pensamento de ir até a cozinha roubar comida passou pela minha cabeça, mas eu já estava fazendo tanta coisa errada nos últimos dias que eu não queria correr mais um risco desnecessário. Eu esperaria até a manhã.

Tobias segurava a minha mão gentilmente e nós caminhávamos em silêncio. Apenas as luzes de emergência estavam acesas e eu agradecia pelo sistema de câmeras estar desligado ultimamente, devido a um problema na fiação do complexo. Eu sabia disso porque Tobias trabalhava na sala de controle. Fora isso, o resto das pessoas continuavam pensando que tudo funcionava normalmente.

Eu pensava em nossa conversa com Jennifer. Nós realmente precisávamos fazer alguma coisa antes que fosse tarde demais. Embora nós a tivéssemos instruído, eu sabia o quanto era difícil esconder a divergência. Era parte de nós, e eu tinha plena consciência que Max conhecia as características dos Divergentes muito bem. Ele a reconheceria, mais cedo ou mais tarde. Tobias tinha percebido que eu era Divergente no segundo dia, embora ele já estivesse desconfiado. Tudo bem que eu não tinha recebido instruções de como esconder, mas não era tão diferente assim.

— Ei — Tobias me cutuca com o cotovelo — Tá perdida em qual tipo de pensamento aí?

— Eu estou pensando em quais são as chances de conseguirmos fazer isso antes de Max perceber o que Jennifer é. É difícil esconder, e nós dois sabemos isso.

— Tris, se lembre que você é um caso a parte — Ele diz, sorrindo pra mim — Duas facções é geralmente o normal, e uma costuma ter mais destaque do que a outra. Você tem três opções. Três características muito fortes em você. Tudo sempre vai ser um pouco mais complicado com você.

— Sim, mas… — Eu respiro fundo — É que eu gosto da Jennifer. Acho que é porque eu me identifico com ela. Ela me faz lembrar de mim mesma, das minhas dúvidas e dos meus medos. Eu não aceito a ideia de deixá-la ser descoberta.

— Você sente como se ela fosse sua responsabilidade, não é? — Ele pergunta, delicadamente.

— Ela confia em mim — Eu digo — Ela pediu a minha ajuda e eu disse que ia ajudar. Eu disse pra ela que ficaria tudo bem. Eu não posso simplesmente deixar que ela seja descoberta.

Ele acaricia a minha bochecha e depois a beija de leve. Tobias conseguia fazer com que eu esquecesse as coisas todas as vezes que ele chegava muito perto ou me desse um simples beijo na bochecha.

— Eu te entendo — Ele diz, me abraçando — Nós vamos resolver isso.

Continuamos nossa caminhada e eu paro para beber água. Minha garganta estava seca e eu não sabia exatamente se era sede ou ansiedade, para que tudo isso acabasse. Talvez os dois. Eu respiro fundo e Tobias me puxa pela cintura e me encosta na parede. Ele me beija lentamente, me fazendo perder o ar.

— Sabe, Tris — Ele diz quando se afasta um pouco — Acho que eu estou perdidamente apaixonado por você.

Não pude deixar de sorrir. Ele dizia isso de uma maneira tão simples e leve, e fazia com que eu me apaixonasse por ele cada vez mais. Ele fazia com que eu me sentisse completa e me sentisse bem. Olho nos olhos dele, ainda sorrindo e vejo que ele me olhava docemente.

— Sabe — Eu começo, dando um beijo nele em seguida — Acho que eu estou desesperada e profundamente apaixonada por você.

Ele me beija por alguns instantes. O toque dele, o cheiro e a fortaleza de seus braços me faziam esquecer dos problemas. Era simplesmente bom demais pra ser verdade. Ele se afasta um pouquinho e olha pra mim.

— Nós precisamos pegar as cópias que eu escondi na… — Ele fala, baixinho.

— Eu vou lá pegar amanhã — Eu digo, sorrindo pra ele.

— Tris…

— Antes de nos encontrarmos na sala de treinamentos — Eu digo, dando de ombros.

— Se te pegarem lá não vai ser legal. Deixa que eu vou.

— É sério, eu vou. Eu tenho motivos pra ir lá, já que Max vai aplicar os testes da segunda fase, acho que eu fui oficialmente dispensada. Vou voltar ao meu trabalho na área de comunicação e minha sala também é por lá. Sua ausência chamaria mais atenção do que a minha — Eu digo, com um sorriso no rosto.

— Você sempre consegue o que quer, né? — Ele fala, fingindo um suspiro — Você é um perigo, Beatrice.

— De maneira nenhuma — Eu digo, rindo — Mas é que geralmente eu tenho argumentos melhores.

Ele me beija novamente eu o aperto a mim.

 

Al

Acordei por volta da meia noite, vítima de um pesadelo terrível, onde Tris me dava um fora novamente e dizia que eu não era bom o suficiente para ela.

Eu nunca devia ter dito nada. Já era de se imaginar que ela não ia querer nada comigo. Ela era bonita, popular na Audácia, tinha vários contatos e todos pareciam gostar dela. Ela havia ficado em primeiro na nossa iniciação, enquanto eu tinha sido o último. Ela nunca ia querer nada com um fracassado que tinha um emprego medíocre.

Me levantei e sai da cama, sabendo que eu não ia conseguir ficar na cama ouvindo a voz da Tris de meu pesadelo dizendo que eu não era e nunca seria bom pra ela. Que eu nunca seria o suficiente.

Me dirigi para o corredor mais próximo, para beber água. O vento frio da noite nos corredores escuros da Audácia me faria bem. Talvez levasse a voz para longe dos meus pensamentos.

Diminui o passo quando ouvi vozes. Sussurros, na verdade. Eu não entendi o que falavam, mas me aproximei para ver quem é que conversava uma hora dessas num dos corredores.

Me aproximei mais e mais. Ad vozes estava, vindo do corredor ao lado. Coloquei minha cabeça cuidadosamente no outro corredor, para ver quem estava andando e cochichando por aí.

Alguns segundos de silêncio. As pessoas pareciam ter parado de andar. Escutei o barulho do bebedouro sendo utilizado. O que eu vi em seguida, eu nunca mais esqueceria, eu tinha certeza disso.

Eram Quatro e Tris que andavam por aí e conversavam em voz baixa. Vejo quando ele a encosta na parede e a beija, com as mãos no quadril dela. Ela não parecia se importar. As mãos dela estavam no pescoço dele. Fiquei esperando ela afastá-lo e gritar com ele, dizendo para que ele a largasse e que não chegasse perto dela nunca mais. Fiquei esperando ela bater nele, gritar ou dizer que ele não era bom o suficiente para ela. Nada disso acontece. Eles se afastam um pouco.

— Sabe, Tris — Quatro diz — Acho que eu estou perdidamente apaixonado por você.

— Sabe — Tris diz, dando um beijo nele em seguida — Acho que eu estou desesperada e profundamente apaixonada por você.

Eu paro de respirar. Como ela podia dizer isso? Como ela podia querê-lo? Como ela podia beijá-lo? Eu coloco as mãos na cabeça, desesperado. A voz volta a assombrar meus pensamentos. Você não é bom o suficiente para mim, Albert. Uma risada estérica toma meus ouvidos, mesmo quando parecia que ninguém ali estava rindo. Era a Tris do meu pesadelo que ria. Ria de mim. E dizia que eu nunca seria melhor do que Quatro, que era homem pra ela e que era tudo que ela queria. Quatro, o instrutor misterioso e frio, mas que também tinha sido primeiro colocado na Iniciação.

Ele a beija por mais alguns instantes. Minha cabeça rodava muito e eu sentia como se estivesse tomando uma surra.

— Nós precisamos pegar as cópias que eu escondi na… — Quatro fala, em voz baixa.

— Eu vou lá pegar amanhã — Tris responde prontamente.

— Tris… — Ele tenta argumentar, parecendo não gostar da ideia.

— Antes de nos encontrarmos na sala de treinamentos —Ela rebate e eu consigo vê-la dando de ombros, como ela sempre fazia quando era contrariada.

— Se te pegarem lá não vai ser legal. Deixa que eu vou.

— É sério, eu vou. Eu tenho motivos pra ir lá, já que Max vai aplicar os testes da segunda fase, acho que eu fui oficialmente dispensada. Vou voltar ao meu trabalho na área de comunicação e minha sala também é por lá. Sua ausência chamaria mais atenção do que a minha — Ela diz, com firmeza. Vi quando ela sorri para ele. Ela não havia sorrido para mim mais cedo. Ela nunca tinha sorriso pra mim daquela forma. Ela parecia apaixonada.

— Você sempre consegue o que quer, né? — Quatro fala e a única coisa que eu quero é mandar ele calar a boca — Você é um perigo, Beatrice.

Ela nunca deixava ninguém chamá-la de Beatrice. Eu havia tentado uma vez e ela tinha me repreendido, dizendo “É só Tris, Al. Não me chame de Beatrice”.

— De maneira nenhuma — Ela ri — Mas é que geralmente eu tenho argumentos melhores.

Vejo ele a beijando novamente e ela o abraça. Minha cabeça roda mais ainda e eu tenho certeza que vou acabar vomitando. Vejo os dois continuarem o caminho deles. Eu mal conseguia respirar nem me mover. Não consegui nem mesmo chegar ao bebedouro. Me encostei contra a parede e desmoronei.

 

Anna

Eu ainda estava acordada, mesmo sendo tarde. Os pensamentos não me deixavam dormir. Eu pensava no dia da visita e se os meus pais realmente viriam me ver. Pensava se eu passaria para a segunda fase da Iniciação ou se me tornaria uma sem-facção. Pensava em Quatro e em como ele nunca parecia me enxergar de verdade. Pensava na cama vazia de Jennifer e tentava adivinhar onde ela estava.

Eu não tinha ouvido ela sair. Me virei por alguns minutos e quando olhei novamente a cama dela estava vazia. Eu tinha ido até o corredor, mas não tinha ninguém lá, então havia voltado para a minha cama.

Jennifer entra no quarto me pegando de surpresa. Eu queria muito perguntar onde ela tinha ido, mas agora não era hora. Ela me parecia cansada. Deitou e se virou para o lado. Percebi que ela dormiu quase instantaneamente.

Saio da cama e decido dar uma volta. Eu nunca conseguiria dormir com aquele tanto de coisa me atazanando a mente.

Eu ia virando um dos corredores quando o som de duas pessoas andando e conversando me chama a atenção. Paro e me escondo um pouco, torcendo para conseguir ver quem era e não ser vista ao mesmo tempo. Uma iniciada fora da cama não era uma boa ideia.

— Você sempre consegue o que quer, né? —Eu escuto. Era Quatro, eu tinha certeza. Eu reconheceria essa voz em qualquer lugar e a qualquer momento — Você é um perigo, Beatrice.

Beatrice? Quem é Beatrice? Olho pelos cantos e me escondo num vão na parede, onde eu conseguia ver a cena e escutar o que eles diziam. Era Tris quem estava com ele. Um arrepio atravessa minha espinha. Eles estavam muito próximos e ela apoiava a mão no pescoço dela. Vejo as mãos dele no quadril dela.

— De maneira nenhuma — Ela diz, dando uma risada — Mas é que geralmente eu tenho argumentos melhores.

Ele a beija e ela o abraça. Eles pareciam totalmente apaixonados. Aquela cena ficaria para sempre na minha cabeça. Uma lágrima escorre pelo meu rosto. Uma não. Várias. Tapo a boca com a mão, pata não fazer barulho nenhum.

Eles começam a andar e bem na minha direção. Me aperto mais ainda contra o vão. Eles não podiam me ver. Não assim, devastada.

Eles passam e viram um pouco a frente. Eu saio do meu esconderijo e ando silenciosamente atrás deles. Eles andavam abraçados, bem pertinho um do outro. Eles param diante de uma porta. Eu sabia que aquele é o quarto de Quatro. Eu já tinha especulado isso por aí e descoberto. Eles passam pela porta e a fecham. Aparentemente, ela ia dormir no quarto dele. Com ele.

Me encosto contra a parede para me apoiar. Soluços saem involuntariamente. Eu não conseguia aceitar. Meu primeiro amor amava outra mulher e eu não tinha tido nem a chance de lutar por ele. Não havia tido nem batalha. Ele a escolhera sem nem mesmo olhar para mim. Meu coração doía. Eu preferia estar apanhando em uma luta do que estar passando por isso.

Não voltei para o quarto aquela noite. Apenas vaguei pela Audácia e chorei o resto da noite.


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Notas finais do capítulo

A L P S I C O P A T A



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